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Manual de Prevenção de Suicídios: Impacto da Mídia, Slides de Tradução

Parte de uma série de manuais sobre a prevenção de suicídios, produzido pela organização mundial da saúde (oms) como parte do programa supre. Ele destaca o impacto que a cobertura midiática pode ter em suicídios, sugerindo fontes de informação confiável, indicando como abordar suicídios em diferentes situações e avisando sobre armadilhas a serem evitadas. O documento também discute o fenômeno de imitação suicida e clusters suicidas.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Carioca85
Carioca85 🇧🇷

4.5

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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SÁÙDE
PREVENÇÃO DO SUICÍDIO:
UM MANUAL PARA
PROFISSIONAIS DA MÍDIA
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL
TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS
Genebra
2000
Este documento pertence a uma série de manuais destinados a grupos
sociais e profissionais específicos, especialmente relevantes para a
prevenção do suicídio.
Ele foi preparado como parte do SUPRE (Suicide Prevention Program), a
iniciativa mundial da OMS para a prevenção do suicídio.
Palavras-chave: suicídio / prevenção / manuais / profissionais da mídia
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SÁÙDE

PREVENÇÃO DO SUICÍDIO:

UM MANUAL PARA

PROFISSIONAIS DA MÍDIA

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL

TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS

Genebra 2000

Este documento pertence a uma série de manuais destinados a grupos sociais e profissionais específicos, especialmente relevantes para a prevenção do suicídio. Ele foi preparado como parte do SUPRE (Suicide Prevention Program) , a iniciativa mundial da OMS para a prevenção do suicídio. Palavras-chave: suicídio / prevenção / manuais / profissionais da mídia

Prefácio

O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos e artistas através dos séculos; de acordo com o filósofo francês Albert Camus, em O Mito de Sísifo , esta é a única questão filosófica séria. Como um sério problema de saúde pública, o suicídio demanda nossa atenção, mas sua prevenção e controle, infelizmente, não são tarefas fáceis. As melhores pesquisas indicam que a prevenção do suicídio, mesmo sendo uma atividade factível, envolve toda uma série de atividades, que variam desde as melhores condições possíveis para a criação das crianças e dos jovens, passando pelo tratamento efetivo dos transtornos mentais, até o controle dos fatores de risco ambientais. A disseminação apropriada da informação e o aumento da conscientização são elementos essenciais para o sucesso de programas de prevenção do suicídio. Em 1999 a OMS lançou o SUPRE, uma iniciativa mundial para a prevenção do suicídio. Este manual é um de uma série de recursos preparados como parte do SUPRE e direcionados a grupos sociais e profissionais específicos que são particularmente relevantes na prevenção ao suicídio. Ele representa uma ligação em uma cadeia longa e diversificada que envolve uma ampla gama de pessoas e grupos, incluindo profissionais da saúde, educadores, agências sociais, governos, legisladores, comunicadores sociais, representantes da lei, famílias e comunidades. Somos especialmente gratos ao Professor Diego de Leo, da Griffith University, em Brisbane, Queensland, Australia, que produziu uma versão preliminar deste manual. O texto foi subseqüentemente revisado pelos seguintes membros da Rede Internacional de Prevenção ao Suicídio da OMS, aos quais somos gratos:

  • Dr. Sergio Pérez Barrero, Hospital de Bayamo, Granma, Cuba
  • Dr. Annette Beautrais, Christchurch School of Medicine, Cristchchurch, Nova Zelândia
  • Dr. Ahmed Okasha, Ain Shams University, Cairo, Egito
  • Prof. Lourens Schlebusch, University of Natal, Durban, África do Sul
  • Prof. Jean-Pierre Soubrier, Groupe Hospitalier Cochin, Paris, França
  • Dr. Airi Värnik, Tartu University, Tallinn, Estônia
  • Prof. Danuta Wasserman, National Centre for Suicide Research and Control, Stockholm, Suécia
  • Dr. Shutao Zai, Nanjing Medical University Brain Hospital, Nanjing, China. Estes manuais estão sendo agora amplamente divulgados, na esperança de que eles sejam traduzidos e adaptados às condições locais de cada região – um pré-requisito para sua efetividade. Comentários e requisições para a permissão de tradução e adaptação serão então muito bem-vindos.

Dr. J. M. Bertolote Transtornos Mentais e Comportamentais Departamento de Saúde Mental Organização Mundial da Saúde

Tradução para o Português: Juliano dos Santos Souza e Neury Jose Botega – Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria – Faculdade de Ciências Médicas

  • Universidade Estadual de Campinas – Campinas – SP – Brasil. Centro Brasileiro do Estudo Multicêntrico de Intervenção no Comportamento Suicida – SUPRE-MISS, da Organização Mundial da Saúde.

