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VÉÅÑÉÜàtÅxÇàtÄ|áÅÉ? VÉÇáàÜâà|ä|áÅÉ x [âÅtÇ, Esquemas de Construção

Autor: Marco Antonio Moreira ... Subsídios Teóricos: A Teoria da Aprendizagem Significativa. ... A teoria de ensino de Bruner.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Rafael86
Rafael86 🇧🇷

4.6

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Subsídios Teóricos para o Professor Pesquisador
em Ensino de Ciências
VÉÅÑÉÜàtÅxÇàtÄ|áÅÉ? VÉÇáàÜâà|ä|áÅÉ x [âÅtÇ|áÅÉ
Marco A. Moreira
Porto Alegre, Brasil
2009, 2016
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Subsídios Teóricos para o Professor Pesquisador

em Ensino de Ciências

VÉÅÑÉÜàtÅxÇàtÄ|áÅÉ? VÉÇáàÜâà|ä|áÅÉ x [âÅtÇ|áÅÉ

Marco A. Moreira

Porto Alegre, Brasil

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Tipo de publicação: coletânea de breves monografias sobre teorias de aprendizagem como subsídio para o professor pesquisador, particularmente da área de ciências.

Autor: Marco Antonio Moreira

Data e local: 2009 (1ª edição), 2016 (2ª edição revisada), Porto Alegre, Brasil

  • Subsídios Teóricos: A Teoria da Aprendizagem Significativa.
  • Subsídios Epistemológicos: Epistemologias do Século XX.
  • Subsídios Metodológicos: Pesquisa em Ensino: Aspectos Metodológicos.
  • Subsídios Metodológicos: Pesquisa em Ensino: Métodos qualitativos e quantitativos.
  • Subsídios Didáticos: Mapas conceituais, Diagramas V, Organizadores Prévios e Unidades de Ensino Potencialmente Significativas.

\ÇàÜÉwâ†ûÉM t ÑxáÖâ|át xÅ xÇá|ÇÉ

Pesquisar é produzir conhecimento através da busca de respostas a perguntas-chave sobre determinado fenômeno de interesse, dentro de um marco teórico, metodológico e epistemológico consistente e coerente.

Quer dizer, quem pesquisa tem uma ou mais perguntas sobre certo fenômeno de interesse. Para responder tais perguntas, estuda objetos ou eventos que faz acontecer ou que acontecem naturalmente. Mas para estudá-los é preciso fazer registros (observações de campo, medidas, gravações, entrevistas, clicks em detectores , resultados de provas, questionários, etc.). Não se faz pesquisa sem registros, sejam quais forem, dos eventos e/ou objetos de estudo. Prosseguindo, é preciso analisar, criar categorias, indexar numericamente, interpretar, enfim, transformar qualitativamente e/ou quantitativamente esses registros até chegar a possíveis, e provisórias, respostas às perguntas-chave. Isso significa que, obviamente, a pesquisa tem sempre um marco , ou domínio, metodológico , ou seja, um fazer.

Por outro lado, as perguntas não são feitas ao acaso, não surgem do nada. Elas vêm de um pensar que normalmente envolve teorias, princípios, modelos, tomados como referencial teórico ou que, em uma abordagem qualitativa, são construídos ao longo da pesquisa, à medida que a realidade vai sendo construída. A verdadeira pesquisa, aquela que produz conhecimentos, tem sempre um marco, ou domínio, teórico , quer dizer, um pensar.

A pesquisa, a produção de conhecimentos, envolve, então, a permanente interação entre pensar e fazer, ou entre um domínio teórico e um domínio metodológico.

Não tão clara é a necessidade de um marco epistemológico. Há pouco falou-se de uma realidade construída. O leitor mais atento pode ter estranhado e perguntado o que significa isso. A realidade, afinal, não é a realidade que aí está para ser estudada, entendida, explicada? Não necessariamente. Depende da concepção de realidade que se tem. No âmbito da pesquisa educacional, há muitos que defendem a posição epistemológica de que a realidade educativa é sempre socialmente construída. No que se refere às ciências exatas e da natureza, há posições filosóficas empiristas-indutivistas, racionalistas, realistas, idealistas, anarquistas, evolucionistas, enfim, toda uma gama de concepções sobre a produção do conhecimento científico, ou seja, concepções epistemológicas, explícitas ou implícitas. Isso significa que a pesquisa tem também um marco, ou domínio, epistemológico.

Em resumo, a pesquisa, no sentido de produção de conhecimentos, implica a utilização de referenciais teóricos, metodológicos e epistemológicos.

