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As opiniões de violinistas egressos do centro suzuki de santa maria sobre o método suzuki, examinando as influências do ensino musical e pessoal desses instrumentistas, além de analisar algumas críticas feitas ao método. Palavras-chave: método suzuki, ensino de violino, santa maria’s suzuki center.
O que você vai aprender
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Dissertação de Mestrado
Cleci Cielo Guerra Guedes da Luz
Porto Alegre 2004
Dissertação de Mestrado
por
Cleci Cielo Guerra Guedes da Luz
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Música, Área de Concentração: Práticas Interpretativas– Violino Orientadora: Profª Drª Luciana Marta Del Ben
Porto Alegre 2004
This study aimed to investigate the opinions from violinists that all came from Santa Maria's Suzuki Center, about the Suzuki Method. More specifically, it aimed to describe the influences of the method on the violinists’ private life, to point out thecontributions the method has to offer as a teaching method as well as to analyse critics made to it. The method chosen to carry out this study was the small scale survey, where fourteen ex-students that were tought by sister Wilfried were investigated. All the information was gathered by means of sent electronically. The data was finally crossed with literature, presented thought the questionnaires work ofSuzuki (1994), Penna (1998a,1998b), Gerling (1989), Mark (1986), Priest (1989), Hargreaves (1986), among others. As one of the most important results, one can notice a vast support to the method by the people surveyed. Moreover, most of them consider the Suzuki Method the best one to teach music and the instrument, mainly for teaching children and because of the benefits and socialization it offers by groupplaying.
Keywords: Suzuki Method, violin teaching, Santa Maria’s Suzuki Center.
A presente pesquisa teve como objetivo investigar as opiniões de violinistas egressos do Centro Suzuki de Santa Maria sobre o método Suzuki, examinando as contribuições do ensino do instrumento pelo método Suzuki, descrevendo as influências do método na vida pessoal desses instrumentistas e analisando algumas críticas feitas ao método. O método Suzuki é um método polêmico. É alvo de muitos elogios e, ao mesmo tempo, muitas críticas, o que sugere aspectos positivos e negativos na abordagem de ensino que propõe. Sendo assim, este trabalho se justifica porque, ao obter informações sobre as opiniões dos alunos que vivenciaram o método, poderá contribuir para melhor compreender esta prática de ensino de violino que tem forte tradição na cidade de Santa Maria, assim como em outras cidades do país e do exterior. O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: o primeiro capítulo apresenta o método Suzuki e sua tradição na cidade de Santa Maria, trazendo também um breve histórico do professor Shinichi Suzuki, criador do método. O segundo capítulo apresenta a metodologia da pesquisa. O método usado neste trabalho foi o survey. Os dados foram coletados por meio de questionários que foram enviados por e-mail para os investigados. Foi realizada uma amostragem intencional, que é a seleção de uma amostra com base no próprio conhecimento da população e dos seus elementos e da natureza das metas da pesquisa, utilizando
um critério adequado. Nessa amostra foram investigados 14 ex-alunos que começaram a estudar violino pelo método Suzuki com a professora irmã Wilfried entre os anos de 1973 e 1983, em Santa Maria. O terceiro capítulo apresenta os resultados e a análise dos dados. As opiniões dos investigados foram classificadas de acordo com categorias construídas a partir do questionário e das próprias respostas obtidas. Por fim, apresento a conclusão desta pesquisa, onde são sintetizadas as opiniões dos instrumentistas sobre o método e as criticas feitas ao mesmo. São sugeridos ainda outros trabalhos sobre o mesmo tema.
Para ajudar nossas crianças, vamos educá-las, desde o berço, para terem almanobre, alto senso de valores e habilidades esplêndidas. No instituto, uso o violino para desenvolver essas qualidades nas crianças.filiais da Educação do Talento seguem esse princípio. Junto com os pais, não medem Todos os professores de nossas esforços para guiar as crianças no caminho de se tornarem seres humanos maisnobres (SUZUKI, 1994, p. 26).
