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resumo traqueostomia
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HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 1 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 2 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ SUMÁRIO
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 4 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ Principais indicações da traqueostomia no adulto Alérgicas Angioedema, anafilaxia e asma. Metabólicas Fibrose cística, coma devido a diabetes, uremia e síndrome da angústia respiratória. Profiláticas Cirurgia de cabeça e pescoço, neurocirurgia, cirurgia cardíaca, intubação prolongada, idade avançada, higiene das vias aéreas. Degenerativas/ Idiopáticas Paralisia abdutora das cordas vocais; distúrbios de deglutição grave. Deficiência do Sistema Nervoso Central ou Neuromuscular Síndrome de Guillain-Barré, polimiosite, miastenia grave, botulismo, parada cardíaca e parada respiratória. Desordens do Sono Apneia do sono. Congênitas Estenoses glóticas, subglóticas ou de traqueia superior, cistos laríngeos e de valécula e hemangioma de laringe. Trauma Lesões maxilofaciais graves, fraturas ou transecções da laringe ou da traqueia, lesões cervicais que tornam difícil ou inviável a intubação oro ou nasotraqueal para manipulação e abordagem das vias aéreas (necessidade de cricoidostomia ou traqueostomia de urgência), corpo estranho, queimaduras. Tóxico Aspiração de conteúdos químicos ou lacerações traqueais. Infecção Epiglotite aguda e laringotraqueobronquite recorrente (em casos de dificuldade de intubação traqueal ou ausência do broncoscópio). Neoplasia Tumores avançados de laringe, tonsilas, faringe ou traqueia superior com consequente estridor e colapsos mecânicos. 3.2 Cricotomia Em algumas situações emergenciais, quando existe obstrução das vias aéreas superiores e é preciso desobstruir rapidamente a passagem de ar, pode-se optar pela realização da cricotomia. Ela é uma opção quando a intubação não é bem sucedida e não há tempo de se fazer uma traqueostomia. Essa situação pode ocorrer, por exemplo, em edema de glote por reação anafilática ou por queimadura após inalação de gases em altas temperaturas ou por politrauma com lesões maxilofaciais graves. Trata-se de um procedimento que deve ser realizado por médico capacitado, preferencialmente um cirurgião, e que se baseia na ruptura por bisturi ou outros instrumentos cirúrgicos da membrana cricotireoidea, com seguinte colocação de uma cânula comunicando a luz da traqueia com o meio externo. A cricotomia deve ser realizada respeitando técnicas de antissepsia e anestesia do paciente. Devido aos riscos de complicações graves, deve ser convertida em traqueostomia em até 48 a 72 horas, isto é, o mais rápido possível. Assim, em última análise, a cricotomia torna-se uma indicação absoluta de traqueostomia.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 5 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/
4. COMPLICAÇÕES As complicações já verificadas pela literatura científica abarcam desde o período intraoperatório até o pós-operatório tardio. Elas podem ser significativamente minimizadas com treinamento profissional para seu manuseio, utilização de materiais para os cuidados e autocuidado do paciente. Em termos de garantia de uma via aérea superior prolongada, as complicações da traqueostomia são significativamente menores do que a intubação orotraqueal ou a cricotomia. As principais complicações da traqueostomia são: hemorragia, pneumotórax, enfisema cirúrgico, infecção local, deslocamento da cânula traqueal (devido ao ato cirúrgico ou posicionamento do circuito do ventilador mecânico), extremidade da cânula bloqueada, caso esteja pressionada contra a carina ou a parede traqueal, obstrução do tubo por secreção, herniação do balonete (causando obstrução da cânula), irritação traqueal, ulceração e necrose (causadas, geralmente, pela hiperinsuflação do balonete ou excessiva movimentação da cânula), traqueomalácea, estenose traqueal, fistula traqueoesofágica e infecção da árvore traqueobrônquica. 5. CÂNULAS DE TRAQUEOSTOMIA As cânulas de traqueostomia podem ser metálicas, plásticas ou siliconadas; com ou sem cânula interna; com ou sem balonete ( cuff ); e fenestradas ou não. As cânulas fenestradas possibilitam a passagem do ar por meio da cânula e das cordas vocais, permitindo a fala. É importante a inserção de uma cânula interna sólida para a aspiração. As cânulas contêm um mandril (guia) em seu interior, que é um pouco mais longo do que a cânula, de ponta romba, servindo como um condutor no momento da introdução na traqueia. Com relação ao comprimento, é importante que a cânula não seja muito curta, pois pode causar lesão da parede posterior da traqueia com consequente ulceração e obstrução; nem muito longa, o que pode levar à erosão da parede anterior da traqueia e acometimento de outras estruturas anatômicas, como o tronco braquiocefálico. Já quanto ao diâmetro, a cânula deve ter aproximadamente 75% do diâmetro da traqueia (como valores aproximados, podemos ter cânula plástica n° 7 para mulheres e n° 8 para homens). Esses valores podem se alterar conforme a anatomia do paciente, por isso durante o procedimento, caso o tamanho previsto não seja o ideal, é importante que outros tamanhos estejam facilmente acessíveis. Figura 1 – Cânula plástica à esquerda e metálica à direita. A cânula metálica está separada em cânula externa (A), cânula interna (B) e mandril (C).
