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Guias e Dicas
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Gerenciamento em Enfermagem: Atividades Gerenciais do Enfermeiro em Unidades de Cirurgia, Manuais, Projetos, Pesquisas de Enfermagem

Este documento discute sobre a importância do gerenciamento em enfermagem, sua origem histórica e as atividades gerenciais desempenhadas por enfermeiros em unidades de cirurgia. O texto também aborda as contribuições para o gerenciamento de serviços de enfermagem e o papel da enfermeira na equipe multiprofissional. Além disso, o documento apresenta desafios enfrentados pelos enfermeiros no exercício de suas funções gerenciais.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
FABIANA ZERBIERI MARTINS
ATIVIDADES GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM CENTRO CIRÚRGICO
Porto Alegre
2013
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Baixe Gerenciamento em Enfermagem: Atividades Gerenciais do Enfermeiro em Unidades de Cirurgia e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Enfermagem, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

FABIANA ZERBIERI MARTINS

ATIVIDADES GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM CENTRO CIRÚRGICO

Porto Alegre

2013

FABIANA ZERBIERI MARTINS

ATIVIDADES GERENCIAIS DO ENFERMEIRO EM CENTRO CIRÚRGICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Políticas e Práticas em Saúde e Enfermagem Linha de Pesquisa: Gestão em Saúde e Enfermagem e Organização do Trabalho

Orientadora: Profa. Dra. Clarice Maria Dall’Agnol

Porto Alegre 2013

Dedico esta dissertação aos meus

pais, pelo exemplo de amor,

trabalho e honestidade por toda

a vida.

Se queres saber nunca é tarde demais para ser quem você quiser ser. Não há limite de tempo, comece quando você quiser. Você pode mudar, ou ficar como está. Não há regras para esse tipo de coisa. Podemos encarar a vida de forma positiva ou negativa. Espero que encare de forma positiva. Espero que veja coisas que surpreendam você. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com pontos de vista diferentes. Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe. E se você descobrir que não tem, espero que tenha forças pra conseguir começar novamente.

(Do filme “O curioso caso de Benjamin Button”)

RESUMO

MARTINS, Fabiana Zerbieri. Atividades gerenciais do enfermeiro em centro cirúrgico.

  1. 95 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

As demandas gerenciais do enfermeiro nos serviços de saúde têm impulsionado reflexões, face à necessidade de articular ações dos profissionais de enfermagem e dos demais membros da equipe de saúde para que o cuidado se efetive. Em ambientes complexos, como o centro cirúrgico, este tema carece de aprofundamento e constante atualização. Desenvolveu-se um estudo descritivo, qualitativo, com o objetivo de analisar as atividades gerenciais dos enfermeiros do centro cirúrgico de um hospital universitário público da região sul do Brasil, buscando identificar os respectivos desafios e estratégias. O estudo foi homologado sob número 12-0471 no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde ocorreu a coleta de dados entre abril e agosto de 2013, por meio da Técnica de Grupos Focais, com seis enfermeiras do centro cirúrgico. As informações foram submetidas à análise de conteúdo, resultando em três eixos temáticos: Gerenciamento de materiais no centro cirúrgico, Gerenciamento da equipe de enfermagem e Articulação do trabalho da equipe multiprofissional no centro cirúrgico. Foram assinalados desafios relacionados à previsão e provisão de materiais para viabilizar os procedimentos anestésico-cirúrgicos. Como estratégia, mencionou-se o diálogo com a equipe multiprofissional, vislumbrando planejamentos conjuntos para disponibilizar insumos necessários às cirurgias. Foi debatido acerca da sobrecarga de trabalho e da realocação dos profissionais de enfermagem para atender a demanda das intervenções cirúrgicas, além dos ruídos de comunicação entre os trabalhadores, entendendo que os mesmos se configuram em pontos críticos no gerenciamento do centro cirúrgico. No grupo focal, foram reconhecidas como estratégias potencializadoras das atividades gerenciais: o adequado dimensionamento da equipe de enfermagem, a promoção de espaços dialógicos entre os profissionais, a troca de conhecimento entre as enfermeiras, a capacitação permanente e o subsídio fornecido pelos registros de enfermagem. Nas discussões, salientou-se que a articulação com a equipe multiprofissional envolve problemáticas principalmente relacionadas ao controle de infecção, à organização das escalas cirúrgicas e a situações que requerem realocação de procedimentos em razão de agendamento de transplantes e intervenções de emergência. Diante de tais dificuldades, houve aceno a possibilidades resolutivas, como: realocação da equipe de enfermagem, escala de rodízio de cancelamento de procedimentos e aperfeiçoamento da comunicação entre a equipe multiprofissional. Ponderou-se que as atividades gerenciais envolvem as ações desenvolvidas pelo enfermeiro para articular o cuidado de enfermagem contemplando assistência, pesquisa e ensino em saúde. Para tanto, ações envolvendo planejamento, organização e supervisão de recursos materiais, dos profissionais de enfermagem e do trabalho multiprofissional, diante da complexidade, configuraram-se como desafios ao gerenciamento desenvolvido pela enfermagem perioperatória. Cabe mencionar como limitações desse estudo a caracterização de um contexto específico como o centro cirúrgico de um hospital universitário e de discussões limitadas ao âmbito do diurno. No entanto, mesmo que os resultados não permitam generalizações mais amplas, destacam-se como contribuições para ancorar reflexões que incentivem o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da prática gerencial. Postula-se acerca da importância de estabelecer processos de gestão compartilhada em espaços de discussão entre os profissionais que atuam em centro cirúrgico, a fim de produzir subsídios para ampliar a segurança e a qualidade nos serviços de saúde.