A filosofia e metodologia de Suzuki fundamentam-se no princípio de que todos têm condições de desenvolver suas habilidades musicais. O desenvolvimento musical inclui o desenvolvimento da memória, da concentração, da perseverança, de um alto grau de sensibilidade, da disciplina, da capacidade rítmica e da criatividade. Shinichi criou uma instituição para ensinar a execução do violino de acordo com o método, primeiramente envolvendo o trabalho com crianças de três e quatro anos, passando, no decorrer dos tempos, para outras idades. Através de um repertório fixo, dividido em dez volumes, compostos por peças de crescente ordem de dificuldade, a instrução consiste em solicitar que o aluno ouça essas peças – tocadas pelo professor ou reproduzidas por meio de gravação – e as repita várias vezes no instrumento, imitando o que foi ouvido (PENNA, 1998a). Segundo Suzuki, a personalidade de cada pessoa – isto é, suas capacidades, sua maneira de pensar e sentir – é polida e lapidada pelo treinamento e pelo ambiente. Sendo assim, Suzuki acredita que, se o aluno tiver um bom professor, vai, através de transformações fisiológicas, aprender a produzir sons tão belos como os de seu professor, ao mesmo tempo que, se um bebê for criado ouvindo a gravação de uma canção desafinada, seus ouvidos vão-se acostumando e será difícil modificá-los mais tarde (SUZUKI, 1994, p. 17). Suzuki acredita que “a aptidão cultural e musical não vem de dentro, não é herdada, mas ocorre através de condições ambientais favoráveis” (SUZUKI, 1994, p. 21). Por isso, a participação dos pais na aprendizagem do aluno é muito importante. Esse método foi usado,
primeiramente, para o ensino do violino e depois se estendeu para outros instrumentos como a viola, o violoncelo, a flauta e o piano. Segundo Penna (1998a), no Brasil e em Santa Maria, o método Suzuki teve seu início em 1974. Essa tradição do método Suzuki em Santa Maria foi iniciada por Luise Maria Gassenmayer, conhecida como irmã Wilfried. Nascida em Viena, em 12 de agosto de 1921, chegou ao Brasil em 1949, naturalizando-se em 1961. Iniciou seus estudos de violino em Viena, completando-os no Brasil, onde recebeu o diploma do curso superior de violino do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, de canto orfeônico pelo Conservatório Maestro Julião, e de harmonia, contraponto e fuga, do Conservatório Santana. Começou a dar aulas em Londrina (PR), onde destacou-se como professora de violino e fundou o Conservatório de Música Mãe de Deus. Em 1971, irmã Wilfried chegou a Santa Maria para dar aulas de violino e assumir a cadeira de professora do instrumento na UFSM. Marco Antônio de Almeida Penna, um dos professores de violino da UFSM e professor Suzuki da mesma cidade, relata que:
Em fins de 1973, Irmã Wilfried realizou os primeiros contatos com o método Suzuki,logo se entusiasmando com a possibilidade de ver crianças tocando violino, e que logo poderiam incrementar as cordas da então pequena Orquestra da UFSM. Foiassim que em 1974 iniciou-se em Santa Maria, com aproximadamente dez alunos de violino, crianças a partir de três anos de idade, a primeira experiência efetiva daaplicação do Método Suzuki no Brasil (PENNA,1998a, p. 36)
Irmã Wilfried criou uma escola Suzuki para violino junto ao Jardim de Infância Girassol, das Irmãs de Schoenstatt, em Santa Maria, irmandade à qual Wilfried pertencia como religiosa. Mais tarde, essa escola passou a se chamar Centro Suzuki, passando para outros locais. Seu trabalho crescia intensamente, atravessando fronteiras e ganhando adeptos.