Um estudo importante sobre a relação dos meios de comunicação com o suicídio é uma revisão que remonta ao século XIX nos Estados Unidos (2). Outro caso famoso e recente refere-se ao livro Solução Final – Praticabilidade da Auto-eliminação (Final Exit), escrito por Derek Humphry. Depois da publicação deste livro, aumentaram os suicídios em Nova York usando os métodos nele descritos (3). Sua publicação e tradução, intitulada Suicide, mode d'emploi, na França, também levou a um aumento no numero de suicídios naquele país (4). De acordo com Philips e cols (5), o grau de publicidade dado a uma historia de suicídio correlaciona-se diretamente com o número de suicídios subseqüentes. Casos de suicídio envolvendo celebridades têm tido impacto particularmente forte (6). A televisão também influencia o comportamento suicida. Philips (7) demonstrou um aumento nos suicídios até 10 dias após a TV noticiar algum caso de suicídio. Assim como na mídia impressa, histórias altamente veiculadas, que aparecem em múltiplos programas e em múltiplos canais, parecem ser as de maior impacto – maior ainda se elas envolvem celebridades. Contudo, há estudos conflitantes sobre o impacto de programas de ficção: alguns não mostraram nenhum efeito, outros mostraram um aumento no comportamento suicida (8). A associação entre peças de teatro ou músicas no comportamento suicida foi pouco investigada até o momento. De modo geral, existe evidência suficiente para sugerir que algumas formas de noticiário e coberturas televisivas de suicídios associam-se a um excesso de suicídios estatisticamente significativo; o impacto parece ser maior entre os jovens. O suicídio freqüentemente tem apelo suficiente para ser noticiado, e a mídia tem o direito de mostrá- lo. Mesmo assim, a maioria dos suicídios não é mostrada pelos meios de comunicação; quando se toma uma decisão de informar o publico acerca de um suicídio, normalmente ele envolve uma pessoa, lugar ou métodos particulares. Os suicídios que mais provavelmente atraem a atenção dos meios de comunicação são aqueles que fogem aos padrões usuais. Na verdade, chama a atenção o fato de que os casos mostrados na mídia são quase que invariavelmente atípicos ou incomuns. Então, mostrá-los como típicos perpetua ainda mais a desinformação sobre o suicídio. Os clínicos e os pesquisadores sabem que não é a cobertura jornalística do suicídio per se , mas alguns tipos de cobertura, que aumentam o comportamento suicida em populações vulneráveis. Por outro lado, alguns tipos de cobertura podem ajudar a prevenir a imitação do comportamento suicida. Ainda assim, há sempre a possibilidade de que a publicidade sobre suicídios possa fazer com que a idéia pareça “normal”. Coberturas de suicídios repetidas e

continuadas tendem a induzir e a promover preocupações suicidas, particularmente entre adolescentes e adultos jovens.

FONTES DE INFORMAÇÃO CONFIÁVEIS

Informações confiáveis sobre a mortalidade por suicídios podem ser obtidas através de algumas agências no mundo. O banco de dados da OMS contém dados desde 1950, distribuídos por idade e por gênero. Outras agências que podem se constituir em fontes de informação são as seguintes:

  • Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
  • Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM)
  • Instituto Inter-Regional das Nações Unidas para Investigações sobre Criminalidade e Justiça (UNICRI)
  • Rede Clínico-Epidemiológica Internacional (INCLEN)
  • Sociedade Internacional para a Prevenção da Negligência e Abuso Infantis (ISPCAN)
  • INTERPOL
  • Departamento Estatístico da Comunidade Européia (EUROSTAT)
  • Banco Mundial

Várias agências governamentais, associações nacionais e organizações voluntárias também são fontes de informação, como por exemplo:

  • Centro Nacional para a Pesquisa e Prevenção do Suicídio da Suécia
  • Departamento Australiano de Estatística
  • Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Estados Unidos)
  • Insitiuto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasil)

O relato de suicídios de uma maneira apropriada, acurada e cuidadosa, por meios de comunicação esclarecidos, pode prevenir perdas trágicas de vidas.

freqüência, mas em muitos países se nota um aumento alarmante nas taxas de suicídio neste grupo etário.

COMO NOTICIAR O SUICÍDIO EM GERAL

Os assuntos específicos que devem ser abordados na cobertura de um suicídio incluem os seguintes:

  • as estatísticas devem ser interpretadas cuidadosamente e corretamente;
  • fontes de informação confiáveis e autênticas devem ser usadas;
  • comentários improvisados devem ser feitos cuidadosamente, a despeito das pressões de tempo;
  • generalizações baseadas em fragmentos de situações requerem atenção particular;
  • expressões como “epidemia de suicídio” e “o lugar com a mais alta taxa de suicídio do mundo” devem ser evitadas;
  • deve-se abandonar teses que explicam o comportamento suicida como uma resposta às mudanças culturais ou à degradação da sociedade.