Palavras-chave : Enfermagem Perioperatória. Administração Hospitalar. Grupos Focais.

RESUMEN

MARTINS, Fabiana Zerbieri. Actividades de gerencia del enfermero en centro quirúrgico.

  1. 95 f. Tesis (Maestría en Enfermería) - Escuela de Enfermería, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

Delante de la necesidad de articular acciones de los profesionales de enfermería y de los otros miembros del equipo de salud para que el cuidado sea efectivo, las demandas administrativas del enfermero en los servicios de salud vienen originando reflexiones. En ambientes complejos, como el centro quirúrgico, el tema necesita profundización y constante actualización. Por eso, fue desarrollado este estudio descriptivo, cualitativo, cuyo objetivo fue analizar las actividades administrativas de los enfermeros del centro quirúrgico de un hospital universitario público de región sur de Brasil, buscando identificar sus respectivos desafíos y estrategias. El estudio fue homologado bajo el número 12-0471 en el Comité de Ética en Investigación de la institución donde los datos fueron obtenidos entre abril y agosto de 2013, por medio de la Técnica de Grupos Focales, con seis enfermeras del centro quirúrgico. Las informaciones fueron sometidas al análisis de contenido, resultando en tres ejes temáticos: Administración de materiales en el centro quirúrgico, Administración del equipo de enfermería y Articulación del trabajo del equipo multiprofesional en centro quirúrgico. Fueron apuntados desafíos acerca de la previsión y provisión de materiales para viabilizar los procedimientos anestésico-quirúrgicos. La estrategia fue el diálogo con el equipo multiprofesional, vislumbrando planeamientos conjuntos para volver disponibles insumos necesarios a las cirugías. Se discutió acerca de la sobrecarga de trabajo y de la transferencia de los profesionales de enfermería para atender a la demanda de las intervenciones quirúrgicas, además de los ruidos de comunicación entre los trabajadores, entendiendo que estes se configuran en puntos críticos en la administración del centro quirúrgico. En el grupo focal, fueron reconocidas como estrategias que potencializan las actividades administrativas: el adecuado dimensionamiento del equipo de enfermería, la promoción de espacios dialógicos entre los profesionales, el cambio de conocimiento entre las enfermeras, la capacitación permanente y el subsidio fornecido por los registros de enfermería. En las discusiones, se destaca que la articulación con el equipo multiprofesional tiene relación con problemáticas principalmente acerca del control de infección, de la organización de las escalas quirúrgicas y de situaciones que necesitan transferencias de procedimientos en función del apuntamiento de trasplantes así como intervenciones de emergencia. Considerando tales dificultades, hubo indicación de posibilidades resolutivas, como: transferencia del equipo de enfermería, escala para cancelar procedimientos y perfeccionamiento de la comunicación entre el equipo multiprofesional. Se ponderó que las actividades administrativas involucran acciones desarrolladas por el enfermero para articular el cuidado de enfermería contemplando asistencia, investigación y enseñanza en salud. Para eso, acciones de planeamiento, organización y supervisión de recursos materiales, de los profesionales de enfermería y del trabajo multiprofesional, delante de tal complejidad, se configuraron como desafíos a la administración desarrollada por la enfermería perioperatoria. Es necesario mencionar como limitaciones de ese estudio la caracterización de un contexto específico como el centro quirúrgico de un hospital universitario y de discusiones limitadas al ámbito diurno. Sin embargo, mismo que los resultados no permitan generalizaciones más amplias se destacan como contribuciones para anclar reflexiones que incentiven el desarrollo y el perfeccionamiento de la práctica administrativa. Se postula acerca de la importancia de establecer procesos de administración compartida en espacios de discusión entre los profesionales que actúan en centro quirúrgico, para producir subsidios que amplíen la seguridad y la cualidad en los servicios de salud.

