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Este documento discute os efeitos positivos da grátidao, descrevendo-a como paz de espírito, bem-estar individual, felicidade, saúde e fortalecimento de relações pessoais. Os autores clássicos destacam a importância de cultivar e expressar gratidão para a saúde e vitalidade de cidadãos e sociedade. A grátidao é necessária para ser grato, reconhecendo a existência de coisas boas e agradáveis, e a sensação de que a dádiva oferecida não tem qualquer razão de ser é mais provável gerar sentimento de gratidão. Os benefícios da prática da gratidão incluem melhor lidar com stress e traumas, recuperação de doenças e melhor saúde física.
Tipologia: Resumos
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Ana Filipa Almeida Matias de Vasconcelos Alves
Secção de Psicologia Clínica e da Saúde Núcleo de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa
Ana Filipa Almeida Matias de Vasconcelos Alves
Secção de Psicologia Clínica e da Saúde Núcleo de Psicoterapia Cognitiva-Comportamental e Integrativa
Dissertação orientada pela Professora Doutora Helena Águeda Marujo
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À Professora Doutora Helena Águeda Marujo pela orientação e partilha de conhecimento, por novas e encantadoras perspectivas, e pela tolerância, paciência e apoio que poucos teriam proporcionado.
Aos participantes deste estudo, sem os quais a realização do mesmo não teria sido possível.
Aos amigos que de algum modo me encorajaram e deram forças para terminar este trabalho. Em particular às minhas colegas de curso, Rita, Leonor e Dayana, que me acompanharam sempre nesta jornada. À Melanie por, mesmo depois de ter deixado esta casa, ter estado sempre presente, por me ter ouvido e apoiado quando mais precisava e pelo carinho incondicional.
Aos meus avós, aos que estão e aos que continuam a estar, sempre presentes na minha vida, por sempre me terem incentivado a ir mais longe e acreditado em mim.
E principalmente aos meus pais, Paulo e Augusta, aos meus irmãos, João e Marta, e ao João, de quem muito me orgulho. Obrigada por acreditarem, por apoiarem, por me ensinarem e ajudarem a ser mais e melhor, por me arrancarem sorrisos nos momentos mais difíceis, por todo o amor e, acima de tudo, por serem as pessoas mais maravilhosas que conheço.
A cada um de vós, um grande e sincero bem haja.
iii
A gratidão é algo que pertence à nossa realidade enquanto seres humanos e pode ser concebida como uma resposta positiva a um benefício proporcionado por uma entidade exterior, daí que seja pertinente perceber de que modo influencia a vida daqueles que a praticam. Neste estudo pretende-se perceber de que modo a realização do “Exercício da carta de gratidão” afecta os indivíduos a nível pessoal e relacional, tanto na altura da realização do mesmo, como aproximadamente um ano depois. Pretende-se ainda perceber se a actividade de expressar gratidão foi incorporada na vida dos indivíduos, por que motivos e de que modo. Para o efeito foram realizadas 5 entrevistas, tendo-se recorrido ao método qualitativo da análise de conteúdo para interpretação dos resultados. Estes permitem concluir que a gratidão facilita essencialmente o bem-estar subjectivo e o fortalecimento das relações a curto prazo, efeitos que embora se verifiquem a longo prazo não são, todavia, tão fortes. Por outro lado, este exercício potencia um aumento dos hábitos de expressão de gratidão, essencialmente pelo seu efeito a nível relacional, embora os indivíduos optem por uma expressão oral, por oposição à escrita.
Palavras-chave: Gratidão, Bem-estar Subjectivo, Relações Interpessoais, Psicoterapia.
