Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Filosofia de Emmanuel Levinas: Subjetividade, Ética e Infinito, Esquemas de Ética

Este texto explora a filosofia de emmanuel levinas, que se centra na subjetividade, ética e ideia do infinito. Levinas utiliza a fenomenologia para abordar o sujeito e a relação frente a frente, enfatizando a importância da alteridade e da justiça. A noção de infinito, expressa pela noção do rosto, é a expressão máxima da concepção de verdade em levinas.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Selecao2010
Selecao2010 🇧🇷

4.4

(226)

224 documentos

1 / 104

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
VERDADE E JUSTIÇA NA OBRA TOTALIDADE E
INFINITO DE EMMANUEL LÉVINAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Rubens Machado
Santa Maria, RS, Brasil
2015
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63
pf64

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Filosofia de Emmanuel Levinas: Subjetividade, Ética e Infinito e outras Esquemas em PDF para Ética, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA

VERDADE E JUSTIÇA NA OBRA TOTALIDADE E

INFINITO DE EMMANUEL LÉVINAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Rubens Machado

Santa Maria, RS, Brasil

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Sociais e Humanas

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a Dissertação de Mestrado

VERDADE E JUSTIÇA NA OBRA TOTALIDADE E INFINITO DE

EMMANUEL LÉVINAS

elaborada por

Rubens Machado

como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Filosofia

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________

Silvestre Grzibowski, Dr. (UFSM) (Presidente/Orientador)

_____________________________________

Marcelo Fabri, Dr. (UFSM)

_____________________________________

José Tadeu Batista de Souza, Dr. (UNICAP)

Santa Maria, 27 de março 2015.

Ao Professor Silvestre Grzibowski, Dona Wilma Peiche Severo e

minha filha Gabriela de Freitas Machado, em sinal de gratidão,

amizade e amor.

Grupo de Estudos de Fenomenologia e pela disponibilidade que sempre

demonstrou em ajudar.

A todos e todas minha profunda gratidão.

O Mesmo e o Outro

(Rubens Machado)

O fruto a flor o botão são apenas momentos do mesmo na sua totalidade na sua totalização; isso para uma Razão, um pensamento intencional que só pensa objetividade objetivação.

Negros, vermelhos e amarelos também sofreram com a régua, a espada o canhão no processo da totalidade da totalização! Incas, Astecas e Maias também não ficaram de fora da totalidade da totalização obra da razão imanente do idêntico da identificação.

O Outro, absolutamente Outro o Outro enquanto Outro que não cabe na totalidade não é objeto de objetivação não é visada da intenção tem sua alteridade reduzida pela razão a um conceito ou representação axioma, definição à violência da identidade da identificação.

A ideia do infinito não é ideia, é infinição Desejo, é fome que se alimenta da própria fome é Desejo do invisível é o Outro enquanto Outro na sua outredade alheio à totalidade à totalização Transcendência É infinição. A ideia do Infinito é inadequada, é inadequação limite da liberdade do Mesmo, da razão.

RESUMO

Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil

VERDADE E JUSTIÇA NA OBRA TOTALIDADE E INFINIT O DE

EMMANUEL LÉVINAS

AUTOR: RUBENS MACHADO

ORIENTADOR: SILVESTRE GRZIBOWSKI

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 27 de março de 2015.

O propósito desta dissertação consiste em descrever o modo como Emmanuel Lévinas (1906-1995) concebe a noção de verdade (vérité) a partir da obra Totalidade e infinito: ensaio sobre a exterioridade, de 1961. Contudo, para que possamos desenvolver tal propósito é necessário descrever a sua concepção de justiça (justice) , que irá acompanhar todo o trabalho, e que nos leva diretamente a sua noção de rosto (visage) ‒ ou seria o contrário? Tal itinerário é possível de ser verificado quando estudamos a obra de Lévinas e de autores que estudam a sua obra. Podemos, também, verificar nos textos desses comentadores a relevância dada à ideia de Totalidade (Totalité). Não que nosso autor seja um filósofo da totalidade; pelo contrário. A ideia de totalidade funciona como uma imagem da filosofia ocidental, entendida como filosofia grega. Tal imagem funciona, também, como contraponto já que nosso autor introduz a ideia do Infinito que escapa à totalidade e a totalização. Assim, podemos dizer que o que interessa realmente a Lévinas é fazer-nos ver que existem realidades que escapam ao poder totalizante da razão e que escapam mesmo da razão e seu poder constituinte. É o caso, por exemplo, do rosto do outro homem (alteridade radical). O rosto do outro homem adquire, assim, um lugar central no nosso autor e, a nosso ver na própria obra em exame, pois, é o lugar mesmo da verdade; verdade esta não mais teórica, mas verdade ética, ou metafísica já que o rosto não se presta a objetivação, seja do desvelamento seja da adequação. Esta verdade ética se torna possível se tomarmos em consideração que o rosto é a expressão da singularidade, do indivíduo, único a existir; singularidade esta que se torna possível se a considerarmos como separada da totalidade. Neste sentido, o conceito de separação (séparation) é a chave para acedermos à relação entre entes singulares não englobados em um conceito, não formando unidade. Nosso trabalho seguirá tentando mostrar que a partir da noção de justiça – noção , já que Lévinas considera que a justiça não é correlato da consciência ‒ entendida como acolhimento de frente no discurso nosso autor abre a filosofia para a alteridade (altérité) ‒ através da explosão da estrutura formal noese-noema ‒ que torna possível a ética e esta se apresenta, então, como filosofia primeira já que as relações entre os seres é condição da própria compreensão desses seres, se é que tal compreensão é possível. Finalmente nos esforçaremos para mostrar que para Lévinas a verdade precisa ser justificada, isto é, precisa ser tornada justa ou que a verdade é a própria justiça feita ao outro homem na medida em que é acolhida a sua palavra, a sua expressão.