Palabras clave: Enfermería Perioperatoria. Administración Hospitalaria. Grupos Focales.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Gerenciamento de materiais no centro cirúrgico: limitações, desafios e estratégias.................................................................................................... 39

Quadro 2 – Gerenciamento da equipe de enfermagem do centro cirúrgico: limitações, desafios e estratégias................................................................................... 61

Quadro 3 – Articulação do trabalho da equipe multiprofissional no centro cirúrgico: limitações/desafios e estratégias.................................................................. 67

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO
  • 2 OBJETIVOS
  • 2.1 Objetivo geral
  • 2.2 Objetivos específicos
  • 3 REVISÃO DE LITERATURA
  • 3.1 Enfermagem em centro cirúrgico
  • 3.2 Atividade gerencial do enfermeiro
  • 4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
  • 4.1 Caracterização do estudo
  • 4.2 Cenário do estudo
  • 4.3 Sujeitos participantes do estudo
  • 4.4 Coleta de dados – Técnica de Grupo Focal
  • 4.5 Análise dos dados
  • 4.6 Considerações éticas
  • 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
  • 5.1 Gerenciamento de materiais no centro cirúrgico
  • 5.2 Gerenciamento da equipe de enfermagem
    • imprevisibilidade e complexidade........................................................................... 5.2.1 O cotidiano da equipe de enfermagem no centro cirúrgico, um cenário de
  • 5.2.2 As práticas de enfermagem e a dimensão da comunicação.....................................
  • 5.2.3 O dimensionamento dos profissionais de enfermagem no centro cirúrgico............
    1. 3 Articulação do trabalho da equipe multiprofissional no centro cirúrgico
  • 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • REFERÊNCIAS
  • APÊNDICE A – Planejamento do Grupo Focal
  • APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - do HCPA ANEXO A – Descrição da Função do Enfermeiro na Unidade de Bloco Cirúrgico - Pesquisa da Escola de Enfermagem da UFRGS ANEXO B – Documento de Aprovação do Projeto de Pesquisa na Comissão de - Ética em Pesquisa – CEP/HCPA ANEXO C – Documento de Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de - Científica do GPPG/HCPA ANEXO D – Documento de Aprovação do Projeto de Pesquisa pela Comissão

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo aborda as atividades gerenciais dos enfermeiros em Centro

Cirúrgico (CC) e os desafios e estratégias a elas relacionadas. Minha motivação nesse tema

decorre da experiência acadêmica e profissional como enfermeira, desde que ingressei na

instituição, cenário desta investigação, em 2010. Ao me deparar com vários enfrentamentos

procedentes da articulação entre as atividades gerenciais e o cuidado de enfermagem no CC,

tais situações suscitaram inquietudes sobre o assunto, ao considerar as características

peculiares desse ambiente.