Professores podem, e devem, sem dúvida, ser pesquisadores, mas para isso devem apropriar- se de teorias (de aprendizagem, no caso), de metodologias de pesquisa em educação e de referentes epistemológicos. O termo professor-pesquisador é muito frequente na literatura educacional, mas o significado parece ser o de professor-reflexivo. É claro que todo professor deve refletir sobre sua prática, mudá-la, aprimorá-la, mas para que isso possa gerar conhecimento é preciso embasamento teórico, metodológico e epistemológico.

Este texto pretende subsidiar professores, particularmente da área de ciências, no que tange a bases teóricas para a pesquisa em ensino. São abordados, muito sucintamente, o comportamentalismo (Watson, Guthrie, Thorndike e Skinner), o cognitivismo/construtivismo (Piaget, Vygotsky, Ausubel, Vergnaud e Johnson-Laird) e o humanismo (Rogers, Novak, Gowin e Freire). Além disso, é também enfocado o problema da mudança conceitual por ser um tema de muito interesse para a pesquisa em ensino de ciências. É claramente uma primeira aproximação a tais teorias; subsídios teóricos iniciais, poder-se-ia dizer.

Para concluir esta introdução, apresenta-se na Figura 1 um diagrama adaptado de outro conhecido como Vê epistemológico de Gowin (1981; 2005) ou simplesmente diagrama V (Moreira, 2006), onde aparecem os elementos que estruturam o processo de produção do conhecimento, ou seja, a pesquisa.

Marco Antonio Moreira

Referências

Gowin, D.B. (1981). Educating. Ithaca, N.Y.: Cornell University Press. 210p.

Gowin, D.B. and Alvarez, M. (2005). The art of educating with V diagrams. New York: Cambridge University Press. 231p.

Moreira, M.A. (2006). Mapas conceituais & diagramas V. Porto Alegre: Ed. do Autor. 103p.

b VÉÅÑÉÜàtÅxÇàtÄ|áÅÉ

O comportamentalismo é uma postura filosófica que se ocupa de comportamentos observáveis e mensuráveis do sujeito, ou seja, de respostas que dá a estímulos externos. Contrapõe- se ao mentalismo, ao estudo do que as pessoas pensam e sentem: ocupa-se do que as pessoas fazem. Supõe que o comportamento inclui respostas que podem ser observadas e relacionadas com eventos que as precedem (estímulos) e as sucedem (consequências). Busca estabelecer relações funcionais, ou leis, entre estímulos e consequências (boas ou más).

Primeiras abordagens

John B. Watson (1878-1958) é considerado o pai do comportamentalismo, ou behaviorismo. Seu comportamentalismo, bastante influenciado pelo condicionamento clássico de Ivan Pavlov (1849-1936), focalizava muito mais os estímulos do que as consequências. Ele procurava explicar toda aprendizagem (associação estímulo-resposta) em termos de condicionamento clássico, não se interessando pelo reforço ou pela punição (consequências) como causas da aprendizagem. Em suas explicações, usava dois princípios: o da frequência e o da recentidade. O da frequência diz que quanto mais frequentemente uma dada resposta é associada a um certo estímulo maior a probabilidade de que essa associação ocorra outra vez. O da recentidade diz que quanto mais recentemente uma certa resposta é associada a um dado estímulo mais provavelmente será associada outra vez.

Edwin Guthrie (1886-1959) é outro norte-americano que se destacou nas origens do comportamentalismo. Embora influenciado por Watson e pelo condicionamento clássico, sua abordagem não implicava que a resposta tivesse sido eliciada durante um procedimento dessa natureza. Para ele, se uma combinação de estímulos que havia acompanhado uma resposta ocorresse outra vez, tenderia a ser seguida por essa resposta. Ou seja , se alguma coisa fosse feita em uma dada situação, provavelmente seria feita outra vez frente à mesma situação. E mais, a intensidade total de uma associação estímulo-resposta, que ele chamava de " hábito ", teria sido atingida na ocasião do primeiro pareamento e não seria reforçada pela prática. O importante era a contiguidade. Ocupou-se, então, da quebra de hábitos e propôs três métodos para isso: l) o da fadiga : repetir o estímulo até que eventualmente uma nova resposta seja dada e fique associada a esse estímulo por ser a mais recente (quer dizer, ele não aceitava o princípio da frequência de Watson, mas sim o da recentidade); 2) o do limiar: introduzir o estímulo com uma intensidade tão fraca que não provoque a resposta indesejada, mas elicie alguma outra que ficará, então, associada ao estímulo; 3) o da incompatibilidade: apresentar o estímulo quando a resposta não pode ocorrer, de modo que alguma outra resposta possível fique a ele associada.

