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Este texto explora a filosofia de emmanuel levinas, que se centra na subjetividade, ética e ideia do infinito. Levinas utiliza a fenomenologia para abordar o sujeito e a relação frente a frente, enfatizando a importância da alteridade e da justiça. A noção de infinito, expressa pela noção do rosto, é a expressão máxima da concepção de verdade em levinas.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
Silvestre Grzibowski, Dr. (UFSM) (Presidente/Orientador)
Marcelo Fabri, Dr. (UFSM)
José Tadeu Batista de Souza, Dr. (UNICAP)
Santa Maria, 27 de março 2015.
(Rubens Machado)
O fruto a flor o botão são apenas momentos do mesmo na sua totalidade na sua totalização; isso para uma Razão, um pensamento intencional que só pensa objetividade objetivação.
Negros, vermelhos e amarelos também sofreram com a régua, a espada o canhão no processo da totalidade da totalização! Incas, Astecas e Maias também não ficaram de fora da totalidade da totalização obra da razão imanente do idêntico da identificação.
O Outro, absolutamente Outro o Outro enquanto Outro que não cabe na totalidade não é objeto de objetivação não é visada da intenção tem sua alteridade reduzida pela razão a um conceito ou representação axioma, definição à violência da identidade da identificação.
A ideia do infinito não é ideia, é infinição Desejo, é fome que se alimenta da própria fome é Desejo do invisível é o Outro enquanto Outro na sua outredade alheio à totalidade à totalização Transcendência É infinição. A ideia do Infinito é inadequada, é inadequação limite da liberdade do Mesmo, da razão.
O propósito desta dissertação consiste em descrever o modo como Emmanuel Lévinas (1906-1995) concebe a noção de verdade (vérité) a partir da obra Totalidade e infinito: ensaio sobre a exterioridade, de 1961. Contudo, para que possamos desenvolver tal propósito é necessário descrever a sua concepção de justiça (justice) , que irá acompanhar todo o trabalho, e que nos leva diretamente a sua noção de rosto (visage) ‒ ou seria o contrário? Tal itinerário é possível de ser verificado quando estudamos a obra de Lévinas e de autores que estudam a sua obra. Podemos, também, verificar nos textos desses comentadores a relevância dada à ideia de Totalidade (Totalité). Não que nosso autor seja um filósofo da totalidade; pelo contrário. A ideia de totalidade funciona como uma imagem da filosofia ocidental, entendida como filosofia grega. Tal imagem funciona, também, como contraponto já que nosso autor introduz a ideia do Infinito que escapa à totalidade e a totalização. Assim, podemos dizer que o que interessa realmente a Lévinas é fazer-nos ver que existem realidades que escapam ao poder totalizante da razão e que escapam mesmo da razão e seu poder constituinte. É o caso, por exemplo, do rosto do outro homem (alteridade radical). O rosto do outro homem adquire, assim, um lugar central no nosso autor e, a nosso ver na própria obra em exame, pois, é o lugar mesmo da verdade; verdade esta não mais teórica, mas verdade ética, ou metafísica já que o rosto não se presta a objetivação, seja do desvelamento seja da adequação. Esta verdade ética se torna possível se tomarmos em consideração que o rosto é a expressão da singularidade, do indivíduo, único a existir; singularidade esta que se torna possível se a considerarmos como separada da totalidade. Neste sentido, o conceito de separação (séparation) é a chave para acedermos à relação entre entes singulares não englobados em um conceito, não formando unidade. Nosso trabalho seguirá tentando mostrar que a partir da noção de justiça – noção , já que Lévinas considera que a justiça não é correlato da consciência ‒ entendida como acolhimento de frente no discurso nosso autor abre a filosofia para a alteridade (altérité) ‒ através da explosão da estrutura formal noese-noema ‒ que torna possível a ética e esta se apresenta, então, como filosofia primeira já que as relações entre os seres é condição da própria compreensão desses seres, se é que tal compreensão é possível. Finalmente nos esforçaremos para mostrar que para Lévinas a verdade precisa ser justificada, isto é, precisa ser tornada justa ou que a verdade é a própria justiça feita ao outro homem na medida em que é acolhida a sua palavra, a sua expressão.
