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A EFICÁCIA DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM UM CASO
DE BURSITE TROCANTÉRICA E TENDINOPATIAS ASSOCIADAS
THE EFFECTIVENESS OF PHYSIOTHERAPEUTIC TREATMENT IN
A CASE OF TROCHANTERIC BURSITIS AND ASSOCIATED
TENDINO DISEASES
Jayne Zakrzevski* Taiane da Silva* Cristoph Enns**
RESUMO:
A função muscular é uma das partes do sistema musculoesquelético que realiza a preservação da estabilidade postural. A região sacroilíaca é o ponto base do equilíbrio, lesões causadas nessa região tem grande impacto em compensações e desequilíbrios. Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo de caso realizado sobre a paciente S.R.B, sexo feminino, 53 anos, a qual apresenta dor em quadril direito ao ser submetida a força. O diagnóstico clínico resultou em bursite trocantérica no quadril direito e tendinopatias associadas. O objetivo do tratamento fisioterapêutico será a redução do processo inflamatório da bursa, alivio da dor e melhora da qualidade de vida.
Palavras-chave : bursite, quadril, fisioterapia.
ABSTRACT: Muscle function is one of the parts of the musculoskeletal system that preserves postural stability. The sacriliac region is the base point of balance, injuries caused in this region have a great impact on compensation and imbalances. This paper aims to present a case study carried out on the patient S.R.B, female, 53 years old, who presents pain in her right hip when subjected to force. The clinical diagnosis resulted in trochanteric bursitis in the right hip and associated tendinopathies. The objective of physical therapy treatment will be to reduce the inflammatory process of the bursa, relieve pain and improve quality of life.
Key words : bursitis, hip, physiotherapy.
*Estudantes de Fisioterapia – UniSociesc, São Bento do Sul – SC **Professor do Curso de Fisioterapia – UniSociesc, São Bento do Sul - SC
INTRODUÇÃO
Através deste estudo será relatada a evolução do quadro clínico de uma paciente diagnosticada com bursite trocantérica e tendinites. A bursite no quadril mais conhecida como bursite trocantérica consiste em um processo inflamatório de uma ou mais bursas localizadas em torno da articulação do quadril. A articulação do quadril tem uma anatomia e uma biomecânica complexa, e a falta de entendimento anatômico e da região faz com que o diagnóstico seja confundido constantemente com outras doenças. (1) A causa mais constante relacionada à bursite trocantérica é o micro trauma na região trocantérica, que resulta do estresse repetitivo nas estruturas. Esse estresse é motivado pelo aumento da sobrecarga descarregada na região dos tendões e bursas, levando em mudanças degenerativas dos tendões, músculos, ou de tecidos fibrosos. (2,3) A bursite trocantérica caracteriza-se por dor na região lateral do quadril, sensibilidade local, degradação nos tendões dos glúteos médio e mínimo, sendo capaz de causar uma distensão da bolsa trocantérica, provoca incapacidade e limitação funcional grave, impactando na qualidade de vida, atividades de vida diária e laborativas. (3) Embora a incidência seja alta em pessoas na meia idade e idosos, sua causa pode ser multifatorial, entre elas estão; sobrepeso, discrepância do comprimento dos membros, o formato da pelve em mulheres (quadris largos), encurtamento do tecido fibroso e sedentarismo. (4) A tendinite é uma inflamação nos tendões dos músculos ocasionados também por uso excessivo e repetitivo. A relação entre a musculatura glútea com a bursa trocantérica é bem próxima, o que torna muito comum a interligação entre a bursite trocantérica e a inflamação dos tendões fixados na mesma estrutura. (5) De modo global, no momento em que uma dessas regiões desencadeia um quadro patológico de inflamação, é comum que a outra desencadeie o mesmo quadro por compensação ou sobrecarga de função. (5)
coluna lombar causadas por compressão vertebral e lesão na articulação do quadril, respectivamente. Fabere é uma técnica que permite avaliação de quadril e coluna em região sacroilíaca ao mesmo tempo, nesse caso a segunda opção resultou negativo. (14,15) Em região de quadril, os testes de Quadrante e do Piriforme positivaram. O teste de Quadrante aponta rangidos dolorosos em quadril direito, enquanto o do Piriforme afirma síndrome do piriforme, que pode ser causada por tendinites, contusões e bursites. O teste de Lasegue indica compressão no nervo ciático, mas ao ser feito não apresentou nenhuma reação. Foi realizada a avaliação de padrões posturais, onde as mais relevantes ao caso se caracterizaram em vista anterior: ombro esquerdo mais elevado e patela esquerda inferiorizada em relação à direita; vista lateral esquerda com retroversão de pelve; e em vista posterior mostrou-se com o ângulo inferior da escápula direita mais baixa. (15) Também foi verificada