ABSTRACT Gratitude has always been a part of our reality as human beings and can be conceived as a positive response to a benefit enabled by external entity. Therefore, it is of pertinence to try to understand how gratitude influences the lives of those who put it into practice. In this study we try to understand how the execution of the “Gratitude letter exercise” affects individuals on a personal and relationship level, both by the time of its execution and about one year later. Moreover, we try to understand if the activity of expressing gratitude was incorporated in the individuals’ lives, for what reasons and in what way. With this purpose 5 interviews were made and the results subsequently interpreted according to the method of qualitative content analysis. From the results we can conclude that gratitude facilitates mostly the experience of subjective well-being and strengths relationships on a short run. Though these effects can also be observed on a long run, they are weaker. On the other hand, it enables an increase in the frequency that individuals express gratitude, mostly because of its effect in terms of relationships, despite doing it more through oral expression than written.
Key-words: Gratitude, Subjective Well-being, Interpersonal Relationships, Psychotherapy.
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Figura 1 – Percentagens das subcategorias de impacto pessoal …………………….. 45 Figura 2 – Percentagens das subcategorias de impacto relacional ………………….. 45
II - Revisão da Literatura
1. Psicologia positiva A psicologia positiva pretende construir e ser catalisador de qualidades positivas. Está por isso directamente relacionada com importantes experiências subjectivas tais como o bem-estar, contentamento e satisfação com o passado; esperança e optimismo no futuro; e felicidade e flow no presente (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). Esta corrente da psicologia foca-se assim nos aspectos saudáveis e agradáveis da vida ao estudar as emoções e experiências humanas positivas (Emmons, 2009), por oposição às patologias e fraquezas (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). De acordo com Seligman (2008) os resultados que a psicologia positiva procura alcançar são a felicidade e o bem-estar. As emoções positivas proporcionam uma amplificação dos modos de pensar e de agir dos indivíduos, o que por seu turno permite um crescimento contínuo em direcção ao funcionamento óptimo e a um melhorado bem-estar emocional. É através da experiência de emoções positivas que os indivíduos se podem transformar, tornando-se mais criativos, conhecedores, resilientes, socialmente integrados e saudáveis (Fredrickson, 2004). De acordo com estes objectivos, e apesar de existirem vários traços que interessa promover nas sociedades, e estudar na psicologia positiva, alguns mostram-se mais presentes e universais, surgindo em diversas culturas e momentos da história. É o caso das 24 forças que se organizam em torno de seis amplas virtudes (Park, Peterson & Seligman, 2006; Peterson, 2006; Peterson & Seligman, 2004; Seligman, 2008). Na sua essência as virtudes, consideradas universais, são bons hábitos que conotam excelência no carácter pessoal. De acordo com Hursthouse (1991, cit. in Emmons & Shelton, 2005), as virtudes são os traços de carácter de que precisamos para prosperar ou viver bem. Também Jeffries considera as virtudes como uma qualidade que expressa os
maiores potenciais da natureza humana (1998, cit. in Emmons & Shelton, 2005). Com o intuito de concretizar esses potenciais a psicologia positiva tem invocado o reconhecimento de factores e processos psicológicos capazes de fazer sobressair o bem- estar psicológico e físico, dos quais é exemplo a gratidão (Emmons, 2009).
