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Esportes Não Convencionais: Apresentando Novas Vivências Corporais na Educação Física, Notas de aula de Educação Física

Este documento discute a necessidade de introduzir esportes menos conhecidos na educação física, como ultimate frisbee, tag rugby e tchoukball. Ele aborda as características desses esportes, suas regras e importância no contexto escolar. Além disso, ele discute a importância de trazer uma reflexão crítica sobre a relação entre o capitalismo e esses esportes.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Carioca85
Carioca85 🇧🇷

4.5

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Uma perspectiva para os esportes não convencionais na escola: Ultimate
Frisbee, Tag Rugby e Tchoukball
Cleber Franco
1
Cleuton Silva
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Resumo:
O referente artigo nos traz uma forma de pensar e refletir, que podemos vivenciar um leque de
possibilidades esportivas dentro do contexto escolar. Os Centros Juvenis de Ciências e Cultura é um
modelo de educação desenvolvido pelo governo do Estado da Bahia, como meio de educação
inovadora e tecnológica. No entanto, a explanação é em torno do Centro de Senhor do Bonfim,
município do Estado da Bahia. Considerando que a instituição vem trabalhando de forma educativa
nos turnos oposto tento como clientela os alunos matriculados no Ensino Médio da Educação Básica.
Objetiva-se em mostrar de forma clara e objetiva como os esportes não convencionais, podem
caracterizar-se como um modelo pedagógico e interdisciplinar, podendo os mesmos serem discutidos
por outros tipos de linguagens, como: a matemática, a física e as ciências biológicas dentre outras.
Esse novo modelo de ensino reflete e permite ao mesmo tempo adequações para o contexto local,
conscientizando aos alunos que podemos vivenciar diversos tipos de experiências corporais a partir
das aproximações de culturas diferentes. Portanto, trazer novos modelos de educação é permitir que
os discentes vivenciem essas perspectivas, e busquem interagir a partir de um contexto, sociocultural
e tecnológico, numa perspectiva interdisciplinar de ensino.
Palavras chaves: Educação Física. Ultimate Frisbee. Tag Rugby. Tchoukball
1. Introdução
Os Centros Juvenis de Ciências e Cultura do estado da Bahia é uma iniciativa da
Secretaria de Educação do Estado da Bahia para promover a ampliação da jornada escolar
e a diversificação do currículo dos estudantes. As atividades são feitas de forma lúdica em
ambientes interativos. O CJCC conta com cinco unidades no Estado: Salvador, Senhor do
Bonfim, Vitória da Conquista, Itabuna e em Barreiras.
O Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Senhor do Bonfim oferece cursos de
caráter teórico-prático onde os conteúdos programáticos são trabalhados de forma interativa
e dinâmica envolvendo a construção em grupo para que assim estabeleçam atividades
dialogadas entre jovens e toda a equipe da Instituição. O processo de ensino é distribuído
em três ciclos durante o ano letivo, sempre obedecendo à mesma linha de ensino da escola
regular, onde são distribuídos em unidades. Dessa forma a cada ciclo a uma redistribuição
de outras oficinas, sendo mantidas aquelas que sempre são mais procuradas.
Este artigo tem por objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no Centro Juvenil na
área da disciplina de Educação Física. Ao qual teve como foco o trato com esportes não
convencionais na escola, traçando uma perspectiva de trabalho interdisciplinar e inovadora,
ao qual buscou o aprendizado amplo em diversas áreas do conhecimento, através das
modalidades de Ultimate Frisbee, Tag Rugby e Tchoukball. O objetivo das unidades é
cumprir um papel de extensão em relação à educação formal e ampliar o acesso de
estudantes baianos às temáticas culturais e científicas modernas. Cuja perspectiva é
consolidar a capacidade cognitiva de fazer nexos interdisciplinares, reforçando a
compreensão de fatos culturais, artísticos e tecnológicos da humanidade, além de avanços
e conquistas científicas.
De acordo o que foi apresentado especificamente, adentramos nos seguintes
contextos: i) vivenciamos o conhecimento dos esportes não convencionais como método de
inovação; ii) conhecemos as particularidades e desdobramentos das modalidades como:
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Professor/ Coordenador de Educação Física do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Senhor do Bonfim BA.
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Professor de Educação Física da Escola Municipal de Vila Medrado Andorinha - BA
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Baixe Esportes Não Convencionais: Apresentando Novas Vivências Corporais na Educação Física e outras Notas de aula em PDF para Educação Física, somente na Docsity!

