Baixe Análise do Trabalho e Emprego na Agricultura Brasileira (2004-2014) e outras Notas de estudo em PDF para Evolução, somente na Docsity!
Resumo – O mercado de trabalho na agricultura brasileira é caracterizado por muitas formas de
ocupação, desde as relações de assalariamento até as modalidades de trabalho familiar. Em um país
continental, com uma agricultura heterogênea e diversa, nota-se um mercado de trabalho comple-
xo, com importantes transformações no período recente. Por isso, o objetivo do texto é analisar
alguns aspectos relacionados ao trabalho e ao emprego na agricultura brasileira no período 2004–
2014, tendo como fonte de informações a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do
IBGE. São priorizados os seguintes aspectos na análise das tabulações especiais da Pnad: evolução
do número de pessoas ocupadas na agricultura; ocupações não agrícolas da população rural; par-
ticipação das mulheres na força de trabalho agrícola; grupos de idade e nível de escolaridade do
pessoal ocupado na agricultura; posição na ocupação; e principais atividades agropecuárias nas
quais as pessoas se ocuparam no período em questão. Espera-se que os resultados obtidos sejam
úteis para novos estudos e pesquisas, bem como para elaboração e implementação de políticas
públicas que contribuam para uma vida digna das pessoas e famílias que trabalham na agricultura
e no meio rural brasileiro.
Palavras-chave: agropecuária, Brasil, mercado de trabalho, ocupações agrícolas, Pnad.
Labor and employment in Brazilian agriculture: a look at the 2004-2014 period
Abstract – The labor market in the Brazilian agriculture is characterized by many forms of occupa-
tion, ranging from the salaried work to the various forms of family work. In a heterogeneous and
diverse agriculture, there is a complex labor market, with changes in recent times. So, this paper
aims to analyze the main aspects related to work and employment in Brazilian agriculture in the
2004-2014 period. The sources of information are special tabulations from the National Survey by
Household Sample (PNAD), conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE).
To achieve this goal will be prioritized the following aspects in the analysis of special tabulations of
(^1) Original recebido em 26/8/2016 e aprovado em 14/11/2016.
(^2) Versão anterior deste trabalho foi apresentada no XI Iberian Conference on Rural Studies, realizado no período de 13 a 15 de outubro
de 2016 em Vila Real, Portugal. (^3) Engenheiro-agrônomo, doutor em Economia Aplicada, Pesquisador da Embrapa. E-mail: otavio.balsadi@embrapa.br (^4) Engenheiro-agrônomo, doutor em Economia, professor da Universidade de Brasília (UNB) do Programa de Pós-Graduação em Agronegócio
(Propaga). E-mail: delgrossi@unb.br
Otavio Valentim Balsadi 3
Mauro Eduardo Del Grossi^4
Trabalho e emprego na
agricultura brasileira
Um olhar para o período
PNAD: evolution of the number of persons occupied in agriculture; non-agricultural occupations of
the rural population; participation of women in the agricultural labor force; age groups and school-
ing level of the people occupied in agriculture; status in employment; and main agricultural activities
in which people engaged in this period. It is expected that the results obtained are useful for further
studies and researches as well as to elaboration and implementation of public policies that promote
a dignified life for individuals and families who work in agriculture and rural areas.
Keywords: agriculture, Brazil, labor market, agricultural occupations, Pnad.
(^5) Ver Gasques et al. (2016) e Vieira Filho e Gasques (2016), especialmente as partes III e IV. (^6) Ver Alves e Rocha (2010), Helfand et al. (2014) e Kageyama et al. (2006).
Introdução
De 2004 a 2014, a agricultura brasileira
experimentou uma fase favorável em termos
de expansão de área, aumento da produção e,
especialmente, de ganhos de produtividade^5.
Favorecido pelos bons preços das principais
commodities e por um conjunto de políticas
públicas diferenciadas, o setor foi importante ge-
rador de divisas para a economia brasileira, com
significativo saldo positivo na balança comercial.
Esse desempenho favorável, no entanto, nem
sempre traz benefícios para todas as pessoas
que tem na agricultura sua principal ocupação e
fonte de emprego 6.
Se é fato que nas duas últimas décadas
foram registrados importantes avanços no mer-
cado de trabalho, também é verdade que vários
desafios permanecem para serem adequada-
mente enfrentados pelos trabalhadores e suas
organizações, agricultores e suas representações
e formuladores e gestores de políticas públicas.