2. O que é a gratidão “A palavra gratidão deriva do latim gratia , que significa «favor», e gratus , que significa «agradar»” (Emmons, 2009, p. 17). Todas as derivações da palavra estão relacionadas com a bondade, a beleza de dar e receber, de partilhar, de ser gentil, generoso, de retribuir (Pruyser, cit. in Emmons & Shelton, 2005). A gratidão tem sido descrita de diversos modos, quer como emoção, estado de espírito, virtude moral, traço de personalidade, hábito, forma de coping ou, tão simplesmente, como modo de estar na vida (Emmons, 2009). Através de pesquisa científica, Emmons (op. cit.) descobriu que com a prática regular de gratidão as pessoas sentem vários benefícios, nomeadamente psicológicos, físicos e interpessoais, sendo que para alguns a experiência de gratidão modificou até a sua vida. Elementos próximos de pessoas que praticam gratidão revelam também que estas aparentam ser mais felizes e os que os rodeiam apreciarem a sua companhia. Por seu turno, Emmons e Shelton (2005), Seligman (2008) e Fredrickson (2004) referem efeitos semelhantes da gratidão, que descrevem como paz de espírito, bem-estar individual, felicidade, saúde e fortalecimento de relações pessoais, tornando estas últimas mais profundas e satisfatórias. Os escritores clássicos explicitaram a importância de cultivar e expressar gratidão para a saúde e vitalidade, tanto dos cidadãos, como da sociedade (Emmons, 2009). Experiências e expressões de gratidão têm sido consideradas, em diversas
Há por isso três condições que potenciam a experiência de gratidão. Uma delas é a valorização do que se recebe, sendo que quanto mais importante for para o receptor, mais facilmente este sentirá gratidão. Em segundo lugar, o reconhecimento da existência de alguém que intencionalmente nos proporcionou algo bom e positivo também ajuda a facilitar o sentir-se grato. E, por fim, quanto maior for a sensação de que a dádiva oferecida não tem qualquer razão de ser, e se trata de um gesto em que não há qualquer tipo de interesse ou objectivo de obtenção de algo em troca, mais provável se torna o sentimento de gratidão (Barlett & DeSteno, 2006; Emmons & Shelton, 2005). Para se sentir gratidão são assim necessários dois elementos - um contexto interpessoal e uma teoria da mente do receptor em que este percepciona boas intenções por parte do emissor, fazendo-o sentir-se amado e estimado. A gratidão é essencialmente um afecto moral com base na empatia, pois para compreender o custo do benefício, o receptor tem de identificar o estado psicológico daquele que o proporcionou (Emmons & Shelton, 2005). Lazarus e Lazarus colocam a gratidão na categoria das emoções empáticas porque, tal como com a compaixão, depende da capacidade para empatizar com os outros. O enredo dramático para a gratidão é a apreciação de um presente altruísta. Sugerem ainda que dentro das transacções interpessoais, os significados que as pessoas atribuem a dar e receber influenciam a sua experiência de gratidão (1994, cit. in Emmons & Shelton, 2005). Todavia, convém notar que a gratidão pode igualmente advir de um acontecimento com conotação negativa, um mal imerecido. Não raras são as pessoas que sentem gratidão mesmo após a ocorrência de traumas e tragédias, como por exemplo ataques terroristas, desastres naturais, doenças crónicas. Com efeito, para que esta virtude fique completa é necessário que se reúnam as seguintes condições: reconhecimento (intelectual), aceitação (boa vontade) e apreciação (emocional)
(Emmons, 2009). Contudo, de acordo com Lewis (1958, cit. in Watkins, 2004), até expressarmos o apreço que sentimos por outra pessoa, este é incompleto. Ou seja, a expressão da gratidão permite-nos tirar o máximo partido de uma bênção anterior, tornando o processo completo. Por fim, podemos considerar a existência de dois pólos distintos na gratidão. Num dos pólos, conforme mencionado, temos o receptor que reconhece e aceita um benefício proporcionado por outra pessoa e confere-lhe um carácter intencional. No outro temos o dador, que reconhece que o receptor tem necessidade e/ou merece esse benefício, ao mesmo tempo que considera ser capaz de proporcioná-lo (Emmons, 2009). Ser-se genuinamente grato é sentirmo-nos endividados de uma maneira que impede a retribuição. Dada esta realidade, a mera tentativa de retribuir é uma autêntica expressão de gratidão (Emmons & Shelton, 2005).