Palavras-chave: Lévinas. Totalidade. Infinito. Rosto. Ética. Alteridade. Justiça. Verdade.

c’est la propre justice faite à l’autre homme dans la mesure où sa parole et sa expression sont bien reçus.

Mots clefs: Lévinas. Totalité. Infini. Visage. Altérité. Justic.

SUMÁRIO

  • APRESENTAÇÃO
  • INTRODUÇÃO
  • CAPÍTULO I - ROSTO E VERDADE
  • 1.1 Introdução
  • 1.3 Rosto e enigma
  • 1.4 Rosto e vestígio
  • 1.5 Rosto e Infinito
  • 1.6 Rosto e ética
  • CAPÍTULO II – SEPARAÇÃO E VERDADE
  • 2.1 Introdução
  • 2.2 Totalidade e totalização: filosofia e ontologia
  • 2.3 Interioridade e separação
  • CAPÍTULO III – VERDADE E JUSTIÇA
  • 3.1 Introdução
  • 3.2 Justiça
  • 3.3 Justiça e linguagem
  • 3.4 Justiça e verdade
  • CONCLUSÃO
  • REFERÊNCIAS

APRESENTAÇÃO

Emmanuel Lévinas nasceu em Kovno, Lituânia em 1906. Em 1923 vai para a França

estudar Filosofia em Estrasburgo e conhece Maurice Blanchot, que será seu amigo. Nos anos

de 1928 e 1929 vai para Friburgo estudar com Husserl. Assiste ao seminário de Heidegger e

participa do famoso encontro de Davos entre Heidegger e Cassirer sobre Kant. Em 1930, com

apenas 24 anos, publica sua tese de doutorado: Théorie de l’intuition dans la phénoménologie

de Husserl. Com este trabalho Lévinas adere à Fenomenologia e introduz esta na França^1. A

filosofia, desde sua origem ‒ supostamente na Grécia ‒ recebe de Lévinas uma interpretação

aguda. Porvezes feroz. A ideia de universalidade em que o formalismo é a sua maior

expressão, é combatida por nosso autor porque essa universalidade apagou da cena a

concretude do ente humano na sua singularidade ‒ a insistência na singularidade rendeu à

filosofia de Lévinas o título de empirismo; porém, ele também descreve uma universalidade: é

o rosto do outro homem, que não é da ordem empírica ‒; singularidade esta que pode ser

verificada no amor e também no ódio, no nome e no apelido. Afinal, a quem amamos?^2 Um

universal? ‒ “l’amore dà accesso all’unicità. L’individuo único è amato” (LÉVINAS;

RICŒUR, 199 8 , p. 78) ‒ A quem odiamos? Um universal? A quem estendemos a mão...

quem nos estende a mão quando estendemos ou quando nos é estendida? Numa palavra: um

conceito ‒ universal abstrato? A quem perdoamos quando perdoamos? A quem culpamos

quando culpamos? É este quem (qui) mais do que o quê (quoi) ou o como (comme) ‒ Lévinas

não faz uma filosofia do método, apenas se utiliza de um método para fazer filosofia; método

este que é a fenomenologia ‒ que interessa a Lévinas, ainda que a sua filosofia tenha

encontrado na fenomenologia objeto e método; objeto que se viu depois não se tratar de um

objeto, porém, o sujeito ou subjetividade. E por isso a sua filosofia é chamada de ética; afinal,

acaso um conceito morre ou mata? Nos comportamos com conceitos quando operamos no

dito, contudo nos comportamos com pessoas quando operamos no dizer. Se a diferença entre

ser e ente é a diferença ontológica, a diferença entre dizer e dito é a diferença ética, ou a não