a amplitude de movimento (ADM) do quadril através da goniometria, a qual tem por objetivo constatar se há limitações dos movimentos articulares. (13)^ Quando realizada na paciente apresentou limitação na amplitude de movimento em quadril direito, notou-se em abdução que o lado direito efetuou melhor o movimento, essa inversão ocorreu porque a compensação nessa mobilidade coloca-se em cima do MMII esquerdo, onde não há lesão, por isso a paciente consegue manter a posição com mais facilidade. Sua queixa principal era em relação a dor à palpação e ao movimento de quadril direito, muito presente nos testes ortopédicos efetuados. Para o início do tratamento foi planejado o uso de eletroterapia para diminuição da inflamação em quadril e analgesia que provocava muito desconforto a paciente. A terapia escolhida para ser aplicada foi Laser, Ultrassom, TENS e Cinesioterapia. Para a redução da dor usou-se a estimulação elétrica transcutânea (TENS), que possui capacidade de atenuação de quadros dolorosos agudos e crônicos. (8,13, 15) (^) “Esse efeito sustenta-se na teoria das comportas da dor, que por meio da inibição
pré-sináptica das fibras A beta e C reduzem a excitabilidade dos receptores nociceptivos, implicando menor percepção da dor [7].” (^8 , 2014, p. 2) A aplicação de laser para mediação de processos inflamatórios tem se mostrado eficaz, porém, há estudos que contradizem a alta funcionalidade do equipamento por não ter resultados satisfatórios em relação a dor. (9)^ “Evidências sugerem que o LBI é eficaz na modulação de mediadores inflamatórios, como TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-10 e
prostaglandina E2, tanto em estudos experimentais quanto em estudos clínicos.” (^9 , 2019, p. 2). Nesse estudo de caso a paciente mostrava evolução, porém o processo de algia ainda fazia-se presente, então, optou-se por utilizar o ultrassom por, além de abranger uma área maior de aplicação, tem uma ação anti-inflamatória e analgésica eficaz. (8,12)
“Essas vibrações levam ao aquecimento dos tecidos locais, promovendo uma vasodilatação capilar, e consequente aumento do fluxo sanguíneo local. Na região tratada por este recurso acontece uma leve hiperemia, aumentando a velocidade de difusão na membrana e do metabolismo celular.” (^8 , 2014, p. 2)
A definição da voltagem foi de modo contínuo em 1.0W/cm^2 por 20 minutos. Como a patologia já se apresentava em fase crônica, não havia contraindicação para a aplicação de calor na região, como se recomenda em casos de tendinites agudas. (8) A cinesioterapia foi o método de maior presença no plano terapêutico. Essa prática é um meio de recuperação do paciente através do movimento, nele podemos aplicar exercícios de mobilidade, força e propriocepção isolados ou ao mesmo tempo. Ao observar qual a necessidade do paciente podemos aplicar métodos passivos, ativos, ativos livres, ativos resistidos ou ativo assistidos. (10) Foram aplicados laser para bursite e tendinite, e TENS para dor aguda em região de quadril na primeira sessão. Como a dor diminuiu após essa aplicação, foi dada continuidade apenas com o laser e também se iniciou aplicação de cinesioterapia com alongamentos em solo e com bola. (13) Após a primeira evolução do quadro iniciamos exercícios ativos de mobilidade e força após a aplicação do Laser. A algia na coluna era persistente então a cinesioterapia ajudou a amenizá-la. (10,11) Ao progredir das sessões, o quadro algico ainda estava presente mas com menor intensidade, então, foi dada continuidade na cinesioterapia e fez-se aplicação do Ultrassom em região de quadril direito. Essa mudança de equipamento foi feita porque o ultrassom consegue alcançar uma área terapêutica maior, e após isso, notou-se um ótimo progresso do quadro álgico da paciente. (4,12)
RESULTADOS
A flexão de quadril em primeira avaliação foi realizada combinada a uma flexão de joelho para não exacerbar tanta dor. Essa conciliação articular permite uma maior amplitude de movimento. Na reavaliação, a paciente conseguia realizar o movimento com os joelhos estendidos, porém a coleta de dados foi feita com o mesmo movimento da primeira avaliação para uma comparação fidedigna. Em relação à avaliação de dor feito através da escala de EVA, inicialmente a nota dada pela paciente era constantemente 7, ao ser perguntada após o término das 15 sessões foi relatada nota 2, que apresenta-se apenas se ficar muito tempo em repouso ou se a paciente descarrega muita força em algum movimento. É possível que essa sobrecarga possa ocorrer devido à patologia que a paciente apresenta na coluna lombar, lesão que não é apresentada nesse estudo. A paciente descreveu que: “A dor era constante principalmente ao caminhar, eu não conseguia percorrer por uma grande distância. Hoje em dia eu faço minhas caminhadas sem sentir nenhum desconforto”.