Edward L. Thorndike (1874-1949) é um terceiro norte-americano de grande influência nas origens do behaviorismo. Sua grande contribuição está na chamada Lei do Efeito ou, mais especificamente, na ênfase que pôs nas consequências do comportamento como determinantes das conexões E-R ou, na visão comportamentalista, do que é aprendido. Para ele, as conexões estímulo- resposta eram de natureza fisiológica, fortalecidas pelo uso e ela natureza satisfatória das consequências e enfraquecidas quando tais consequências fossem desconfortáveis. Sua concepção de aprendizagem (conexões E-R) estava sujeita a três leis principais: l) Lei do Efeito: quando uma conexão é seguida de uma consequência satisfatória ela é fortalecida e, reciprocamente,

enfraquecida quando a consequência é irritante; conforme o caso, há um aumento ou uma diminuição na frequência da resposta; 2) Lei do Exercício: o fortalecimento das conexões se dá com a prática (lei do uso) e o enfraquecimento ou esquecimento com a falta de prática (lei do desuso); 3) Lei da Prontidão: quando há uma preparação para a ação, a concretização da ação é satisfatória e a não concretização é irritante. Além destas, Thorndike propôs várias outras leis subsidiárias ou subordinadas.

Estas são as primeiras teorias comportamentalistas, todas ocupando-se de conexões estímulo-resposta sem levar em consideração o que se passa na mente do indivíduo quando ocorre tal associação. Ocupavam-se, como já foi dito, apenas de comportamentos observáveis e mensuráveis. Era como se a mente fosse uma caixa preta. Não que nada nela ocorresse, mas que simplesmente não interessava.

Tais teorias foram sucedidas por outra que teve enorme influência no ensino e nos materiais usados em sala de aula, principalmente nas décadas de sessenta e setenta, mas que de certa forma ainda está muito presente na escola de hoje: a teoria de Skinner.

O comportamentalismo de Skinner

B.F. Skinner (1904-1990), também norte-americano, ocupou-se particularmente do que ocorre após a resposta, ou seja, da consequência que pode ser reforçadora ou não. Para ele, são três as principais variáveis de "entrada": o estímulo , o reforço positivo e as contingências de reforço. A primeira é o evento que afeta os sentidos do sujeito, a segunda é aquilo que resulta no aumento da frequência da resposta e as contingências de reforço se referem ao momento e à quantidade de reforço, ao arranjo de situações reforçadoras.

As variáveis de "saída" são as respostas do sujeito, as quais podem ser respondentes ou operantes. As respondentes são aquelas eliciadas involuntariamente por determinados estímulos; são os chamados "reflexos", como, por exemplo, o de contrair a pupila frente a uma luminosidade intensa. As operantes são aquelas nas quais o sujeito faz algo que tem um efeito no mundo exterior, que opera nele. A maior parte do comportamento humano é operante. Diferentemente das respostas respondentes que são provocadas automaticamente frente a certos estímulos, as operantes podem ou não ser exibidas em presença de determinados estímulos. Não se sabe a priori qual estímulo provocará a emissão de uma certa resposta.

A cada tipo de comportamento, respondente ou operante, corresponde a um tipo de condicionamento, ou seja, um procedimento de, em um caso, emparelhar um estímulo que seguramente provoca uma resposta com um estímulo neutro até que este passe também a eliciar essa resposta e, no outro, de introduzir um reforçador positivo imediatamente após uma resposta, resultando em um aumento de frequência dessa resposta. Diz-se condicionada uma resposta cuja frequência foi aumentada desta maneira.

Reforçador positivo é aquilo que acontece após a emissão de uma resposta e aumenta sua frequência. Reforçador negativo é o que a enfraquece, ou seja, diminui a frequência da resposta que o produz ou fortalece a resposta que o remove.

Para Skinner, a conexão importante era entre resposta e reforço , não entre estímulo e resposta como propunham os primeiros behavioristas.

gradualmente modificada até que não haja mais diferença nessa dimensão de modo que a discriminação seja feita somente em relação à dimensão que não variou.

Comportamento conceitual : responder do mesmo modo a todos os estímulos de uma classe de estímulos, mas não responder desse modo a estímulos fora da classe; generalizar dentro de uma classe de estímulos e discriminar entre classes.

Reforçador condicionado (ou secundário): evento ou objeto que passa a ser reforçador pela associação a reforçadores incondicionados (que não requerem associação a outros eventos ou objetos para funcionarem como reforçadores)

Reforço social : reforço condicionado consistindo de tipos de atenção dada por outros membros de uma comunidade.

Cadeia-estímulo resposta : sequência de estímulos e respostas na qual cada resposta funciona como estímulo para a próxima.