Esta pesquisa encontra aproximação com os estudos desenvolvidos no Núcleo de

Estudos sobre Gestão em Enfermagem (NEGE) da UFRGS, no qual me vinculo desde 2010,

destacando que o mesmo propõe-se a trabalhar, entre outros assuntos, a temática do

gerenciamento nos serviços de enfermagem.

Os estudos que abordam o gerenciamento exercido pelo enfermeiro, para promover o

cuidado de enfermagem, encontram relação com as alterações no perfil dos usuários dos

serviços de saúde, decorrentes da transição epidemiológica e da crescente incorporação

tecnológica que impactam na estrutura e no funcionamento das instituições. Como nos demais

cenários de práticas, os hospitais também vêm sendo afetados por tais modificações que

resultam em novas demandas nas ações em saúde.

Essa condição é explorada por Feuerwerker e Cecílio (2007), os quais apontam que o

hospital é uma organização complexa, atravessada por múltiplos interesses e que ocupa um

lugar crítico nos serviços de saúde. Nestas instituições, as atividades são desenvolvidas por

uma equipe multiprofissional com diferentes processos de trabalho interligados em distintos

serviços. No que diz respeito aos saberes acerca do gerenciamento em enfermagem,

Montezeli e Peres (2012) destacam que eles se originaram a partir da necessidade de

organizar os hospitais e foram historicamente incorporados no trabalho do enfermeiro.

Ressalta-se que o trabalho da enfermagem no âmbito hospitalar exige conhecimentos capazes

de articular o desenvolvimento do cuidado em saúde nos seus diferentes níveis de

complexidade.

O CC^1 , unidade peculiar dentro da instituição hospitalar, compreende a execução de

(^1) A Resolução RDC n° 50/2002 dispõe sobre as normas destinadas ao exame de aprovação dos estabelecimentos

assistenciais de saúde e define a Unidade de Centro Cirúrgico como o local onde são realizados os procedimentos anestésico-cirúrgicos (BRASIL, 2002). Assim, neste estudo, adota-se este termo, embora, no hospital onde esta investigação foi desenvolvida, a Unidade onde são executados os procedimentos anestésico- cirúrgicos seja denominada Unidade de Bloco Cirúrgico (UBC).

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enfermagem como profissão, o enfermeiro é apontado como profissional responsável pela

administração dos serviços de saúde (MONTEZELI; PERES; BERNARDINO, 2011).

Em estudo realizado por Hausmann e Peduzzi (2009), a dimensão gerencial da atuação

do enfermeiro toma como objetivo a organização do trabalho e dos recursos humanos em

enfermagem, com a finalidade de criar condições adequadas de cuidado aos usuários e de

desempenho aos profissionais. No CC, o gerenciamento exercido pelo enfermeiro demanda

conhecer a organização, a estrutura e os processos desenvolvidos na Unidade para executar

ações com segurança e qualidade durante o período transoperatório. Montezeli (2009) assinala

que o gerenciamento em enfermagem corresponde a um dos pilares de sustentação para uma

assistência convergente com a qualidade exigida nos serviços de saúde.

As atividades gerenciais do enfermeiro são destacadas por Hausmann e Peduzzi

(2009) como ações com a finalidade de assegurar a qualidade da assistência de enfermagem e

o bom funcionamento da instituição. Pontua-se aqui a importância das atividades que o

enfermeiro exerce junto às instituições de saúde, como profissional essencial para a

articulação dos serviços, fundamental para garantir o trabalho contínuo nas 24 horas, como

ocorre no CC, cenário deste estudo.

