

























































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este documento discute sobre a importância do gerenciamento em enfermagem, sua origem histórica e as atividades gerenciais desempenhadas por enfermeiros em unidades de cirurgia. O texto também aborda as contribuições para o gerenciamento de serviços de enfermagem e o papel da enfermeira na equipe multiprofissional. Além disso, o documento apresenta desafios enfrentados pelos enfermeiros no exercício de suas funções gerenciais.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
1 / 97
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Porto Alegre
2013
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Políticas e Práticas em Saúde e Enfermagem Linha de Pesquisa: Gestão em Saúde e Enfermagem e Organização do Trabalho
Orientadora: Profa. Dra. Clarice Maria Dall’Agnol
Porto Alegre 2013
Se queres saber nunca é tarde demais para ser quem você quiser ser. Não há limite de tempo, comece quando você quiser. Você pode mudar, ou ficar como está. Não há regras para esse tipo de coisa. Podemos encarar a vida de forma positiva ou negativa. Espero que encare de forma positiva. Espero que veja coisas que surpreendam você. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com pontos de vista diferentes. Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe. E se você descobrir que não tem, espero que tenha forças pra conseguir começar novamente.
(Do filme “O curioso caso de Benjamin Button”)
MARTINS, Fabiana Zerbieri. Atividades gerenciais do enfermeiro em centro cirúrgico.
As demandas gerenciais do enfermeiro nos serviços de saúde têm impulsionado reflexões, face à necessidade de articular ações dos profissionais de enfermagem e dos demais membros da equipe de saúde para que o cuidado se efetive. Em ambientes complexos, como o centro cirúrgico, este tema carece de aprofundamento e constante atualização. Desenvolveu-se um estudo descritivo, qualitativo, com o objetivo de analisar as atividades gerenciais dos enfermeiros do centro cirúrgico de um hospital universitário público da região sul do Brasil, buscando identificar os respectivos desafios e estratégias. O estudo foi homologado sob número 12-0471 no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde ocorreu a coleta de dados entre abril e agosto de 2013, por meio da Técnica de Grupos Focais, com seis enfermeiras do centro cirúrgico. As informações foram submetidas à análise de conteúdo, resultando em três eixos temáticos: Gerenciamento de materiais no centro cirúrgico, Gerenciamento da equipe de enfermagem e Articulação do trabalho da equipe multiprofissional no centro cirúrgico. Foram assinalados desafios relacionados à previsão e provisão de materiais para viabilizar os procedimentos anestésico-cirúrgicos. Como estratégia, mencionou-se o diálogo com a equipe multiprofissional, vislumbrando planejamentos conjuntos para disponibilizar insumos necessários às cirurgias. Foi debatido acerca da sobrecarga de trabalho e da realocação dos profissionais de enfermagem para atender a demanda das intervenções cirúrgicas, além dos ruídos de comunicação entre os trabalhadores, entendendo que os mesmos se configuram em pontos críticos no gerenciamento do centro cirúrgico. No grupo focal, foram reconhecidas como estratégias potencializadoras das atividades gerenciais: o adequado dimensionamento da equipe de enfermagem, a promoção de espaços dialógicos entre os profissionais, a troca de conhecimento entre as enfermeiras, a capacitação permanente e o subsídio fornecido pelos registros de enfermagem. Nas discussões, salientou-se que a articulação com a equipe multiprofissional envolve problemáticas principalmente relacionadas ao controle de infecção, à organização das escalas cirúrgicas e a situações que requerem realocação de procedimentos em razão de agendamento de transplantes e intervenções de emergência. Diante de tais dificuldades, houve aceno a possibilidades resolutivas, como: realocação da equipe de enfermagem, escala de rodízio de cancelamento de procedimentos e aperfeiçoamento da comunicação entre a equipe multiprofissional. Ponderou-se que as atividades gerenciais envolvem as ações desenvolvidas pelo enfermeiro para articular o cuidado de enfermagem contemplando assistência, pesquisa e ensino em saúde. Para tanto, ações envolvendo planejamento, organização e supervisão de recursos materiais, dos profissionais de enfermagem e do trabalho multiprofissional, diante da complexidade, configuraram-se como desafios ao gerenciamento desenvolvido pela enfermagem perioperatória. Cabe mencionar como limitações desse estudo a caracterização de um contexto específico como o centro cirúrgico de um hospital universitário e de discussões limitadas ao âmbito do diurno. No entanto, mesmo que os resultados não permitam generalizações mais amplas, destacam-se como contribuições para ancorar reflexões que incentivem o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da prática gerencial. Postula-se acerca da importância de estabelecer processos de gestão compartilhada em espaços de discussão entre os profissionais que atuam em centro cirúrgico, a fim de produzir subsídios para ampliar a segurança e a qualidade nos serviços de saúde.