Do lado positivo, houve: redução do trabalho
infantil; aumento do grau de formalidade das
relações de trabalho assalariado; ampliação da
cobertura da Previdência Social; ganhos reais
de salário; e aumento do nível de escolaridade.
Entretanto, alguns desafios permanecem como
questões estruturais da agricultura brasileira:
redução contínua do número de pessoas ocupa-
das; “saída” dos jovens e dificuldades no proces-
so de sucessão nas propriedades rurais; além do
elevado contingente de pessoas subocupadas ou
em condições muito precárias de trabalho.
Importante salientar que os últimos anos
foram marcados por uma volta do tema do
mercado de trabalho na agricultura aos estu-
dos acadêmicos, com foco no âmbito nacional
(BALSADI, 2011; LAURENTI et al., 2015; MAIA;
SAKAMOTO, 2014; SILVA FILHO; BALSADI,
2013). Nesse sentido, este texto busca contribuir
com esse debate contemporâneo, tendo como
objetivo principal analisar aspectos relacionados
ao trabalho e ao emprego na agricultura brasilei-
ra no período 2004–2014. Mais especificamente,
serão priorizados os seguintes aspectos na análi-
se do mercado de trabalho: evolução do número
de pessoas ocupadas na agricultura; ocupações
não agrícolas da população economicamente
ativa (PEA) com residência rural; participação
das mulheres na PEA agrícola; grupos de idade
da PEA ocupada na agricultura; nível de esco-
laridade dos ocupados; posição na ocupação; e
principais atividades agropecuárias nas quais a
PEA se ocupou no período em questão.
Procedimentos metodológicos
A fonte dos dados primários do estudo dos
ocupados na agricultura brasileira é a Pnad. Os
dados referem-se ao trabalho único ou principal
que as pessoas de 10 anos ou mais de idade
tinham na semana de referência da pesquisa,
normalmente a última ou a penúltima do mês
de setembro de cada ano. Por PEA ocupada en-
Não remunerado: pessoa que trabalha
sem remuneração, durante pelo menos uma hora
na semana, em ajuda a membro conta própria
da unidade familiar, empregador ou empregado
na produção de bens primários. Nessa categoria,
estão também as pessoas que trabalham sem
remuneração, durante pelo menos uma hora
na semana, como aprendiz ou estagiário ou em
ajuda a instituição religiosa, beneficente ou de
cooperativismo.
Trabalhador na produção para o próprio
consumo: pessoa que trabalha, durante pelo
menos uma hora na semana, na produção de
bens do ramo que compreende as atividades da
agricultura, silvicultura, pecuária, extração vege-
tal, pesca e piscicultura, para a própria alimen-
tação de pelo menos um membro da unidade
domiciliar.
A distribuição dos ocupados, por ativi-
dade, obedece à classificação das atividades
econômicas feitas pelo IBGE para fins de pes-
quisas domiciliares. Trata-se da Classificação
Nacional de Atividades Econômicas-Domiciliar
(Cnae-Domiciliar).
A expansão das amostras da Pnad para a
obtenção do total de ocupados em 2004–
foi feita com as novas ponderações do IBGE para
essa década, conhecida como “Revisão 2013”. As
taxas de crescimento anuais foram estimadas por
meio do modelo de regressões log-lineares, com
as informações referentes a 2004, 2005, 2006,
2007, 2008, 2009, 2011, 2012, 2013 e 2014. Em
2010, por causa do Censo Demográfico, a Pnad
não foi feita.
Resultados e discussão
De 2004 a 2014, a PEA ocupada na agri-
cultura caiu 2,8% ao ano, culminando com a
redução de 3,6 milhões de pessoas (Tabela 1).
Com exceção do Norte, em todas as regiões
houve significativas taxas de redução: -3,3% ao
ano no Nordeste; -2,1% no Sudeste; -4,2% no
Sul; e -2,5% no Centro-Oeste. Importante obser-
var que o Nordeste e o Sul foram responsáveis
por cerca de 75% do total da redução da PEA
ocupada na agricultura (2,7 milhões de pessoas
do total de 3,6 milhões registrados no período).
Em termos de participação relativa das
regiões no total da PEA ocupada na agricultura,
nota-se um quadro com poucas variações em
2004–2014. O Nordeste foi responsável, em
média, por 45,4% do total das pessoas ocupadas
(45,8% em 2004 e 45,1% em 2014). Na sequên-
cia, aparecem Sudeste, Sul, Norte e Centro-
-Oeste, com 21,2%, 16,5%, 10,7% e 6,3%,
respectivamente.
