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Um relato de um caso de uma lesão traumática no quadril de uma criança, que envolveu uma fratura-deslocamento central do acetábulo associada a necrose asséptica da epífise femoral proximal. O artigo descreve o caso de um paciente de sete anos e oito meses que sofreu uma queda com o membro inferior direito em abdução forçada, resultando na lesão. O tratamento foi conservador, com uso de tração percutânea e programa de fisioterapia. O objetivo do artigo era contribuir com mais um caso para a literatura médica ortopédica.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
PEDRO CARLOS DE M.S. PINHEIRO 1
A fratura-deslocamento central de acetábulo como causa de traumatismo no quadril da criança, associada à necrose asséptica de epífise femoral proximal, é uma lesão rara. Essa complicação ocorre em 10% dos casos como seqüela do trauma na articulação do quadril (6). Na criança, essa lesão parece ter prognóstico favorá- vel para crescimento normal acetabular e qualquer conso- lidação viciosa será remodelada com o crescimento, em- bora possa ocorrer fechamento precoce da cartilagem trir- radiada(1-3). Neste artigo, descrevemos o caso de um paciente que apresentou deslocamento central do quadril direito, com presença de fratura do acetábulo associada a necro- se asséptica da epífise femoral proximal. O tratamento de ambas as lesões foi conservador e um programa de fisioterapia foi prescrito. O propósito deste artigo foi contribuir com mais um caso para a literatura médica ortopédica.
RELATO DO CASO Em 1984, um paciente do sexo masculino de sete anos e oito meses de idade, de cor branca, acidentou-se durante partida de futebol, revelando ter sofrido queda com o membro inferior direito em abdução forçada. O paciente procurou nosso serviço de ortopedia seis meses após o acidente queixando-se de dor e impotência funcio- nal do membro inferior direito. Dados do exame físico revelaram na observação da marcha que o paciente apre- sentava claudicação do membro inferior direito e que havia também presença de atrofia da coxa e perna direi- tas. No exame físico do quadril lesado, o paciente apre- sentou: contratura em flexão de 30°, contratura em adu- ção de 15°, limitação da abdução aos 45° e a movimen- tação da rotação interna e externa limitadas nos 20º ini-
ciais. O exame radiológico revelou, nas incidências ânte- ro-posterior e de perfil, fratura-deslocamento central do acetábulo do quadril direito associada a um desloca- mento central parcial da “coluna” interna do mesmo. Observou-se também presença de necrose avascular da epífise femoral proximal; as mudanças estavam confina- das na parte anterior e lateral da epífise femoral direita (fig. 1).
Fig. 1 — Aspecto radiográfico do quadril direito em (AP) e perfil mos - trando fratura-deslocamento central do acetabulo direito, com desloca - mento da ‘‘coluna” interna do mesmo, associado a presença de frag- mento denso da epífise femoral proximal (seqüestro). Observamos que as mudanças na incidência em perfil estão presentes na parte lateral e anterior da epífise femoral, afetando metade da cabeça femoral. Rev Bras Ortop – Vol. 29, Nºs 1/2 – Jan/Fev, 1994
UMA LESÃO TRAUMÁTICA NO QUADRIL DA CRIANÇA
Fig. 2 — Aspecto radiográfico do quadril direito em AP e perfil mostrando consolidação da fratura do acetábulo. O 1/3 lateral da epífise femo- ral está descoberto. Notamos ainda absorção da área anterior e lateral da epífise femoral.
Como conduta do serviço, o paciente foi internado para submeter-se a tratamento ortopédico, utilizando-se para isso tração percutânea por três semanas no membro inferior direito, e também para seguir um programa fisio- terápico, visando aumentar a amplitude de movimento do quadril acometido. Na avaliação em ambulatório, seis meses após alta hospitalar, o paciente retornou à consulta apresentando melhora dos movimentos ativos e passivos do quadril lesado. O exame radiológico mos- trou o seguinte aspecto: fratura do acetábulo consolida- da e epífise femoral em colapso (fig. 2). Aos dez anos e sete meses de idade, o paciente apresentava-se assintomá- tico e as radiografias obtidas revelaram que a consolida- ção do acetábulo encontrava-se estabelecida, a epífise femoral mostrava-se alargada em seu tamanho e o colo femoral apresentava-se curto. A cabeça femoral era re- donda, com perda parcial da esfericidade, porém a mes- ma encontrava-se contida e mantida dentro do acetábu- lo (fig. 3). Aos 14 anos, o paciente estava praticando es- portes e não apresentava queixas em relação ao quadril direito. Observamos, ao exame físico, ótima abdução do quadril direito e certa limitação na rotação interna de 15 graus. O exame radiológico revelou presença de coxa brevis, com achatamento discreto da epífise femo- ral proximal. O grande trocanter encontrava-se elevado. Observamos ainda a presença de uma linha esclerótica Rev Bras Ortop — Vol. 29, Nºs 1/2 — Jan/Fev, 1994
localizada no meio do colo femoral, com uma área de osteopose acima dela (sinal da corda bamba), como con- seqüência de necrose avascular de etiologia traumática, devida a distúrbio do crescimento da parte anterior da epífise femoral proximal (7) (fig. 4).
DISCUSSÃO A fratura-deslocamento central do acetábulo na crian- ça pode ter como complicação, devido ao traumatismo, o fechamento da cartilagem trirradiada e/ou necrose as- séptica da epífise femoral proximal. Essa lesão ocorre devido a uma força seguindo através do eixo longo do fêmur, com o quadril em abdução (5). A incidência de lesão da cartilagem trirradiada parece ser de baixa inci- dência (3). É seqüela rara de lesão traumática no quadril da criança (5). A fratura do acetábulo consolida geralmen- te sem alterações devido ao abundante suprimento san- guíneo dos ossos da pelve e ao deslocamento do periós- teo inserido nessa região, podendo resultar em abundan- te formação de calo ósseo (3). O grau de lesão da cartilagem trirradiada e a idade do paciente são fatores importantes na interpretação da inibição do crescimento normal (3). Tem sido relatado que a criança com menos de cinco anos de idade tem cartilagem acetabular mole e flexível (4). Observa-se, tam- bém, em pacientes até cinco anos de idade, menor inci- 45