Palavras-chave : Enfermagem Perioperatória. Administração Hospitalar. Grupos Focais.
MARTINS, Fabiana Zerbieri. Actividades de gerencia del enfermero en centro quirúrgico.
Delante de la necesidad de articular acciones de los profesionales de enfermería y de los otros miembros del equipo de salud para que el cuidado sea efectivo, las demandas administrativas del enfermero en los servicios de salud vienen originando reflexiones. En ambientes complejos, como el centro quirúrgico, el tema necesita profundización y constante actualización. Por eso, fue desarrollado este estudio descriptivo, cualitativo, cuyo objetivo fue analizar las actividades administrativas de los enfermeros del centro quirúrgico de un hospital universitario público de región sur de Brasil, buscando identificar sus respectivos desafíos y estrategias. El estudio fue homologado bajo el número 12-0471 en el Comité de Ética en Investigación de la institución donde los datos fueron obtenidos entre abril y agosto de 2013, por medio de la Técnica de Grupos Focales, con seis enfermeras del centro quirúrgico. Las informaciones fueron sometidas al análisis de contenido, resultando en tres ejes temáticos: Administración de materiales en el centro quirúrgico, Administración del equipo de enfermería y Articulación del trabajo del equipo multiprofesional en centro quirúrgico. Fueron apuntados desafíos acerca de la previsión y provisión de materiales para viabilizar los procedimientos anestésico-quirúrgicos. La estrategia fue el diálogo con el equipo multiprofesional, vislumbrando planeamientos conjuntos para volver disponibles insumos necesarios a las cirugías. Se discutió acerca de la sobrecarga de trabajo y de la transferencia de los profesionales de enfermería para atender a la demanda de las intervenciones quirúrgicas, además de los ruidos de comunicación entre los trabajadores, entendiendo que estes se configuran en puntos críticos en la administración del centro quirúrgico. En el grupo focal, fueron reconocidas como estrategias que potencializan las actividades administrativas: el adecuado dimensionamiento del equipo de enfermería, la promoción de espacios dialógicos entre los profesionales, el cambio de conocimiento entre las enfermeras, la capacitación permanente y el subsidio fornecido por los registros de enfermería. En las discusiones, se destaca que la articulación con el equipo multiprofesional tiene relación con problemáticas principalmente acerca del control de infección, de la organización de las escalas quirúrgicas y de situaciones que necesitan transferencias de procedimientos en función del apuntamiento de trasplantes así como intervenciones de emergencia. Considerando tales dificultades, hubo indicación de posibilidades resolutivas, como: transferencia del equipo de enfermería, escala para cancelar procedimientos y perfeccionamiento de la comunicación entre el equipo multiprofesional. Se ponderó que las actividades administrativas involucran acciones desarrolladas por el enfermero para articular el cuidado de enfermería contemplando asistencia, investigación y enseñanza en salud. Para eso, acciones de planeamiento, organización y supervisión de recursos materiales, de los profesionales de enfermería y del trabajo multiprofesional, delante de tal complejidad, se configuraron como desafíos a la administración desarrollada por la enfermería perioperatoria. Es necesario mencionar como limitaciones de ese estudio la caracterización de un contexto específico como el centro quirúrgico de un hospital universitario y de discusiones limitadas al ámbito diurno. Sin embargo, mismo que los resultados no permitan generalizaciones más amplias se destacan como contribuciones para anclar reflexiones que incentiven el desarrollo y el perfeccionamiento de la práctica administrativa. Se postula acerca de la importancia de establecer procesos de administración compartida en espacios de discusión entre los profesionales que actúan en centro quirúrgico, para producir subsidios que amplíen la seguridad y la cualidad en los servicios de salud.
