








































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este documento aborda a diarreia aguda, sua diagnóstico diferencial, causas, sintomas e tratamento. Além disso, discute-se a importância da reidratação e a importância de evitar certos medicamentos. O texto também aponta os principais fatores de risco e os locais de maior incidência da doença.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
1 / 80
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Carlos Manuel Arantes Araújo
Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto, 2014
Carlos Manuel Arantes Araújo
Atesto a originalidade do trabalho, Ass.: (Carlos Manuel Arantes Araújo)
Trabalho apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas, sob a orientação do Professor Sérgio Gonçalves.
V
A diarreia aguda é uma doença de elevada prevalência e incidência que atinge todas as classes sociais e idades, sendo um relevante problema de saúde pública.
O quadro diarreico é caracterizado por alterações no volume, consistência e frequência das fezes, sendo característico da diarreia aguda o surgimento de fezes líquidas e o aumento do número de evacuações. Em geral é autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias.
No caso da diarreia infecciosa um surto pode ser provocado por diferentes agentes etiológicos, com mecanismos fisiopatológicos distintos e cuja frequência e incidência varia conforme as regiões e populações em causa. O quadro diarreico pode também ter origem em causas não infecciosas.
No caso da diarreia infecciosa a transmissão é feita por via fecal-oral, sendo na maioria das vezes veiculada por alimentos e água contaminada.
Na abordagem do paciente com diarreia aguda, a anamnese e o exame físico são fundamentais para se obter um diagnóstico correcto.
A terapêutica da diarreia aguda baseia-se em duas linhas principais: na correcção da desidratação e na alimentação, podendo ser necessário o recurso à terapia suplementar, antidiarreicos e antibioterapia.
A melhor arma para fazer frente à diarreia aguda é a sua prevenção. O desenvolvimento educacional aliado a condições sanitárias básicas são factores importantes para evitar o surgimento de doença.
Palavras-Chave: Diarreia Aguda, epidemiologia, etiologia, factores de risco, solução de reidratação oral, tratamento, prevenção.
VII
É com orgulho e imensa alegria que escrevo as últimas linhas do trabalho de conclusão de curso dirigindo-me às pessoas que confiaram em mim e me permitiram seguir o caminho que queria percorrer. Perdoem-me aqueles que também foram muito importantes neste percurso, mas seria de todo injusto não destacar e guardar este espaço apenas para o meu pai, mãe e irmão.
Dedico-vos por inteiro este trabalho, estou-vos gratos pela paciência e sobretudo por mais uma vez acreditarem em mim, confiarem nas minhas opções.
VIII
Quero aproveitar para agradecer a todos aqueles que contribuíram e estiveram presentes nesta minha jornada académica, sendo várias as pessoas que merecem o devido destaque. À família, à namorada, a todos amigos e colegas, à Universidade Fernando Pessoa, aos seus professores e funcionários o meu muito obrigado, estou grato por tudo.
Especial agradecimento para o Professor Sérgio Gonçalves, foi um privilégio tê-lo como orientador.
XIII
Figura 1 - Comportamento dos líquidos ao longo do tubo digestivo. Adaptado (Dias, 1999). ................................................................................................................................ 1
Figura 2 - Proporção de população que utiliza água potável. Adaptado (Oliveira, 2013). .......................................................................................................................................... 7
Figura 3 - Proporção da população com boas condições sanitárias. Adaptado (Oliveira, 2013). ................................................................................................................................ 7
Figura 4 - Associação inversa entre as taxas de cobertura de uso da solução de reidratação oral (SOR) e as taxas de mortalidade por diarreia em diversos países. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2008). ............................................... 8
Figura 5 - Avaliação da prega cutânea ........................................................................... 22
XIV
Tabela 1 - Epidemiologia da diarreia aguda: comparação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2008). ............ 6
Tabela 2 - Enumeração geral de agentes causais de diarreia. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2012). .......................................................................... 11
Tabela 3 - Medicamentos e toxinas associados à diarreia. Adaptado (Moraes & Castro, 2014). .............................................................................................................................. 11
Tabela 4 - Veículo de contaminação e agente patogénico associado. Adaptado (Moraes & Castro, 2014). ............................................................................................................. 12
Tabela 5 - Mecanismos fisiopatológicos. Adaptado (Lima & Dias, 2010). ................... 17
