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VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA: A COISA COMO SIGNO, Notas de aula de Cultura

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Roseli
Roseli 🇧🇷

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VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA: A
COISA COMO SIGNO
Isabel Jungk
Doutora em Tecnologias da Inteligência e Design Digital,
Mestre em Comunicação e Semiótica e Especialista em Semiótica Psicanalítica
pela PUC/SP. Professora e orientadora nos cursos de pós-graduação lato sensu
Semiótica Psicanalítica: Clínica da Cultura (COGEAE-PUC/SP) e Cultura Material
e Consumo: Perspectivas semiopsicanalíticas (CRP/Publicidade-ECA-USP).
Pesquisadora, integra o Grupo de Estudos e Pesquisa Leituras Avançadas de Peirce
(CIEP- PUC/SP), e o Grupo de Pesquisa Transobjeto sobre realismo contemporâneo
(TIDD-PUC/SP).
RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo analisar a obra escultórica conhecida
como A Vitória de Samotrácia (séc. II a.C.), sua relação com outras
representações da deusa grega Nike e, especialmente, sua relação com
a obra However!! (1948), da escultora brasileira surrealista Maria Martins,
à luz dos conceitos de signo, objeto e interpretante e suas classificações
como elaboradas pelo filósofo estadunidense Charles S. Peirce (1839-1914).
PALAVRAS-CHAVE:
História da arte. Escultura. Semiótica. Interpretantes. Charles Peirce.
ABSTRACT:
This article aims to analyze the sculptural work known as The Winged
Victory of Samothrace (2nd century BC), its relationship with other
representations of the Greek goddess Nike and, especially, its relationship
with the sculptural work However!! (1948), made by the surrealist Brazilian
sculptor Maria Martins, in the light of the concepts of sign, object and
interpretant and their classifications as elaborated by the American
philosopher Charles S. Peirce (1839-1914).
KEYWORDS:
Art history. Sculpture. Semiotics. Interpretants. Charles Peirce.
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VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA: A

COISA COMO SIGNO

Isabel Jungk

Doutora em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, Mestre em Comunicação e Semiótica e Especialista em Semiótica Psicanalítica pela PUC/SP. Professora e orientadora nos cursos de pós-graduação lato sensu Semiótica Psicanalítica: Clínica da Cultura (COGEAE-PUC/SP) e Cultura Material e Consumo: Perspectivas semiopsicanalíticas (CRP/Publicidade-ECA-USP). Pesquisadora, integra o Grupo de Estudos e Pesquisa Leituras Avançadas de Peirce (CIEP- PUC/SP), e o Grupo de Pesquisa Transobjeto sobre realismo contemporâneo (TIDD-PUC/SP). RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a obra escultórica conhecida como A Vitória de Samotrácia (séc. II a.C.), sua relação com outras representações da deusa grega Nike e, especialmente, sua relação com a obra However!! (1948), da escultora brasileira surrealista Maria Martins, à luz dos conceitos de signo, objeto e interpretante e suas classificações como elaboradas pelo filósofo estadunidense Charles S. Peirce (1839-1914). PALAVRAS-CHAVE: História da arte. Escultura. Semiótica. Interpretantes. Charles Peirce. ABSTRACT: This article aims to analyze the sculptural work known as The Winged Victory of Samothrace (2nd century BC), its relationship with other representations of the Greek goddess Nike and, especially, its relationship with the sculptural work However!! (1948), made by the surrealist Brazilian sculptor Maria Martins, in the light of the concepts of sign, object and interpretant and their classifications as elaborated by the American philosopher Charles S. Peirce (1839-1914). KEYWORDS: Art history. Sculpture. Semiotics. Interpretants. Charles Peirce.

INTRODUÇÃO: A OBRA DO LOUVRE

O período helenístico (de 323 a.C. a 146 a.C.) compreende uma época de transição entre a cultura grega e a cultura romana e designa, de maneira genérica, a civilização e a cultura que se desenvolveram na Grécia e fora dela por influência do pensamento e cultura gregos, difundidos pelas conquistas de Alexandre, o Grande. Gombrich (1995, p.