Palabras clave: Enfermería Perioperatoria. Administración Hospitalaria. Grupos Focales.
Quadro 1 - Gerenciamento de materiais no centro cirúrgico: limitações, desafios e estratégias.................................................................................................... 39
Quadro 2 – Gerenciamento da equipe de enfermagem do centro cirúrgico: limitações, desafios e estratégias................................................................................... 61
Quadro 3 – Articulação do trabalho da equipe multiprofissional no centro cirúrgico: limitações/desafios e estratégias.................................................................. 67
12
O presente estudo aborda as atividades gerenciais dos enfermeiros em Centro
Cirúrgico (CC) e os desafios e estratégias a elas relacionadas. Minha motivação nesse tema
decorre da experiência acadêmica e profissional como enfermeira, desde que ingressei na
instituição, cenário desta investigação, em 2010. Ao me deparar com vários enfrentamentos
procedentes da articulação entre as atividades gerenciais e o cuidado de enfermagem no CC,
tais situações suscitaram inquietudes sobre o assunto, ao considerar as características
peculiares desse ambiente.
Esta pesquisa encontra aproximação com os estudos desenvolvidos no Núcleo de
Estudos sobre Gestão em Enfermagem (NEGE) da UFRGS, no qual me vinculo desde 2010,
destacando que o mesmo propõe-se a trabalhar, entre outros assuntos, a temática do
gerenciamento nos serviços de enfermagem.
Os estudos que abordam o gerenciamento exercido pelo enfermeiro, para promover o
cuidado de enfermagem, encontram relação com as alterações no perfil dos usuários dos
serviços de saúde, decorrentes da transição epidemiológica e da crescente incorporação
tecnológica que impactam na estrutura e no funcionamento das instituições. Como nos demais
cenários de práticas, os hospitais também vêm sendo afetados por tais modificações que
resultam em novas demandas nas ações em saúde.
Essa condição é explorada por Feuerwerker e Cecílio (2007), os quais apontam que o
hospital é uma organização complexa, atravessada por múltiplos interesses e que ocupa um
lugar crítico nos serviços de saúde. Nestas instituições, as atividades são desenvolvidas por
uma equipe multiprofissional com diferentes processos de trabalho interligados em distintos
serviços. No que diz respeito aos saberes acerca do gerenciamento em enfermagem,
Montezeli e Peres (2012) destacam que eles se originaram a partir da necessidade de
organizar os hospitais e foram historicamente incorporados no trabalho do enfermeiro.
Ressalta-se que o trabalho da enfermagem no âmbito hospitalar exige conhecimentos capazes
de articular o desenvolvimento do cuidado em saúde nos seus diferentes níveis de
complexidade.
O CC^1 , unidade peculiar dentro da instituição hospitalar, compreende a execução de
(^1) A Resolução RDC n° 50/2002 dispõe sobre as normas destinadas ao exame de aprovação dos estabelecimentos
assistenciais de saúde e define a Unidade de Centro Cirúrgico como o local onde são realizados os procedimentos anestésico-cirúrgicos (BRASIL, 2002). Assim, neste estudo, adota-se este termo, embora, no hospital onde esta investigação foi desenvolvida, a Unidade onde são executados os procedimentos anestésico- cirúrgicos seja denominada Unidade de Bloco Cirúrgico (UBC).
14
enfermagem como profissão, o enfermeiro é apontado como profissional responsável pela
administração dos serviços de saúde (MONTEZELI; PERES; BERNARDINO, 2011).
Em estudo realizado por Hausmann e Peduzzi (2009), a dimensão gerencial da atuação
do enfermeiro toma como objetivo a organização do trabalho e dos recursos humanos em
enfermagem, com a finalidade de criar condições adequadas de cuidado aos usuários e de
desempenho aos profissionais. No CC, o gerenciamento exercido pelo enfermeiro demanda
conhecer a organização, a estrutura e os processos desenvolvidos na Unidade para executar
ações com segurança e qualidade durante o período transoperatório. Montezeli (2009) assinala
que o gerenciamento em enfermagem corresponde a um dos pilares de sustentação para uma
assistência convergente com a qualidade exigida nos serviços de saúde.