O mercado de trabalho na agricultura
brasileira é caracterizado por distintas formas de
ocupação, desde as relações de assalariamento
até as diversas modalidades de trabalho familiar.
Em 2004–2014, com exceçao dos empregados
com registro formal em carteira de trabalho
e da categoria de autoconsumo, houve fortes
decréscimos em todas as categorias (Tabela 2).
Em termos absolutos, as maiores reduções
ocorreram nas categorias de não remunerados
(2,8 milhões de pessoas a menos, com taxa de
-10,8% ao ano), empregados sem registro formal
em carteira (cerca de 1,1 milhão de pessoas, taxa
de -4,1% ao ano) e conta própria (cerca de 500
mil pessoas, taxa de -1,2% ao ano). Entretanto,
chama atenção o elevadíssimo crescimento da
categoria dedicada ao autoconsumo, com au-
mento de quase um milhão de pessoas ocupadas
em 2004–2014.
Dois outros aspectos têm merecido maior
atenção nos estudos sobre trabalho e emprego
na agricultura: a redução da presença feminina
na força de trabalho e a “saída” dos jovens. Em
2004–2014, a PEA agrícola feminina foi reduzida
em 1,2 milhão de pessoas (Tabela 3), e as maiores
reduções foram no Nordeste e no Sul – 73,7%
do total.
É importante ressalvar também a significa-
tiva redução do trabalho infantil na agricultura
no período (Tabela 4). Houve queda de cerca
de 600 mil pessoas com idade de 10 a 14 anos
(-10,3% ao ano), e o Nordeste respondeu por
53,0% desse valor (menos 316 mil pessoas,
Tabela 1.
Evolução da PEA agrícola de dez anos ou mais de idade, por região, em 2004–2014.
Unidade
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
(milhares de pessoas)Taxa 4/
(% a.a.)
Variação
4/
Brasil
18.
18.
17.
16.
16.
16.
14.
13.
13.
14.
-2,
-3.
Norte
0
-^
Nordeste
-3,
-1.
Sudeste
-2,
Sul
-4,
Centro-Oeste
874
877
862
934
-2,
***: 99% de confiança. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016). Tabela 2.
Evolução da PEA agrícola de dez anos ou mais de idade, segundo a posição na ocupação na atividade principal, em 2004–2014.
Ocupação
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
(milhares de pessoas)Taxa 4/14(% a.a.)
Variação
4/
Brasil
18.
18.
17.
16.
16.
16.
14.
13.
13.
14.
-2,
-3.
Empregador
559
554
528
411
488
447
352
318
267
269
-7,
Conta própria
-1,
**
Empregados
-2,
3, Empregados com registro
0,
-^
147
3, Empregados sem registro
-4,
-1.
4, Não remunerados
-10,
-2.
3, Autoconsumo
1,
-^
991
***, **: 99% e 95% de confiança, respectivamente. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016).
Tabela 4.
Evolução da PEA agrícola por grupo de idade e por região em 2004–2014.
Unidade efaixa etária(anos)
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
(milhares de pessoas)Taxa 4/14(% a.a.)
Variação
4/
Brasil
18.
18.
17.
16.
16.
16.
14.
13.
13.
14.
-2,
-3.
10 a 14
995
902
712
642
565
418
414
441
-10,
15 a 29
-6,
-2.
30 a 59
-1,
60 ou mais
-0,
-^
189
Norte
1.
1.
1.
1.
1.
1.
1.
1.
1.
1.
0,
-^ -
10 a 14
167
123
130
124
90
98
110
91
76
86
-5,
15 a 29
699
516
530
522
443
473
543
479
458
420
-2,
**
30 a 59
899
818
787
786
770
834
978
957
930
947
**
47
60 ou mais
198
179
178
187
205
213
224
214
226
238
40
Nordeste
8.
8.
8.
7.
7.
7.
6.
6.
6.
6.
-3,
-1.
10 a 14
531
626
533
487
405
343
316
209
209
214
-11,
15 a 29
-7,
-1.
30 a 59
-1,
60 ou mais
960
-0,
-^
31
Sudeste
3.
3.
3.
3.
3.
3.
3.
3.
3.
3.
-2,
-
10 a 14
98
131
126
104
78
86
62
51
64
62
-7,
15 a 29
968
883
877
777
717
629
621
572
-5,
30 a 59
-0,
**
60 ou mais
553
600
678
575
647
674
551
574
580
601
-0,
-^
48
Sul
3.
