Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Treinamento de força tradicional vs. treinamento suspenso: efeitos em idosos, Provas de Ciências Biologicas

Um estudo que compara os efeitos do treinamento suspenso (ts) e do treinamento de força tradicional (tft) na massa muscular, força e desempenho funcional de idosos. O documento discute os benefícios do ts, que oferece condições de treinamento menos estáveis, e os ganhos de massa muscular e força obtidos através do exercício até a falha muscular concêntrica.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Mauricio_90
Mauricio_90 🇧🇷

4.5

(63)

227 documentos

1 / 43

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA INTERINSTITUICIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FISIOLÓGICAS – UFSCar/UNESP
SAMUEL DOMINGOS SOLIGON
TREINAMENTO SUSPENSO VS. TREINAMENTO DE FORÇA TRADICIONAL:
EFEITOS NA MASSA MUSCULAR, FORÇA E DESEMPENHO FUNCIONAL EM
IDOSOS
São Carlos
2020
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Treinamento de força tradicional vs. treinamento suspenso: efeitos em idosos e outras Provas em PDF para Ciências Biologicas, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA INTERINSTITUICIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FISIOLÓGICAS – UFSCar/UNESP SAMUEL DOMINGOS SOLIGON TREINAMENTO SUSPENSO VS. TREINAMENTO DE FORÇA TRADICIONAL: EFEITOS NA MASSA MUSCULAR, FORÇA E DESEMPENHO FUNCIONAL EM IDOSOS São Carlos 2020

SAMUEL DOMINGOS SOLIGON

TREINAMENTO SUSPENSO VS. TREINAMENTO DE FORÇA TRADICIONAL:

EFEITOS NA MASSA MUSCULAR, FORÇA E DESEMPENHO FUNCIONAL EM

IDOSOS

Dissertação apresentada à banca examinadora como requisito para obtenção do título de mestre pelo Programa Interinstitucional de Pós- Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de São Carlos. Orientador: Prof. Dr. Cleiton Augusto Libardi. São Carlos 2020

AGRADECIMENTOS

À Deus. Ao meu orientador, Prof. Dr. Cleiton Libardi, pelo apoio e orientação durante todo o processo para a obtenção do título de Mestre. Aos meus pais, Jejus Ângelo Soligon e Isabel Donizeti Navari Soligon, por sempre me incentivarem e me darem todo o suporte sempre que necessário. Aos meus voluntários pelo comprometimento e determinação do início ao final deste projeto de pesquisa. À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio financeiro (Processo: 88882.426911/2019-01).

LISTA DE FIGURAS

Figura. 1 Exercícios nos diferentes modelos de treinamento. Treinamento de força tradicional (TFT): agachamento Smith (a) , mesa flexora (b) , remada máquina (c) , supino horizontal máquina (d) , elevação de ombros frontal na barra (e) , rosca bíceps banco Scott na barra “W” (f). Treinamento suspenso (TS): agachamento ou variação para agachamento unilateral (g) , flexão de isquiotibiais (h) , remada invertida (i) , supino (j) , elevação de ombros em “Y” (k) , e rosca bíceps (l) ......................................................... 24 Figura. 2 Espessura muscular (EM) do bíceps braquial (a) , vasto lateral (b) , força máxima (1RM) da rosca bíceps (c) , extensão do joelho (d) no basal (Pre) e após 12 semanas (Pós) de treinamento de força tradicional (TFT), treinamento suspenso (TS) and grupo controle (CON). *Diferença significativa de Pré (interação de grupo vs. Tempo; P < 0,0001). Valores apresentados em média ± DP........................................................... 28 Figura. 3 Velocidade máxima de marcha (VMM) (a) , sentar e levantar da cadeira (SL) (b) , timed up and go (TUG) (c) valores basais (Pré) e após 12 semanas (Pós) para o treinamento de força tradicional (TFT), treinamento suspenso (TS) e grupo controle (CON). *Diferença significativa de Pré (interação de grupo vs. Tempo; P < 0,0001). #Diferença significativa do CON nos respectivos tempos (efeito principal de grupo; P ≤ 0,05). Valores apresentados em média ± DP.................................................................. 30