  1. observa que “algumas das obras da es- cultura clássica que desfrutaram de maior fama em épocas ulteriores foram criadas durante o período helenístico”. Data desse período uma das obras pri- mas da escultura ocidental, a conhecida Vi- tória de Samotrácia. Seu nome vem da deusa grega Nike ou Nice, representada por uma mulher alada que personificava a vitória. Samotrácia, local onde a obra foi desco- berta, é uma ilha montanhosa do norte do mar Egeu, próxima à costa da Trácia, que faz parte do arquipélago das ilhas egeias do Norte, e localiza-se a poucos quilôme- tros da atual Turquia. A obra foi provavel- mente esculpida por um artífice de Rhodes, por volta do ano 200 a.C., em seis grandes blocos de mármore, e mede 2,41 metros de altura. Em escavações posteriores, foram encontrados a proa da embarcação em pe- dra calcária, que hoje sustenta a estátua na Escadaria Darú do Louvre, bem como uma de suas mãos elevada em sinal de sauda- ção. Desafortunadamente, a cabeça per- manece perdida. A estátua foi encontrada em 118 peda- ços nas ruínas do Santuário dos Deuses, em 1863, pelo cônsul e arqueólogo fran- cês Charles Champoiseau, que enviou seus fragmentos ao Museu do Louvre onde fo- ram reconstituídos. Existem diversas es- culturas e relevos da deusa Nike que datam desse período, mas, sem dúvida, a Nike de Samotrácia deslumbra como nenhuma ou- tra pela monumentalidade de suas dimen- sões, pela leveza de seus drapeados que pa- recem modelados ao vento, bem como pela sensação de movimento e velocidade que provoca no expectador. Janson descreve essa obra-prima: De efeito não menos dramático é outro grande monumento triunfal dos primeiros anos do séc. II a.C., a Nike de Samotrácia [...]. A deusa acabou de pousar na proa de um navio, com as grandes asas abertas, ainda semi- sustentada pelo forte vento contra o qual avança. Esta força invisível do ar violentamente agitado tornou-se aqui uma realidade tangível; não só equilibra o avanço da figura como modela cada prega da roupagem, toda ela animada de espantoso movimento – entre a estátua e o espaço que a envolve, como nunca tínhamos visto antes, nem veremos outra vez por muito e muito tempo. A Nike de Samotrácia merece inteiramente sua fama de maior obra-prima de toda escultura helenística. (1993, p. 211-212) Figura 1: Vitória de Samotrácia, Museu do Louvre, Paris. Imagem disponível em: <https://www.louvre.fr/en/explore/ the-palace/a-stairway-to-victory>, acesso 30/01/2020.

ção, sendo capaz de encerrar algo da pró- pria divindade que ela figurava. No entanto, essa capacidade de “transcender” o mundo físico é uma característica que se dava no contexto daquelas sociedades do mundo antigo, sendo possível, atualmente, cons- tatar a “dupla realidade” que possuem as obras escultóricas, como bem coloca Ar- nheim (1992, ibid.), já que elas são simul- taneamente imagens representativas e ob- jetos físicos. Essas duas realidades se apresentam como antagônicas em muitas doutrinas sobre a natureza da representação, no en- tanto, para o filósofo e semioticista esta- dunidense Charles Sanders Peirce (1839- 1914), responsável pela elaboração de uma doutrina dos signos ou semiótica de cunho próprio e original, para que algo seja consi- derado como um signo esse algo não pre- cisa deixar de ser a coisa que é, e vice-ver- sa. Segundo seu sistema filosófico, o signo é a entidade que responde pela função de representação. A semiótica, como ciência que se ocupa de todos os tipos possíveis de representação, define o signo como tudo aquilo que substitui alguma outra coisa, seu objeto , para aquele ou aquilo no qual produz seus efeitos ou interpretantes. O sig- no é assim uma estrutura irredutivelmente triádica formada por três correlatos, o sig- no em si mesmo ou representamen , o obje- to e o interpretante. Por representamen entende-se aqui- lo que funciona como signo para quem o percebe. É o signo considerado em relação a si mesmo, ao seu fundamen- to, ou seja, àquilo que o faz funcionar como signo e constitui-se no modo pelo qual o signo substitui o objeto. Por ob- jeto, entende-se aquilo que é represen- tado pelo signo, aquilo no lugar do qual o signo está, aquilo que ele intenta re- presentar, ainda que parcialmente. Já o interpretante não pode ser confundido com as noções mais comuns de intér- prete e interpretação. Ele é o efeito que o signo está destinado a causar naque- le ou naquilo que o interpreta, sendo a interpretação somente um de seus pos- síveis efeitos. O interpretante, por sua vez, funcionará como um signo dife- rente do objeto representado em uma semiose ad infinitum , na qual um signo gera outro signo, e assim por diante. Peirce estabelece uma importante distinção entre dois aspectos do objeto do signo, que se divide em objeto dinâ- mico , definido como aquele que deter- mina o signo e permanece fora dele, ou ainda, como aquilo que o signo substi- tui, e objeto imediato , que é o objeto in- terno ao signo, ou o modo como o obje- to dinâmico é representado pelo signo (PEIRCE, CP 4.536). O objeto dinâmi- co é o objeto em si próprio, a coisa em si, o existente, sendo que para Peirce, mesmo coisas in abstracto podem ser consideradas existentes. O objeto ime- diato é, de fato, aquele que nos apre- senta o objeto dinâmico, que é sem- pre multideterminado e que pode ser representado de infinitas formas, em seus mais variados aspectos, pelos mais diferentes tipos de signos, e que por isso mesmo não pode ser confina- do a uma única representação ou tipo de representação. Em relação à Vitória de Samotrácia, podemos dizer que a deusa Nike é seu objeto dinâmico. Como vimos, mesmo “coisas” in abstracto podem ser conside- radas existentes por Peirce. Pode pare- cer estranho que a deusa Nike, entendi- da como uma representação da vitória, seja considerada um objeto dinâmico. No entanto, uma vez constituída, qual- quer representação passa a ter existên- cia, entendida em termos peirceanos e, portanto, tem a capacidade de produzir novos signos de si mesma. Daí ser pos- sível encontrar inúmeras representa- ções da deusa grega da vitória, que to- mam forma através dos mais diferentes modos de fazer artísticos, nas mais di- ferentes épocas. A título de ilustração, apresentamos a seguir algumas dessas diversas representações (Figuras 3 a 7).