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 7 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ Figura 2 - Modelo de cânula para traqueostomia com cuff
6. CUIDADOS ANTES DO PROCEDIMENTO A traqueostomia é um procedimento com potenciais riscos para o paciente e, se complicações ocorrerem, pode vir a prejudicar a ventilação e causar danos maiores, como sequelas neurológicas permanentes e até óbito. Por isso deve ser realizada somente por equipe capacitada e em ambiente que ofereça segurança para possíveis complicações emergenciais intraoperatórias. O profissional responsável pela execução traqueostomia é o médico cirurgião geral ou cirurgião torácico ou, eventualmente, cirurgião de cabeça e pescoço, uma vez que essas especialidades possuem capacidade técnica para realização desse procedimento. Além disso, é essencial avaliar o quadro clínico do paciente e os riscos anestésicos cirúrgicos. Se for um procedimento que pode ser realizado de modo eletivo, deve ser priorizado dessa maneira, com consulta pré-operatória antes do procedimento. Ao anestesiologista cabe realizar investigação do histórico clínico do paciente, possíveis alergias e medicações em uso, além de checar todos os parâmetros clínicos do paciente e otimizando-os para que ele tenha as melhores condições possíveis para o procedimento. Contemplando as diretrizes do checklist de cirurgia segura, explicar aos familiares em período apropriado sobre o procedimento anestésico, assim como coleta do termo de consentimento livre e esclarecido em Anestesiologia. É importante que o médico assistencial, quando identificada a necessidade da realização da traqueostomia, solicite exames pré-operatórios como hemograma (especialmente para avaliar o valor de hemoglobina e corrigir, se necessários, anemias, bem como contagem plaquetária), função renal (creatinina, ureia e taxa de filtração glomerular) e coagulograma (tempo de protrombina e tempo de troboplastina parcial ativada). Assim, o cirurgião, quando for realizar o procedimento, terá maior segurança para a sua realização e as chances de complicações são reduzidas. É importante explicar antecipadamente à família, a necessidade do procedimento, esclarecendo os motivos, a técnica cirúrgica e as consequências benéficas ou maléficas que a traqueostomia pode oferecer. Se possível, deve-se pedir o documento de autorização do procedimento cirúrgico. Caso seja feito de forma emergencial, deve-se comunicar a família os motivos.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 8 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/
7. O PROCEDIMENTO DE TRAQUEOSTOMIA A traqueostomia deve ser realizada por um cirurgião, acompanhado por um cirurgião auxiliar, um anestesiologista e, quando disponível, um instrumentador. É recomendável que seja um procedimento realizado no bloco cirúrgico. Porém a sua realização em leitos de enfermaria e UTI podem ser possíveis, desde que avaliado pela equipe assistencial a sua execução e disponibilidade de outros colaboradores. É preciso que se tome as devidas precauções para evitar exposição do procedimento a outros pacientes que compartilham a mesma UTI ou enfermaria, devendo-se atentar ao uso de cortinas ou outros acessórios que impossibilitem a visão do leito em que se encontra o paciente no procedimento. Na literatura, constam duas técnicas: a de Griggs, mais frequentemente realizada e considerada convencional, e a percutânea. A primeira envolve a abertura dos planos anatômicos e secção da traqueia para sua abertura, a partir da qual será inserida a cânula. Já a segunda, compreende a punção por agulha entre os anéis cartilaginosos da traqueia, que é usada como guia para se colocar uma cânula. Apesar de aparentar mais simples, menos invasiva e ter menos complicações que a técnica de Griggs, a técnica percutânea tem mais contraindicações, como obesidade mórbida, bócio tireoidiano, incapacidade de hiperextensão cervical e traqueostomia prévia. Ainda existe discussão na literatura científica sobre qual é a melhor técnica. Os trabalhos têm evidenciado menores taxas de complicações na técnica percutânea, mas, quando ocorrem, têm maior gravidade como falso trajeto, pneumotórax e morte. Como não existe um consenso, fica a cargo do cirurgião decidir a melhor técnica de acordo com o paciente e sua experiência. Durante a técnica de Griggs, ocorre dissecção do tecido cutâneo, músculo platisma e músculos pré-traqueais. Assim, encontra-se o istmo da tireoide (geralmente entre o primeiro e segundo anel traqueal). Após atravessar