  • RESUMO
  • ABSTRACT
  • 1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
  • 2 OBJETIVOS
  • 3 HIPÓTESES
  • 4 ARTIGO ORIGINAL.............................................................................................
  • 5 INTRODUÇÃO
  • 6 MÉTODOS
  • 6.1 Participantes..................................................................................................
  • 6.2 Desenho experimental
  • 6.3 Espessura muscular (EM)
  • 6.4 Teste de força máxima dinâmica
  • 6.5 Testes de desempenho funcional
  • 6.5.1 Sentar e levantar da cadeira (SL)
  • 6.5.2 Timed up and go (TUG)
  • 6.5.3 Velocidade máxima de marcha (VMM)
  • 6.6 Protocolos de treinamento
  • 6.6.1 Treinamento de força tradicional (TFT)
  • 6.6.2 Treinamento suspenso (TS)
    1. 7 Análises estatísticas.......................................................................................
  • 7 RESULTADOS
  • 7.1 Participantes..................................................................................................
  • 7.2 Valores de base..............................................................................................
  • 7.3 Espessura muscular
  • 7.4 Força muscular
  • 7.5 Velocidade máxima de marcha (VMM)
  • 7.6 Sentar e levantar da cadeira (SL)
  • 7.7 Timed up and go (TUG)
  • 8 DISCUSSÃO
  • 9 CONCLUSÃO
  • REFERÊNCIAS
  • ANEXOS

RESUMO

Objetivo Comparar os efeitos do treinamento suspenso (TS) e do treinamento de força tradicional (TFT) na massa muscular, força e desempenho funcional em idosos. Métodos Quarenta e dois idosos não treinados foram randomizados em: TFT, TS ou grupo controle (CON). A mensuração da espessura muscular (EM) do bíceps braquial (EMBB) e vasto lateral (EMVL), o teste de uma repetição máxima (1RM) para rosca bíceps (1RMRB) e extensão do joelho (EMEJ) e os testes de desempenho funcional (sentar e levantar da cadeira [SL], timed up and go [TUG], e velocidade máxima de marcha [VMM]) foram realizados antes e depois de 12 semanas de treinamento. Resultados EMBB e EMVL aumentaram significativamente e similarmente para todos os grupos de treinamento (TFT: 23,35% e TS: 21,56%; TFT: 13,03% e TS: 14,07%, respectivamente). Não houve alterações para o CON na EMBB e EMVL (0,36% e 1,91%, respectivamente). 1RMRB e 1RMEJ aumentaram significativamente e similarmente para todos os grupos de treinamento (TFT: 16,06% e TS: 14,33%; TFT: 14,89% e TS: 18,06%, respectivamente). Não houve alterações para o CON na EMBB e EMVL (0,47% e 3,43%, respectivamente). VMM aumentou significativamente e similarmente para todos os grupos (TFT: 6,26%; TS: 5,99%; CON: 2,87%). O teste de SL diminuiu significativamente e similarmente para todos os grupos de treinamento (TFT: - 20,80%; TS: - 15,73%). O teste de TUG diminuiu significativamente e similarmente para todos os grupos de treinamento (TFT: - 8,66%; TS: - 9,16%). Não houve alterações para o CON no TUG (-0,05%). Conclusão O TS promove aumentos similares na massa muscular e força e melhoras similares no desempenho funcional quando comparado ao TFT em idosos.