(^1) Infelizmente não dispomos, ao alcance do público brasileiro, as biografias escritas sobre Levinas. Contudo, encontramos uma descrição a partir do próprio Levinas acerca da sua infância e adolescência na entrevista concedidad a Philippe Nemo & François Poiré e disponível em Cadernos de Subjetividade, São Paulo, 5 (1); 9- 38, dezembro, 1997. Nesta versão encontramos relatos que não se encontram na obra Ética e infinito (1982). (^2) A propósito, a figura feminina é a primeira figura (para usar um termo hegeliano) da alteridade para Levinas dada a especificidade do feminino, que foi integrada na filosofia da totalidade entendida como sistema. Daí, também, a importância de noções tais como de fecundidade, morada, filho, paternidade, etc. Portanto, para nosso autor a primeira entidade que abala a filosofia da totalidade é a mulher. Depois a noção de alteridade vai ser ampliada para outros entes inclusive realidades não caracterizadas como entes; é o caso, por exemplo, de Deus, do tempo, da morte e do rosto do Outro. Trata-se de realidades que escapam à verdade do ser (desvelamento) ou da verdade lógica (adequação)

indiferença a diferença. Por isso o nosso filósofo é chamado de filósofo da alteridade. Isso

porque, segundo Lévinas, a filosofia tem sido na maior parte das vezes uma ontologia, uma

redução do Outro ao Mesmo, também chamada por ele, tal redução, de guerra ou totalização.

Visivelmente influenciado pelo pensamento de Heidegger^3 , que havia publicado em

1927 a obra Ser e tempo e que para Lévinas foi uma das mais importantes de toda a história da

filosofia, a sua tese de doutorado apresenta o modo como Husserl concebe o Ser em franca

oposição ao naturalismo que, para seu mestre, reduzia toda a realidade à natureza até mesmo

os processos conscientes especialmente as operações lógicas e matemáticas. Segundo

Lévinas, Husserl estabeleceu um novo âmbito do ser, o da consciência. Trata-se de uma obra

de leitura obrigatória, a nosso juízo, para quem se ocupa da filosofia de Husserl. Por outro

lado, podemos vislumbrar nesta obra a manifestação de pelo um aspecto da obra de Husserl

que deixa Lévinas descontente: o que ele chama de o primado do teórico, ou ato objetivante.

A resistência ao primado do teórico como a intuição fundamental da sua filosofia irá, de certa

forma, marcar a obra posterior de filósofo lituano e quem sabe essa intuição esteja já assinada

por sua formação judaica. Lévinas morreu em Paris, em 25 de dezembro de 1996 deixando

uma obra cujo eixo é a Alteridade. A ética, para Lévinas, não se apresenta como um ramo da

filosofia, mas a filosofia primeira. A questão acerca do estatuto de filosofia primeira é tema de

debates no contexto da filosofia. Dada a importância que a noção de filosofia primeira assume

no pensamento de Lévinas é da maior importância ver como ele a entende e define.

A filosofia de Lévinas se caracteriza por um diálogo constante com a tradição^4. Porém,

este diálogo é marcado por uma tensão, por uma tentativa de superação de uma filosofia que,

nas suas palavras, é dominada por um clima ontológico. Este clima é expresso na noção de

saber, conhecimento, tematização. Talvez Lévinas não tenha defendido senão uma única tese:

a necessidade de sair do ser, da ontologia que também é chamada por ele de guerra. Lévinas

não quer apenas descrever esta filosofia, ou denunciar seu caráter indiferente às diferenças;

(^3) Levinas reconhece esta influência no diálogo com Philippe Nemo, depois publicado na forma de livro intitulado Ética e infinito , com tradução de João Gama; Lisboa, Edições 70, s/d, p.31. Talvez o leitor encontre demasiada referência ao filósofo alemão nesta dissertação, porém é inevitável. Não que Levinas seja seguidor de Heidegger. Pelo contrário, pois é justamente a filosofia do filósofo alemão que atua como contraponto a sua tese fundamental de situar a ética como filosofia primeira. Nesse sentido vale as considerações presentes no nosso trabalho e que questionam a primazia da compreensão do ser como a atitude primeira do filosofar. Embora a filosofia não possa prescindir de uma ontologia, nosso autor questiona o seu caráter fundamental. (^4) A já clássica distinção entre ser (saber) e dever ser (ética), pode servir para caracterizar a filosofia de Levinas que se constitui mais pela ética do que pelo saber (teoria). No entanto, e o nosso autor o reconhece, a sua filosofia ‒ a que encontramos em Totalidade e infinito ‒ ainda se encontra embebida de elementos ontológicos. Basta dizer que a sua tese fundamental consiste em deixar ser o Outro (laisser être l’autre) o que implica que o Mesmo, o Eu, o sujeito levinasiano ‒ acolhedor e hospitaleiro ‒ deve adotar nova postura frente a alteridade; não mais pensá-la como outro eu (alter ego) ‒ o que equivaleria a reduzí-lo ao Mesmo ‒, nem mesmo tratá-la a partir de um conceito [universal]: o ser. Trata-se, ao contrário, de “le laisser s’exprimer à partir de lui-même” (CALIN; SEBBAH, 2005, p. 43).