Uma perspectiva para os esportes não convencionais na escola : Ultimate Frisbee, Tag Rugby e Tchoukball Cleber Franco^1 Cleuton Silva^2 Resumo:

O referente artigo nos traz uma forma de pensar e refletir, que podemos vivenciar um leque de possibilidades esportivas dentro do contexto escolar. Os Centros Juvenis de Ciências e Cultura é um modelo de educação desenvolvido pelo governo do Estado da Bahia, como meio de educação inovadora e tecnológica. No entanto, a explanação é em torno do Centro de Senhor do Bonfim, município do Estado da Bahia. Considerando que a instituição vem trabalhando de forma educativa nos turnos oposto tento como clientela os alunos matriculados no Ensino Médio da Educação Básica. Objetiva-se em mostrar de forma clara e objetiva como os esportes não convencionais, podem caracterizar-se como um modelo pedagógico e interdisciplinar, podendo os mesmos serem discutidos por outros tipos de linguagens, como: a matemática, a física e as ciências biológicas dentre outras. Esse novo modelo de ensino reflete e permite ao mesmo tempo adequações para o contexto local, conscientizando aos alunos que podemos vivenciar diversos tipos de experiências corporais a partir das aproximações de culturas diferentes. Portanto, trazer novos modelos de educação é permitir que os discentes vivenciem essas perspectivas, e busquem interagir a partir de um contexto, sociocultural e tecnológico, numa perspectiva interdisciplinar de ensino.

Palavras chaves: Educação Física. Ultimate Frisbee. Tag Rugby. Tchoukball

1. Introdução

Os Centros Juvenis de Ciências e Cultura do estado da Bahia é uma iniciativa da Secretaria de Educação do Estado da Bahia para promover a ampliação da jornada escolar e a diversificação do currículo dos estudantes. As atividades são feitas de forma lúdica em ambientes interativos. O CJCC conta com cinco unidades no Estado: Salvador, Senhor do Bonfim, Vitória da Conquista, Itabuna e em Barreiras.

O Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Senhor do Bonfim oferece cursos de caráter teórico-prático onde os conteúdos programáticos são trabalhados de forma interativa e dinâmica envolvendo a construção em grupo para que assim estabeleçam atividades dialogadas entre jovens e toda a equipe da Instituição. O processo de ensino é distribuído em três ciclos durante o ano letivo, sempre obedecendo à mesma linha de ensino da escola regular, onde são distribuídos em unidades. Dessa forma a cada ciclo a uma redistribuição de outras oficinas, sendo mantidas aquelas que sempre são mais procuradas.

Este artigo tem por objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no Centro Juvenil na área da disciplina de Educação Física. Ao qual teve como foco o trato com esportes não convencionais na escola, traçando uma perspectiva de trabalho interdisciplinar e inovadora, ao qual buscou o aprendizado amplo em diversas áreas do conhecimento, através das modalidades de Ultimate Frisbee, Tag Rugby e Tchoukball. O objetivo das unidades é cumprir um papel de extensão em relação à educação formal e ampliar o acesso de estudantes baianos às temáticas culturais e científicas modernas. Cuja perspectiva é consolidar a capacidade cognitiva de fazer nexos interdisciplinares, reforçando a compreensão de fatos culturais, artísticos e tecnológicos da humanidade, além de avanços e conquistas científicas.

