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John bradshaw e sarah ellis discutem a aprendizagem de gatos, desmistificando a ideia de que eles são impossíveis de treinar. Apresentam técnicas para melhorar o comportamento de gatos, incluindo a compreensão da aprendizagem de gatos e a importância da atenção e recompensas. Os autores também discutem a importância da repetição e da consolidação da aprendizagem.
Tipologia: Slides
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Não perca as partes importantes!
Um guia prático para uma vida mais feliz
para o seu gato e para si
Tradução de: C. Santos
Pergaminho
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A Smoky , na verdade, não aprendeu nada nos últimos tem- pos, porque passou a maior parte do tempo dentro de casa. Normalmente, ela gosta de passear lá fora enquanto eu estou no trabalho, mas detesta estar molhada e os últimos dias têm sido de muita chuva. É uma gata muito afetuosa e é muito normal aninhar-se no meu colo, mas nesta última semana, para ser honesta, tem sido um pouco insuportável. Tive a semana de férias e, enquanto não era possível estar no jardim, dediquei- -me à culinária. A Smoky , no entanto, não estava para isso e passou o tempo a saltar para o balcão da cozinha enquanto eu tentava cozinhar. Dizia-lhe que ela estava a ser totó enquanto a tirava do balcão e brincava com ela rápida mas carinhosa- mente. Mesmo depois, com o bolo já no forno, ela não parava de tentar sentar-se no meu portátil quando eu tentava ler os e-mails. Seria de supor que a minha brincadeira rápida fosse o suficiente para ela ficar satisfeita e ir à sua vida, mas não foi assim. No final, de ambas as vezes, acabei por lhe dar comida mais cedo, só para conseguir continuar a fazer o que queria. E apesar de o tempo ter melhorado hoje, a Smoky decidiu ficar em casa e atazanar-me em vez de ir para a rua apanhar ar fresco. Está a deixar-me completamente louca.
O que a Sr.ª Smith aparentemente não notou foi o quanto a Smoky aprendeu nesses dias de chuva e, também, o quanto a influenciou, sem querer, nessa aprendizagem. Em primeiro lugar, podemos depreender do comportamento da Smoky que ela já tinha aprendido que ir para a rua em dias de chuva a deixava com frio e molhada, e que, por isso, era melhor ficar dentro de casa, onde estava seco e quente. Tinha também aprendido que a sua dona, por vezes, não vai trabalhar, perma- necendo em casa, e ela, sendo uma gata que gosta da companhia da dona, percebeu que permanecer dentro de casa lhe traria essa recompensa. Por outro lado, a Smoky também tinha compreen- dido que a Sr.ª Smith, por vezes, fazia coisas que não a envolviam e, como consequência, não lhe prestava a atenção que ela dese- java. Ao colocar-se entre a Sr.ª Smith e a atividade em que estava
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ocupada – o balcão da cozinha ou o portátil –, a Smoky conseguia ter alguma atenção. A Sr.ª Smith achava que a Smoky compreendia quando lhe dizia para não se intrometer, mas, na cabeça da Smoky , pegarem-lhe ao colo e dirigirem-lhe a palavra era atenção positiva. Não interessava se a Sr.ª Smith lhe dizia que ela se estava «a por- tar mal»: tudo o que a Smoky percebia era o tom de voz – gentil, neste caso – e que saltar para cima do balcão ou do portátil resul- tava num abraço, mesmo que rápido. E para melhorar, ao repetir isto várias vezes, era alimentada mais depressa – jackpot! Ao aprender que meter-se no meio da Sr.ª Smith e fosse o que fosse que ela estava a fazer resultava em atenção… e… (bónus!)… comida, a Smoky estava destinada a repetir o mesmo comportamento no dia seguinte. Inadvertidamente, a Sr.ª Smith tinha ensinado à Smoky que comportar-se daquele modo conduzia-a a bons resul- tados (regra geral, intrometer-se gerava comida!). Se a Sr.ª Smith tivesse compreendido realmente o processo de aprendizagem da Smoky , talvez tivesse feito as coisas de modo ligeiramente dife- rente, conseguindo ter o seu tempo para cozinhar e estar no por- tátil, ao mesmo tempo que deixava a Smoky feliz. Os gatos estão sempre a aprender, independentemente de estarmos intencionalmente a tentar ensinar-lhes alguma coisa. Algumas associações são compreendidas imediatamente após a primeira exposição às mesmas, especialmente se o resultado for desagradável: por exemplo, um gato que entre no jardim do vizinho e acabe a ser perseguido pelo cão dele aprende imedia- tamente a nunca mais voltar a entrar nesse jardim ou, pelo menos, quando consegue ver que o cão está lá. Outras situações neces- sitam de várias repetições de modo a consolidarem a aprendiza- gem ao ponto de o gato alterar o comportamento ao estar exposto a essas circunstâncias: por exemplo, talvez seja necessário uma nova visita da casa dar guloseimas ao gato várias vezes até que ele mude o seu comportamento relativamente a essa pessoa. Experiências diferentes obterão resultados diferentes para o gato. Algumas serão consistentemente positivas, outras consisten- temente negativas e muitas serão neutras (isto é, ou o gato não notou as consequências ou achou-as pouco dignas de atenção).