Tabela 6 - Características clínicas da infecção devida a determinados agentes patogénicos que produzem diarreia. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2012). .............................................................................................................................. 19
Tabela 7 - Sinais físicos para cálculo da gravidade de desidratação. Adaptado (Lima & Dias, 2010). .................................................................................................................... 21
Tabela 8 - Detalhes do histórico do paciente e causas de diarreia aguda. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2012)............................................................... 24
Tabela 9 - Características dos pacientes e exames bacterianos a considerar. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2008)............................................................... 25
Tabela 10 - Constituição da SRO. Adaptado (World Gastroenterology Organization, 2012). .............................................................................................................................. 29
XVI
AMPc – Monofosfato cíclico de adenosina
bpm – Batimentos por minuto
Ca2+^ – Cálcio
CIM – Concentração inibitória mínima
CL-^ – Cloro
d – Dia
dd – Dose diária
ECEAg – E. coli enteroagregativa
ECEH – E. coli enterohemorrágica
ECEI – E. coli enteroinvasiva
ECEP – E. coli enteropatogénica
ECET – E. coli enterotoxigénica
g – Grama
GEA – Gastroenterite aguda
GMPc – Monofosfato cíclico de guanosina
h – Hora
XVII
HIV – Human Immunodeficiency Vírus
HuCVs – Calicivírus humano
H 2 O – Água
I.M. – Intramuscular
Kg – Quilograma
L – Litro
mg – Miligrama
ml – Mililitro
mmol – Milimole
Na+^ – Sódio
NTZ – Nitazoxanida
OMS – Organização Mundial de Saúde
pH – Potencial de hidrogénio
RDA – Dose diária recomendada
Sd1 – S. dysenteriae tipo 1
SIDA – Síndrome da imunodeficiência adquirida
SNS – Sistema nervoso central
1
Um indivíduo adulto ingere durante o dia cerca de 2.000 ml de líquidos, e secreta cerca de 7.000 a 8.000 ml. Destes, 98% são reabsorvidos ao longo do tubo digestivo e apenas 100 a 200 ml são eliminados pelas fezes (Dias, 1999).
Figura 1 - Comportamento dos líquidos ao longo do tubo digestivo. Adaptado (Dias, 1999).
Qualquer mecanismo que interfira nesta relação entre secreção e absorção, quer seja no aumento da secreção, diminuição da absorção, ou ambos, vai alterar a quantidade de líquidos presente nas fezes, e isso pode caracterizar a diarreia, que vem a ser uma síndrome clínica determinada principalmente pela diminuição da consistência das fezes e/ou aumento no número de dejecções, trazendo como consequência básica, se não tratada, o distúrbio hidra-electrolítico (Dias, 1999).
Diarreia resulta então de anormalidades funcionais do tubo digestivo que produzam redução da absorção ou aumento da secreção de água e electrólitos (Oliveira, 2003). Sendo assim os surtos de diarreia podem ocorrer por diferentes mecanismos:
2
Secreção anormal - Diversos microrganismos ( Vibrião da cólera , estirpes de Escherichia coli , espécies de Salmonella , Campylobacter jejuni , etc) colonizam o intestino e produzem toxinas capazes de activar mecanismos de estímulo à secreção, existentes na mucosa intestinal (activação da adenilatociclase ou da guanilatociclase, alterações das tight junctions intercelulares, libertação de serotonina pelas células enterocromafins do intestino). Nesses casos, há pouca ou nenhuma inflamação e é mínima a lesão directa ao epitélio intestinal, o qual é colocado em funcionamento inapropriado; Absorção defeituosa e perda anormal - Ocorre, quando há dano no epitélio intestinal. Esse dano pode ser limitado à membrana das microvilosidades do epitélio ou ser extenso, com a descamação do epitélio e formação de úlceras, como as que decorrem da intensa inflamação em resposta a microrganismos invasivos (espécies de Shigella , por exemplo). Muitas vezes, além de má- absorção, há exsudação de plasma, sangue e fluídos inflamatórios, que contribuem para a diarreia; Diarreia osmótica - Defeitos da absorção de nutrientes no intestino delgado, assim como ingestão de substâncias que não são absorvíveis (laxantes) resultam em resíduos de osmolaridade elevada nos cólons, que impedem a absorção de água, ainda que o epitélio se encontre normal; Motilidade anormal - Grandes volumes intraluminares, resultantes dos mecanismos antes expostos, estimulam, reflexamente, a motilidade intestinal, tornando o trânsito intestinal rápido, o que contribui para a diarreia. Toxinas ou fármacos (eritromicina, por exemplo) que determinam a instalação de padrões de motilidade propulsivos têm o mesmo efeito; Mecanismos combinados - Quando há inflamação na parede intestinal, tanto a secreção de electrólitos e de muco, como a motilidade propulsiva, é estimulada por mecanismos que envolvem a acção directa, bem como a intermediada pelo sistema nervoso entérico de mediadores de inflamação sobre as glândulas e a musculatura lisa do intestino.
A diarreia é um problema de saúde que atinge tanto os países em desenvolvimento como os países desenvolvidos (Façanha & Pinheiro, 2005).