Ensino e aprendizagem

O enfoque skinneriano aplicado ao processo instrucional leva de imediato à ideia de objetivos operacionais, ou seja, comportamentos que o aprendiz deve apresentar, ou respostas que deve dar, ao longo do processo (comportamentos intermediários) e ao final dele (comportamentos terminais). É preciso definir tais objetivos de maneira muito clara, precisa, para que se possa observar, e medir, sua consecução pelo aluno. Além disso, é preciso reforçar positivamente a emissão de tal comportamento, por exemplo, através da "nota" ou de um comentário ou elogio. É necessário também programar o esquema de reforçamento (como dar o reforço positivo, quando dá- lo e em que quantidade), até que, eventualmente, a aprendizagem (a resposta "certa") funcione como estímulo reforçador.

Um objetivo para ser comportamental deve satisfazer as seguintes condições (Baquero, 1983): 1) especificar a ação do aluno, não do professor; 2) especificar o comportamento a ser emitido pelo aluno; 3) especificar o tópico da matéria de ensino em relação ao qual o comportamento do aluno deve ser apresentado; 4) representar o produto de uma experiência de aprendizagem, não a experiência propriamente dita. Assim, objetivos do tipo “O estudante ouvirá partituras de Chopin” ou “O estudante será exposto às obras de Érico Veríssimo” não satisfazem tais condições. Já um objetivo do tipo “O estudante deve ser capaz de listar os pressupostos básicos para a aplicação de técnicas estatísticas paramétricas” as satisfaz.

O ensino deve ser organizado para evitar o erro, pois é o acerto que leva ao reforço positivo. Frequentemente, então, recorre-se à idéia de "pequenas etapas". Tais etapas obedecem uma sequência de pré-requisitos; cada uma é condição para a próxima, mas são programadas de modo que o aprendiz as supere sem grandes dificuldades. Idealmente, o sujeito pode progredir ao longo das etapas instrucionais com ritmo próprio.

Os recursos didáticos, as aulas, os materiais programados funcionam como estímulos para as respostas desejadas, isto é, aquilo que está, explícita e precisamente, definido nos objetivos de ensino. A instrução é "programada tecnologicamente". O professor atua tecnicamente, procurando

modificar ou implantar comportamentos através de condicionamentos, procedimentos de extinção, modelagens, reforçamentos diferenciais, ainda que implicitamente ou inconscientemente.

No "Método Keller" (Moreira, 1983, 1985), por exemplo, o conteúdo de uma disciplina é dividido em um número relativamente grande de unidades de estudo; para cada uma delas é elaborado um roteiro de estudo contendo objetivos claramente definidos e instruções bem detalhadas sobre o que e como estudar; em princípio, não há aulas, o aluno prepara a unidade a partir desse roteiro (que funciona como estímulo), com ritmo próprio e quando sente-se preparado apresenta-se para a avaliação da unidade, a qual é uma prova versando muito precisamente sobre os objetivos pré- definidos; esta prova é corrigida imediatamente pelo professor ou por monitores; se o aluno mostra ter atingido todos os objetivos (i.e., dado todas as respostas esperadas) recebe o roteiro da próxima unidade (que funciona como reforço positivo e estímulo para seguir adiante); caso não atinja todos objetivos, o aluno pode repetir a avaliação da unidade até ser aprovado e poder passar à unidade seguinte; o professor e os monitores estão sempre à disposição dos alunos para tirar dúvidas e avaliar; quando o aluno completa todas as unidades é considerado aprovado na disciplina. A idéia é usar os princípios das pequenas etapas, resposta ativa, verificação imediata e ritmo próprio que são os mesmos da instrução programada.

Aparentemente, não há nada de errado no enfoque comportamentalista, pois definir objetivos, organizar o ensino, ensinar e avaliar o alcance dos objetivos parecer ser o cotidiano da escola. No entanto, na prática, o enfoque comportamentalista acaba promovendo o treinamento ao invés da educação, a aprendizagem mecânica ao invés da aprendizagem significativa (a abordagem estímulo-resposta-reforço não entra na questão do significado). Talvez por isso seja, atualmente, tão rejeitado por educadores e pesquisadores em educação (embora ainda muito presente na sala de aula).

Como síntese desta breve introdução ao comportamentalismo, é apresentado, na Figura 1, um mapa conceitual para esse enfoque. Mapa conceitual (Moreira, 2006) é um diagrama destacando, hierarquicamente, os principais conceitos de um certo conteúdo e suas relações. Nesta figura, o conceito considerado como mais importante está no centro e os demais conceitos-chave estão em negrito. Além disso, o mapa inclui também leis e princípios das primeiras teorias comportamentalistas.