As atividades gerenciais do enfermeiro são destacadas por Hausmann e Peduzzi
(2009) como ações com a finalidade de assegurar a qualidade da assistência de enfermagem e
o bom funcionamento da instituição. Pontua-se aqui a importância das atividades que o
enfermeiro exerce junto às instituições de saúde, como profissional essencial para a
articulação dos serviços, fundamental para garantir o trabalho contínuo nas 24 horas, como
ocorre no CC, cenário deste estudo.
As ações de gerenciamento, conforme é explicitado por Giordani, Bisogno e Silva
(2012), não se encerram em si, mas destinam-se a criar condições para qualificar a assistência
em saúde. As atividades, próprias do trabalho gerencial, são organizadas de determinada
forma a contemplar rotinas, normas, controle, hierarquia, autoridade e divisão do trabalho
(FELLI; PEDUZZI, 2005). Com a finalidade de qualificar o cuidado ofertado ao usuário do
serviço de saúde, as atividades gerenciais desenvolvidas pelos enfermeiros demandam
articulação com a dimensão assistencial, de ensino e de pesquisa desenvolvida por estes
profissionais.
Ao refletir sobre a importância da participação do enfermeiro no gerenciamento dos
serviços de saúde, instiga-me a compreensão dessa prática no CC. Especificamente, nessa
Unidade, destacam-se as atividades gerenciais desenvolvidas frente aos desafios e estratégias
vivenciados em um ritmo de trabalho dinâmico com inúmeros subprocessos aliados a
procedimentos críticos durante a assistência em saúde. Quando menciono como objeto deste
estudo as atividades gerenciais do enfermeiro em CC, refiro-me, então, a todas as atividades
que ele desenvolve no seu cotidiano para gerenciar a articulação das diferentes dimensões que
envolvem o trabalho dos profissionais de enfermagem, necessárias para atender aos usuários
que se submetem a procedimentos anestésico-cirúrgicos nessa Unidade.
15
Frente a estas reflexões iniciais, algumas inquietações quanto ao gerenciamento
desenvolvido pelo enfermeiro no seu trabalho em CC, suscitaram questões que se
constituíram em provocações significativas para a compreensão do objeto de estudo. Ao
ponderar sobre tais considerações, apresento os seguintes questionamentos: Como se
caracterizam as atividades gerenciais dos enfermeiros no CC? Como se desenvolvem as
atividades gerenciais dos enfermeiros frente aos desafios do trabalho no CC? Quais
estratégias para desenvolvimento das atividades gerenciais são por eles utilizadas?
Com base no exposto, pontua-se a importância de aprofundar conhecimentos acerca do
trabalho gerencial desenvolvido nessa Unidade e buscar subsídios para conduzir ao
aprimoramento das ações de enfermagem nesse âmbito. Postula-se que as discussões
desenvolvidas na presente investigação sobre as atividades gerenciais podem potencializar
ações para ampliar a segurança, a efetividade e a satisfação para trabalhadores e usuários do
serviço. Estima-se que os resultados do estudo contribuam para que os enfermeiros reflitam
sobre as implicações cotidianas da sua prática gerencial em CC.
No decorrer desta pesquisa, busquei apreender o que os enfermeiros desenvolvem no
gerenciamento do seu cotidiano de trabalho no CC, caracterizando suas atividades gerenciais
frente às limitações e possibilidades vivenciadas. Visualizam-se, assim, contribuições para o
gerenciamento dos serviços de enfermagem e para os profissionais de saúde na intenção de
produzir discussões e reflexões sobre o trabalhão do enfermeiro no CC.
17
Esta seção apresenta um breve panorama histórico e conceitual sobre a enfermagem
em centro cirúrgico e as atividades gerenciais do enfermeiro.
3.1 Enfermagem em centro cirúrgico
A prática da enfermagem encontra-se vinculada a funções sociais que se articulam
com a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Enquanto prática social, a enfermagem está
inserida no mundo do trabalho e da atenção à saúde, com influência de determinações
históricas, sociais, políticas e econômicas, sendo reconhecida como uma atividade que atende
às necessidades do ser humano relacionadas ao processo de saúde e doença. No Centro
Cirúrgico (CC), sua prática busca proporcionar condições para a realização dos
procedimentos anestésico-cirúrgicos com qualidade e segurança para o usuário e para os
profissionais que ali exercem suas atividades.