Figura 3: Escultura em pedra em baixo relevo da deusa Nike nas ruínas da antiga cidade de Éfeso, atual Turquia. Imagem disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/ Nice_(mitologia)>, acesso 30/01/2020. Figura 4: Nike correndo para a esquerda, usando um peplo. Peça de bronze decorativa ática. Séc.V a.C., Museu do Louvre, Paris. Imagem disponível em: <https://pt.wikipedia. org/wiki/Nice_(mitologia)#/media/Ficheiro:Bronze_Nike_ Louvre_Br1679.jpg>, acesso 30/01/2020. (^) Figura 5: Estatueta de Nike. Cólquida, Georgia (país). Imagem disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Colchis-Nike.jpg>, acesso 30/01/2020. Figura 6: Coluna da Vitória, Berlim. Santa Victoria, versão cristianizada de Nike. Friedrich Drake (1805-1882). Imagem disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Berlin_-_Siegess%C3%A4ule_Spitze.jpg>, acesso 30/01/2020.

Os efeitos do signo são chamados in- terpretantes por Peirce. Basicamente, os interpretantes se dividem em ime- diato , dinâmico e final. Embora existam diversas classificações e nomenclaturas para as subdivisões de interpretantes, esta primeira divisão é bastante eluci- dativa para a compreensão do conceito de signo, pois se trata mais de diferen- tes graus ou níveis na geração do inter- pretante do que de diferentes tipos de interpretantes. Como explica Santaella (2000, p. 67), “esta divisão não corres- ponde, de modo algum, a três interpre- tantes, vistos como coisas separadas, mas, ao contrário, são graus ou níveis do interpretante, ou melhor, diferen- tes aspectos ou estágios na geração do interpretante”. Nesta análise, são os conceitos de in- terpretante imediato e dinâmico que mais interessam. O interpretante ime- diato é o potencial interpretativo do sig- no, é in abstracto , e independe do efeito que será produzido na mente do intér- prete, sendo, porém, esse potencial do signo que torna possível sua interpreta- ção. É a interpretabilidade do signo. O interpretante dinâmico é o “efeito con- creto determinado pelo signo”, segun- do Teixeira Coelho (2007, p. 71); é exter- no ao signo e refere-se ao efeito singular produzido em uma mente interpretado- ra – que pode ser um intérprete –, de- pendendo desta para sua realização. Pode-se dizer que esta Nike, sem bra- ços nem cabeça, tem um novo poten- cial interpretativo que difere do poten- cial original. Tal aspecto pode ser especialmente constatado na obra surrealista da escul- tora mineira Maria Martins (1894-1973), que viveu em Paris com seu segundo marido, o embaixador Carlos Martins, entre os anos de 1948 e 1949. Em uma das três esculturas de sua série “ Howe- ver ”, a maior delas, em bronze, medindo 288 x 70 cm, intitulada However!! (com dois pontos de exclamação ao final), realizada em 1948, um corpo feminino aparece com os braços presos ao cor- po, porém com um par de asas posicio- nadas no lugar da cabeça faltante, sen- do que suas pernas se encontram presas por uma serpente que nelas se enrosca e sobe em direção ao tronco. A obra foi exibida na primeira exposição individu- al da artista em Paris, naquele mesmo ano, na Galeria René Drouin , em Paris, que publicou também o primeiro livro dedicado à sua obra, intitulado Les Sta- tues Magiques de Maria , com ensaios de André Breton e Michel Tapié, entre ou- tros. Conforme Francis M. Naumann: A exposição de Maria na Galeria Drouin foi uma retrospectiva virtual pois ela continha quase todas as esculturas importantes que ela havia feito desde sua exposição na Corcoran sete anos antes. [...] Também na exposição estavam dois excepcionalmente grandes trabalhos em bronze, ambos provavelmente feitos em Paris durante os meses precedentes à abertura de sua exposição: However!! e Huitième Voile (Eighth Veil) , trabalhos completamente novos que continham estranhas e surprendentes distorções da anatomia feminina. [...] However!! é uma alta figura feminina nua com uma serpente enrolada em torno de suas pernas, semelhante, até certo ponto, à composição de uma escultura anterior com o mesmo título [...] O corpo dessa figura também se apresenta de forma naturalística mas, ao invés de ter uma serpente emergindo do topo da cabeça feminina (como acontece na escultura anterior), a cabeça desta figura está de fato metamoforseada num par de gigantes asas de pássaro abertas. No ensaio anterior de Breton sobre a escultura de Maria (que foi republicado para a exibição na Galeria Drouin ), ele por duas vezes descreve seu trabalho como representando ‘os ventos do espírito humano que sopram de cálidas latitudes’. Com essa escultura, é como se Maria tivesse conseguido criar a figura que poderia alçar voo nesses cálidos ventos... ( apud DEITCH, p. 1998, p 29-31)