As ações de gerenciamento, conforme é explicitado por Giordani, Bisogno e Silva

(2012), não se encerram em si, mas destinam-se a criar condições para qualificar a assistência

em saúde. As atividades, próprias do trabalho gerencial, são organizadas de determinada

forma a contemplar rotinas, normas, controle, hierarquia, autoridade e divisão do trabalho

(FELLI; PEDUZZI, 2005). Com a finalidade de qualificar o cuidado ofertado ao usuário do

serviço de saúde, as atividades gerenciais desenvolvidas pelos enfermeiros demandam

articulação com a dimensão assistencial, de ensino e de pesquisa desenvolvida por estes

profissionais.

Ao refletir sobre a importância da participação do enfermeiro no gerenciamento dos

serviços de saúde, instiga-me a compreensão dessa prática no CC. Especificamente, nessa

Unidade, destacam-se as atividades gerenciais desenvolvidas frente aos desafios e estratégias

vivenciados em um ritmo de trabalho dinâmico com inúmeros subprocessos aliados a

procedimentos críticos durante a assistência em saúde. Quando menciono como objeto deste

estudo as atividades gerenciais do enfermeiro em CC, refiro-me, então, a todas as atividades

que ele desenvolve no seu cotidiano para gerenciar a articulação das diferentes dimensões que

envolvem o trabalho dos profissionais de enfermagem, necessárias para atender aos usuários

que se submetem a procedimentos anestésico-cirúrgicos nessa Unidade.

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Frente a estas reflexões iniciais, algumas inquietações quanto ao gerenciamento

desenvolvido pelo enfermeiro no seu trabalho em CC, suscitaram questões que se

constituíram em provocações significativas para a compreensão do objeto de estudo. Ao

ponderar sobre tais considerações, apresento os seguintes questionamentos: Como se

caracterizam as atividades gerenciais dos enfermeiros no CC? Como se desenvolvem as

atividades gerenciais dos enfermeiros frente aos desafios do trabalho no CC? Quais

estratégias para desenvolvimento das atividades gerenciais são por eles utilizadas?

Com base no exposto, pontua-se a importância de aprofundar conhecimentos acerca do

trabalho gerencial desenvolvido nessa Unidade e buscar subsídios para conduzir ao

aprimoramento das ações de enfermagem nesse âmbito. Postula-se que as discussões

desenvolvidas na presente investigação sobre as atividades gerenciais podem potencializar

ações para ampliar a segurança, a efetividade e a satisfação para trabalhadores e usuários do

serviço. Estima-se que os resultados do estudo contribuam para que os enfermeiros reflitam

sobre as implicações cotidianas da sua prática gerencial em CC.

No decorrer desta pesquisa, busquei apreender o que os enfermeiros desenvolvem no

gerenciamento do seu cotidiano de trabalho no CC, caracterizando suas atividades gerenciais

frente às limitações e possibilidades vivenciadas. Visualizam-se, assim, contribuições para o

gerenciamento dos serviços de enfermagem e para os profissionais de saúde na intenção de

produzir discussões e reflexões sobre o trabalhão do enfermeiro no CC.

17

3 REVISÃO DE LITERATURA

Esta seção apresenta um breve panorama histórico e conceitual sobre a enfermagem

em centro cirúrgico e as atividades gerenciais do enfermeiro.

3.1 Enfermagem em centro cirúrgico

A prática da enfermagem encontra-se vinculada a funções sociais que se articulam

com a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Enquanto prática social, a enfermagem está

inserida no mundo do trabalho e da atenção à saúde, com influência de determinações

históricas, sociais, políticas e econômicas, sendo reconhecida como uma atividade que atende

às necessidades do ser humano relacionadas ao processo de saúde e doença. No Centro

Cirúrgico (CC), sua prática busca proporcionar condições para a realização dos

procedimentos anestésico-cirúrgicos com qualidade e segurança para o usuário e para os

profissionais que ali exercem suas atividades.