CONCLUSÃO
Ao final das sessões observou-se que o protocolo de tratamento fisioterapêutico apresentado teve bom resultado em analgesia, diminuição da inflamação e melhora de qualidade de vida da paciente. Como não havia disfunção na mobilidade, os dados pré e pós-tratamento foram parecidos, mas a algia sentida anteriormente ao realizar o movimento foi sessada. A paciente foi orientada a continuar praticando exercício físico sem sobrecarga em quadril e fisioterapia para coluna a fim de amenizar a algia nessa região.
REFERÊNCIAS
1 - Melamed H., & HUTCHINSON, M. (2002). Soft Tissuem Problems of the Hip in Athletes. Sports Med Arthrosc. Review 10. pp. p.168-175. 2 – ELSEVIER. Associacão entre bursite trocantérica, osteoartrose e artroplastia total do quadril. 2014;49(3): 267-270.
3 – Castro KMS , Silva ENO. Avaliação e manejo fisioterapêutico na síndrome da dor trocantérica maior: revisão integrativa. 2020 abr-jun;3(2):170-6. 4- Lustenberger, D.P., Ng, V.Y., Best, T.M. et al. (2011). Efficacy of Treatment of Trochanteric Bursitis: A Systematic Review. Clin J Sport Med. 2011 Sep;21(5):447-53. 5 – Biundo JJ. Tendinite e Tenossivite. MD. Tulane Medical Center, 2018 [acesso 25 de maio de 2021]. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e- musculoesquel%C3%A9tico/bursite-tendinite-e-fibromialgia/tendinite-e-tenossinovite 6 – Martinez JE, Grassi DC, Marques LG. Análise da aplicabilidade de três instrumentos de avaliação de dor em distintas unidades de atendimento: ambulatório, enfermaria e urgência. 2011;51(4):299-308. 7 – Chaves TC , Nagamine HM , Belli JFC, de Hannai MCT, Bevilaqua-Grossi D, de Oliveira AS. Confiabilidade da fleximetria e goniometria na avaliação da amplitude de movimento cervical em crianças. 2008;12(4):283-9. 8 - Costa JR JG. Protocolos de Tratamento Fisioterapêutico para Dor em Tendinopatias de Ombro e Cotovelo. 2014; 2-3. 9 – Leotty CLR. Efeito do laser de baixa intensidade na dor e na funcionalidade de pacientes com tendinopatia de ombro: uma revisão sistemática. 2019; 2 10 – COLUNISTA PORTAL EDUCAÇÃO. Cinesioterapia, [acesso 11 de maio de 2021]. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/cinesioterapia/ 06 11 - VOLL Pilates Group. Guia Completo Sobre Bursite de Quadril no Método Pilates (+Exercícios). 2017 [acesso em 11 de maio de 2021]. Disponível em: https://blogpilates.com.br/pilates-na-bursite-de-quadril/ 12 – Schroeder C. Ultrassom, laser, e eletroterapias no tratamento da dor por disfunção temporomandibular: revisão sistemática. 2013; 5-6-7. 13 – Lopes L. A aplicação da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e seus principais riscos e contraindicações. 3-4-5-6. 14 – Cipriano JJ. Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos. 2012, 5° Edição; Capítulo 2. 15 – Volpon JB. Semiologia Ortopédica. Ribeirão Preto, 1996; 1-2-3-9.