1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Segundo as novas projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial vai passar dos atuais 7,79 bilhões de habitantes em 2020 para 8, bilhões em 2025, com 1,22 bilhões de idosos. Nos próximos 5 anos haverá um acréscimo de 171 milhões de idosos (60 anos ou mais) no mundo (UNITED NATIONS, 2019). Especificamente no Brasil, o processo de envelhecimento populacional é ainda mais rápido quando comparado aos dados globais. Em termos relativos, a população idosa brasileira de 60 anos ou mais representa 14% do total de habitantes em 2020 e estima-se que deve atingir 29,4% em 2050 (UNITED NATIONS, 2019). Essencialmente, o envelhecimento está associado à reduções na massa muscular e força e desempenho funcional (e.g., reduções no equilíbrio, desempenho motor, controle e mobilidade), o que aumenta o riscos de quedas, fraturas e até mesmo ao óbito (FRONTERA et al., 2008; ACSM 2009; MORLEY et al., 2014; MARTY et al., 2017; MCGLORY et al., 2019). Portanto, é imperativo o desenvolvimento de estratégias de intervenção que objetivem a manutenção ou melhora desses parâmetros durante o processo de envelhecimento visando uma melhor qualidade de vida dos idosos. Uma estratégia amplamente recomendada para mitigar as alterações na massa muscular, força e desempenho funcional relacionadas ao envelhecimento, é a prática regular do treinamento de força (ACSM 2009). De fato, o treinamento de força tradicional (TFT), o qual é realizado em máquinas ou pesos livres (e.g., barras, anilhas e halteres), com cargas moderadas e altas, velocidade lenta e frequência de pelo menos duas vezes por semana é considerado o modo mais eficiente para manter e aumentar a massa e força muscular de idosos (ACSM 2009; GARBER et al., 2011; FRAGALA et al., 2019), incluindo os com idades mais avançadas (> 75 anos) (GRGIC et al., 2020). De fato, ganhos ótimos de massa muscular e força podem ser obtidos por meio da utilização de baixas ou altas intensidades (e.g., cargas entre 30- 80 % de uma repetição máxima [1- RM]), em diferentes zonas de repetições (e.g., 25-30, 15-20 ou 8-12 repetições), desde que o exercício seja realizado até a falha muscular concêntrica (i.e., ponto em que o indivíduo não consegue realizar mais repetições no padrão de movimento considerado adequado) (VAN ROIE et al., 2013; REID et al., 2015; SCHOENFELD et al., 2016 ; NÓBREGA et al., 2018 ). No entanto, embora o TFT seja amplamente recomendado para o aumento de massa e força muscular, esse treinamento produz um pequeno ou nenhum efeito em alguns parâmetros de desempenho funcional (DE VREEDE et al., 2005; LIU,

LATHAM, 2009; LIU, LATHAM, 2011; VASCONCELOS et al., 2016). Em uma metanálise, Liu e Lathan (2009) utilizaram 121 artigos compostos por indivíduos com mais de 60 anos e demonstraram que o TFT produz um efeito grande na força muscular. Por outro lado, ao analisar alguns testes de desempenho funcional (e.g., teste de sentar e levantar da cadeira e velocidade de marcha [medido em m/s]) os pesquisadores observaram que o TFT promove efeitos pequenos ou inexistentes nesses parâmetros (LIU, LATHAM, 2009). Provavelmente, uma das possíveis explicações para esses achados pode ser a ausência de instabilidade nos protocolos de TFT. Estudos que investigaram os efeitos da associação do TFT a acessórios como bolas de equilíbrio, plataformas instáveis e outros dispositivos, verificaram que essa combinação é capaz de induzir instabilidade nos praticantes durante o exercício (BEHM, ANDERSON, 2006; BEHM et al., 2010; BEHM et al., 2015). Ademais, estudos agudos suportam a ideia de que ambientes instáveis geram maior ativação dos músculos do core (i.e., grupos de músculos compostos por abdominais, glúteos, paraespinhais e assoalho pélvico) (GRINGMUTH, JACKSON, 2000), exigindo maior esforço dessa musculatura para manter o equilíbrio, uma vez que esse grupo muscular permite a propagação de força para as extremidades do corpo (SHINKLE et al., 2012; GRANACHER et al., 2013; AGUILERA-CASTELLS et al., 2018), o que pode contribuir para a melhora do desempenho funcional após um período de treinamento. Além disso, incluir um componente de equilíbrio para programas de treinamento pode reduzir a incidência de quedas em idosos (SHERRINGTON et al., (2017). Nesse sentido, Pirauá et al., (2019), randomizaram 64 indivíduos idosos em grupos experimentais que combinavam ou não exercícios com acessórios de instabilidade: TFT (leg press 45º, supino com halteres, remada unilateral com halter, prancha, ponte e exercícios abdominais); TF com instabilidade (mesmo exercícios do TFT realizados com acessórios de instabilidade (i.e., BOSU®, disco de equilíbrio, e bola suíça). Os resultados revelaram que após 24 semanas de treinamento, apenas o grupo TF com instabilidade melhorou o desempenho funcional. Similarmente, Silva-Batista et al., (2016) randomizaram 39 idosos com doença de Parkinson em 3 grupos: grupo controle (sem exercício), TFT, e TF realizado com instabilidade (e.g., agachamento no BOSU®, disco de equilíbrio, bola suíça e prancha de equilíbrio). Os resultados demonstraram que ambos os grupos de treinamento aumentaram a força muscular, mas somente o TF com instabilidade apresentou melhora no teste de timed up and go (TUG). Dessa forma, realizar o TF com acessórios de

