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Psicodrama e a Perda e Recuperação de Papéis Sociais na Terceira Idade, Slides de Psicologia

Este documento discute sobre a perda de papéis sociais na terceira idade e seu resgate através da abordagem psicodramática. A primeira parte aborda as ideias sobre envelhecer na sociedade moderna e os papéis limitados dos idosos. A segunda parte apresenta as ideias fundamentais de j. L. Moreno sobre psicodrama, gerontodrama, criatividade e espontaneidade, além da importância de ter átomos sociais diversos para a manutenção de papéis sociais. O objetivo é relatar sobre a perda e recuperação de papéis sociais vivenciados pelos adultos maduros.

O que você vai aprender

  • Quais são as ideias fundamentais de J. L. Moreno sobre Psicodrama e criatividade?
  • O que é o Gerontodrama e como ele pode ajudar na recuperação de papéis sociais na velhice?
  • Quais são as importância de ter átomos sociais diversos para a manutenção de papéis sociais?
  • Quais são as ideias sobre envelhecer na sociedade moderna discutidas no documento?
  • Como as tarefas normativas influenciam nas relações sociais dos indivíduos na velhice?

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Neilson89
Neilson89 🇧🇷

4.4

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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE FACES
CURSO: PSICOLOGIA
UMA ANÁLISE GERONTODRAMÁTICA DO FILME:
MEU PAI, UMA LIÇÃO DE VIDA
MARIA HELENA OLIVEIRA BRAGA
BRASÍLIA
DEZEMBRO/2009
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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE – FACES

CURSO: PSICOLOGIA

UMA ANÁLISE GERONTODRAMÁTICA DO FILME:

MEU PAI, UMA LIÇÃO DE VIDA

MARIA HELENA OLIVEIRA BRAGA

BRASÍLIA

DEZEMBRO/

MARIA HELENA OLIVEIRA BRAGA

UMA ANÁLISE GERONTODRAMÁTICA DO FILME:

MEU PAI, UMA LIÇÃO DE VIDA

Monografia apresentada como requisito

para conclusão do curso de Psicologia do

UniCEUB – Centro Universitário de

Brasília.

Professora orientadora: Maria do Carmo de

Lima Meira

BRASÍLIA

DEZEMBRO/

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Dedico este trabalho aos meus alicerces: meus pais, a quem amo infinitamente. Eles são o motivo deste meu triunfo.

iv

Agradecimentos

Primeiramente ao meu pai Islande e a minha mãe Helenice, que sempre investiram em mim, dando-me forças para que eu consiga seguir preparada para lidar com os percalços da vida. A minha irmã Maria Luiza, pelo apoio, incentivo, amizade e fé na minha pessoa durante todos esses anos. A todas as pessoas que me apoiaram nos momentos de dificuldade na confecção da presente obra, todas elas me demonstraram o que é ser amigo. Dentre elas se destacam minha amiga Rejane, que tantas vezes escutou minhas lamentações e me ajudou quando tudo parecia inalcançável. Ao estimado Thiago, que teve muita paciência em ouvir minhas inquietações e angústias e me tranquilizou diversas vezes quando pensava não ter mais forças. A bibliotecária Tatiana, que foi a primeira pessoa a me dar o aval sobre o meu projeto e dizer que eu conseguiria. E especialmente ao meu tio e amigo, professor Itamar, que me deu apoio moral e material para que o presente estudo fosse realizado, que acreditou em mim desde o começo desta jornada. Aos professores do UniCeub, que me ensinaram um pouco do que sabem e me fizeram apaixonar por este curso diversas vezes. A minha orientadora Maria do Carmo, por ter dado seu consentimento a este projeto e aberto as portas para o mundo encantador do Psicodrama. E também a mim mesma, pois tive coragem de enfrentar meus medos e seguir em frente, mesmo tropeçando algumas vezes. Por último, mas não com menos importância, a Deus, por me guiar e ser tão bom comigo.