Palavras-chave: Lévinas. Totalidade. Infinito. Rosto. Ética. Alteridade. Justiça. Verdade.
c’est la propre justice faite à l’autre homme dans la mesure où sa parole et sa expression sont bien reçus.
Mots clefs: Lévinas. Totalité. Infini. Visage. Altérité. Justic.
Emmanuel Lévinas nasceu em Kovno, Lituânia em 1906. Em 1923 vai para a França
estudar Filosofia em Estrasburgo e conhece Maurice Blanchot, que será seu amigo. Nos anos
de 1928 e 1929 vai para Friburgo estudar com Husserl. Assiste ao seminário de Heidegger e
participa do famoso encontro de Davos entre Heidegger e Cassirer sobre Kant. Em 1930, com
apenas 24 anos, publica sua tese de doutorado: Théorie de l’intuition dans la phénoménologie
de Husserl. Com este trabalho Lévinas adere à Fenomenologia e introduz esta na França^1. A
filosofia, desde sua origem ‒ supostamente na Grécia ‒ recebe de Lévinas uma interpretação
aguda. Porvezes feroz. A ideia de universalidade em que o formalismo é a sua maior
expressão, é combatida por nosso autor porque essa universalidade apagou da cena a
concretude do ente humano na sua singularidade ‒ a insistência na singularidade rendeu à
filosofia de Lévinas o título de empirismo; porém, ele também descreve uma universalidade: é
o rosto do outro homem, que não é da ordem empírica ‒; singularidade esta que pode ser
verificada no amor e também no ódio, no nome e no apelido. Afinal, a quem amamos?^2 Um
universal? ‒ “l’amore dà accesso all’unicità. L’individuo único è amato” (LÉVINAS;
RICŒUR, 199 8 , p. 78) ‒ A quem odiamos? Um universal? A quem estendemos a mão...
quem nos estende a mão quando estendemos ou quando nos é estendida? Numa palavra: um
conceito ‒ universal abstrato? A quem perdoamos quando perdoamos? A quem culpamos
quando culpamos? É este quem (qui) mais do que o quê (quoi) ou o como (comme) ‒ Lévinas
não faz uma filosofia do método, apenas se utiliza de um método para fazer filosofia; método
este que é a fenomenologia ‒ que interessa a Lévinas, ainda que a sua filosofia tenha
encontrado na fenomenologia objeto e método; objeto que se viu depois não se tratar de um
objeto, porém, o sujeito ou subjetividade. E por isso a sua filosofia é chamada de ética; afinal,
acaso um conceito morre ou mata? Nos comportamos com conceitos quando operamos no
dito, contudo nos comportamos com pessoas quando operamos no dizer. Se a diferença entre
ser e ente é a diferença ontológica, a diferença entre dizer e dito é a diferença ética, ou a não
(^1) Infelizmente não dispomos, ao alcance do público brasileiro, as biografias escritas sobre Levinas. Contudo, encontramos uma descrição a partir do próprio Levinas acerca da sua infância e adolescência na entrevista concedidad a Philippe Nemo & François Poiré e disponível em Cadernos de Subjetividade, São Paulo, 5 (1); 9- 38, dezembro, 1997. Nesta versão encontramos relatos que não se encontram na obra Ética e infinito (1982). (^2) A propósito, a figura feminina é a primeira figura (para usar um termo hegeliano) da alteridade para Levinas dada a especificidade do feminino, que foi integrada na filosofia da totalidade entendida como sistema. Daí, também, a importância de noções tais como de fecundidade, morada, filho, paternidade, etc. Portanto, para nosso autor a primeira entidade que abala a filosofia da totalidade é a mulher. Depois a noção de alteridade vai ser ampliada para outros entes inclusive realidades não caracterizadas como entes; é o caso, por exemplo, de Deus, do tempo, da morte e do rosto do Outro. Trata-se de realidades que escapam à verdade do ser (desvelamento) ou da verdade lógica (adequação)
indiferença a diferença. Por isso o nosso filósofo é chamado de filósofo da alteridade. Isso
porque, segundo Lévinas, a filosofia tem sido na maior parte das vezes uma ontologia, uma
redução do Outro ao Mesmo, também chamada por ele, tal redução, de guerra ou totalização.