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A sensitização é o oposto da habituação. Neste processo, a exposição repetida a um acontecimento leva a um aumento de reação por parte do animal, o oposto da redução de resposta e eventual ignorar que caracteriza a habituação. A principal dife- rença é que, agora, a exposição repetida é alguma coisa que o gato instintivamente detesta. Por exemplo, várias idas ao veteri- nário que incluam experiências desagradáveis, tais como inje- ções, podem fazer com que o gato ganhe medo ao veterinário, mesmo que, em visitas subsequentes, o veterinário tenha sido amigável e não existam quaisquer injeções. Simultaneamente, assim que um gato se torne sensitizado relativamente a uma situa- ção, pode ter reações semelhantes perante situações similares. Por exemplo, o mesmo gato pode ganhar medo a pessoas que, simplesmente, pareçam, soem ou inclusivamente cheirem ao vete- rinário. Pode vir a ter medo de ambientes novos que o façam recordar-se da ida ao veterinário. A sensitização é um mecanismo de proteção poderoso que ajuda os gatos a evitar tudo aquilo que encarem como potencialmente perigoso. Um dos nossos objetivos no treino dos gatos será ensiná-los que os encontros com os veterinários – e muitas outras situações – não têm de ser enca- radas como potencialmente perigosas, evitando assim a sensiti- zação antes que tenha oportunidade de surgir. Tanto a habituação como a sensitização mudam a força das reações já existentes do gato, mas não o ajudam a desenvolver quaisquer novas respostas; para que tal aconteça, são necessários processos de aprendizagem mais complexos. O mais simples, conhecido como condicionamento clássico , ocorre quando o gato descobre que uma situação específica é um sinal fiável de que outra coisa acontecerá. Quando, ao ouvir o som do armário onde a sua comida é guardada, um gato mia e corre para o seu dono, está a responder a um condicionamento clássico. O gato aprendeu que o som da porta do armário a ser aberta (em si mesmo, um som sem significado) prevê que a comida esteja a aparecer. São necessárias várias repetições desse som momentos antes de a comida ficar disponível para que o gato aprenda o valor de previsibilidade do mesmo. Assim que essa aprendizagem esteja
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completa, esse som específico desencadeará sentimentos positivos na mente do gato, similares àqueles desencadeados pelo cheiro ou gosto da comida. O gato não precisa de aprender que a comida saborosa o faz sentir-se feliz – é uma resposta involuntária, assi- milada pelo gato; aquilo que o gato aprende é que existem outras coisas, para lá da visão e sabor da comida, que lhe provocam esse sentimento: neste caso, o som da porta do armário da cozinha a ser aberta. Este processo de aprendizagem necessita sempre de um emparelhamento consistente – neste caso, o som da porta do armário sempre seguido pela apresentação da comida. Inicial- mente, o gato poderá cometer erros, como responder ao som de qualquer que seja a porta do armário da cozinha a ser aberta, mas a maioria deles é capaz de refinar aquilo que aprendeu, perce- bendo que só o som distinto daquele armário a ser aberto corres- ponde, de modo fiável, ao aparecimento de comida.
O condicionamento clássico ajuda o gato a compreender melhor o contexto em que vive, mas é necessário um tipo dife- rente de aprendizagem para que o gato altere o seu comporta- mento: condicionamento operante. O condicionamento operante envolve o modo como as consequências do seu próprio compor- tamento influenciam os seus sentimentos e, assim, decidir que comportamento adotar a seguir. As consequências que resultem de um qualquer comportamento podem ser classificadas de qua- tro maneiras (ver caixa abaixo).^1 O condicionamento operante explica o motivo por que o com- portamento da Sr.ª Smith fez com que o seu gato começasse a saltar e a impedir que ela continuasse com o que estivesse a fazer, não apenas uma, mas várias vezes. Os sentimentos positivos cau- sados pelas festas, conversa em tom meigo e alimentação encora- jaram o gato a repetir o comportamento (isto é, Consequência 1). Formalmente falando, poderíamos dizer que o comportamento tinha sido reforçado. Queremos com isto dizer que o gato desco- briu que o seu comportamento tinha uma recompensa agradável, o que o torna mais propenso a manter esse comportamento, numa tentativa de recriação do resultado positivo do mesmo.