Bibliografia

Baquero, R.V.A. (1983). Definição de objetivos. In Moreira, M.A. Ação Docente na Universidade. Porto Alegre: Editora da Universidade. pp. 39-52. Moreira, M.A. (1983). O Sistema de Instrução Personalizada. In Moreira, M.A. Ação Docente na Universidade. Porto Alegre: Editora da Universidade. pp. 116-135. Moreira, M. A. (1985). Atividade docente na universidade. Porto Alegre: D.C. Luzzatto Ed. & Ed. da FURG. 135p. Moreira, M.A. (2006). Mapas conceituais & diagramas V. Porto Alegre: Ed. do Autor. 103p. Moreira, M.A. (2010). Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro Editora. 109p Moreira, M.A. (2011). Teorias de aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária. Caps. 1 e 3. 2ª ed. ampl. 242p. Moreira, M.A. & Veit, E.A. (2010). Ensino Superior: bases teóricas e metodológicas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária. 223p.

b VÉÇáàÜâà|ä|áÅÉ wx c|tzxà

Jean Piaget (1896 - 1980) é o pioneiro e mais conhecido autor construtivista do século XX. Sua teoria é de desenvolvimento cognitivo; seu sujeito é epistêmico e científico – constrói seu conhecimento e conhece o mundo cientificamente. Este sujeito possui uma arquitetura cognitiva variável (que aprende) e se desenvolve através de funções gerais invariantes – adaptação e organização. Na interação com o mundo, o sujeito tende a integrar suas estruturas psicológicas em sistemas coerentes. Essa tendência de integrar estruturas em sistemas ou estruturas mais ordenadas é o que Piaget chama de organização. A mente é uma estrutura (cognitiva) que tende a funcionar em equilíbrio, aumentando, permanentemente, seu grau de organização e de adaptação ao meio. Quando este equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, a mente tende a se reestruturar através da construção de novos esquemas de assimilação e atingir novo estado de equilíbrio. Esta reestruturação corresponde ao que Piaget chama de acomodação. A assimilação e a acomodação são processos complementares que levam à adaptação, ou seja, à tendência de o organismo (i.e., a mente) se adaptar ao meio interagindo com ele. Adaptação e organização são processos complementares inseparáveis. São duas faces de um mesmo processo que se manifesta internamente na organização cognitiva e externamente na adaptação ao meio.

Piaget argumenta que a assimilação e a acomodação são mecanismos que operam juntos de modo que o meio é sempre interpretado à luz de estruturas cognitivas existentes (assimilação), porém estas estruturas são modificadas pelas estruturas do meio (acomodação). São mecanismos lentos e contínuos através dos quais o novo é assimilado pelo conhecido, mas a estrutura do conhecido não permanece intacta em seu encontro com o novo (Mc Shane, 1991, p.25).

Equilibração majorante

Este processo equilibrador que Piaget chama de equilibração majorante é o responsável pela evolução cognitiva, pelo desenvolvimento mental e pela aprendizagem (aumento de conhecimento, na óptica de Piaget) do sujeito. É através da equilibração majorante que o conhecimento humano é totalmente construído em interação com o meio físico e sócio-cultural. A teoria de Piaget é interacionista; o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre fatores internos e externos.

A equilibração majorante é, então, o processo auto-regulador que leva a sucessivas melhoras no equilíbrio cognitivo. Cada novo equilíbrio torna o sujeito mais poderoso na habilidade de compreender as características físicas e as relações dos eventos e objetos do meio e também de atribuir propriedades causais, lógicas e matemáticas a eles (Ginsburg e Opper, 1988, p. 223).

Adaptação, organização, assimilação, acomodação e equilibração majorante são conceitos- chave da teoria piagetiana. Eles se referem aos processos envolvidos no desenvolvimento cognitivo. Contudo, embora os processos sejam sempre estes, há diferenças qualitativas em relação a como eles ocorrem, por exemplo, na mente de uma criança, de um adolescente e de um adulto. Piaget identificou quatro períodos gerais de desenvolvimento cognitivo: sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal. Cada um deles, por sua vez, subdividido em estágios ou níveis.