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Resumo

O presente estudo busca exaltar um conhecimento dotado de mais detalhes e, ao mesmo tempo simplificado, acerca de dois temas: Velhice e Psicodrama. Objetiva discutir sobre a perda de papéis sociais na terceira idade e o seu resgate numa visão Psicodramática. O trabalho se propõe a fazer uma pesquisa bibliográfica a respeito do idoso inserido na sociedade capitalista atual, discutindo-se seus papéis e suas representações sociais. Focaliza-se em obter correlação entre a teoria de Papéis Sociais de Moreno, e a identificação de seus benefícios para o bem-estar do idoso. Esta análise se difere por ser pioneira ao juntar os temas envelhecimento e Psicodrama, já que há poucos estudos sobre os dois. Usa-se com freqüência o termo Gerontodrama, criado por Elisabeth Maria Sene Costa que trabalha com esta abordagem. A primeira parte da pesquisa retrata a variedade de conceitos sobre o envelhecerno meio social, a exclusão velada do idoso na sociedade moderna e seus papéis limitados. O segundo tópico apresenta as idéias fundamentais de J. L. Moreno, abordando as definições sobre Psicodrama, Gerontodrama, a delimitação de criatividade e espontaneidade, além da exposição de átomos sociais que constituem as redes sociométricas, bem como a Teoria de Papéis que representa o tópico primordial investigado. Para uma melhor compreensão sobre otema tratado durante os primeiros capítulos referentes aos vetustos e ao Psicodrama, é realizada a análise do filme Meu pai, Uma lição de vida. A história é contada usando-se os conceitos de Moreno abordados e as observações sobre velhice relatadas. Durante o exame minucioso deste objeto de estudo, várias cenas foram transcritas literalmente para que os leitores possam vivenciar de maneira mais realista as situações. Observa-se que o personagemprincipal do enredo se torna uma pessoa mais feliz ao recuperar seus papéis sociais perdidos na velhice. É perceptível que a expansão do seu átomo social o tornou uma pessoa com capacidade de expressar melhor sua criatividade e espontaneidade. A película pretende corroborar sobre os benefícios da teoria psicodramática na idade madura mostrando as vantagens de manter os papéis sociais nesta fase da vida.

Palavras - chave: idoso, Psicodrama, papéis sociais.

“Todas as pessoas mais velhas são sobreviventes: esse é um prêmio que nem todos os seus detratores mais jovens viverão o suficiente para receber. Esse é o único fato que descreve todas as pessoas mais velhas” (Stuart-Hamilton, 2002, p. 195). O objetivo desta pesquisa é relatar sobre a perda de papéis sociais vivenciados pelos adultos maduros e sua recuperação à luz do Gerontodrama. Almeja debater sobre a velhice na sociedade atual, alicerçado na fundamentação teórica de J. L. Moreno sobre papéis sociais e nas teorias gerais sobre o processo de envelhecimento. Para tal propósito o presente estudo propõe analisar, num foco diferenciado, a película Meu pai, Uma lição de vida ; narrando-a numa visão Psicodramática. Pretende essa fita clarificar ao leitor a importância da manutenção de papéis sociais diversos na velhice e os efeitos de sua perda para o bem-estar do idoso. A autora trouxe o conceito de papel social para a discussão tanto numa visão social embasada em obras da terceira idade quanto nas obras de J. L. Moreno. Para uma reflexão sobre atribuições sociais na velhice a pesquisa é direcionada ao Gerontodrama, um termo recente criado por Elisabeth Maria Sene Costa, estudiosa do Psicodrama em anciões. No âmbito pessoal, esta pesquisa é de grande interesse para a autora, por acreditar que irá contribuir com a sua formação na área psicodramática, além de representar um desafio particular, pois foi feita uma análise minuciosa da película estudada. No que se refere ao campo acadêmico, o presente estudo contribui como material para estudo, pois é pioneiro na junção de dois temas distintos: Velhice e Psicodrama. Do ponto de vista social é extremamente relevante a investigação literária feita, em primeiro lugar porque velhice é um tema universal, atemporal e a demanda de gerontos na psicoterapia sofre acréscimos diariamente. Em segundo lugar porque a população de todo mundo está envelhecendo, então olhar para esses sujeitos é olhar para dentro de si. O geronto vem ganhando mais espaço nos