De acordo o que foi apresentado especificamente, adentramos nos seguintes contextos: i) vivenciamos o conhecimento dos esportes não convencionais como método de inovação; ii) conhecemos as particularidades e desdobramentos das modalidades como:

(^1) Professor/ Coordenador de Educação Física do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Senhor do Bonfim – BA. (^2) Professor de Educação Física da Escola Municipal de Vila Medrado – Andorinha - BA

ultimate frisbee (ausência do árbitro/autonomia); tchockball (o esporte é saúde?); tag rugby (trabalho em equipe, a força e o esporte na mídia); iii) trabalhamos a interdisciplinar como campo de amplo conhecimento.

Nesse sentido houve a necessidade de introduzirmos essas modalidades pouco conhecida pelos alunos, traçando uma perspectiva de apresentar esses esportes de forma lúdica e interdisciplinar. Sendo questionados seus contextos históricos, suas regras, suas adaptações e as possibilidades de trabalharmos questões sociais como: gênero, saúde, tecnologia e ciência. A Educação Física desenvolvida na escola atualmente tem sua representatividade maior através da aplicação dos esportes tradicionais como: o futebol, o voleibol, o handebol e o basquetebol. A introdução desses esportes é considerada importante, mas é preciso possibilitar que os alunos também vivenciem outras formas de conhecimentos e experiências através de outras modalidades esportivas pouco conhecidas, ao qual, consideramos como não convencionais. Como os espaços escolares podem inserir esses “esportes” na escola? E qual a importância de trabalhar esses esportes não convencionais dentro do contexto escolar?

O Centro Juvenil traz em seu contexto, possibilidades para que as determinadas áreas do conhecimento tenham necessidades de inovar, criar e recriar, numa nova perspectiva, ou seja, uma forma de transmissão do conhecimento aliado à ciência, cultura e tecnologias como forma de elaborar/reelaborar algo interessante, diferente e atraente para os alunos. Dessa forma os Educadores da área de Educação Física buscaram de forma diferente associar essas idéias aos esportes não convencionais. Adaptando ao contexto escolar essas novas modalidades, que podem ser vistas não como esportes, mas como estudos de teorias entre as ciências e a prática desenvolvida pelos alunos.

A metodologia desenvolvida em torno das atividades buscou de forma clara e objetiva apresentar um modelo de aula em que todos os participantes conhecessem o contexto histórico das modalidades, suas principais regras, suas adaptações, suas regionalizações e a importância que essas modalidades podem influenciar tanto como meio cultural, social e científica. Essa interatividade possibilitava aos alunos a conhecerem essas práticas corporais que fazem parte do contexto de outros países, fazendo parte agora de seu cotidiano e da sua realidade.

Portanto, apresentar aos alunos da rede estadual novas vivências corporais é permitir que ele próprio, busque associar novas formas de praticar e pensar a ciência, a tecnologia e a cultura que existe no cotidiano deles. Mostrando aos alunos uma metodologia voltada para a construção do individuo em conjunto, permitindo que eles próprios criassem suas perspectivas de vidas. E percebessem que vivenciar nossas práticas esportivas é tão importante quanto praticarem as modalidades já existentes dentro do contexto escolar.

2. Pressuposto teórico

Embora exista o macro campo esportivo dentro do contexto escolar, é visível a vivência de modalidades tradicionais nas escolas, como: futebol, voleibol, handebol e basquetebol. Segundo Moura et. al. (2016, p. 24), “apesar dos esportes ocuparem o maior espaço de conteúdo da Educação Física escolar, isso se resume a um número restrito de modalidades contempladas, geralmente dando visibilidade apenas aos esportes conhecidos como esportes de massa”. Nesse sentido é de suma importância apresentamos para os profissionais de área, para os alunos e a sociedade qual é a verdadeira importância de vivenciamos essas novas práticas corporais, e estabelecermos essa ligação de conhecimento entre essas vivências e os questionamentos científicos.