Os primeiros procedimentos cirúrgicos datam da civilização romana da época antes de

Cristo, eles foram se aprimorando à medida que foram associados a evolução das técnicas

diagnósticas e terapêuticas no tratamento das doenças. Pouco a pouco, houve um aumento

gradual da compreensão do organismo humano, até chegar aos dias atuais no cenário de várias

especialidades da área da saúde (LÓPEZ; LA CRUZ, 2002). A Associação Brasileira de

Enfermeiros em Centro Cirúrgico - SOBECC (ASSOCIAÇÃO..., 2013a) relata que a história

da realização das cirurgias traz uma retrospectiva do desenvolvimento do trabalho do

enfermeiro em CC que, desde os primórdios, era responsável pelo ambiente seguro,

confortável e limpo para a realização dos procedimentos.

No século XX, principalmente no período pós Segunda Guerra Mundial, as técnicas

anestésico-cirúrgicas sofreram grandes evoluções com o avanço tecnológico, a diversificação

das especializações cirúrgicas, a organização e a disponibilidade de recursos materiais, como

instrumentais, equipamentos e drogas terapêuticas. Em investigação acerca da organização do

trabalho do enfermeiro em CC, Kreischer (2007) ressalta que o maior desenvolvimento da

Enfermagem Perioperatória ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando as

enfermeiras norte-americanas passaram a atuar como primeiro-auxiliar nos procedimentos.

Turrini et al. (2012) assinalam que a especificidade de centro cirúrgico foi sendo desenvolvida

em campo prático pela necessidade emergente e aos poucos os enfermeiros foram

incorporando conhecimento científico para dar sustentação a esse saber. Estudo de Guido et

18

al. (2008, p.18), descreve que “nas décadas de 40 e 50, com a evolução e as descobertas na

área clínica e o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e instrumentais, as cirurgias tornaram-

se mais complexas”.

Ao desenvolvimento das técnicas que envolvem os procedimentos anestésico-

cirúrgicos ainda é possível acrescentar a contribuição de ciências como a Administração, a

Ética, a Informática e a Robótica, que proporcionam um desempenho cada vez mais seguro

dos profissionais que atuam no CC. Diante da evolução quanto às intervenções cirúrgicas,

percebe-se, neste momento, a ampliação do papel do enfermeiro, tendo sua atuação voltada à

coordenação de recursos materiais e humanos, relacionando-os às diferentes especialidades

cirúrgicas (GUIDO et al., 2008).

A Enfermagem Perioperatória teve início informal, sendo, posteriormente,

influenciada e consolidada na atuação hospitalar com a concepção da Association of

periOperative Registered Nurses (AORN), sediada em Denver, nos Estados Unidos. A AORN

publicou pela primeira vez, em 1975, os padrões para a assistência do paciente cirúrgico, na

sala operatória, e, em 1978, a definição do papel do enfermeiro na assistência perioperatória.

Esta organização, atualmente, ainda segue publicando diretrizes para fundamentar a

assistência de enfermagem perioperatória a nível mundial.

Segundo a AORN (2012), a meta da prática da enfermagem perioperatória é assistir ao

usuário, para alcançar um nível de bem estar igual ou maior do que ele apresentava antes do

procedimento cirúrgico. Ao enfermeiro de CC compete à tomada de decisões e a

responsabilidade pela organização deste serviço, respaldado em competências que

possibilitem reconhecer a diversidade das situações e a busca de alternativas necessárias para

obter êxito nas suas ações.

No Brasil, em estudo de Castellanos (1978) foi apresentada a proposta de

Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória, que apresentava todas as etapas

de planejamento da assistência, implementação e avaliação do cuidado no CC. Na década de

1980, atividades de ensino e pesquisa acerca da prática desenvolvida no CC abrangiam

questões administrativas, atribuições e competências do enfermeiro e o cuidado perioperatório

(KREISCHER, 2007).

Em 1982, um grupo de enfermeiros entendeu que era preciso haver discussões focadas

na prática de enfermagem e pesquisas científicas sobre a assistência prestada no bloco

operatório, quando foi criado um Grupo de Estudo em Centro Cirúrgico e Centro de Material

(GECC) que, em 1991, com tamanho e influência suficientes para se transformar numa