Períodos de desenvolvimento mental

  1. Sensório-motor : desde o nascimento até aproximadamente dois anos de idade; caracteriza-se por ações não coordenadas; cada ação é ainda isolada e a única referência comum e constante é o próprio corpo da criança; ela não diferencia o seu eu do meio que a rodeia; tudo parece ser uma extensão de seu próprio corpo, mas ela não se percebe como possuidora de desejos e vontades que seriam as causas de suas ações.
  2. Pré-operatório : vai de dois a sete anos de idade, aproximadamente; desenvolve-se a linguagem; as ações são mais coordenadas e menos centradas no sujeito; objetos e eventos são representados mentalmente, têm realidade cognitiva além da realidade física; no entanto, o pensamento ainda não é reversível; a criança nesse período não tem ainda compreensão da transitividade, nem da conservação do todo; sua atenção volta-se para os aspectos mais atraentes, perceptualmente, de objetos e eventos podendo facilmente cair em contradição.
  3. Operatório-concreto : vai de 7/8 anos até 11/12 anos, aproximadamente; caracteriza-se por uma descentração progressiva em relação à perspectiva egocêntrica; o pensamento já tem características de uma lógica de operações reversíveis; apesar disso, a criança não é ainda capaz de operar com hipóteses que podem ser falsas ou verdadeiras; para antecipar o ausente ela tem que partir do concreto, contrariamente ao período seguinte no qual o real é percebido como um caso particular do possível.
  4. Operatório formal : dos 11/12 anos em diante; caracteriza-se principalmente pela crescente capacidade de raciocinar com hipóteses verbais, não só com objetos concretos; é o pensamento proposicional, através do qual, ao raciocinar , o adolescente manipula proposições mentalmente; torna-se capaz de fazer raciocínios hipotético - dedutivos; tem capacidade para operar com construtos mentais; pode trabalhar com operações lógico-matemáticas.

A sequência destes quatro períodos é invariante e cada um deles prepara o caminho para o outro. Contudo, as idades em que ocorrem podem variar consideravelmente dentro de uma mesma cultura e entre culturas diferentes.

A causalidade piagetiana

Segundo Silvie Parrat-Dayan (apud Monserrat Moreno et al., 1998, p. 21), o tema da causalidade foi o que permitiu a Piaget explicar com maior clareza sua concepção interacionista (entre sujeito e objeto) e construtivista do conhecimento.

Para essa autora, a noção de causa utilizada por Piaget é a de "uma relação que a razão estabelece entre as coisas ou entre as coisas e o sujeito e resulta de nossa capacidade de dedução" (ibid.). Considerando-se que a pergunta básica, epistemológica, de Piaget sempre se referiu à relação entre o pensamento e as coisas, ou entre o organismo e o meio, entende-se porque esta noção de causa e o tema da causalidade lhe tenham sido tão úteis.

Por exemplo (op. cit., p. 22-25):

A evolução da causalidade tem lugar em três níveis distintos. Em um primeiro momento, as explicações causais tendem a ser fenomenistas, finalistas e mágicas. Em

complexas. Os processos do pensamento necessitam conteúdos onde possam desenvolver-se, aplicar-se, generalizar-se e também modificar-se. Porém, é evidente que sem processos de pensamento adequados as situações não poderiam ser assimiladas. São os estudos piagetianos da causalidade os que permitem perceber claramente que entre as operações do sujeito e a realidade (situações, objetos, conteúdos) atuam os modelos interpretativos do sujeito, através dos quais se relacionam os aspectos internos e externos do conhecimento.

Em outras palavras, a autora reforça a idéia de que o sujeito constrói modelos interpretativos que lhe permitem apreender a realidade (ibid.):

Desta maneira, dentro da perspectiva construtivista, o conhecimento implica uma inter-relação ativa e produtiva entre os significados que o sujeito tem e os aspectos da realidade externa que vão permitir a construção de novos significados. Estes significados não constituem a lógica do sujeito e sim modelos interpretativos que o sujeito constrói e que lhe permitem apreender a realidade. As características do modelo interpretativo devem ser buscadas na inter-relação de objetos e ações do sujeito... Observe-se, que é graças à idéia de atribuição que o objeto se converte em operador, o que significa que tem um papel ativo. Os objetos podem, ou não, resistir ao tratamento operatório do sujeito. Estas resistências do objeto desempenham um papel importante no processo equilibrador...

Ora, a equilibração é, por excelência, o mecanismo piagetiano para descrever a melhora ou o aumento de conhecimento ou, em última análise, o próprio desenvolvimento cognitivo do sujeito. Mas a causalidade tem um papel importante na equilibração, pois é próprio da causalidade provocar desequilíbrio. Ou seja, ao resistirem ao tratamento operatório do sujeito, às inferências do sujeito, os objetos produzem perturbações nos seus esquemas de assimilação que podem levar à construção de novos esquemas de assimilação, resultando em equilibração majorante e, por conseguinte, em desenvolvimento cognitivo. Por sua vez, a causalidade é explicativa, não legal, pressupondo modelos explicativos que o sujeito constrói.

O conceito de esquema

No parágrafo anterior foi dito que a equilibração é o principal mecanismo para descrever o desenvolvimento cognitivo do sujeito. Entretanto, o conceito de esquema é também muito importante na teoria piagetiana: o indivíduo constrói esquemas de assimilação para abordar a realidade. Quando o organismo (mente) assimila, a realidade é incorporada aos esquemas de ação do sujeito. A mente é, então, um conjunto de esquemas que se aplicam a realidade. A estrutura cognitiva do sujeito seria um complexo organizado de esquemas de assimilação. Quando um esquema se reestrutura para dar conta de uma situação se diz que houve uma acomodação (e reequilibração majorante).

