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Glicosilação de Proteínas no Retículo Endoplasmático: Processamento e Funções, Notas de estudo de Fisiologia

Uma introdução detalhada sobre a glicosilação de proteínas no retículo endoplasmático, incluindo sua estrutura, funções e processos biológicos relevantes. Descreve a estrutura do retículo endoplasmático, sua divisão em retículo endoplasmático granuloso (reg) e não-granuloso (reng), e as funções de cada um. Além disso, explica o processo de glicosilação de proteínas, incluindo a adição de resíduos de açúcar durante a síntese da proteína e o processamento subsequente no lúmen do reg. Finalmente, discute as funções biológicas das glicoproteínas, incluindo sua importância na superfície celular como receptores, moléculas de adesão e reconhecimento celular, e a proteção da membrana contra ação de proteases e fosfolipases.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Amanda_90
Amanda_90 🇧🇷

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Biologia e Fisiologia Celular
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UNIDADE 4
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO E COMPLEXO GOLGIENSE
1. INTRODUÇÃO
Grande parte das proteínas sintetizadas nos ribossomos aderidos à face citosólica da
membrana do retículo sofrem alterações estruturais durante ou após a síntese. A modificação
mais marcante é a adição de resíduos de açúcares, em um processo conhecido como
glicosilação. A adição dos carboidratos pode ocorrer tanto no retículo endoplasmático quanto no
complexo golgiense. Além da glicosilação de proteínas outros processos biológicos relevantes
ocorrem nestas duas organelas. Nesta unidade vamos conhecer um pouco mais sobre o papel
biológico e a organização estrutural destes compartimentos celulares.
2. RETÍCULO ENDOPLAMÁTICO
O retículo endoplasmático pode ou não apresentar ribossomos aderidos à face citosólica
de sua membrana. Quando os ribossomos estão presentes, o retículo é nomeado retículo
endoplasmático granuloso (REG). Na ausência dos ribossomos, o retículo é denominado retículo
endoplasmático não-granuloso (RENG). Esta feição estrutural é facilmente visualizada através da
microscopia eletrônica de transmissão e apresenta uma relação direta com o papel biológico desta
organela. O retículo endoplasmático, seja granuloso ou não, é constituído por uma extensa rede
de membranas, em formato de sacos achatados, dispostos em forma paralela, como pode ser
visualizado na figura 4.1.
Figura 4.1 - Fotomicrografia eletrônica de uma
célula do tecido pulmonar evidenciando o retículo
endoplasmático granuloso. Modificado de
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Clara_cell_lung_-
_TEM.jpg
3. RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO GRANULOSO
A membrana do retículo endoplasmático granuloso é contínua à membrana externa do
envelope nuclear, sendo caracterizada pela presença de polirribossomos na sua face citosólica.
Os polirribossomos são formados pela associação de vários ribossomos a uma única fita de
RNAm. O interior do REG é denominado lúmen reticular e é o local onde ocorre tanto a
glicosilação de proteínas, quanto a ancoragem de proteínas integrais por meio da âncora de
glicosilfosfatidilinositol (GPI). O REG é notavelmente presente em células secretoras de peptídeos
e proteínas, tais como hepatócitos, linfócitos B, fibroblastos e células pancreáticas. Nestes tipos
celulares o REG ocupa uma grande área do citoplasma.
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Baixe Glicosilação de Proteínas no Retículo Endoplasmático: Processamento e Funções e outras Notas de estudo em PDF para Fisiologia, somente na Docsity!

UNIDADE 4

RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO E COMPLEXO GOLGIENSE

1. INTRODUÇÃO

Grande parte das proteínas sintetizadas nos ribossomos aderidos à face citosólica da membrana do retículo sofrem alterações estruturais durante ou após a síntese. A modificação mais marcante é a adição de resíduos de açúcares, em um processo conhecido como glicosilação. A adição dos carboidratos pode ocorrer tanto no retículo endoplasmático quanto no complexo golgiense. Além da glicosilação de proteínas outros processos biológicos relevantes ocorrem nestas duas organelas. Nesta unidade vamos conhecer um pouco mais sobre o papel biológico e a organização estrutural destes compartimentos celulares.