Os primeiros procedimentos cirúrgicos datam da civilização romana da época antes de
Cristo, eles foram se aprimorando à medida que foram associados a evolução das técnicas
diagnósticas e terapêuticas no tratamento das doenças. Pouco a pouco, houve um aumento
gradual da compreensão do organismo humano, até chegar aos dias atuais no cenário de várias
especialidades da área da saúde (LÓPEZ; LA CRUZ, 2002). A Associação Brasileira de
Enfermeiros em Centro Cirúrgico - SOBECC (ASSOCIAÇÃO..., 2013a) relata que a história
da realização das cirurgias traz uma retrospectiva do desenvolvimento do trabalho do
enfermeiro em CC que, desde os primórdios, era responsável pelo ambiente seguro,
confortável e limpo para a realização dos procedimentos.
No século XX, principalmente no período pós Segunda Guerra Mundial, as técnicas
anestésico-cirúrgicas sofreram grandes evoluções com o avanço tecnológico, a diversificação
das especializações cirúrgicas, a organização e a disponibilidade de recursos materiais, como
instrumentais, equipamentos e drogas terapêuticas. Em investigação acerca da organização do
trabalho do enfermeiro em CC, Kreischer (2007) ressalta que o maior desenvolvimento da
Enfermagem Perioperatória ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando as
enfermeiras norte-americanas passaram a atuar como primeiro-auxiliar nos procedimentos.
Turrini et al. (2012) assinalam que a especificidade de centro cirúrgico foi sendo desenvolvida
em campo prático pela necessidade emergente e aos poucos os enfermeiros foram
incorporando conhecimento científico para dar sustentação a esse saber. Estudo de Guido et
18
al. (2008, p.18), descreve que “nas décadas de 40 e 50, com a evolução e as descobertas na
área clínica e o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e instrumentais, as cirurgias tornaram-
se mais complexas”.
Ao desenvolvimento das técnicas que envolvem os procedimentos anestésico-
cirúrgicos ainda é possível acrescentar a contribuição de ciências como a Administração, a
Ética, a Informática e a Robótica, que proporcionam um desempenho cada vez mais seguro
dos profissionais que atuam no CC. Diante da evolução quanto às intervenções cirúrgicas,
percebe-se, neste momento, a ampliação do papel do enfermeiro, tendo sua atuação voltada à
coordenação de recursos materiais e humanos, relacionando-os às diferentes especialidades
cirúrgicas (GUIDO et al., 2008).
A Enfermagem Perioperatória teve início informal, sendo, posteriormente,
influenciada e consolidada na atuação hospitalar com a concepção da Association of
periOperative Registered Nurses (AORN), sediada em Denver, nos Estados Unidos. A AORN
publicou pela primeira vez, em 1975, os padrões para a assistência do paciente cirúrgico, na
sala operatória, e, em 1978, a definição do papel do enfermeiro na assistência perioperatória.
Esta organização, atualmente, ainda segue publicando diretrizes para fundamentar a
assistência de enfermagem perioperatória a nível mundial.
Segundo a AORN (2012), a meta da prática da enfermagem perioperatória é assistir ao
usuário, para alcançar um nível de bem estar igual ou maior do que ele apresentava antes do
procedimento cirúrgico. Ao enfermeiro de CC compete à tomada de decisões e a
responsabilidade pela organização deste serviço, respaldado em competências que
possibilitem reconhecer a diversidade das situações e a busca de alternativas necessárias para
obter êxito nas suas ações.
No Brasil, em estudo de Castellanos (1978) foi apresentada a proposta de
Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória, que apresentava todas as etapas
de planejamento da assistência, implementação e avaliação do cuidado no CC. Na década de
1980, atividades de ensino e pesquisa acerca da prática desenvolvida no CC abrangiam
questões administrativas, atribuições e competências do enfermeiro e o cuidado perioperatório
(KREISCHER, 2007).
Em 1982, um grupo de enfermeiros entendeu que era preciso haver discussões focadas
na prática de enfermagem e pesquisas científicas sobre a assistência prestada no bloco
operatório, quando foi criado um Grupo de Estudo em Centro Cirúrgico e Centro de Material
(GECC) que, em 1991, com tamanho e influência suficientes para se transformar numa