Ensino e aprendizagem

A implicação mais óbvia da teoria de Piaget para o ensino é a de que se deve respeitar o nível de desenvolvimento cognitivo do aprendiz. Por exemplo, um aluno que estiver no período operacional concreto não poderá beneficiar-se de um ensino que exija raciocínios formais. Ainda que óbvia, esta implicação geralmente não é levada em conta no ensino de certas disciplinas como,

por exemplo, a Física, cujo ensino é quase sempre conduzido como se os alunos fossem todos operacionais formais.

Outra consequência clara é a do conflito cognitivo. Segundo a teoria piagetiana, o sujeito, interagindo com o mundo, constrói esquemas de assimilação com os quais, então, assimila situações conhecidas. Quando a situação é nova é preciso acomodar, ou seja, reformular um esquema de assimilação, construir um novo esquema, ou abandonar a tarefa. O ensino, em consequência, deve provocar conflitos cognitivos, quer dizer, propor situações para as quais os esquemas dos alunos não funcionem, de modo a provocar a necessidade de construção de novos esquemas. Em termos técnicos, dir-se-ia que o ensino deve conduzir à equilibração majorante e, portanto, a aprendizagens. No entanto, se o conflito cognitivo for muito acentuado poderá ocorrer a equilibração minorante, isto é, o aprendiz buscará o equilíbrio cognitivo através da "não-aprendizagem", da não- modificação ou não-enriquecimento de seus esquemas de assimilação.

Portanto, a desiquilibração cognitiva é necessária, mas não pode ser tão grande que não leve à equilibração majorante.

A teoria de Piaget tem ainda muitas outras implicações para o ensino decorrentes, por exemplo, da causalidade, da teoria da atribuição, da idéia de ação. Ou, pelo menos, para interpretar o que está acontecendo em termos de aprendizagem cognitiva em decorrência do ensino. As consequências destacadas nos parágrafos anteriores foram apenas as mais imediatas. Há muitas outras, como é o caso dos modelos mentais causais tão necessários para a compreensão de certos sistemas físicos, ou de dispositivos eletro-mecânicos.

O mapa conceitual apresentado na Figura 1 procura esquematizar a breve introdução à teoria de Piaget feita neste texto. Observe-se que nele sugere-se que os conceitos de organização, assimilação, acomodação e adaptação constituem o “núcleo firme”, o centro, da teoria. Outros conceitos-chave aparecem também grifados.

Bibliografia

Ginsburg, H. P. & Opper, S. (1988). Piaget's theory of intelectual development. New Jersey: Prentice Hall. 264p.

MacShane, J. (1991). Cognitive development: an information processing approach. Oxford: Basil Blackwell Ltd. 394p.

Moreira, M.A. (2011). Teorias de aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária_._ 2ª ed. ampl. 242p.

Parrat-Dayan, S. (1998). La teoría de Piaget sobre la causalidad. In Moreno Marimón, M. et al. Conocimiento y Cambio. Barcelona: Paidós. pp. 21-30.

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Para Lev Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento cognitivo não pode ser entendido sem referência ao contexto social, histórico e cultural no qual ocorre. Os processos mentais superiores (pensamento, linguagem, comportamento volitivo) do indivíduo têm origem em processos sociais. O desenvolvimento desses processos no ser humano é mediado por instrumentos e signos construídos social, histórica e culturalmente no meio social em que ele está situado.

Não se trata, no entanto, de apenas considerar o meio social como uma variável importante no desenvolvimento cognitivo. Na perspectiva de Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações sociais em funções mentais. Não é através do desenvolvimento cognitivo que o indivíduo torna-se capaz de socializar, é através da socialização que se dá o desenvolvimento dos processos mentais superiores. (Driscoll, 1995, p. 229).

Mediação

Mas como se convertem, no indivíduo, as relações sociais em funções psicológicas? A resposta está na mediação ou atividade mediada indireta. É através da mediação que se dá a internalização (reconstrução interna de uma operação externa) de atividades e comportamentos sócio-históricos e culturais (Garton, 1992, p. 89). Quer dizer, a conversão de relações sociais em funções mentais superiores não é direta, é mediada e essa mediação inclui o uso de instrumentos e signos. Esse processo de interiorização implica uma mediação essencialmente humana e semiótica na qual a linguagem e, em particular, a palavra, é essencial. A palavra é o material privilegiado, é o elemento comum entre locutor e interlocutor, é uma amálgama de pensamento e linguagem, está sempre carregada de conteúdo ou de sentido ideológico, é uma espécie de molécula do pensamento verbal, i.e., da intersecção entre pensamento e fala (Tunes, 2000, p. 38). A palavra está presente em todos os atos de compreensão e em todos os atos de interpretação. Todos os signos não verbais, embora não possam ser substituídos por palavras, "banham-se no discurso", apoiam-se nas palavras e são acompanhados por elas... a palavra não é uma coisa que o indivíduo possui, mas é mediação, elemento móvel e mutável na dinâmica das interações verbais (Smolka, 2000, p. 65).