3.
3.
2.
2.
2.
2.
2.
2.
2.
-4,
-
10 a 14
202
198
171
161
108
82
65
55
53
62
-14,
15 a 29
730
687
651
595
520
552
387
361
333
325
-8,
30 a 59
-3,
60 ou mais
574
603
633
535
568
520
523
527
545
602
-0,
-^
28
Centro-Oeste
1.
1.
1.
1.
1.
1.
874
877
862
934
-2,
-
10 a 14
40
40
35
26
30
34
11
12
12
17
-12,
15 a 29
303
321
279
270
253
236
182
175
167
181
-6,
30 a 59
589
603
589
630
591
620
540
546
543
556
-1,
**
60 ou mais
138
148
155
173
171
185
140
144
140
180
0,
-^
42
***, **: 99% e 95% de confiança, respectivamente. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016).
Tabela 5.
Evolução da idade média da PEA agrícola de dez anos ou mais de idade, segundo a posição na ocupação na atividade principal,
por região, em 2004–2014.^ Unidade e posição naocupação
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
Taxa 4/14 (% a.a.)
Brasil Empregador
51
52
52
53
53
53
53
53
55
55
0,
3, Conta própria
46
47
47
47
47
48
48
47
48
48
0,
3, Empregados sem registro
35
35
36
36
36
36
37
38
38
37
0,
5, Empregados com registro
34
34
34
35
35
36
37
37
37
37
Não remunerados
27
28
29
29
30
30
30
31
33
33
Autoconsumo
46
45
46
46
46
47
46
47
47
48
0,
Norte Empregador
47
49
50
52
49
49
52
51
52
52
0,
**
3, Conta própria
43
45
44
45
46
46
45
44
45
45
0,
Empregados com registro
34
36
35
34
35
36
35
36
37
36
0,
Empregados sem registro
32
33
33
34
34
33
35
34
34
37
0,
Não remunerados
24
28
25
25
26
28
27
27
28
28
1,
**
Autoconsumo
39
40
40
41
43
44
41
42
43
41
0,
Nordeste Empregador
54
55
55
54
54
54
54
55
59
58
0,
**
Conta própria
46
46
46
47
46
47
47
47
48
47
0,
Empregados com registro
33
33
34
34
34
34
35
36
35
35
0,
Empregados sem registro
33
33
33
33
34
35
35
36
35
37
1,
Não remunerados
26
26
27
27
28
28
28
28
29
30
1,
Autoconsumo
44
43
42
43
44
44
44
44
45
46
0,
Sudeste Empregador
51
54
53
55
54
55
54
53
54
55
0,
Conta própria
48
49
50
49
50
51
49
49
49
49
0,
Empregados com registro
36
37
37
36
37
37
38
38
39
39
0,
Empregados sem registro
35
37
35
37
38
38
38
39
39
38
0,
Não remunerados
30
31
31
32
34
34
32
34
36
35
1,
Autoconsumo
49
49
50
50
50
51
51
51
50
53
0,
Continua...
Unidade e posição naocupação
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 Taxa 4/14 (% a.a.)
Tabela 6. ***, *: 99% e 90% de confiança, respectivamente. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016).