3. O que é o bem-estar subjectivo O bem-estar subjectivo é definido enquanto as avaliações cognitivas e afectivas da vida do indivíduo. Estas compreendem não só reacções emocionais a acontecimentos, mas também juízos cognitivos de satisfação e realização individual. O bem-estar subjectivo inclui por isso a vivência de emoções positivas, níveis de negatividade reduzidos e elevada satisfação com a vida (Diener, Lucas & Oishi, 2005). Bradburn (1969, cit. in Diener, Lucas & Oishi, 2005) demonstrou que os afectos positivos e negativos são relativamente independentes, o que tem implicações directas para a psicologia, na medida em que a eliminação de estados negativos não conduz necessariamente a um aumento dos estados positivos. Por outro lado, a satisfação com a vida é função de informações diferentes para pessoas diferentes, podendo ainda variar consoante as variáveis situacionais (Diener, Lucas & Oishi, 2005).
níveis de emoções positivas, sentindo-se mais alegres, felizes, carinhosas e entusiastas. Aparentemente isto deve-se à prática da gratidão, que também as ajuda a evitar sentimentos destrutivos, como a ganância, inveja e rancor. Quem sente gratidão consegue lidar melhor com o stress e traumas, e pode mais facilmente recuperar de enfermidades e ter mais saúde física (Emmons, 2009; Emmons & McCullough, 2003, Fave, 2006). Conforme Walker e Pitts (1998) e Overwalle e colaboradores (1995) (cit. in Emmons & Shelton, 2005), empiricamente a gratidão é um estado prazeroso que se encontra ligado a emoções positivas tais como o contentamento, felicidade, orgulho e esperança. Em suma, a gratidão prediz e causa bem-estar (Emmons & McCullough, 2003; Lyubomirsky, Sheldon & Schkade, 2005; Park, Seligman, Steen & Peterson, 2005). Num estudo realizado sobre o tema, as diferenças notadas no bem-estar subjectivo dos indivíduos não eram só perceptíveis para os próprios, mas também para os respectivos cônjuges, o que no geral significa que estas mudanças emocionais decorrentes da prática de gratidão poderão ser visíveis a todos quantos com eles convivam (Emmons & McCullough, 2003).
De acordo com Emmons (2009), as pessoas gratas são capazes de dar mais valor aos ganhos imateriais, não residindo por isso a sua felicidade nos bens materiais. Como não avaliam o seu êxito com base em bens materiais, não sentem tanta inveja dos outros. Apesar disto, e dada a sua habilidade em retirar o melhor da vida, conseguem também retirar o melhor dos bens materiais, ainda que sejam “materialistas com consciência”. Segundo Maslow, a habilidade para experienciar e expressar gratidão é essencial para a saúde emocional, e a vida pode ser melhorada se formos capazes de contar as nossas bênçãos (Emmons & Shelton, 2005).
“A felicidade é facilitada quando apreciamos aquilo que nos foi dado, quando «desejamos o que temos»” (Emmons, 2009, p. 25). Neste sentido a felicidade será potenciada pela gratidão, pois mais uma vez, e de acordo com o mesmo autor, foram encontradas relações entre a gratidão e a capacidade de apreciar o bem, sendo estas directamente proporcionais. Por seu turno, as pessoas felizes sentem-se também mais auto-confiantes, criativas e são mais afortunadas. Ao focarem-se no que lhes foi dado por terceiros sentem-se acarinhadas e amadas (Fredrickson, 2001). Numa pesquisa realizada por Gallup (1998, cit. in Emmons & Shelton, 2005), 90% dos participantes (adolescentes e adultos) revelaram que expressar gratidão os ajudava a sentirem-se extremamente felizes ou algo felizes. Seligman, Rashid e Parks (2006) também encontraram evidências de que exercícios de gratidão diminuem os sintomas depressivos e aumentam a felicidade. Ainda que a investigação sugira que existem níveis basais de felicidade, aos quais voltamos necessariamente após a ocorrência de eventos imprevistos, a verdade é que estes são variáveis. Deste modo, há actividades intencionais que permitem aumentar ou reduzir este nível basal de felicidade dentro dos seus limites genéticos (Diener, Lucas & Oishi, 2005; Fugita & Diener, 2005). Uma vez que os níveis de felicidade são influenciados em 50% pelo seu nível basal, 10% pelas circunstâncias e 40% por actividades intencionais (Fugita & Diener, 2005), o exercício da gratidão poderá então ser estimulado, transformando-se num elemento indispensável da felicidade (Emmons, 2009). Também a depressão se encontra relacionada com a gratidão mas, ao contrário do que acontece com a felicidade, a depressão é inversamente proporcional à gratidão. Indivíduos deprimidos apresentam níveis de gratidão claramente inferiores do que os de indivíduos não deprimidos. Uma vez que a depressão se caracteriza pela ausência de