executar os exercícios com somente um dos membros para que a falha muscular seja alcançada na zona de repetições estipulada. No entanto, apesar do TS ser um bom candidato para promover ganhos de massa muscular, força e desempenho funcional, poucos e inconclusivos estudos relacionados a essa temática são encontrados na literatura. Em uma busca na base de dados PubMed usando os termos TRX training e suspension training, foram encontrados um total de 30 estudos, sendo 16 agudos, 1 estudo de revisão sistemática, 1 artigo de opinião e 12 crônicos. Em relação aos estudos agudos, a maior parte deles analisaram a ativação (i.e., amplitude do sinal eletromiográfico [EMG]) dos músculos do core (e.g., reto abdominal, transverso do abdômen, oblíquo interno, oblíquo externo, multífidus, eretores da espinha e glúteo médio) em exercícios como prancha, flexão de braços, abdominal em “V”, flexão de joelhos, remada e agachamento. Os exercícios realizados no TS foram comparados com situações mais estáveis (e.g., exercícios realizados em máquinas ou no solo). Especificamente, Calatayud et al., (2014), compararam os níveis de ativação muscular durante exercícios em suspensão como flexão de braços (i.e., flexão de braços suspenso, flexão de braços suspenso com polia e flexão de braços no chão com/sem adição de resistência elástica) com o supino no banco e crucifixo no crossover (polia). Os resultados revelaram que a amplitude da EMG foi maior para os exercícios com maior instabilidade (i.e., exercícios suspensos) comparado aos exercícios tradicionais, sem o uso da fita de suspensão. Coletivamente, os estudos mostram que o TS é uma forma altamente eficaz para estimular os músculos abdominais (i.e., reto abdominal, obliquo interno, obliquo externo e transverso do abdômen). Em relação aos estudos crônicos, em sua grande maioria, são estudos realizados com a população de jovens, os quais não compararam os efeitos do TS com outro programa de treinamento tradicionalmente recomendado para promover adaptações neuromusculares e de desempenho funcional. Salve o melhor juízo, existem apenas três estudos crônicos na literatura que investigaram os efeitos do TS em idosos e nenhum deles compararam o TS com outros protocolos de treinamento tradicionalmente recomendado para essa população. Gaedtke e Morat (2015), aplicaram o TS em idosos com o objetivo de avaliar a viabilidade e aderência desse modelo de treinamento nessa população. Os participantes (11 idosos saudáveis £ 60 anos) realizam 12 semanas de treinamento (3 vezes por semana) para o corpo todo e a intensidade foi progressivamente aumentada por meio de mudanças na posição corporal. Dados de força muscular, desempenho funcional (i.e., marcha e equilíbrio) e a viabilidade foram avaliados em termos de aderência com o treinamento por um questionário auto-avaliativo. A aderência ao treinamento foi de 85%, e 91% dos