desenvolver outros núcleos do método em regiões como Vale Vêneto, São Pedro, Ijuí, Panambi, Júlio de Castilhos, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine, entre outras. Apesar dos resultados positivos alcançados pelo Centro Suzuki de Santa Maria em termos de formação de instrumentistas, o método Suzuki tem sido alvo de críticas da parte de estudiosos e professores de música. Uma das críticas esta na questão do repertório, que não inclui músicas do século XX. No entanto, Gerling (1989) rebate essa crítica, observando que na aplicação do método Suzuki o educador musical brasileiro pode acrescentar todo o repertório que achar conveniente. O método Suzuki é dividido em dez livros ou dez volumes e deve-se salientar que o “método” não são os livros de 1 a 10, mas a sistematização dos diferentes níveis de progresso, cabendo ao professor suplementar aquilo que ele julgar necessário, sempre que houver dificuldades do aluno em transpor o limiar de um novo nível (GERLING, 1989). Outra crítica é a não utilização da leitura no começo da aprendizagem do instrumento. Mark (1986) descreve que os educadores musicais que adotam o método Suzuki refutam essa crítica através da afirmativa que seus alunos lêem música, desde que sejam ensinados propriamente. Outros autores, como Priest (1989), defendem que tocar inicialmente de ouvido resulta num melhor desenvolvimento da musicalidade. Segundo Gerling (1989), se a criança começa a tocar violino com dois ou três anos de idade, quando chegar aos nove anos, estará pronta para o início do estudo de violino pelos métodos tradicionais, enquanto que a criança que começa a estudar violino com nove anos, não poderá esperar seis anos para iniciar a leitura musical. Isso mostra também a idéia de que o método Suzuki foi
pensado para atender crianças de pouca idade mas pode ser adaptado para outras faixas etárias. Outro ponto alvo de críticas é a ênfase na imitação. Hargreaves (1986) destaca que, no método Suzuki, ocorre uma grande ênfase no treino da memória, imitação e repetição. No entanto, Gerling (1989) explica que isso ocorre porque, “para Suzuki, o desenvolvimento do ouvido musical é proporcional ao número de vezes que a música é ouvida” (GERLING, 1989, p.51). Apesar dessas polêmicas, pouco se sabe sobre o que pensam as pessoas que vivenciaram o método Suzuki como alunos, como é o caso dos violinistas de Santa Maria que iniciaram seus estudos com irmã Wilfried. Depois de 1983, quando irmã Wilfried parou de dar aulas, esses alunos foram estudar com outros professores, tanto em Santa Maria quanto em outras cidades do Rio Grande do Sul e de outros estados. Alguns permaneceram aprendendo pelo método Suzuki. Outros passaram a estudar com professores que adotavam outras abordagens para o ensino do instrumento. Considerando que esses alunos vivenciaram o método Suzuki e que estudaram a partir de outras abordagens, quais são as opiniões deles sobre o método Suzuki? O que consideram como aspectos positivos e negativos do método Suzuki, a partir de sua própria realidade? Quais foram as influências do método na sua vida pessoal? A partir dessas questões, esta pesquisa teve como objetivo investigar as opiniões de violinistas egressos do Centro Suzuki de Santa Maria sobre o método Suzuki. Mais especificamente, buscou descrever as influências do método na vida pessoal desses instrumentistas, examinar as contribuições do ensino pelo método e analisar possíveis críticas feitas ao método.
2.2 Amostra
Nesta pesquisa foram investigados alunos que estudaram violino com a professora Irmã Wilfried entre os anos de 1973 e 1983. Resolvi me deter nessas duas datas por ser o período em que irmã Wilfried deu aulas em Santa Maria. Considerando que, em Santa Maria, irmã Wilfried deu aulas para 116 alunos, foi escolhida uma amostra desses alunos. A amostragem, segundo Pádua (2000), é a representação menor de um todo maior, afim de que o pesquisador possa analisar um dado universo. A amostra representa o todo (PÁDUA, 2000, p. 63). A amostragem só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto é, quando ela não abrange a totalidade dos componentes do universo. Segundo Pádua (2000), as técnicas de amostragem são freqüentemente utilizadas nos chamados estudos de conjuntos ( surveys ), como inquéritos sociais, pesquisas de opinião, enquetes ou pesquisas eleitorais (PÁDUA, 2000, p. 64). O pesquisador deve organizar um plano de amostragem que possa garantir a representatividade e significância das amostras. Ocasionalmente, pode-se selecionar a amostra baseado no próprio conhecimento da população e dos seus elementos, e da natureza das metas de pesquisas (PÁDUA, 2000, p.64). Por isso, o tipo de amostragem usado foi o das amostras intencionais não probabilísticas , onde, através de um critério adequado, dados são colhidos, num certo momento, de uma amostra selecionada para descrever alguma população maior na mesma ocasião (RUDIO, 1999, p. 63).