Visivelmente influenciado pelo pensamento de Heidegger^3 , que havia publicado em
1927 a obra Ser e tempo e que para Lévinas foi uma das mais importantes de toda a história da
filosofia, a sua tese de doutorado apresenta o modo como Husserl concebe o Ser em franca
oposição ao naturalismo que, para seu mestre, reduzia toda a realidade à natureza até mesmo
os processos conscientes especialmente as operações lógicas e matemáticas. Segundo
Lévinas, Husserl estabeleceu um novo âmbito do ser, o da consciência. Trata-se de uma obra
de leitura obrigatória, a nosso juízo, para quem se ocupa da filosofia de Husserl. Por outro
lado, podemos vislumbrar nesta obra a manifestação de pelo um aspecto da obra de Husserl
que deixa Lévinas descontente: o que ele chama de o primado do teórico, ou ato objetivante.
A resistência ao primado do teórico como a intuição fundamental da sua filosofia irá, de certa
forma, marcar a obra posterior de filósofo lituano e quem sabe essa intuição esteja já assinada
por sua formação judaica. Lévinas morreu em Paris, em 25 de dezembro de 1996 deixando
uma obra cujo eixo é a Alteridade. A ética, para Lévinas, não se apresenta como um ramo da
filosofia, mas a filosofia primeira. A questão acerca do estatuto de filosofia primeira é tema de
debates no contexto da filosofia. Dada a importância que a noção de filosofia primeira assume
no pensamento de Lévinas é da maior importância ver como ele a entende e define.
A filosofia de Lévinas se caracteriza por um diálogo constante com a tradição^4. Porém,
este diálogo é marcado por uma tensão, por uma tentativa de superação de uma filosofia que,
nas suas palavras, é dominada por um clima ontológico. Este clima é expresso na noção de
saber, conhecimento, tematização. Talvez Lévinas não tenha defendido senão uma única tese:
a necessidade de sair do ser, da ontologia que também é chamada por ele de guerra. Lévinas
não quer apenas descrever esta filosofia, ou denunciar seu caráter indiferente às diferenças;
(^3) Levinas reconhece esta influência no diálogo com Philippe Nemo, depois publicado na forma de livro intitulado Ética e infinito , com tradução de João Gama; Lisboa, Edições 70, s/d, p.31. Talvez o leitor encontre demasiada referência ao filósofo alemão nesta dissertação, porém é inevitável. Não que Levinas seja seguidor de Heidegger. Pelo contrário, pois é justamente a filosofia do filósofo alemão que atua como contraponto a sua tese fundamental de situar a ética como filosofia primeira. Nesse sentido vale as considerações presentes no nosso trabalho e que questionam a primazia da compreensão do ser como a atitude primeira do filosofar. Embora a filosofia não possa prescindir de uma ontologia, nosso autor questiona o seu caráter fundamental. (^4) A já clássica distinção entre ser (saber) e dever ser (ética), pode servir para caracterizar a filosofia de Levinas que se constitui mais pela ética do que pelo saber (teoria). No entanto, e o nosso autor o reconhece, a sua filosofia ‒ a que encontramos em Totalidade e infinito ‒ ainda se encontra embebida de elementos ontológicos. Basta dizer que a sua tese fundamental consiste em deixar ser o Outro (laisser être l’autre) o que implica que o Mesmo, o Eu, o sujeito levinasiano ‒ acolhedor e hospitaleiro ‒ deve adotar nova postura frente a alteridade; não mais pensá-la como outro eu (alter ego) ‒ o que equivaleria a reduzí-lo ao Mesmo ‒, nem mesmo tratá-la a partir de um conceito [universal]: o ser. Trata-se, ao contrário, de “le laisser s’exprimer à partir de lui-même” (CALIN; SEBBAH, 2005, p. 43).