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Machu Picchu, assim como algumas das localidades vizinhas dos tempos pré-colombianos constituem um importantíssimo legado de um povo que teve organização social ...
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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UM OLHAR SOBRE O IMPÉRIO INCA
Monografia de conclusão Curso de Comunicação Social / Jornalismo
Rio de Janeiro, 2009
Data Nome Assinatura
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As imponentes ruínas que até hoje arrastam milhares de turistas às cidades de Cuzco e Machu Picchu mostram o quão grandioso foi aquele reino e explicam o fascínio que exerce sobre todos os que lá chegam. O que aprendi com minha ida a Machu Picchu? Que nada resiste a um passo de cada vez. Pequeno, devagar, mas constante e sistemático. O mesmo foi com esse trabalho...Aqui está um pedacinho do meu interesse pessoal, aqui está um pedacinho de mim.
Cidade Perdida dos Incas – Machu Picchu Foto: Cecilia Abreu - acervo pessoal
Mãe e filho – tradições mantidas no Peru Foto: Cecília Abreu – acervo pessoal
Foto: Cecília Abreu – acervo pessoal^ Lhama em Machu Picchu
A observação e o estudo dessa sociedade, de seu legado e de seu desaparecimento diante dos conquistadores espanhóis levam a um inevitável paralelo de certos aspectos da organização social e econômica com regimes da história contemporânea, todos com o viés do totalitarismo. Esse olhar abrangente é o objetivo e a motivação do presente mergulho na cultura e nos encantos da sociedade inca.
Foto: Cecília Abreu – acervo pessoal^ Casa Inca – Machu Picchu
Escrever sobre o surgimento do império Inca não é das tarefas mais fáceis. Primeiro porque a suposta escrita que possuíam, a kelka , desapareceu por completo. A evidência da existência anterior de uma escrita é a palavra quíchua quilca , que significa escritura, livro, letra. A esse respeito, observe-se o que diz Carmen Bernand, em seu livro “Les Incas, Peuple du Soleil”: “Segundo certos testemunhos, com efeito, os Incas teriam reproduzido sobre tapeçarias
- as quellca – a história das dinastia. Aliás, a palavra quellca (quilca) passou a ser utilizada na época colonial para significar a escrita. E as mais lindas ‘quellca’ foram enviadas, em 1570, ao rei Filipe II da Espanha, para que ele decorasse as paredes do Escurial” (tradução minha). Enfim, tenham os incas desenvolvido ou não um sistema de escrita, nada sobreviveu à queda do império nesse particular. Os relatos orais é que permaneceram vivos ao longo do desenrolar da História. Os mais confiáveis chegaram através de cronistas e padres espanhóis que desembarcaram logo após os primeiros contatos com as terras do Novo Mundo e através de mestiços que aprenderam a escrever. Dentre os principais responsáveis pela perpetuação da história, das lendas, mitos, cultos e tradições incas, não se pode deixar de citar Inca Garcilaso de la Vega 2
Mas muito se fala que os próprios Incas também tratavam de modificar a história de seus antepassados. Dessa forma, lendas e mais lendas foram substituídas, transformadas, recontadas, adaptadas. O quipu ou quipo foi o único sistema de comunicação que se perpetuou, e até os dias de hoje cria controvérsias. Esse sistema consistia em uma corda grossa e horizontal da qual apoiavam-se inúmeras cordas menores, verticais, coloridas e cheias de nós. Os quipus serviam para contabilizar a economia do império, enumerar as
(^2) Inca Garcilaso de la Vega (Cusco, Peru, 12 de Abril de 1539 - Córdoba, Espanha, 23 de Abril de 1616) foi um escritor e historiador peruano, considerado oMundo). Figura entre os cronistas pós-toledanos "El Príncipe de los escritores del nuevo mundo" , no período colonial da História do Peru. Foi batizado com o nome de ( o príncipe dos escritores do Novo Gómez Suárez de Figueroa, mas trocou-o anos mais tarde, já morando na Espanha, para Inca Garcilaso de la Vega, ummodo de destacar e preservar suas origens incaicas. É tido como o peruano mais insigne da colónia, tendo sabido expressar a sua exaltada nacionalidade na sua obra prima: "Comentários Reais dos Incas".