COMO NOTICIAR CASOS ESPECÍFICOS DE SUICÍDIO

Os seguintes aspectos devem ser levados em consideração:

  • a cobertura sensacionalista de um suicídio deve ser assiduamente evitada, particularmente quando uma celebridade está envolvida. A cobertura deve ser minimizada até onde seja possível. Qualquer problema de saúde mental que a celebridade pudesse apresentar deve ser trazido à tona. Todos os esforços devem ser feitos para evitar exageros. Deve-se evitar fotografias do falecido, da cena do suicídio e do método utilizado. Manchetes de primeira página nunca são o local ideal para uma chamada de reportagem sobre suicídio.
  • Devem ser evitadas descrições detalhadas do método usado e de como ele foi obtido. As pesquisas mostraram que a cobertura dos suicídios pelos meios de comunicação tem impacto maior nos métodos de suicídio usados do que na freqüência de suicídios. Alguns locais – pontes, penhascos, estradas de ferro, edifícios altos, etc – tradicionalmente associam-se com

suicídios. Publicidade adicional acerca destes locais pode fazer com que mais pessoas os procurem com esta finalidade.

  • O suicídio não deve ser mostrado como inexplicável ou de uma maneira simplista. Ele nunca é o resultado de um evento ou fator único. Normalmente sua causa é uma interação complexa de vários fatores, como transtornos mentais e doenças físicas, abuso de substâncias, problemas familiares, conflitos interpessoais e situações de vida estressantes. O reconhecimento de que uma variedade de fatores contribuem para o suicídio pode ser útil.
  • O suicídio não deve ser mostrado como um método de lidar com problemas pessoais como falência financeira, reprovação em algum exame ou concurso ou abuso sexual.
  • As reportagens devem levar em consideração o impacto do suicídio nos familiares da vítima, e nos sobreviventes, em termos de estigma e sofrimento familiar.
  • A glorificação de vítimas de suicídio como mártires e objetos de adoração pública pode sugerir às pessoas suscetíveis que a sociedade honra o comportamento suicida. Ao contrário, a ênfase deve ser dada ao luto pela pessoa falecida.
  • A descrição das conseqüências físicas de tentativas de suicídio não fatais (dano cerebral, paralisia, etc), pode funcionar como um fator de dissuasão.

INFORMAÇÕES SOBRE AJUDA DISPONÍVEL

A mídia pode ter um papel proativo na prevenção do suicídio, ao divulgar as seguintes informações junto com as notícias sobre suicídio:

  • listas de serviços de saúde mental disponíveis e telefones e endereços de contato onde se possa obter ajuda (devidamente atualizados);
  • listas com os sinais de alerta de comportamento suicida;
  • esclarecimentos mostrando que o comportamento suicida freqüentemente associa-se com depressão, sendo que esta é uma condição tratável;
  • demonstrações de empatia aos sobreviventes (familiares e amigos das vítimas) com relação ao seu luto, oferecendo números de telefone e

Referências

  1. Schmidtke A, Schaller S. What do we do about media effects on imitation of suicidal bahaviour. In: De Leo D, Schmitke A, Schaller S, eds. Suicide prevention: a holistic approach. Dordrecht, Kluwer Academic Publishers, 1998: 121-137.
  2. Motto J. Suicide and suggestibility. American Journal of Psychiatry, 1967, 124: 252-256.
  3. Mazurk PM et al. Increase of suicide by asphyxiation in New Yor City after the publication of “Final Exit”. New England Journal of Medicine , 1993, 329: 1508-1510.
  4. Soubrier JP. La prévention du suicide est-elle encore possible depuis la publication autoriseé d´un livre intitulé: Suicide Mode d´Emploi – Histoire, Techniques, Actualités. Bulletin de l´Académie Nationale de Médecine, 1984, 168: 40-46.
  5. Philips DP, Lesnya K, Paight DJ. Suicide and media. In: Maris RW, Berman AL, Maltsberger JT, eds. Assessment and prediction of suicide. New Yor, Guilford, 1992: 499-519.
  6. Wasserman D. Imitation of suicide: a re-examination of the Werther effect. American Sociological Review , 1984, 49: 427-436.
  7. Philips DP. The impact of fictional television stories on US adult fatalities: new evidence on the effect of the mass media on violence. American Journal of Sociology , 1982, 87: 1340-1359.
  8. Hawton K et al. Effects of a drug overdose in a television drama on presentations to hospital for self-poisoning: time series and questionnaire study. British Medical Journal , 1999, 318: 972-