o ismo, é rompida a fáscia pré-traqueal, permitindo a visualização dos anéis traqueais. Pode-se fazer o estoma traqueal em formato de U invertido, T ou H. Em seguida, posiciona-se a cânula e é feita a sutura entre o flap traqueal e o tecido subcutâneo (ponto de Bjork), que facilita o acesso à traqueia em caso de decanulação acidental. Já no procedimento percutâneo, as mesmas estruturas são atravessadas pela agulha e em seguida é posicionada a cânula. Inicia-se com a palpação da cartilagem cricoide para localizar o segundo e o terceiro anel traqueal. Entre essas estruturas, perfura-se a membrana, coloca-se um dilatador e em sequência um fio guia para posicionar a cânula. Ainda vale ressaltar que a broncofibroscopia pode auxiliar na realização desse procedimento e melhorar a orientação da técnica cirúrgica, especialmente se for necessário extubar uma intubação orotraqueal antes. Outro aspecto fundamental é a anestesia. Se o paciente já estiver sob sedação, ainda assim o anestesiologista deve estar acompanhando o procedimento, avaliando os parâmetros clínicos do paciente e ajustando a ventilação. Se não estiver, a presença do anestesista torna-se ainda mais essencial e deve ser ele a conduzir a sedação/hipnose do paciente para viabilizar o procedimento cirúrgico. A escolha do fármaco devido para anestesia fica a cargo do anestesista, que deve considerar disponibilidade da instituição, qualidade dos medicamentos, indicações e contraindicações individuais de cada paciente, técnicas usuais e alergias ou complicações prévias do paciente. A seguir, pode-se observar as figuras das duas técnicas cirúrgicas: a primeira pela técnica de Griggs (figura 3) e a segunda pela técnica percutânea (figura 4).
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 10 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ Figura 4 – Traqueostomia pela técnica percutânea
8. CUIDADOS NO PÓS-OPERATÓRIO No período de pós-operatório imediato, o paciente deve ser monitorizado continuamente e deve ser realizada radiografia de tórax para avaliar a distância da cânula em relação à carina. O paciente deve ser posicionado com o decúbito elevado (entre 30 e 45°) e com a cabeça posicionada de forma que não oclua a traqueostomia. É essencial manter umidificação adequada (entre 36 e 40mgH2O/L), o ar umidificado deve ser oferecido continuamente para reduzir a tendência de acúmulo de secreções e promover a patência do tubo. A cânula deve ser mantida limpa por aspirações sempre que haja indicações clínicas de obstrução. A primeira troca de tubo, assim como a retirada de fios inabsorvíveis, deve ser realizada a critério do médico assistente do paciente.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 11 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ 8.1 Umidificação É absolutamente essencial a realização da umidificação artificial para a manutenção da umidade e da temperatura do ar inspirado. Com a temperatura mantida em torno de 32 a 34°C, a umidade deve ser entre 36 a 40mgH2O/L. Para isso, podem ser utilizados nebulizadores, umidificadores aquecidos ou umidificadores trocadores de calor e de umidade, ou ainda filtros hidroscópicos. Quando a umidificação do ar não acontece corretamente, a secreção se torna mais espessa e será mais difícil eliminá-la através da tosse, o que aumenta o risco de obstrução do tubo. A correta umidificação exerce importante papel na fluidificação da secreção. É preciso prestar sempre atenção na viscosidade do muco e se há traços de sangue no mesmo e oferecer uma quantidade razoável de líquido para manter a fluidificação do muco. Se forem notadas rolhas de secreção, será necessário que se faça aspiração para retirá-las e, caso não consiga, é preciso trocar a cânula de traqueostomia. Em casos de sangramento na traqueostomia, pode-se utilizar soro fisiológico 0,9% gelado durante a aspiração, na intenção de amenizar o quadro. Para a resolução, muitas vezes, são necessárias medidas com medicamentos para conter o sangramento local. 