2. RETÍCULO ENDOPLAMÁTICO

O retículo endoplasmático pode ou não apresentar ribossomos aderidos à face citosólica de sua membrana. Quando os ribossomos estão presentes, o retículo é nomeado retículo endoplasmático granuloso (REG). Na ausência dos ribossomos, o retículo é denominado retículo endoplasmático não-granuloso (RENG). Esta feição estrutural é facilmente visualizada através da microscopia eletrônica de transmissão e apresenta uma relação direta com o papel biológico desta organela. O retículo endoplasmático, seja granuloso ou não, é constituído por uma extensa rede de membranas, em formato de sacos achatados, dispostos em forma paralela, como pode ser visualizado na figura 4.1.

Figura 4.1 - Fotomicrografia eletrônica de uma célula do tecido pulmonar evidenciando o retículo endoplasmático granuloso. Modificado de http://en.wikipedia.org/wiki/File:Clara_cell_lung_- _TEM.jpg

3. RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO GRANULOSO

A membrana do retículo endoplasmático granuloso é contínua à membrana externa do envelope nuclear, sendo caracterizada pela presença de polirribossomos na sua face citosólica. Os polirribossomos são formados pela associação de vários ribossomos a uma única fita de RNAm. O interior do REG é denominado lúmen reticular e é o local onde ocorre tanto a glicosilação de proteínas, quanto a ancoragem de proteínas integrais por meio da âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI). O REG é notavelmente presente em células secretoras de peptídeos e proteínas, tais como hepatócitos, linfócitos B, fibroblastos e células pancreáticas. Nestes tipos celulares o REG ocupa uma grande área do citoplasma.

:: ARREGAÇANDO AS MANGAS!! ::

3.1. GLICOSILAÇÃO NO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO

A glicosilação de proteínas é um processo fundamental para o enovelamento correto das proteínas no lúmen reticular. Uma vez glicosiladas, as proteínas são denominadas glicoproteínas. Estas glicoproteínas desempenham papéis biológicos variados na superfície celular, atuando como receptores, moléculas de adesão e reconhecimento celular, entre outros. Além disto, a porção glicídica das glicoproteínas contribui para a formação do glicocálice. O glicocálice é o conjunto de açúcares expostos na superfície celular e que estão associados com uma série de eventos celulares, tais como adesão e reconhecimento celular e proteção da membrana contra ação de proteases e fosfolipases. A glicosilação - adição de resíduos de açúcar a uma proteína - no retículo endoplasmático granuloso é mediada por enzimas presentes no lúmen reticular e ocorre de forma co-traducional, ou seja, durante a síntese da proteína pelos ribossomos aderidos à membrana reticular. A glicosilação reticular ocorre em bloco, onde um oligossacarídeo precursor, constituído por 14 resíduos de açúcar, é adicionado, covalentemente, pela enzima oligossacaril-transferase, à proteína alvo. Este oligossacarídeo precursor é formado por 2 resíduos de N-acetilglicosamina, 3 resíduos de glicose e 9 resíduos de manose e se encontra ligado, de forma covalente, à molécula de dolicol-fosfato, um lipídio presente na face luminal da membrana reticular, e que atua como âncora do oligossacarídeo precursor. A enzima oligossacaril-transferase, como o próprio nome sugere, transfere o oligossacarídeo precursor da molécula de dolicol-fosfato para a proteína alvo, estabelecendo uma ligação covalente entre um resíduo de N-acetilglicosamina e o grupamento amino da cadeia lateral de um resíduo do aminoácido asparagina, sendo, por este motivo, a glicosilação denominada N -ligada (o “ N ” refere-se ao nitrogênio do grupamento amino da cadeia lateral da asparagina). Entretanto, não são todos os resíduos de asparagina de uma proteína que são glicosilados. Apenas os resíduos de asparagina que estão presentes em uma sequência específica, compostas por 3 resíduos de aminoácidos (Asn-X-Ser ou Asn-X-Thr, onde X pode ser qualquer resíduo de aminoácido, exceto prolina ou ácido aspártico), e que permitem uma interação com a enzima oligossacaril-transferase, recebem o oligossacarídeo precursor. Uma glicoproteína pode apresentar mais de um sítio de glicosilação. Após o término da síntese protéica, o oligossacarídeo precursor é processado no lúmen do retículo endoplasmático, sofrendo a ação das enzimas glicosidase e manosidase reticulares. Estas enzimas são responsáveis pela retirada de três resíduos de glicose e um resíduo de manose. A redução no número de resíduos de açúcar funciona como um controle de qualidade do processo de enovelamento, permitindo, assim, que a glicoproteína seja exportada para o complexo golgiense somente após o seu correto dobramento. O processamento do oligossacarídeo continuará, então, no complexo golgiense, como veremos em seguida.