se destacam autores como Adam Blatner e Allee Blatner; Costa; Gonçalves, Wolff e Almeida; todos seguidores deste. É um capítulo que visa dar base teórica ao capítulo subseqüente e dar uma pequena amostra da amplitude e riqueza a respeito da teoria psicodramática. É no terceiro capítulo que a teoria é posta em questão a partir da análise do filme mencionado. A película é dissertada focando-se nas cenas que fazem alusão à teoria psicodramática. A história retrata a vida de Jake, um idoso que deixou que todos seus papéis sociais e autonomia se perdessem com os anos, devido ao seu casamento com a controladora Bette. Contudo, com a chegada de seu filho John, ampliando seu átomo social, a Jake é oferecida uma nova chance de recuperar suas atribuições perdidas e reencontrar uma felicidade havia muito esquecida. Durante a exposição escrita aparecem outros sujeitos na trama que também fazem parte do filme, como o filho de John, Billy. Na análise das cenas são resgatados os conceitos abordados no primeiro capítulo, assim como nos do segundo capítulo, dando maior embasamento às teorias explicitadas. Os termos psicodramáticos aparecem com o intuito de contar a narrativa, fazendo analogia a uma situação real. O uso de uma película se deu devido a intenção da autora em ter um objeto de estudo em que o leitor possa se identificar de maneira rápida, tendo uma base maior para entender a teoria de Moreno. Enfim, com este trabalho percebe-se de fato a relevância da teoria psicodramática na terceira idade, para que estes sujeitos não deixem desaparecer todas as suas potencialidades. Destaca-se, portanto, a importância de se ter átomos sociais diversos para a manutenção de papéis sociais, pois estes colaboram com a noção de identidade do homem e auxiliam no seu bem-estar.

Capítulo I O Geronte e a Sociedade

1.1 A Velhice

Quais são os critérios que estipulam que uma pessoa chegou à terceira idade? O que a identifica com termos tais como velha, velhote, idosa, geronte, ou geronto, ancião, vetusto, provecto, senil, adulto maduro, adulto maior, senescente ou até mesmo decrépito? O que pesa mais: a aparência física, a idade, a saída do mercado de trabalho ou as atitudes perante a vida? São indagações de difíceis respostas, já que envelhecer é um processo no qual todos esses fatores se aglutinam e se sobrepõem entre si. Stuart - Hamilton (2002) comenta que existem várias bases para caracterizar uma pessoa como velha, tais como aparência, atitudes e quantidade de tempo livre. Entretanto esses fatores podem ser facilmente afetados. Primeiro a aparência pode ser modificada com plásticas, reposições hormonais, dietas e exercícios físicos. Segundo, as atitudes esperadas socialmente dos vetustos como pessoas conservadoras e rabugentas tendem a se esvair, já que nos últimos 50 anos houve uma mudança sociológica radical rumo a uma sociedade mais liberal e permissiva. E terceiro, a quantidade de tempo livre, repudiada quando em excesso, por lembrar desemprego ou aposentadoria, perde sua importância como referência, com a crescente automação do trabalho. Zimerman (2000) estabelece que “velho é aquele que tem várias idades: a idade do seu corpo, da sua história genética, da sua parte psicológica e da sua ligação com a sociedade” (p.19). Pois o adulto com mais idade, é apenas a mesma pessoa que sempre foi. Se este foi uma pessoa alegre continuará alegrando, se foi uma pessoa insatisfeita permanecerá

mais sobre os indivíduos. A aposentadoria se torna algo possível, e há gradativamente a perda de papéis sociais da vida adulta, como a saída dos filhos de casa (Mascaro, 1997). Já Netto (2002) afirma que nas nações desenvolvidas se estipulou que o indivíduo adulto se torna geronte aos 65 anos, enquanto que nos países em desenvolvimento essa idade é aos 60 anos. Para Neri (2001), idosos “são populações ou indivíduos que podem ser assim caracterizados pela duração do seu ciclo vital” (p.45). Entretanto essa definição é muito restrita, pois à medida que o ciclo vital se prolonga, a heterogeneidade entre os idosos aumenta substancialmente. Então gênero, classe social, saúde, educação, fatores de personalidade, história passada, contexto sócio-histórico e subjetividade individual são elementos essenciais para se determinar as diferenças entre provectos de 60 anos a 100 anos de idade. Discute-se ainda se o envelhecimento tem início logo após a concepção, no final da terceira década da vida ou próximo do final da existência do indivíduo. Em conjunto com a falta de marcadores biofisiológicos confiáveis do processo de envelhecimento, justifica-se a dificuldade em definir a idade biológica da velhice (Netto,2002). Moragas (1997) expõe que a concepção de velhice através da idade cronológica produziu uma concepção individualista do que é o ancião. Outros fatores pessoais devem ser considerados como o estado físico do sujeito, suas doenças, sua história pessoal e profissional, seu equilíbrio familiar e social, de maneira que se avalie a singularidade de cada um. Como Loureiro (2004) discorre, a velhice é mais do que um fenômeno físico, biológico, psíquico e geriátrico, é também um fenômeno cultural, social e gerontológico, que pode ser visto por meio de conceitos pessimistas ou otimistas. Vários autores se arriscam a definir o que seja a velhice. D’Epinay (1984, citado em Loureiro, 2004), afirma que a velhice é a fase da incerteza do futuro e do medo da morte. Para Neri (2001), velhice é a última etapa do ciclo vital, caracterizada por “perdas psicomotoras,