- 3, Norte Empregador
- 4,
- 4,
- 5,
- 5,
- 5,
- 6,
- 6,
- 4,
- 6,
- 3,
- 2, Conta própria
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 4,
- 3,
- 3, Empregados com registro
- 3,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 5,
- 4,
- 5,
- 5,
- 3,
- 3, Empregados sem registro
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 4,
- 4,
- 4,
- 3,
- 3, Não remunerados
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 5,
- 3,
- 3, Autoconsumo
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 4,
- 1,
- 4, Nordeste Empregador
- 4,
- 3,
- 4,
- 3,
- 4,
- 4,
- 5,
- 4,
- 5,
- 3,
- 1, Conta própria
- 1,
- 2,
- 2,
- 2,
- 2,
- 2,
- 3,
- 3,
- 3,
- 6,
- 3, Empregados com registro
- 3,
- 3,
- 3,
- 3,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 4,
- 2, Empregados sem registro - 2, - 2, - 2, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, Não remunerados - 3, - 3, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 4, - 2, Autoconsumo - 2, - 2, - 2, - 2, - 2, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 7, Sudeste Empregador - 7, - 7, - 7, - 7, - 7, - 8, - 7, - 8, - 8, - 1, - 3, Conta própria - 3, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 3, - 4, Empregados com registro - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 5, - 3, - 3, Empregados sem registro - 3, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 2, - 4, Não remunerados - 5, - 5, - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 5, - 5, - 1, - 3, Autoconsumo - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 3, - 4, - 3, - 4, - 1, - 7, Sul Empregador - 6, - 7, - 6, - 7, - 7, - 8, - 9, - 8, - 9, - 3, - 4, Conta própria - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 5, - 5, - 5, - 3, - 5, Empregados com registro - 4, - 5, - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 6, - 6, - 2, - 4, Empregados sem registro - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 4, - 5, - 5, - 1, - 5, Não remunerados - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 6, - 6, - 6, - 6, - 2, - 3, Autoconsumo - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 1, - 7, Centro-Oeste Empregador - 8, - 8, - 8, - 7, - 9, - 8, - 8, - 8, - 9, - 1, - 3, Conta própria - 3, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 4, - 4, Empregados com registro - 4, - 4, - 4, - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 6, - 3, - 3, Empregados sem registro - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 5, - 2, - 5, Não remunerados - 5, - 5, - 5, - 5, - 6, - 6, - 6, - 6, - 6, - 2, - 3, Autoconsumo - 4, - 4, - 3, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 4, - 1,
Tabela 7.
Evolução da PEA não agrícola de dez anos ou mais de idade, por região, com residência rural em 2004–2014.
Unidade
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
(milhares de pessoas)
Taxa4/ (% a.a.)
Taxa11/ (% a.a.)
Variação
4/
Variação
11/
Brasil
4.
4.
4.
5.
5.
5.
4.
5.
5.
5.
6,
1.
948
Norte
631
882
909
795
917
830
643
699
741
737
-^
4,
*^
199
94
Nordeste
4,
**
**
387
457
Sudeste
3,
4,
*^
277
178
Sul
732
756
786
811
896
890
782
873
899
929
4,
*^
158
147
Centro-Oeste
255
286
313
272
284
307
212
237
278
283
-^
10,
**
52
72
***, **, *: 99%, 95% e 90% de confiança, respectivamente. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016).
res, em todas as regiões – de 5,6 anos de estudo
no Nordeste até 9,8 anos no Sul. No extremo
oposto, a categoria de autoconsumo, com raríssi-
mas exceções, apresentou a menor média.
Apesar desses avanços, ainda é preciso
grande esforço em termos de políticas públicas
e investimentos do setor privado para elevar o
nível de escolaridade e qualificação da força de
trabalho na agricultura brasileira. As inovações
no processo produtivo, desde o preparo do solo
até as atividades de colheita e pós-colheita,
exigem um novo perfil de trabalhadores, mais
qualificados e com maior flexibilidade para no-
vas funções.
O tema das ocupações não agrícolas da
população rural^10 , compensando parcialmente
a redução nas ocupações agrícolas, tem-se
mostrado relevante no Brasil desde meados da
década de 1990. Um dos motivos é que essa
forma de inserção no mercado de trabalho
pode ser uma alternativa importante para os
residentes rurais obterem melhores condições
de trabalho e rendimento monetário maior em
relação ao que costumeiramente se recebe nas
atividades agrícolas^11. Com isso, os membros
familiares podem continuar residindo no campo
e se ocupar em atividades não agrícolas, muitas
delas complementares à agricultura. Esse fenô-
meno da pluriatividade no interior das famílias
rurais tem sido observado, em grau variado, em
praticamente todas as regiões^12. Em 2004–2014,
a PEA não agrícola com residência nas áreas
rurais saltou de 4,3 milhões para 5,5 milhões de
pessoas ocupadas, acréscimo de 1,2 milhão de
ocupações (Tabela 7), com grande destaque para
o Nordeste.
Em 2014, as cinco principais atividades
na ocupação da PEA agrícola brasileira eram a
criação de bovinos, a criação de aves, o cultivo
de milho, o cultivo de mandioca e o cultivo de
hortaliças e legumes. Juntas, essas atividades fo-
(^10) Considera-se como ocupação rural não agrícola aquela que é exercida por pessoas residentes em áreas rurais e ocupadas em atividades fora da agricultura – construção civil, serviços domésticos, administração pública –, desenvolvidas na área rural ou na urbana. (^11) Ver Balsadi (2008, 2012). (^12) Ver Nascimento (2008), Sakamoto et al. (2015), Schneider (2009) e Schneider et al. (2014).