Faça uma pesquisa e descubra quais são as moléculas secretadas pelos tipos celulares citados no parágrafo anterior e a sua relevância biológica.

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Nos hepatócitos, em especial, o RENG está envolvido em processos de destoxificação celular, transformando substâncias hidrofóbicas em compostos com caráter mais hidrossolúvel, permitindo, assim, a sua excreção, principalmente por via renal. O complexo enzimático responsável por esse processo é conhecido como citocromo P450 (CYP). Apesar do fígado ser o principal local de destoxificação celular mediada pelo citocromo P450, outros órgãos também expressam o complexo (pulmão, rins, pele, cérebro e intestino). O complexo citocromo P450 catalisa a oxidação de substratos orgânicos, tais como intermediários metabólicos de lipídeos e esteróides, assim como substâncias exógenas (xenobióticos) potencialmente tóxicas. O CYP está envolvido na biotransformação de uma série de fármacos. Em alguns casos, as reações enzimáticas mediadas pelo CYP levam à inativação e excreção de um fármaco, em outros casos, o CYP é responsável pela bioativação do fármaco a partir da sua conversão em um metabólito ativo.

O composto cetoconazol, um derivado do alcalóide imidazol, é um inibidor do complexo CYP51 (14α-desmetilase) bastante utilizado no tratamento de infecções provocadas por fungos. O princípio de sua atividade antifúngica se baseia na inibição da conversão do lanosterol em ergosterol, um importante lipídeo que compõe a membrana celular dos fungos. O ergosterol desempenha o mesmo papel biológico que o colesterol desempenha nas células animais.

Em alguns tipos celulares, como as células musculares da musculatura lisa ou estriada, o RENG é denominado retículo sarcoplasmático. Nestas células o RENG é responsável pelo armazenamento e eventual liberação de íons cálcio. A membrana do retículo sarcoplasmático é rica em bombas de cálcio (SERCA ou Ca2+-ATPase do retículo sarco/endoplasmático) que promovem o transporte dos íons cálcio do citosol para o interior do retículo. Quando as células musculares são estimuladas, canais de cálcio são abertos na membrana do retículo sarcoplasmático, promovendo o aumento da concentração de íons cálcio no citosol e a conseqüente contração muscular. É importante ressaltar que o armazenamento de cálcio no retículo endoplasmático não é uma exclusividade das células musculares, pois também se faz presente nos mais diversos tipos celulares.

5. COMPLEXO GOLGIENSE

5.1 UM POUCO DE HISTÓRIA...

O complexo golgiense foi identificado, no ano de 1898, pelo médico e pesquisador italiano Camilo Golgi. Golgi estava interessado no estudo da morfologia do tecido nervoso e as técnicas de coloração, vigentes na época, eram insatisfatórias para uma adequada visualização tecidual. Assim, Camilo desenvolveu uma série de técnicas de impregnação destes tecidos com metais. Uma destas técnicas, denominada reação negra, onde o tecido era tratado com dicromato de potássio e posteriormente impregnado com nitrato de prata, formando cromato de prata, permitiu, ao pesquisador, a identificação de uma rede intracelular que ele denominou aparato reticular interno. “Nascia” o complexo de Golgi, conhecido, hoje, como complexo golgiense (CG).