participantes sentiram-se motivados para dar continuidade ao programa de treino. Além disso, todos os participantes relataram efeitos positivos na força, marcha e equilíbrio após 12 semanas de treinamento. Apesar dos benefícios percebidos pelos próprios participantes do estudo, esse tipo de avaliação oferece uma informação apenas subjetiva do TS. Mais recentemente, Campa et al., (2018), avaliaram os efeitos do TS na força de preensão manual e composição corporal mensurada por bioimpedância elétrica. Trinta idosas foram randomizadas em um dos dois grupos: TS ou grupo controle (mantiveram suas atividades diárias, mas não realizaram nenhum programa de treinamento). Os resultados demonstraram que o TS foi capaz de promover melhoras na força muscular e composição corporal (percentual de gordura e massa magra livre de gordura) das idosas. Similarmente, Jimenéz-Gárcia et al., (2019), randomizaram 82 idosos em TS (prescrito por meio do percentual da frequência cardíaca (FC) máxima) e grupo controle (apenas mantendo as atividades diárias). Avaliações de força de preensão manual, composição corporal (por bioimpedância), velocidade de marcha e qualidade de vida foram realizadas antes e após o período experimental. Os resultados revelaram que apenas o grupo TS melhorou todos os parâmetros avaliados, exceto a massa muscular. Contudo, a utilização da FC para prescrever a intensidade do treinamento descaracteriza o TS, além de não ser recomendado para a prescrição de exercícios de força. Além disso, a avaliação da composição corporal por bioimpedância pode apresentar algumas limitações, sobretudo para avaliar a massa muscular, visto que esse método não é sensível para detectar pequenas alterações (LANGER et al., 2016). Coletivamente, esses achados sugerem que o TS pode melhorar a força muscular e alguns parâmetros de desempenho funcional como a velocidade de marcha. Porém, é necessário investigar se a massa muscular (utilizando métodos com maior reprodutibilidade [e.g., ultrassonografia]) e outros parâmetros de desempenho funcional como o teste de sentar e levantar da cadeira, podem ser melhorados com o TS. Além disso, para verificar a magnitude dos efeitos do TS nos idosos, é necessário a comparação com um método de treinamento tradicionalmente recomendado para manter ou aumentar a massa muscular, força e desempenho funcional.

5 INTRODUÇÃO

A massa muscular e força diminuem a uma taxa anual de 1-2% e 1,5%, respectivamente, após a quinta década de vida e acelera após os 60 anos (MORLEY et al., 2014; ZEMBROŃ-ŁACNY et al., 2014). Essa condição afeta o desempenho funcional (e.g., desempenho motor, controle, mobilidade e equilíbrio) e a autonomia em atividades da vida diária, aumentando os riscos de quedas, fraturas e até mesmo óbito (FRONTERA et al., 2008; MORLEY et al., 2014; MARTY et al., 2017; MCGLORY et al., 2019). Portanto, estratégias eficazes para mitigar as diminuições na massa muscular, força e desempenho funcional em idosos são necessárias. O treinamento de força (TF) realizado pelo menos duas vezes por semana, com cargas moderadas a altas e velocidade lenta (i.e., um modelo de TF chamado TF tradicional [TFT]) tem sido amplamente recomendado para manter e/ou aumentar a massa muscular, força e desempenho funcional em idosos (GARBER et al., 2011; FRAGALA et al., 2019). No entanto, uma grande parte da literatura demonstra que apesar dos aumentos na massa muscular e força, o TFT produz um pequeno efeito no desempenho funcional (SKELTON et al., 1995; MISZKO, CRESS, 2002; DE VREEDE et al., 2005; LIU, LATHAM, 2011; VASCONCELOS et al., 2016). Por outro lado, modelos de TF realizados com acessórios de instabilidade (e.g., acessórios de suspensão, discos de equilíbrio, bolas suíças), os quais requerem altas demandas de controle motor e produção de força muscular para superar a carga e também manter a estabilidade, podem contribuir para maiores ganhos de desempenho funcional (ANDERSON, BEHM, 2005; BEHM, ANDERSON, 2006). De fato, estudos recentes mostram que o TF quando realizado com acessórios de instabilidade promove maiores melhoras no desempenho funcional quando comparado ao TFT (SILVA-BATISTA et al., 2016; PIRAUÁ et al., 2019). Assim, considerando o princípio da especificidade do treinamento, se o objetivo de um programa de TF é melhorar o desempenho funcional, modelos de TF devem tentar simular um ambiente instável. O treinamento suspenso (TS) é uma abordagem alternativa capaz de fornecer condições de treinamento menos estáveis, o que poderia promover maiores benefícios no desempenho funcional comparado ao TFT (ANGLERI et al., 2020). O TS é um modelo de TF em que segmentos corporais específicos (e.g., membros superiores ou inferiores) são fixados à fitas de suspensão, criando um ambiente instável, e utiliza o peso corporal e a gravidade para realizar exercícios multi-planares e multi-articulares (MOK et al.,