O frisbee se caracteriza pela alternância constante de situações de ataque e defesa entre as equipes. Por isso é um esporte muito dinâmico, em que é necessário perceber a situação de jogo (posicionamento dos companheiros e adversários em relação às áreas de gol – tanto de ataque quanto de defesa) e tomar decisões de forma constante para escolher as melhores ações a realizar. Uma peculiaridade desse esporte é o fato de ser um dos poucos esportes no mundo que não possui árbitros. As regras servem como um guia para a prática do jogo, não ocorrendo violações intencionais, pois existe um código de honra e respeito mútuo entre os participantes (González, 2006)

Segundo a Federação Paulista de Discos- FDC os jogadores são estimulados a respeitar os princípios do jogo e a praticarem o fair play (jogo limpo), julgando a intencionalidade de suas ações. Em caso de atos involuntários que infrinjam os princípios e ou regras do jogo, o próprio infrator – ao julgar sua ação – assume que cometeu uma infração.

De acordo a Garcia e Mouro (2011) “o Tag Rugby é um jogo de iniciação ao Rugby, fácil de jogar, divertido e seguro”. Pode ser praticado por equipes mistas, mesmo em espaços reduzidos e com pisos duros como os que habitualmente existentes nas nossas escolas. No Tag Rugby estão presentes as ações fundamentais do jogo de rugby como a corrida com bola, a finta, o passe e o ensaio. Por razões de segurança e de progressão na aprendizagem do jogo de rugby, o gesto técnico da placagem é substituído pelo “Tag”, ação de retirar a fita ao portador da bola.

Garcia e Moura (2011), aponta que o Tag Rugby desenvolve valores essenciais como: Humildade e o espirito de sacrifício; Responsabilidade, coragem e criatividade; Espirito de equipe e entre ajuda; Disciplina e respeito. O rugby através das suas características singulares permite que seja vivenciado pelos alunos um vasto leque de aprendizagens motoras, promovendo a interação e a integração dos alunos, entre eles e na escola segundo Garcia e Moura (2011). O Rugby favorece a inclusão e a aceitação da diferença, todos são necessários, todos são importantes, independentemente das características físicas, culturais ou do género.

A Associação Brasileira de Tchoukball – ABTB (1999) relata que o Tchoukball nasceu dos pensamentos do Dr. Hermann Brandt^3 durante os anos 1960. No decorrer de seu trabalho, este médico de Genebra se deparou com um grande número de atletas que se lesionavam durante a prática esportiva. Criando então um esporte que permitisse que o indivíduo adquirisse e mantivesse um duradouro equilíbrio físico, mental e social. De acordo a historicidade encontrada na ABTB (1999), em termos da coletividade:

O Tchoukball desenvolve o espírito de tomadas de decisão de todo atleta e reforça as responsabilidades individuais. Quando um jogador pega a bola, somente ele pode decidir o que fazer, seja um passe ou um arremesso, e assim precisa aceitar seus eventuais erros. Após um arremesso falho, ele dará um ponto a outra equipe, e após um erro de passe a bola irá para a equipe adversária. Assim, todo jogador precisa dar seu melhor em todas as situações; Apresentar um comportamento tático dentro de um contexto de relações sociais que favoreça o respeito pelo adversário. Além disso, o jogador não

(^3) Dr. Hermann Brandt - nasceu em 6 de outubro de 1897, em La Chaux-de-Fonds (Neuchâtel, Suíça). A

partir de 1924, ele se interessou por ginástica medicinal, em reeducação física, no controle médico e no papel do esporte na sociedade. Sendo considerado até hoje criador do Tchoukball.

pode marcar um ponto em uma ação individual (obrigação do passe!) (ABTB, 1999).