8.2 Aspiração A aspiração de secreções deve ser realizada quando clinicamente indicada (ausculta pulmonar, secreções visíveis e/ou audíveis, queda na saturação de oxigênio, cianose, expansão torácica diminuída, alterações nos valores gasométricos, alteração na frequência respiratória e/ou padrão respiratório, bradicardia/taquicardia e/ou agitação sem outra causa, aumento na pressão de pico do ventilador), nos casos em que o paciente é incapaz de expectorar as secreções por conta própria. O fisioterapeuta e/ou enfermeiro devem avaliar sistematicamente a necessidade de realização do procedimento. É necessário nebulizar e pré-oxigenar o paciente e limpar o cateter de sucção com a ponta em solução salina estéril antes do procedimento. Também é importante atentar quanto ao posicionamento correto do paciente, decúbito elevado com cabeceira de 30 a 45°. Na aspiração, a sonda deve ter pressão de aspiração entre 100 e 120 mmHg (para que haja remoção das secreções sem lesões na mucosa) e deve ser introduzida com cautela, com o vácuo desligado e até a ponta da sonda sentir resistência. Em seguida, o vácuo é ligado e a sonda é retirada suavemente com movimentos giratórios. O cateter de sucção deve possuir múltiplos orifícios para diminuir o risco de lesões na mucosa. Deve-se evitar dobrar e soltar o cateter na mucosa, uma vez que tal procedimento resulta na aplicação de vácuo intenso, podendo causar maiores danos.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 13 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ Troca de tubos sem cuff Troca de tubos com cuff Explicar o procedimento para paciente; Auxiliar paciente a sentar-se no leito, mantendo o tórax em posição elevada, apoiado pelo coxim, com o pescoço ligeiramente estendido ou elevar a cabeceira do leito; Paramentar-se com máscara, óculos, gorro e luvas estéril; Colocar o obturador dentro do novo tubo; Uso de lidocaína gel na porção da cânula a ser introduzida; Com a mão não-dominante, retirar a cânula antiga; Retirar curativo (gaze ou almofada) ao redor do estoma, limpar o estoma com gaze e soro fisiológico 0,9%; Com a mão dominante, rapidamente, introduzir a nova cânula com o guia posicionado no estoma; Se não houver sucesso na passagem da cânula do mesmo número, tentar uma segunda vez com uma cânula menor; Verificar posicionamento correto da cânula após a troca com padrão respiratório normal e saída de ar pelo orifício interno da cânula; Colocar a fixação; Se a segunda tentativa com a cânula menor não obtiver sucesso, providenciar fonte de O2 para o paciente e monitorização; Uma segunda pessoa presente deve chamar ajuda em caso de falha na troca. Explicar o procedimento para paciente; Auxiliar paciente a sentar-se no leito, mantendo o tórax em posição elevada, apoiado pelo coxim, com o pescoço ligeiramente estendido ou elevar a cabeceira do leito; Paramentar-se com máscara, óculos, gorro e luvas estéril; Desinsuflar totalmente o cuff com uma seringa de 20 ml ou manômetro de cuff ; Uso de lidocaína gel na porção da cânula a ser introduzida; Com a mão não-dominante, retirar a cânula antiga; Retirar curativo (gaze ou almofada) ao redor do estoma, limpar o estoma com gaze e soro fisiológico 0,9%; Com a mão dominante, rapidamente, introduzir a nova cânula com o guia posicionado no estoma; Se não houver sucesso na passagem da cânula do mesmo número, tentar uma segunda vez com uma cânula menor; Verificar posicionamento correto da cânula após a troca com padrão respiratório normal e saída de ar pelo orifício interno da cânula; Colocar a fixação; Insuflar o cuff com o manômetro de cuff com 20 cmH2O; Se a segunda tentativa com a cânula menor não obtiver sucesso, providenciar fonte de O2 para o paciente e monitorização; Uma segunda pessoa presente deve chamar ajuda em caso de falha na troca.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 14 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/
9. DECANULAÇÃO A retirada da cânula de traqueostomia e realização do curativo oclusivo do estoma é um procedimento difícil e somente deve ser tentado após resolução da doença primária que o indicou. A decanulação deve ser precedida de endoscopia de vias aéreas superiores a fim de excluir doenças obstrutivas (estenose de laringe ou subglótica, granulomas, colapso traqueal acima da traqueostomia, entre outros) que impeçam a remoção da cânula. Se presentes, as alterações obstrutivas devem ser tratadas antes da remoção da cânula de traqueostomia, pois a via aérea superior deve estar restaurada para a passagem adequada do fluxo aéreo. Na maioria dos casos, a cânula de traqueostomia é retirada e o estoma se fecha espontaneamente. Em cerca de 40% dos casos ocorre falha no fechamento, sendo necessário um fechamento cirúrgico da fístula traqueocutânea, caso essa persista por 6 meses ou mais. A técnica tradicional de decanulação envolve uma sequência de redução do calibre do tubo, de um período que varia de dias a várias semanas. Quando o paciente estiver apto para tolerar o menor tubo, este é removido. Entretanto o desmame da traqueostomia e