2015; ANGLERI et al., 2020). No entanto, pouco é conhecido sobre os efeitos do TS no desempenho funcional em idosos. Com relação aos ganhos de massa muscular e força, tem sido sugerido que realizar o exercício até a falha muscular concêntrica (JENKINS et al., 2015; SCHOENFELD et al., 2015) pode maximizar os ganhos de força (ROONEY et al., 1994; DRINKWATER et al., 2005) e hipertrofia muscular (SCHOTT et al., 1995), devido ao aumento na ativação muscular, independentemente das manipulações das variáveis do treino ou métodos (SOUZA et al., 2014; BARCELOS et al., 2018; NOBREGA et al., 2018; DAMAS et al., 2019; LASEVICIUS et al., 2019). De fato, recentemente foi demonstrado que a manipulação da carga, tempo sobre tensão e número de repetições durante o TF resultou em ativação muscular similar quando os exercícios foram realizados até a falha muscular concêntrica. Nesse sentido, estudos comparando os efeitos do exercício de banco supino com a flexão de braços realizados com o peso corporal, o que se assemelha ao esquema do TS, demonstraram aumentos similares na massa muscular e força quando os protocolos foram realizados até a falha muscular concêntrica (CALATAYUD et al., 2015; KIKUCHI, NAKAZATO, 2017). Dessa forma, é possível sugerir que se o TS for realizado até a falha muscular concêntrica, os ganhos de massa muscular e força podem ser similares aos obtidos com o TFT. Por outro lado, devido a sua maior instabilidade, é possível que o TS promova maiores benefícios no desempenho funcional comparado ao TFT. O objetivo desse estudo foi comparar os efeitos do TS e TFT realizados até a falha muscular concêntrica na massa muscular, força e desempenho funcional em idosos. Nós hipotetizamos que o TS e o TFT resultariam em ganhos de massa muscular e força similares. Adicionalmente, o TS promoveria maiores benefícios no desempenho funcional do que o TFT. 6 MÉTODOS 6.1 Participantes Quarenta e dois idosos (21 homens: 64 ± 3 anos, altura: 1,69 ± 0,07 m, massa corporal: 83.36 ± 15,41 kg, IMC: 28,90 ± 4,06 kg/m^2 e 21 mulheres: 62 ± 2 anos, altura: 1,58 ± 0,05 m, massa corporal: 71,38 ± 13,54 kg, IMC: 28,63 ± 5,76 kg/m^2 ) se voluntariam para participar desse estudo. Primeiramente, foi aplicado um questionário de avaliação de saúde. (CESAR et al., 2011). Como critérios de inclusão, os participantes