Diante da proporcionalidade dos esportes não convencionais é presente o conceito social da Educação Física vivenciada no Tchoukball, segundo aponta a ABTB (1999):

A vitória deve estimular no adversário o desejo de melhorar, e não um sentimento de derrota ou submissão. Os vencedores não devem dar essa impressão. Uma satisfação saudável por parte dos vencedores é uma forma de estender a mão aos perdedores, incitando-os a continuar treinando adequadamente. Por essas razões, a noção de campeão deve dar espaço à noção mais simples e melhor adaptada de vencedor (ABTB, 1999).

Em todo o contexto de historicidade das modalidades é evidente a notificação que esses esportes podem influenciar dentro do contexto escolar. Fornecendo uma gama de princípios pedagógicos que pode ser adaptado em seus contextos, desde as vivencias corporais como medidas de saúde, ou até mesmo o equilíbrio dos alunos em sociedade.

Nesse sentido é perceptível que acha uma discursão clara e objetiva em torno da implantação dos esportes não convencionais dentro dos contextos escolares. E que os educadores possam desenvolver mais projetos no intuito de compartilhares essas novas modalidades no intuito de permitir que os alunos participem dessas novas vivencia corporais através dos esportes não convencionais.

3. Tecendo a sistematização

A ementa do plano de curso sempre permitiu que questionássemos de que forma poderia ser interessante e qual medida poderia ser introduzida durante as aulas. Sempre na tentativa de inovarmos a metodologia da aula, diferenciando do contexto escolar em que os alunos já frequentavam. O sentido pedagógico do Centro Juvenil é trabalhar com os alunos da rede Estadual no turno oposto da aula regular na escola, permitindo que os mesmos tenham uma educação integral. Esse modelo de educação fortaleceu ainda mais a introdução dessa nova metodologia, pois o foco maior era inovar as práticas esportivas através das modalidades não convencionais e associar uma metodologia diferenciada da escola.

Os planos de aulas sempre buscaram seguir a linhas das três dimensões: conceitual (entender o porquê de trabalhar aquela aula, conhecer o contexto histórico da modalidade e perceber a importância daquela metodologia naquele momento); procedimental (inserir os alunos dentro dos processos adaptativos e coordenativos motores); atitudinal (como aquelas ações poderiam influenciar em suas vidas como praticantes esportivos dentro da sociedade). Essa representatividade de conhecer, praticar e conscientizar o aluno a vivenciar não somente as modalidades esportivas, mais outros tipos de ciências é característica fundamental dos Centros Juvenis. Sempre conscientizando ao seu alunado a buscarem interagir com outros meios sociais e científicos, a buscarem entre as variáveis oportunidades de vivencia dentro do Centro a sua oportunidade de profissionalização.

Sempre direcionávamos as aulas de acordo a sequência motora lógica de cada modalidade. Associados a essa mesma linha, sempre existiu a preocupação de realizar alongamento em todos os membros do corpo (superior e inferior). Após esse desenvolvimento, sempre buscamos permitir que os alunos vivenciassem uma atividade moderada de cunho lúdico, servindo também de aquecimento. É o momento de socialização

Dessa forma é importante desenvolvermos atividades que tenha esse proposito de unir ambos os gêneros, e não permitir que tenha essa distinção de força, agilidade, de capacidades coordenativas, mas que signifique que todos têm o direito de vivenciar qualquer atividade física dentro ou fora do contexto escolar. Em sequência a essa reflexão referencialmente Vieira (2013), cita Duncan (2001, p. 121), pelo qual aponta que “a mídia, os pais, os professores e colegas dizem às crianças, de muitas e diferentes maneiras, que os meninos são fortes, e as meninas, o oposto”. Nessa linha de conflito de gênero feminino e masculino a mesma autora cita também Scarton (1994), que, em seus estudos percebeu-se que os professores de Educação Física fazem de um modo geral, uma avaliação mais positiva da aptidão física dos meninos em relação à das meninas.