a consequente decanulação dependem de muitos fatores e por serem processos complexos, devem levar sempre em consideração a importância da atuação da equipe multidisciplinar. No caso de decanulação acidental, deve-se introduzir outra cânula de mesmo calibre ou meio número menor pelo próprio cuidador. Esses cuidadores devem ser orientados quanto a posicionamento do paciente e cuidados na reinserção, com lubrificação e tensão da pele. 9.1 Fatores que contraindicam decanulação Instabilidade hemodinâmica; Sinais de esforço respiratório; Ausência de EVA (exame endoscópico das vias aéreas); Dependência de ventilação mecânica nos últimos três meses; Dependência da traqueostomia para a toalete pulmonar. 9.2 Critérios para decanulação Habilidade de tolerar o cuff desinsuflado por 24 horas; Ausência de secreção, de sinais de desconforto respiratório e de broncoaspiração; Tosse eficaz; Vias aéreas superiores íntegras; Capacidade de deglutição; Fala com válvula de fonação ou oclusão da traqueostomia. A seguir pode-se conferir o fluxograma de decanulação na Figura 5.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 16 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ As vias aéreas superiores são revestidas por tecido delicado e cuidados precisam ser tomados para não lesá-lo durante a aspiração. Por essa razão, a aspiração deve ser realizada de forma intermitente e com rotação da sonda, prevenindo o trauma da mucosa da traqueia e dos brônquios. A descida da sonda deve ocorrer sempre com o vácuo desativado e a sonda de aspiração não deve ultrapassar o limite de 0,5 cm do final da cânula traqueal. Essa medida pode ser obtida na embalagem da cânula e anotada para ser marcada na sonda de aspiração, pois, ultrapassar esse limite traumatiza a carina, que é sensível à dor, e invade áreas do pulmão de maneira inadequada. Ao chegar ao ponto desejado, deve-se acionar o vácuo e voltar aspirando. 10.3 Identificação precoce de complicações e condutas a serem tomadas O cuidador do paciente traqueostomizado deve permanecer vigilante, ser orientado e treinado quanto aos cuidados necessários em domicílio. Uma informação de fácil entendimento melhora o conhecimento e o enfrentamento do paciente com doença crônica, ajuda a desenvolver atitudes e habilidades, facilita a autonomia, promove a adesão, torna capaz de entender como as próprias ações influenciam o padrão de saúde. A orientação familiar é importante quanto aos cuidados com a traqueostomia, cuidados e limpeza da pele periestoma, troca diária da fixação da cânula de traqueostomia, técnica correta da aspiração das vias aéreas, prevenção de complicações e condutas frente às intercorrências. 10.4 Insumos necessários para os cuidados no domicílio As famílias devem ter disponível em domicílio, ao menos, uma cânula de mesmo calibre da atual em uso e outra de meio tamanho menor da atual em uso. Lista de materiais necessários para cuidados com traqueostomia no domicílio por 30 dias Sonda de aspiração traqueal: 30 unidades Gaze estéril: 30 pacotes Luvas de procedimento: 3 caixas Aspirador portátil com borracha de aspiração de látex: 1 unidade Soro fisiológico 0,9% (flaconetes 10ml): 120 ampolas Borrachas para aspirador: 3 unidades Micropore: 1 unidade Xylocaína Gel ou outro lubrificante para facilitar a passagem da cânula Cadarço para fixação ou fixação de velcro (1 unidade/dia) Ambu (máscara de silicone) sem reservatório: 1 unidade Cânula de traqueostomia meio tamanho menor do que a em uso 10.5 Cartão de identificação Recomenda-se que os pacientes traqueostomizados possuam cartão de identificação contando as seguintes informações: médico/hospital responsável, tamanho da cânula em uso, comprimento da cânula, tamanho da sonda de aspiração, profundidade sugerida de aspiração, data da última troca, necessidade de insuflar o balonete e o volume.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 17 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ 10.6 Orientação multiprofissional A interação entre médico, enfermeiro, fisioterapeuta e fonoaudiólogo permite diminuir o tempo de uso da traqueostomia, acelerando o desmame e o tornando mais seguro para o paciente, com menor risco de insucesso e complicações. Além disso, destaca-se a importância dos profissionais de terapia ocupacional, psicologia e serviço social aos pacientes em uso de traqueostomia. A atuação de profissionais de diferentes áreas complementa os cuidados, promovendo ainda um plano assistencial individual, o que recai na melhoria da qualidade de vida do paciente.
11. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS, RESPONSABILIDADES Enfermeiro Preparar o cliente nos cuidados pré e pós-operatório. Identificar precocemente qualquer fator contribuinte ao evento adverso e adotar medidas preventivas/corretivas. Notificar a ocorrência de eventos adversos no Vigihosp (sistema de notificação de eventos adversos e queixas técnicas). Participar junto à equipe multiprofissional no planejamento e prestação dos cuidados. Envolver o cliente e sua família no planejamento diário dos cuidados, visando a alta responsável e orientação para os cuidados domiciliares. Capacitar a equipe técnica de enfermagem para a implementação dos cuidados, sob sua responsabilidade legal, e supervisionar o seu cumprimento. Técnico em Enfermagem Implementar as intervenções de enfermagem prescritas para a manutenção da via aérea artificial. Participar junto a equipe multiprofissional no planejamento e prestação dos cuidados. Preparar o cliente nos cuidados pré-operatório. Implementar a prescrição de enfermagem. Identificar precocemente qualquer fator contribuinte ao evento adverso, adotar medidas preventivas/corretivas e comunicar a chefia imediata. Envolver o cliente e sua família no planejamento diário dos cuidados. Auxiliar/colaborar nos cuidados para decanulação. Psicólogo Auxiliar a equipe no esclarecimento da indicação de traqueostomia para a família; Acolher e orientar familiares sempre que necessário. Assistente Social Realizar entrevista social, objetivando compreender a situação socioeconômica e familiar dos usuários, com o intuito de identificar a realidade social e as questões referentes à programação de alta e elaboração de estratégias de intervenção. Veiculação de informações quanto aos direitos sociais e direitos dos usuários dos serviços de saúde.
HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 19 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/
12. REFERÊNCIAS A. C. CAMARGO CÂNCER CENTER. Orientações para pacientes: traqueostomia. São Paulo: A. C. Camargo Câncer Center, [20--]. Disponível em: https://www.accamargo.org.br/sites/default/files/2018-07/manual---traqueostomia.pdf. Acesso em: 15 maio 2020. COSTA, E. C. L.; RODRIGUES, C. F.; MATIAS, J. G.; BEZERRA, S. M. G.; ROCHA, D. de M.; MACHADO, R. da S. et al. Cuidados para a prevenção de complicações em pacientes traqueostomizados. Revista de Enfermagem UFPE on-line, Recife, v. 13, n.1, p. 169-178, jan. 2019. CURCIO, A. The Laryngoscope, St. Louis, Mo, v. 113, n. 1, p. 1 - 10, 2003. Disponível em: https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_5.pdf. Acesso em: 15 maio 2020. DURBIN JÚNIOR, C. G. Traqueostomy: why, when and how? Respiratory Care, Philadelphia, v. 55, n. 8, p. 1056-68, 2010. ENGELS, P. T.; BAGSHAN, S. M.; MEIER, M.; BRINDLEY, P. G. Tracheostomy: from insertion to decannulaltion. Canadian journal of surgery, Toronto, v. 52, n. 5, p. 427-33, 2009. EVERITT, E. Caring for patients with a tracheostomy. Nursing times, London, v. 112, n. 19, p. 16– 20,
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HOSPITAL DE CLÍNICAS Tipo do Documento PROTOCOLO MULTIPROFISSIONAL PRT.NPM.019 - Página 20 / 22 Título do Documento TRAQUEOSTOMIA: INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES DE CUIDADO AO PACIENTE ADULTO Emissão: 19 /08/2020 Próxima revisão: Versão: 1 19 /08/ HEFFNER, J. E. The role of tracheotomy in weaning. Chest, Park Ridge, v.120, p. 477S-81S, 2001. Supl.
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