:: TA NA WEB!!! ::

5.2. ESTRUTURA DO COMPLEXO GOLGIENSE

O complexo de Golgi é composto por um sistema de vesículas achatadas, denominadas cisterna, que podem variar em número e tamanho. Estas cisternas são circundadas por diversas vesículas esféricas que são responsáveis pelo transporte de moléculas entre os compartimentos do CG. Na maioria das células animais e vegetais, o CG é constituído por 5 a 8 cisternas, que são mantidas próximas por meio de iterações com uma matriz protéica presente no citosol. O CG mantém uma estreita relação funcional e estrutural com o retículo endoplasmático. A face do CG voltada para o retículo (e conseqüentemente, para o núcleo celular) é, geralmente, convexa e denominada rede cis. Já a face voltada para a membrana plasmática, é côncava, e denominada rede trans. Entre as redes cis e trans, encontram-se as demais cisternas que compõem o CG (figura 4.2).

Figura 4.2 - Fotomicrografia eletrônica de um leucócito humano evidenciando o complexo golgiense. Modificado de http://en.wikipedia.org/wiki/File:Human_ leukocyte,showing_golgi-_TEM.jpg

Conheça um pouco mais da vida e da história de Camilo Golgi e de suas contribuições para as ciências biológicas  http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/articles/golgi/

Figura 4.4 - Processamento de oligossacarídeos N -ligados no complexo golgiense. A - oligossacarídeo com 10 resíduos de açúcar (retículo endoplasmático). B - oligossacarídeo rico em manose (complexo golgiense). C - oligossacarídeo complexo (complexo golgiense). Asn - resíduo de asparagina da glicoproteína alvo. A linha negra contínua representa a cadeia polipeptídica da glicoproteína.

As glicoproteínas podem apresentar os dois tipos de glicosilação N -ligada em diferentes porções da cadeia polipeptídica. A definição quanto tipo de oligossacarídeo (rico em manose ou complexo) depende, fundamentalmente, da acessibilidade das enzimas responsáveis pela adição dos resíduos de açúcar ao sítio de glicosilação. A diversidade composicional dos oligossacarídeos complexos é responsável pela especificidade nos processos de reconhecimento celular mediados pela interação entre proteínas que se ligam a carboidratos, conhecidas como lectinas, com as glicoproteínas expressas na superfície celular. Além do processamento dos oligossacarídeos N -ligados provenientes do REG, o CG também é responsável pela glicosilação de proteínas. A glicosilação que ocorre no CG apresenta algumas características que a distinguem da glicosilação que ocorre no REG. No CG, a adição dos resíduos de açúcares ocorre de forma seriada, ou seja, em contraste com a adição em bloco que ocorre no REG, a adição dos resíduos, no CG, ocorre passo-a-passo por ação de glicosil- transferases golgienses. O primeiro resíduo a ser adicionado a uma proteína é sempre a N- acetilgalactosamina. Dois resíduos de aminoácidos podem ser glicosilados: a serina ou a treonina; dando origem, assim, ao que denominamos de oligossacarídeos O -ligados (o “ O ” refere-se ao oxigênio do grupamento hidroxila da cadeia lateral da serina ou da treonina). A glicosilação O - ligada é responsável pela formação das proteoglicanas - glicoproteínas altamente glicosiladas, ricas em glicosaminoglicanas e de caráter aniônico. As proteoglicanas podem ser secretadas para o meio extracelular, onde desempenham um importante papel na composição da matriz extracelular, ou permanecerem na membrana plasmática como proteínas integrais da membrana. As proteoglicanas são os principais componentes do muco que reveste diversos epitélios e das cartilagens. Células especializadas na secreção de mucopolissacarídeos costumam apresentar uma extensa área do citoplasma ocupada pelo complexo golgiense, como, por exemplo, as células de Goblet que constituem o epitélio intestinal. Entre as principais proteoglicanas podemos citar o condroitim sulfato, o dermatam sulfato, a heparina, o heparam sulfato e o queratam sulfato.

Outras reações bioquímicas importantes também ocorrem no CG, como a fosforilação de proteínas destinadas aos lisossomos e a sulfatação e síntese de carboidratos. Nas células vegetais, o complexo golgiense é o local da síntese de pectinas (um heteropolissacarídeo) e da hemicelulose, moléculas que fazem parte da parede celular.

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