Instrumentos e signos

Um instrumento é algo que pode ser usado para fazer alguma coisa; um signo é algo que significa alguma coisa. O arado, por exemplo, é um instrumento. Os ícones, usados nos computadores, são signos; as palavras são signos linguísticos. A linguagem é um sistema articulado de signos; a matemática também.

As sociedades constroem instrumentos e sistemas de signos; ambos são construídos ao longo da história dessas sociedades e modificam, influenciam, seu desenvolvimento social e cultural. É através da apropriação (internalização) dessas construções sócio-históricas e culturais, via interação social , que o indivíduo se desenvolve cognitivamente. Quanto mais ele vai utilizando signos e sistemas de signos, tanto mais vão se modificando, fundamentalmente, as operações psicológicas que ele é capaz. Da mesma forma, quanto mais instrumentos ele vai aprendendo a usar tanto mais se amplia a gama de atividades nas quais pode aplicar suas novas funções psicológicas. O

desenvolvimento das funções mentais superiores passa, então, necessariamente, por uma fase externa. No desenvolvimento cognitivo de uma criança, toda função aparece duas vezes – primeiro em nível social e, depois, em nível individual – primeiro entre pessoas (interpessoal, interpsicológica) e depois se dá no interior da própria criança (intrapessoal, intrapsicológica). Para Vygotsky, todas as funções mentais superiores se originam como relações entre seres humanos.

Interação social

A interação social é o veículo fundamental para a transmissão dinâmica (de inter para intrapessoal) do conhecimento social, histórica e culturalmente construído. Essa interação implica um mínimo de duas pessoas intercambiando significados ; implica também um certo grau de reciprocidade e bidirecionalidade entre os participantes desse intercâmbio, trazendo a ele diferentes experiências e conhecimentos, tanto em termos qualitativos como quantitativos. Crianças, adolescentes, adultos, moços e velhos, geralmente não vivem isolados; estão permanentemente interagindo socialmente em casa, na rua, na escola, no trabalho. Vygotsky considera esta interação fundamental para o desenvolvimento cognitivo e linguístico de qualquer indivíduo.

Significados

Diretamente relacionada com a interação social está a aquisição de significados. Signo é alguma coisa que significa outra coisa. As palavras, como já foi dito, são signos linguísticos. Gestos também são exemplos de signos. Os significados de palavras e gestos são construídos socialmente e, por isso mesmo, são contextuais. Determinada palavra, em outra língua pode não significar nada ou ter significado distinto. Gestos que têm um significado em uma cultura podem não tê-lo em outra. Todos significados são contextuais.

Por outro lado, dentro de um mesmo contexto, de uma mesma cultura, por exemplo, ou de uma mesma língua, determinados signos não significam nada (a rigor, não são signos) para um indivíduo que jamais teve oportunidade de captar significados para tais signos em interações sociais. A internalização (reconstrução interna) de signos é fundamental para o desenvolvimento humano, mas para isso o ser humano tem que passar a compartilhar significados já aceitos no contexto social em que se encontra, ou já construídos social, histórica e culturalmente. Percebe-se aí a importância crucial da interação social, pois é através dela que a pessoa pode captar significados e certificar-se que os significados que está captando são aqueles compartilhados socialmente para os signos em questão. Em última análise, portanto, a interação social implica, sobretudo, intercâmbio de significados. Para que uma criança, ou um adulto, internalize determinado signo é indispensável que o significado desse signo lhe chegue de alguma maneira (tipicamente através de outra pessoa) e que ela ou ele tenha oportunidade de verificar (tipicamente externalizando para outra pessoa) se o significado que captou (para o signo que está reconstruindo internamente) é socialmente compartilhado.

Para Vygostky, significado não é o mesmo que sentido. Para ele, o sentido é a soma dos eventos psicológicos que a palavra evoca na consciência. É um todo fluido e dinâmico, com zonas de estabilidade variável, uma das quais, a mais estável e precisa, é o significado que é uma construção social, de origem convencional (ou sócio-histórica) e de natureza relativamente estável (Pino Sigardo, 2000, p. 45).