Tabela 8.
Evolução da PEA agrícola segundo a atividade principal agropecuária em 2004–2014.
Atividade principal
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
(milhares de pessoas)Taxa 4/
(% a.a.)
Variação
4/
Brasil
18.
18.
17.
16.
16.
16.
14.
13.
13.
14.
-2,
-3.
Criação de bovinos
-3,
Criação de aves
-2,
-^
1
Cultivo de milho
0
-^
Cultivo de mandioca
-1,
-^
Cultivo de hortaliças e legumes
-4,
Produção mista: lavoura epecuária
34
68
70
214
361
983
832
42,
798
Cultivo de outros produtos delavoura temporária
861
615
724
796
-12,
-1.
Serviços relacionados com aagricultura
378
417
454
589
513
580
568
524
569
554
**
176
Cultivo de café
857
799
664
698
811
633
625
600
581
544
-3,
Pesca e serviços relacionados
396
430
393
361
385
452
449
487
497
470
74
Cultivo de cana-de-açúcar
595
617
633
606
728
630
506
505
456
415
-3,
Cultivo de soja
515
386
302
310
247
267
274
336
329
347
-2,
-^
Cultivo de arroz
882
842
727
670
598
586
513
390
379
332
-9,
Silvicultura e exploração florestal
370
361
374
382
349
250
356
366
304
318
-1,
-^
Cultivo de outros produtos delavoura permanente
558
469
559
402
470
303
265
241
272
255
-8,
Cultivo de fumo
493
491
467
385
343
346
251
221
196
197
-10,
Cultivo de banana
235
277
207
213
185
209
166
130
113
172
-6,
Criação de suínos
124
189
180
138
139
105
111
117
131
148
-2,
-^
24
Cultivo de frutas cítricas
159
149
131
177
122
134
190
165
144
123
-0,
-^
Criação de ovinos
72
60
63
81
46
62
62
102
75
114
-^
42
Cultivo de cacau
173
153
148
155
139
135
114
94
125
114
-4,
Cultivo de uva
77
80
71
71
75
67
83
93
83
92
2,
**
16
Demais atividades
454
436
564
606
781
467
341
294
298
316
-^ -^
***, **: 99% e 95% de confiança, respectivamente. Fonte: Tabulações especiais do Pnad (IBGE, 2016).
ça alimentar e nutricional na redução do
trabalho infantil na agricultura – menos
600 mil pessoas com idade de 10 a 14
anos em 2004–2014.
f) O perfil e as características, pessoais e
familiares, do setor de autoconsumo,
cujo incremento foi de quase um milhão
de pessoas no período analisado, bem
como quais deveriam ser as políticas
públicas para esse segmento significati-
vo da PEA rural.
g) As relações entre a melhoria do nível de
escolaridade das pessoas ocupadas e as
novas demandas (perfil, exigências) das
atividades agropecuárias num mercado
de trabalho em transformação.
Com isso, subsídios mais claros poderiam
ser gerados e também usados pelos formuladores
e gestores de políticas públicas e por organiza-
ções, representações e atores sociais.
De qualquer forma, há um conjunto de
desafios que precisam ser tratados de forma
contínua e estrutural, seja porque são deveres
elementares do Estado brasileiro – erradicação
do trabalho infantil; erradicação do trabalho em
condições análogas ao escravo; elevação do nível
de escolaridade e erradicação do analfabetismo
entre os trabalhadores; redução das disparidades
regionais, em termos de qualidade do trabalho e
condições de vida –, seja porque são direitos de
cidadania (acesso aos serviços sociais, infraestru-
tura e direitos básicos, como alimentação, mora-
dia, educação, previdência, saúde), seja porque
são políticas pró-ativas de geração de emprego
e renda – aumento do grau de formalidade do
emprego; maior inserção e melhores condi-
ções de trabalho para as mulheres; fomento às
atividades não agrícolas de qualidade para os
residentes rurais; atenção especial aos domicílios
pobres com membros da família não ocupados;
fortalecimento de acordos coletivos e novos ar-
ranjos tripartites nas cadeias produtivas que mais
empregam; aumento do número de ocupados
nos domicílios pobres via capacitação e geração
de oportunidades para a juventude; geração de
emprego e renda em municípios rurais/agrícolas
fornecedores de migrantes; maior acesso aos
ativos necessários para maior inserção produtiva
dos trabalhadores. Em praticamente todas essas
temáticas, é possível e necessário maior atenção
no curto e médio prazos.
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