2.1.1 - Manco Capác e Mama Ocllo
“O Sol, com forma de homem, quando subia para os céus, anunciou ao chefe dos Incas, Manco Capac, o seu poderio,dizendo-lhe: «Vós e os vossos descendentes sereis Senhores e dominareis muitas nações. Olhai para mim como pai pois sereis meus filhos e adorar-me-eis.» E, assim, os Incas foram chamados os filhos do Sol, adoraram-no e reverenciaram-no como pai”.^3
Uma das lendas mais aceitas e conhecidas diz que Tayta Inti ou o Pai Sol , observando o caos e a perdição que prevaleciam na Terra, decidiu enviar ao planeta duas crianças, com o objetivo de estabelecer a ordem. Elas surgiram das águas do Titicaca, o lago mais alto do mundo, e carregavam uma espécie de bastão ou varinha dourada, presente de seus pais. O nome do primeiro inca era Manko Qhapaq - ou Manco Capac - e sua irmã era Mama Oqllo. O Sol dera-lhes essa varinha de ouro e no lugar onde ela afundasse, ao ser fincada, os deuses deviam fixar-se para sempre. Partiram, então, Manco Capac e Mama Ocllo, o casal divino. Percorreram as terras dia após dia, batendo no chão com o bastão mágico. Finalmente, junto à colina de Huanacaur i, a varinha afundou e ali os deuses se estabeleceram. Garcilaso de la Vega relata, em seu tratado “O Inca”: “ Do cerro Huanacauri saíram nossos primeiros reis, cada um por sua parte a convocar as gentes, e por ser aquele lugar o primeiro de que temos notícia que houvessem pisado com seus pés, e por haver saído dali a benfazer aos homens,
(^3) Fonte: http://www.prof2000.pt/users/secjeste/MuseuSecJE/MitologiaLatinoAmericana.htm
tínhamos feito nele, como é notório, um templo para adorar a nosso pai o Sol, em memória desta mercê e benefício que fez ao mundo. O príncipe foi ao setentrião e a princesa ao sul; a todos os homens e mulheres que encontravam por aqueles brenhais lhes falavam e diziam como seu pai, o Sol, lhes havia enviado do céu para que fossem mestres e benfeitores dos moradores de toda aquela terra, tirando-os da vida ferina que tinham e mostrando-lhes o viver como homens; e que, em cumprimento do que o Sol, seu pai, lhes havia mandado, iam convocá-los e tirá-los daqueles montes e selvas, fazê-los morar em cidades povoadas e dar-lhes para comer manjares de homens, e não de bestas.” Os “filhos do Sol”, os dois irmãos pioneiros, passaram a ensinar a gente do local a cultivar a terra, tecer fibras, construir casas; transmitiram-lhes as leis da guerra e o culto ao Sol. E fundaram a cidade de Cuzco, que viria a ser a capital do Tahauantinsuyo. Manco Capác se dedicou a ensinar aos homens técnicas dos ourives, agrícolas e pecuárias e Mama Ocllo ensinava às mulheres as técnicas de arte têxtil, alfaiataria e deveres domésticos. No relato dessa lenda, como em diversas outras, podem-se observar características que combinam elementos históricos e mitológicos. Geograficamente, os incas associam sua origem com o lago Titicaca e possivelmente com a cultura Tihuanaco, explicam o acontecimento histórico como uma vontade do deus divino, o sol e tratam de impor que antes deles não havia outras culturas e que todos os povos eram inferiores.