Essa obra, realizada no mesmo ano em que Maria chegou a Paris e alugou um estú- dio em Villa d’Alessia, claramente parece dia- logar com a Vitória de Samotrácia, diferente- mente das outras duas da série, nas quais não há qualquer alusão ao par de asas. No en- tanto, tal diálogo não se dá com a forma com a qual a escultura helenística foi concebida originalmente, mas com a obra em seu esta- do atual, da forma como ela pode ser apre- ciada na escadaria do Louvre, sendo que a es- cultura em bronze pode ser considerada uma atualização do novo potencial interpretati- vo da Nike parcialmente reconstituída. Tal constatação parte da seguinte questão: a es- cultura de Maria teria asas no lugar da cabe- ça se a Vitória de Samotrácia houvesse sido encontrada em sua inteireza? Embora uma resposta a essa pergun- ta não passe de uma mera conjectura, em função da fama e da imponência da referi- da Nike, a obra da brasileira pode ser consi- derada dela um interpretante dinâmico, isto é, um de seus efeitos significados. Em termos semióticos, isso equivale a dizer que, dentre a gama de interpretantes possíveis da obra do século II a.C, como foi encontrada no século XIX, um deles se atualizou na obra em bron- ze do século XX. Figura 9: A escultura However!!, de Maria Martins (1948), ao fundo, entre outras esculturas da artista na exposição da Galeria Drouin, Paris, 1948. (DEITCH, 1998, p. 30) Figura 10: A escultura However!!, de Maria Martins, 1948. Imagem disponível em: <https://acervodigital.unesp.br/ handle/unesp/252298>, acesso 30/01/2020.

semiótico-sistêmica. Dissertação de Mestrado em Comunicação e Semiótica. Pontifícia Universidade de São Paulo – PUC/SP, 2011. PEIRCE, Charles S. Os pensadores: Peirce: escritos coligidos. 3ªed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. PEIRCE, Charles S. Collected Papers. Vols. 1-6, C. Hartshorne & P. Weiss (eds.); vols. 7-8, 1931. A. W. Burks (ed.). Cambridge, Massachussets: Harvard University Press, 1958. (Citado como CP seguido de nº do volume, ponto e nº do parágrafo). SANTAELLA, Lucia. Teoria geral dos signos: Como as linguagens significam as coisas. São Paulo: Ed. Pioneira, 2000 [1995]. SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. Imagem: Cognição, semiótica, míd ia. São Paulo: Iluminuras, 1999 [1997]. TEIXEIRA COELHO NETTO, José. Semiótica, Informação e Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 2007 [1980]. WITTKOWER, Rudolf. Escultura. Trad. J. Azenha Jr. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1989.