afastamento social, restrição em papéis sociais e especialização cognitiva” (p.46). Py & Scharfstein (2001) acreditam que a velhice é antes de tudo uma categoria social, pois existe uma idade específica para que o indivíduo seja reconhecido como integrante da maior idade: 60 anos, no caso dos países em desenvolvimento, porque é em torno dessa idade que se acentuam as transformações biológicas típicas do envelhecimento. Diante dessa complexidade de termos sobre velhice e de suas inúmeras definições, de uma coisa se sabe: a velhice é muito mais complexa e ampla do que determinados valores numéricos. Sabe-se que uma pessoa pode ser rica ou pobre, ser saudável ou doente, dependente ou independente, homem ou mulher, aposentado ou trabalhador. Ou seja, ao observar cada contexto social percebe-se a riqueza de contrastes que cada ser humano possui, caracterizando uma grande diversidade de velhices (Neri, 2000; citada em Zimerman, 2000).

1.2 As Representações Sociais da Velhice na Sociedade Moderna

Ao se falar de envelhecimento observa-se uma angústia que acomete as pessoas, devido ao temor que muitos têm ao pensar que um dia irão envelhecer, pois o associam com um futuro sofrido, solitário e dependente. Loureiro (2004) expõe que muitas pessoas pensam que o idoso é aquele que “só dorme, não mais sonha; só espera, não mais age; só resmunga, não tem mais palavra” (p.37). Não se dão conta que elas próprias no futuro podem se tornar esse estereótipo. Nas sociedades primitivas os idosos eram objetos de veneração e respeito, existia uma valorização da tradição e dos ensinamentos que estes transmitiam. Depois da Revolução Industrial ficou clara a inversão destes valores. A força de produção, a rapidez e a agilidade viraram fundamentos básicos para a sobrevivência, características muito mais próximas aos

citado em Loureiro, 2004) expõe que o velho vive numa luta constante entre o investimento afetivo que ele tenta ter sobre si mesmo e o desinvestimento constante da cultura. Muitos brasileiros que chegam à terceira idade acabam tendo uma postura de isolamento social, pois se vêem numa precária condição socioeconômica, sem mais autonomia e independência e com uma grande dificuldade de adaptação ao mundo moderno (Netto, 2002). Na sociedade ocidental as pessoas são influenciadas por símbolos, imagens e estereótipos, expressos através dos meios de comunicação de massa. Portanto a imagem que a mídia representa dos provectos influi em suas próprias percepções, assim com no valor da sociedade para com estes (Mascaro, 1997). Atualmente, com a evolução das ciências e da medicina, a melhora no saneamento básico, na educação, na indústria farmacêutica e no aprimoramento dos hábitos alimentares, aumentou-se a expectativa de vida, crescendo assim os pertencentes à terceira idade (Loureiro, 2004). A sociedade industrial está tendo que aprender a lidar com essa nova parcela da população em ascensão e a conviver com aqueles que apresentam “idéias ultrapassadas” e experiências consideradas de pouco valor; aqueles que na cultura ocidental sempre foram deixados de lado, marginalizados por serem diferentes ao culturalmente aceito (Loureiro, 2004). Deste modo, o século XXI trouxe um novo desafio aos jovens, aprender a ter uma nova postura diante dos gerontes, e isso é um passo imprescindível para que se concretize o objetivo de uma sociedade mais justa (Loureiro, 2004). A primeira e mais importante tarefa desta geração é ajudar os idosos a resgatarem suas identidades novamente. Deixar que eles exerçam sua maestria contida, deixá-los mostrar que o envelhecimento não é só um caminho para as trevas, que este também pode ser um caminho para a sabedoria e auto-conhecimento (Nouwen & Gaffney, 2000).