homens e 7 mulheres]). As sessões de treinamento foram realizadas 2 vezes por semana (segunda-feira e quinta-feira ou terça-feira e sexta-feira) durante 12 semanas. A EM, 1RM e os testes de desempenho funcional também foram realizados novamente 3 dias após a última sessão de treinamento. 6.3 Espessura muscular (EM) As imagens de ultrassom foram usadas para se obter medidas da EMBB e EMVL (SCHOENFELD et al., 2018). Um pesquisador experiente realizou todas as avaliações utilizando o modo-B do ultrassom (Samsung, MySono U6, indústria e comercio Ltda. São Paulo, Brasil). O gel de transmissão solúvel em água foi aplicado em cada local de mensuração e o transdutor linear de cabeça de leitura foi posicionado paralelamente a interface do tecido muscular, sem comprimir a pele. Quando a qualidade da imagem foi considerada satisfatória, a imagem foi salva e as dimensões da EM foram obtidas medindo-se a distância entre a aponeurose superficial e profunda do músculo alvo, conforme descrito anteriormente (ABE et al., 2000; SCHOENFELD et al., 2018). As medidas foram realizadas em dois locais: (1) bíceps braquial e (2) vasto lateral. Para o bíceps braquial, as medidas foram coletadas a 60% distal entre o epicôndilo lateral do úmero e o processo acrômio da escápula. Para o vasto lateral, as medidas foram coletadas a 50% da distancia do ponto proeminente do trocânter maior para o côndilo lateral do fêmur. Para garantir a precisão das medidas, três imagens foram obtidas do mesmo ponto e em seguida foi feita a média para obter o valor final. O coeficiente de variação (CV) e erro típico (ET) entre dois testes realizados em dias diferentes, com 72 h de intervalo, da EMBB foi 0,69% e 1,70 mm, respectivamente e para EMVL foi 0,83% e 1,51 mm, respectivamente. 6.4 Teste de força máxima dinâmica A força muscular foi mensurada por meio do teste de 1RM nos exercícios de rosca bíceps (1RMRB) e extensão do joelho (1RMEJ), de acordo com as recomendações descritas por Brown e Weir (BROWN, WEIR, 2001). Para garantir que a especificidade do teste de 1RM não afetasse os resultados de força muscular, os testes de 1RM foram realizados em exercícios que não eram específicos para nenhum dos grupos (i.e., diferentes daqueles usados nas sessões de treinamento) (RUTHERFORD et al., 1986; LUND et al., 2005;

MITCHELL et al., 2012). Assim, os testes foram realizados nos exercícios de rosca bíceps com barra reta (membros superiores) e cadeira extensora (membros inferiores). Inicialmente, os participantes realizaram um aquecimento geral em bicicleta ergométrica a 20 km·h-^1 por 5 minutos, seguido de duas séries de aquecimento específico no aparelho de teste com as cargas determinadas subjetivamente. Na primeira série, os participantes realizaram oito repetições a aproximadamente 50% de 1RM, seguidas de uma série de três repetições a aproximadamente 70% de 1RM. Um intervalo de descanso de 2 minutos foi permitido entre as séries de aquecimento. Após o último aquecimento, um descanso de 3 minutos foi feito antes do teste de 1RM. Os participantes tiveram até cinco tentativas para atingir sua carga de 1RM. Foi permitido um intervalo de descanso de 3 min entre as tentativas e a maior carga alcançada foi considerada como a carga de 1RM. O coeficiente de variação (CV) e erro típico (ET) entre dois testes realizados em dias diferentes, com 72 h de intervalo, do 1RMRB foi 4,54% e 1,05kg, respectivamente e para 1RMEJ foi 2,22% e, 1,05kg, respectivamente. 6.5 Testes de desempenho funcional 6.5.1 Sentar e levantar da cadeira (SL) Os participantes iniciaram o teste sentados em uma cadeira de 43 cm de altura, com os quadris e as costas totalmente apoiados no encosto e os pés posicionados em uma plataforma de força (AccuGait, AMTI, Boston, USA) (Pau et al. 2014). Os participantes foram instruídos a manter os braços cruzados sobre o peito tocando o ombro contralateral e, o mais rápido possível, levantar-se completamente e sentar-se cinco vezes consecutivas (MCCARTHY et al., 2004). O tempo total foi obtido por meio do software Balance Clinic (AMTI, Boston, EUA) e analisado com o software MATLAB 7.0 (Math Works Inc., Natick, Massachusetts, EUA) para aumentar a precisão da cronometragem do tempo. O coeficiente de variação (CV) e erro típico (ET) entre dois testes realizados em dias diferentes, com 72 h de intervalo, foi 8,69% e 1,06s, respectivamente. 6.5.2 Timed up and go (TUG) Os participantes iniciaram o teste sentados em uma cadeira (43 cm de altura) com os braços posicionados sobre os apoios laterais e os pés sobre uma plataforma de força