2.1.2 - Os Irmãos Ayar
Esta outra lenda conta que das cavernas de um lugar chamado Pacaritambo ou Tamputoco (Cuzco), partiram quatro irmãos chamados Áyar Manco, Áyar Cachi, Áyar Uchu e Áyar Auca acompanhados de suas respectivas irmãs, Mama Ocllo, Mama Huaco, Mama Kora e Mama Arawa. Todos eles caminharam incumbidos de encontrar terras férteis para estabelecer-se. Áyar Cachi tinha um grande poder com sua varinha de ouro. Com esse objeto ele podia arremessar pedras até as nuvens e essas quando caiam no solo faziam estremecer ou derrubar montanhas. Temerosos com esse grande poder, os irmãos trataram de se desfazer
Segundo a lenda dos Irmãos Ayar, “ A Pacarina ” (lugar de origem dos incas) não se encontra no Lago Titicaca, mas sim na caverna, em Pacaritambo ou Tamputoco (província de Paruro). Essas lendas foram transmitidas oralmente ao longo de gerações, até os últimos incas, sendo até hoje reproduzidas pelos nativos da região. São, portanto, uma grande fonte de interesse para historiadores e para curiosos, os turistas comuns. É importante, no entanto, frisar que, para o entendimento da importância da cultura inca na história da humanidade, o que realmente importa é a análise da estrutura social que as lendas revelam e não saber se os fatos relatados foram reais ou míticos. Apesar das diversas lendas existentes sobre as origens incas, todas convergem para a constatação de que o império dos Incas iniciou-se em um pequeno reino no vale de Cuzco, denominado Reino de Cuzco que, com as conquistas territoriais, transformou-se em um grande estado, o império dos Filhos do Sol, ou Tahuantinsuyo que os espanhóis encontraram.
2.2 – As Tradições Religiosas
2.2.1 - Os Deuses dos Incas O Incas eram politeístas e muito supersticiosos. Os principais Deuses Incas eram: Viracocha , considerado como o Mestre dos Deuses, tendo surgido das águas. Era o criador do céu e da terra. O culto do Deus criador supunha um conceito intelectual e abstrato, que estava limitado à nobreza. Semelhante ao deus nórdico Odín, Viracocha foi um deus nômade, e como aquele, tinha um companheiro alado, o condor Inti , o Deus-Sol e servo de Viracocha, que exercia a soberania no plano divino ( HananPacha ), além de ser a divindade mais popular do Império Inca.; Mama Quilla , Mãe-Lua e esposa do Deus-Sol, cultuada pelas sacerdotisas; Pacha Mama , também chamada de Mãe-Terra, encarregada de propiciar a fertilidade nos campos; Pachacamac , uma reedição de Viracocha , venerado na
Costa Central do Império, também conhecido como Deus dos Tremores; Mama Sara , a Mãe-do-Milho e do alimento, Mama Cocha , Mãe-do-Mar, a quem se rendia culto para acalmar as águas e para boa pesca. 2.2.2 As Festividades Os incas tinham um calendário baseado em meses de trinta dias, a cada um deles correspondendo uma festividade própria (ver quadro a seguir)
FESTIVAIS INCAS Mês Inca Mês Gregoriano Festividade Huchuy Pacoy Janeiro Pequena colheita Hatun Pocoy Fevereiro Grande colheita Pawqar Waraq Março Ramo de flores Ayriwa Abril Dança do milho jovem Aymuray Maio Canção da colheita Inti Raymi Junho Festival do Sol Anta Situwa Julho Purificação terrena Qapaq Situwa Agosto Sacrifício de purificação geral Qaya Raymi Setembro Festival da rainha Uma Raymi Outubro Festival da água Ayamarqa Novembro Procissão dos mortos Qapaq Raymi Dezembro Festival magnífico
A principal festividade incaica, que se mantém como tradição até os dias atuais era o Inti Raymi (Festa do Sol - dedicada ao Deus Sol), realizada em 24 de Junho, Solstício de Inverno no Hemisfério Sul.