Outra especificidade da modalidade que mais chamou nossa atenção foi ausência do arbitro, onde os próprios alunos marcavam suas faltas e ações. Após algumas intervenções deles terem experimentado o jogo sem o professor como árbitro, fizemos um júri em que uma parte da turma defendia a presença do árbitro e a outra parte defendia a ausência dele nos esportes em geral. Em um artigo encontrado no Portal da Educação^5 ressalta o seguinte questionamento sobre a Ética Esportiva e o Fair Play:

A ética esportiva está associada diretamente às condutas que demonstram o respeito ao esporte e aos demais esportistas através da troca de gentilezas entre atletas adversários, como estender a mão para auxiliar um adversário caído a se levantar, colocar uma bola para fora do jogo ao notar que um adversário está contundido, reconhecer uma boa atuação do adversário ou o simples cumprimento do vencido ao vencedor e vice-versa. Todas estas ações estão intimamente ligadas ao que chamamos de “Fair- Play” (jogo limpo) (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2015).

Essa discursão nos permitiu traça longas discutições principalmente com respeito do “Fair Play”,^6 buscando trabalhar temas como ética, respeito, autonomia do aluno visando com isso influenciar na atitude dentro do jogo em quadra e do jogo da vida. A ação de marcarem o jogo foi tão positiva que a ampliamos para as outras modalidades trabalhadas, o Tag Rugby e o Tchoukball.

3.2 Tag Rugby

O Tag Rugby em alguns países como a Austrália já é considerada como uma modalidade paralela ao Rugby tradicional sempre segundo Garcia e Mouro (2011, p. 56). É uma modalidade que foi adaptada do Rugby do qual se buscou um formato que não houvesse tanto contato físico, se encaixando perfeitamente a realidade escolar.

A introdução para essa modalidade de esporte na escola regue alguns materiais importantes, como: a cinta (com variações de cores) e a bola de Rugby (formato oval) dentre outros. No entanto não tínhamos disponível o cinto oficial com relação ao custo desses materiais. Então confeccionamos usando elásticos brancos com espessura de 5 cm e costuramos a parte do velcro áspera nas duas extremidades. Para as faixas utilizamos fitas de cetim em dois tons para identificarmos cada time.

(^5) https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao-fisica/a-etica-esportiva/

(^6) Espírito do jogo sendo a regra mais importante no esporte de disco voador. É semelhante ao Fair Play em

outros esportes. Que significa também jogo limpo. Disponível em: http://www.frisbeebrasil.com.br/tutoring

Com relação às bolas tentamos adaptar uma maneira que pudéssemos inserir um modelo paralelo as bolas de Rugby, utilizando a bola de basquete vazia, onde enrolamos com fitas adesivas, deixando no formato oval, porém mais pesada. A experiência com o bola adaptada foi positiva no sentido de oferecer uma manipulação e aerodinâmica bem próxima da utilizada no jogo. Por outro lado, a fita adesiva não tinha resistência suficiente para permitir uma longa utilização da bola, ocasionando no rompimento da fita. Mas, observamos que modificar essa bola adaptada com materiais mais resistentes, pode vim a ser considerada como uma possibilidade de termos esse objeto dentro das aulas, tendo em vista que a maioria das escolas não tem acesso a materiais diversificados e a compra de uma bola de Rugby se torna um grande entrave.

Dentro das perspectivas de conceituarmos a história da modalidade, utilizamos o filme “ INVICTUS ” 7 do qual traz a história da copa do mundo de Rugby no continente africano. Onde o filme nos mostra um momento delicado vivido pelo país, ao qual serviu de base para trabalhássemos junto com a área de humanas, buscamos tratar de questões relacionadas ao “ APARTHEID”^8 , a política, economia e questões sociais vividos na época.