relacionamentos. Quem viva sem estas experiências poderá sentir-se só, isolado e entristecido (Emmons, 2009). De acordo com estudos realizados por Emmons e McCulloughs (2003), indivíduos que praticam a gratidão sentem-se mais conectados com os outros. Como tal há uma forte, talvez até principal, componente de reciprocidade pró-social na gratidão (Fredrickson, 2001). Curiosamente, grande parte das dádivas mencionadas pelos indivíduos num dos estudos incidia sobre a categoria interpessoal, já que amigos e família eram recorrentemente mencionados e estas relações tinham aparentemente um valor intrínseco. Esta foi, para além disso, uma das categorias que se comprovou estar mais ligada a maiores níveis de bem-estar (Emmons & McCullough, 2003). Ou seja, a gratidão tem também um impacto no bem-estar subjectivo através das relações interpessoais, e nas relações interpessoais através de um maior bem-estar subjectivo, porque quando nos sentimos bem demonstramo-lo aos outros, estando assim num ciclo virtuoso. Segundo Emmons (2009), os diários de gratidão permitem que as pessoas se sintam mais próximas e de algum modo mais ligadas aos outros. Mostram-se mais disponíveis para ajudá-los e são vistas dentro da sua rede social como sendo mais úteis. Aqueles que lhes são mais próximos revelam que parecem mais felizes e consideram a sua companhia mais encantadora. As pessoas gratas têm também melhores relacionamentos, mais estáveis e resistentes, estando menos isoladas (Emmons & McCullough, 2003). Num estudo desenvolvido por Froh e colaboradores (2008), os estudantes na condição de gratidão tinham de listar durante duas semanas até cinco coisas do dia anterior pelas quais se sentissem gratos. Verificou-se que as relações de afecto e apoio foram as mais mencionadas pelos alunos nesta condição e, comparativamente, estes
revelavam-se também os mais optimistas relativamente à semana seguinte, conforme verificado no follow-up. As relações sociais deterioram-se muitas vezes na sequência de emoções com cariz negativo, como sejam a zanga, inveja e ressentimento. A virtude da gratidão apresenta a mais-valia de nos proteger dos efeitos destas emoções negativas e, simultaneamente, parece contribuir para melhorar os sentimentos de amizade e delicadeza, uma vez que se quer o melhor e se dá, por meio da gratidão, o que é justo a quem nos fez bem. Isto permite demonstrar que reconhecemos as boas intenções dos outros e respeitamo-los por isso (Emmons, 2009). Segundo Atchley, apesar da felicidade e gratidão estarem relacionadas, há grandes diferenças no que respeita à sua direcção. Ao passo que com a felicidade as pessoas se focam em si mesmas e no seu bem-estar, apesar de o quererem transmitir aos demais; com a gratidão elas procuram acima de tudo partilhar com os outros não só o que de bom lhes sucedeu, mas a quem o devem, não se focando tanto nelas próprias e sim nos seus doadores (Emmons, 2009). Esta forma de partilha não auto-focada poderá ter efeitos mais positivos nas relações humanas, promovendo a sua formação e manutenção (Algoe, Haidt & Gable, 2008).
5. Porque não a gratidão Embora a gratidão seja uma resposta normal à ocorrência de acontecimentos positivos, esta nem sempre se mostra como uma resposta apropriada. Não será adequado sentir gratidão por alguém cujas intenções não fossem as de fazer o bem, de ser um benfeitor (Emmons, 2009). Por vezes poderá ser difícil lidar com a experiência de gratidão pois isso implicará sentimentos de humildade e dívida pela consciência de que não somos