Tendo em vista os objetivos deste trabalho, foram selecionados somente os ex-alunos de irmã Wilfried que tocam ou tocaram em orquestras, ou fizeram curso de graduação ou pós-graduação em música ou atuam ou atuaram como instrumentistas. Sendo assim, foram investigados 14 dos 116 alunos de Irmã Wilfried, alguns mencionados por Penna (1998b) e outros identificados por mim.
2.3 Técnica de Pesquisa
A técnica de pesquisa usada foi o questionário. Segundo Lakatos (1991), o questionário é um tipo de técnica de coleta de dados, constituída por uma série ordenada de perguntas, todas logicamente relacionadas com o tema proposto, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador (LAKATOS, 1991, p. 201). Segundo Cervo (1997), o questionário possui a vantagem de os respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais fidedignas (CERVO, 1978, p. 107). A vantagem do levantamento por questionário é tornar possível a obtenção de dados em curto espaço de tempo e com custos baixos. No caso deste trabalho, seria muito difícil coletar dados por meio de entrevistas, por saber que alguns dos ex-alunos de irmã Wilfried estão fora do país e em outros estados. As perguntas selecionadas para o questionário foram de caráter fechado e aberto. Segundo Lakatos (1991), as perguntas de caráter fechado são mais adequadas à quantificação, porque são mais fáceis de codificar e tabular, propiciando comparações com outros dados relacionados ao tema pesquisado. As de caráter aberto trazem dados importantes para uma análise qualitativa, pois as alternativas de respostas não são todas previstas, como no caso das perguntas
símbolos e podem ser tabulados ou contados (LAKATOS, 1991, p. 167). A tabulação possibilita maior facilidade na verificação das inter-relações entre os dados (GIL, 1996, p. 103). Após a análise, foi realizada a interpretação dos dados, que consiste em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente. Nessa etapa de análise e interpretação, o pesquisador deve estar atento para não tomar os dados como verdades absolutas, envolvendo-se demais com as técnicas, perdendo o referencial teórico e o significado do próprio projeto (PÁDUA, 2000, p. 83). Nesta pesquisa, o referencial teórico utilizado foi a filosofia Suzuki (Suzuki, 1994), acrescida da literatura sobre Suzuki (Penna, 1998a, 1998b; Gerling, 1989; Mark, 1986; Priest, 1989; Hargreaves, 1986).
3.1 Sobre os investigados
3.1.1 Idade e local de nascimento
Foram investigados 14 ex-alunos do método Suzuki que começaram seus estudos com a professora irmã Wilfried em Santa Maria. Todos eles estavam na faixa etária de 26 a 36 anos de idade, exceto um que possuía 52 anos de idade. Dez investigados nasceram no Rio Grande do Sul; dois nasceram em São Paulo e dois no Rio de Janeiro.
3.1.2 Formação musical
Todos os investigados iniciaram os estudos violinísticos pelo método Suzuki entre os anos de 1974 a 1981, quando tinham entre 3 e 4 anos de idade, exceto um que começou aos 26 anos. Depois da professora irmã Wilfried, os investigados tiveram aula de violino com os seguintes professores: Efrain Flores – primeiro professor do método Suzuki no Brasil autorizado pela Associação do Método Suzuki (PENNA, 1998a); Marco Antônio Penna, que ainda leciona violino pelo método Suzuki na cidade de Santa Maria, John Kendal, professor ministrante de cursos sobre o método Suzuki nos Estados Unidos, e Thaís Moreira.