É importante destacarmos que essa ação vai de encontro com a proposta de trabalharmos o ensino da cultura afro-brasileira na escola, ao qual tem muita influencia nos costumes e formação cultural de nosso país. Essa proposta de introduzirmos esses conhecimentos tem base na Lei 11.645 presente nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

O Rugby apesar de ser considerado como modalidade de muito contato, traz em sua essência valores que norteiam essa modalidade, onde buscamos com isso trazer esses princípios como parte do conteúdo das aulas, como: integridade, respeito, solidariedade, paixão e disciplina. Essas temáticas sempre vinham à tona no próprio desenrolar do jogo, com atitudes e tomadas de decisões vivenciadas pelos alunos, buscamos com isso o trato com essas questões em uma dimensão social.

No Rugby existe uma frase que diz: “o rugby é um esporte selvagem jogado por cavalheiros, enquanto o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por selvagens” 9 , nas experiências vivenciadas durante as práticas essa reflexão ficou muito evidenciada na vida dos alunos. O que nos remete a pensarmos em dois pontos importantes: Primeiro o quanto é urgente o trato com a zona de conhecimento atitudinal, principalmente dentro do conteúdo esporte, onde segundo Darido e Rangel (2008) “essa dimensão se constitui nos valores, normas, atitudes tomadas perante as situações, como a cooperação, solidariedade, inclusão, questões de gênero, ética, pluralidade cultural e resolução de conflito”. Segundo trabalhar com um esporte ou um conteúdo como as lutas em que a grande mídia mostre ter um contato muito grande ou que pareça oferecer risco a integridade física do aluno, não

(^7) É um filme de 2009, pertencente à categoria drama biográfico e esporte, dirigido por Clint Eastwood.

(^8) Significando "separação" foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos

governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca. (^9) Autor desconhecido

mecânica das modalidades o interesse de jogar também aumenta. Essas grandezas constituem-se na busca de novas possibilidades, táticas e estratégias do jogo nos direcionando a um leque de possibilidades de trabalharmos outros contextos dentro da aula.

O Tchoukball foi uma proposta completamente nova, e isso demandou bastante tempo para que estudássemos e aprendêssemos essa modalidade, sempre buscando meios de aplicá-la em nossa realidade, impossibilitando assim que essa primeira experiência não possibilitou tanta articulação com outras disciplinas, ficando aqui apenas a temática com relação: a saúde e o contexto histórico da modalidade. Apesar de ser considerado um jogo em que não há contado físico a movimentação é muito intensa, quebrando com isso qualquer possibilidade de monotonia. Pois é necessário que os participantes desenvolvam estratégias de jogo com relação às possibilidades físicas, como: coordenação, flexibilidade, velocidade e força. Quando as equipes conseguem proporcionar todas essas possibilidades o jogo se torna mais dinâmico e a chance de pontuar torna-se um fator primordial para ambas as equipes.

Portanto, proporcionar aos alunos essas vivencia é permitir que os mesmos desenvolvessem todas essas capacidades físicas durante o jogo. Possibilitando uma articulação precisa e estimulando o trabalho em equipe.

4. Considerações finais

Vivenciar todos esses propósitos é entender que o profissional de Educação Física, pode estimular aos seus alunos outras práticas corporais. Perpassando a zona habitual e estingando a necessidade de introduzirmos outras experiências a partir da convivência com os esportes, sendo considerados como não convencionais.

As experiências vividas durante os ciclos de desenvolvimento com essas modalidades nos permitiu esticar nos alunos formas e conceitos de trabalharmos questões dos tipos: social, cultural, gênero, saúde, tecnologia, ciência e acima de tudo o trabalho em grupo. É essa característica que os Centros Juvenis tentar propor dentro das instituições de ensino. Dando ênfase a interdisciplinaridade com relação às outras ciências, numa perspectiva que o ensino pode ser trabalhado de diversas formas, principalmente em conjunto.