1.3 Os Relacionamentos Sociais e seus Papéis na Terceira Idade

A vida em sociedade é primordial para a sobrevivência da espécie, é através do contato com o outro que formamos a nossa personalidade e construímos nossa identidade. Com a vivência acabamos selecionando as experiências emocionais mais positivas para nosso crescimento, por isso mesmo que o contato social na velhice se torna imprescindível (Erbolato, 2002). Dacey & Travers (1991, citado em Erbolato, 2002) definem relacionamentos sociais como as interações frequentes que têm certa durabilidade de tempo e padrão e que modificam os envolvidos, abrangendo sentimentos positivos e negativos. A maioria dos relacionamentos sociais são transitórios e substituíveis, pois as necessidades variam com o percurso da vida. Há os formados por utilidades, outros por proximidade geográfica e os “obrigatórios” como é o caso dos relacionamentos familiares. Por muitos é partilhada a impressão de que os idosos já não participam mais dessas trocas sociais, o que é uma visão preconceituosa, já que muitos deles auxiliam no cuidado dos netos, prestam ajuda financeira aos filhos, passam notícias de um familiar ao outro, e assim por diante. Geralmente o geronte tem um relacionamento familiar difícil, pois sente que suas idéias são rejeitadas e suas experiências pouco valorizadas (Erbolato, 2002). O autor citado anteriormente define papéis sociais como formas de comportamento estipulados socialmente, refletindo o que é aceito em uma cultura. Permite-se certa flexibilidade, porém esse limiar é tênue, pois ir além pode descaracterizar estas funções. Há papéis escolhidos, como o de pai, há papéis conquistados, como o profissional, há papéis atribuídos, como o de criança e o de ancião. Existe também o conceito de que grande parte

devido ao fato de que teoricamente elas têm menos oportunidades de novos casamentos, pois muitas vezes a independência financeira desejada não foi conquistada, além do fato que o peso dos anos refletidos na aparência dificulta a busca de novos companheiros. Os papéis sexuais são os mais ambíguos na velhice, pois há uma visão cultural de que estes se encerram e o que de fato ocorre é uma diminuição devido a fatores biológicos. Os papéis de irmãos costumam enfraquecer durante o princípio da vida adulta e da meia-idade, quando os recursos se dirigem à carreira e a criação de filhos, porém se não houver falecimento, eles voltam a se renovar na velhice (Erbolato, 2002). Hooyman & Kiyak (1996, citado em Erbolato, 2002) acreditam que os papéis de pais, de amigos e de vizinhos são os que mais permanecem, mesmo que com alterações. As relações pais-filhos normalmente se invertem na velhice, pois os deveres dos papéis parentais como provedores e cuidadores terminam com a independência dos filhos adultos. Contudo, novos papéis podem surgir como o de avós, compensando a idéia de falecimento, devido ao sentimento de continuação familiar. Eventos não-normativos, como o divórcio de um filho e o seu retorno à casa dos pais, podem reativar o papel parental do idoso, que muitas vezes passa a ser desempenhado apenas no que se refere aos cuidados (deveres), sem decisão sobre suas condutas (direitos). A família tem uma grande importância no estabelecimento de uma vida saudável durante a terceira idade, pois ela garante trocas continuadas de suporte instrumental e psicológico/emocional. A manutenção da rede de amizades serve de auxílio como contraponto às relações familiares, pois são resultados da livre escolha, representando uma expressão do afeto genuíno (Erbolato, 2002). De acordo com o mesmo autor, amigos estão relacionados a momentos de alegria e divertimento, não sendo exatamente confidentes. Deste modo, os mais velhos passam a substituir os amigos perdidos por vizinhos, membros do mesmo clube ou igreja e muitas

vezes até com os ajudantes remunerados, provendo assim uma rede social mais ativa e um envelhecimento mais saudável. Dessa maneira, fica exposta a importância da atuação ativa dos idosos no seu meio relacional, assim como a tendência natural da perda de diversos papéis sociais no processo de envelhecimento. Contudo estes podem ser substituídos por outros, ou pelo menos minimizados com novos vínculos, visando manter a identidade e bem-estar dos gerontes.