A partir das experiências com essas propostas interdisciplinares surgiram novas possibilidades de incrementar o trabalho. Fazendo uma associação com a Física, buscando que os alunos compreendam melhor a aerodinâmica entendendo que a bola (oval e esférica) e o disco se comportam de formas diferentes ao serem lançados. Com a matemática espera-se que o conhecimento sobre as parábolas seja percebido de acordo com a forma, força e direção do lançamento desses materiais já citados, bem como o estudo de ângulos visando que o aluno identifique que ângulo formado entre a trajetória da bola e do quadro de remissão quando ela colide com o quadro é o mesmo angulo de saída. Buscar também com a área de linguagem possibilidades de leituras que reforcem a compreensão das regras dos jogos tendo em vista, que eles sempre são os árbitros. Objetivando com essa proposta pensar o conhecimento como um todo, como ele é no cotidiano e não fragmentado.

Os conceitos trabalhados em formas de conscientização humanística torna-se um fator comum dentro da nossa educação. Pois o jogo a partir de um ensino voltado para condutas físicas, são direcionadas e conduzidas para uma sistematização construtiva física do individuo, tornando-o capaz de ser superior ao seu adversário. Esses meios condutivos tornar-se inapropriados quando o educador tenta mostra que o jogo ou até mesmo o esporte

pode ser manifestados como caracterização para a formação do individuo, conduzindo-os a terem solidariedade, respeito, trabalho em equipe e acima de tudo conscientes da sua própria formação social, cultural e cientifico.

Permitir que os alunos perpassassem todas as dimensões é estimular que ele entenda o que esteja sendo passado, de que forma pode ser direcionado e com qual razão aquela ação pode influenciar em sua vida. Todas essas manifestações advêm de um proposito pedagogicamente, onde além de ensinar a modalidade o professor preocupa-se em mostrar que além daqueles conteúdos podem existir outras possibilidades de conhecimento. Esses conhecimentos podem partir do envolvimento com a Linguagem (estudos das regras e filosofia do jogo) ou até mesmo do estudo com a Matemática (estudo da aerodinâmica), tudo dentro do mesmo proposito: estimular nos alunos a vivenciarem novas possibilidades questionativa, proporcionando uma analise reflexiva de acordo as influências dos meios de ensino.

Pontuar todos os meios de indagações referentes ao que está sendo ensinado é fortalecer no aluno uma aprendizagem considerada importante principalmente para sua evolução como individuo participativo de uma sociedade constitucionalizada. É deixar que eles fizessem suas escolhas e busquem seus direitos a partir de uma conscientização educacional através das aulas durante as oficinas na escola. Essa ideia é proporcionada dentro do processo metodológico quando o aluno é direcionado a jogar um jogo limpo, quando é estimulado a criar e recriar suas próprias regras e quando ele mesmo se conscientiza que sua atitude como membro de um grupo pode favorece para sua vitória.

Nesse sentido a busca da não descriminação, permiti que o professor e o aluno entenda que as práticas corporais não descrimina ninguém por ser considerado mais baixo, menos veloz ou menos coordenativo. Onde por sua vez todos dentro das suas possibilidades físicas podem desenvolver um mecanismo de atuação considerado importante dentro do perfil de cada um, alias ninguém pode ser considerado melhor que o outro, por ser branco, ou preto e até mesmo associando a uma questão de gênero evidente em nossa sociedade.

Portanto, diante das considerações dessas novas vivencias dentro do contexto escolar é preciso desenvolver uma metodologia voltada para diversas possibilidades de aprendizado amplo. Permitindo que essas vivências sejam mais que uma prática de uma área isolada, mas que podemos identificar diversos conhecimentos que possibilita a compreensão de um todo.

5. Referencias

VAGHETTI, C. A. O.; PARDO, E. R. Um esporte não convencional no mundo acadêmico: singularidades histórico-culturais e possibilidades de inclusão do ensino do surfe na universidade. Fiep Bulletin, v. 78, 2007.

Associação Brasileira de Tchoukball. Disponível em: http://www.tchoukball.esp.br/page.php?tipo=15. Acesso em 25 de Março de 2017;

BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: movimento, 1991.

BRASIL. Lei 11.645, de 10 de marco de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm Acesso em: