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Cultura do feijão ciclo completo
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes constituintes da dieta do brasileiro, por ser reconhecidamente uma excelente fonte proteica, além de possuir bom conteúdo de carboidratos e de ser rico em ferro. Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de grande importância econômica e social.
Dependendo da cultivar e da temperatura ambiente, pode apresentar ciclos variando de 65 a 250 dias, o que o torna uma cultura apropriada para compor, desde sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente penificados, até aqueles com baixo uso tecnológico, principalmente de subsistência. As variações observadas na preferência dos consumidores orientam a pesquisa tecnológica e direcionam a produção e comercialização do produto, pois as regiões brasileiras são bem definidas quanto à preferência do grão de feijoeiro comum consumido, (BRAGANTINI,1996. 639-667 p.).
No Brasil o feijoeiro vem deixando de ser considerada uma cultura de subsistência e se tornou uma das culturas mais rentáveis com o uso de alta tecnologia. Nesse caso, a nutrição mineral se destacou como um dos fatores mais importantes para o aumento da produtividade nas lavouras de feijão do Brasil.
Apesar da sua ampla adaptação e distribuição geográfica, o feijoeiro é muito pouco tolerante a fatores extremos do ambiente, sendo uma cultura relativamente exigente no que diz respeito à maioria das condições edafoclimáticas. Dessa forma, algum conhecimento a respeito das características agroclimáticas da região e das exigências e limitações do feijoeiro é de fundamental importância para a escolha de um ambiente onde a cultura possa crescer, desenvolver-se e produzir bem, aproveitando ao máximo o potencial do cultivar utilizado, as respostas à adubação e o benefício das outras práticas ou tecnologias empregadas.
Para que o feijoeiro possa atingir seu rendimento potencial, torna-se necessário que a temperatura do ar apresente valores mínimo, ótimo e máximo como sendo 12ºC, 21ºC e29ºC, respectivamente. Com relação à germinação do feijoeiro, valores de temperatura em torno de 28°C são considerados ótimos. Se as baixas temperaturas ocorrerem imediatamente após a semeadura, podem impedir, reduzir ou atrasar a germinação das sementes e a emergência das plântulas, podendo resultar em baixa população de plantas e, consequentemente, baixa produtividade. Durante o crescimento vegetativo, baixas temperaturas reduzem a altura da planta e o crescimento de ramos, conduzindo à produção de pequeno número de vagens por planta, (VIEIRA, 1998. 596 p.).
Alta temperatura talvez seja o fator climático que exerce maior influencia sobre o aborto de flores e sobre o vigamento e a retenção final das vagens no feijoeiro, sendo responsável pela redução no número de sementes por vagem. É importante ressaltar que altas temperaturas também podem ser decisivas na ocorrência de diversas enfermidades que acometem a cultura do feijão, principalmente se associada à alta umidade relativa do ar.
A escolha do cultivares do feijão deverá se fundamentar na adequação de suas necessidades térmicas e hídricas à época de semeadura e à região considerada. Ainda, convém lembrar que a não observância desse detalhe poderá acarretar o prolongamento ou a redução da fase vegetativa da cultura, bem como maximizar efeitos de estresse, comprometendo seu desempenho e, consequentemente, seu potencial de produção.
Dentre os insumos que concorrem para aumentar a produtividade da cultura do feijoeiro, a utilização de uma cultivar melhorada ou tradicional, que se adapte às condições da região, é uma das tecnologias de mais baixo custo para o agricultor. Na escolha da cultivar a ser plantada deve-se dar atenção a sua recomendação para o Estado, ponderando sobre as seguintes características: produtividade, resistência ou tolerância às principais doenças e pragas da região e a aceitação comercial do tipo de grão pelo mercado consumidor.
Os cultivares de sementes de boa qualidade permite a formação de lavoura uniforme, maximiza o aproveitamento dos demais insumos utilizados, evita a propagação e diminui as fontes de contaminação de doenças na lavoura, reduz a disseminação de plantas nocivas e a agressividade daquelas já presentes no solo. O seu custo corresponde normalmente de 10 a 20% do custo total da lavoura.
Vale salientar o grande número de variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.), tais como feijão-preto, feijão-mulatinho, feijão-carioquinha, feijão-pardo, feijão-roxinho, entre outros. Entre as culturas de grãos, o feijoeiro é a que exibe o mais alto nível de variabilidade quanto à cor, tamanho e forma da semente, sendo que estas características influenciam as pessoas quanto à preferência por determinada variedade (DOURADO NETO & FANCELLI, 2000. 385 p.).
No Brasil há maior aceitação dos feijões de sementes pequenas e opacas. O feijão preto é mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país, este tipo de grão tem pouco ou quase nenhum valor comercial ou aceitação. O feijão do tipo carioca é aceito em praticamente todo o país. No Brasil, a recomendação de novos cultivares de feijão tem sido feita em função de suas características agronômicas. Algumas delas são as produtividades e resistências às principais doenças que atacam o feijoeiro. Porém, nos últimos anos os pesquisadores do Programa de Melhoramento Genético do Feijoeiro têm reconhecido a importância das características físicas e sensoriais dos grãos de cultivares de feijão na sua aceitação pelos consumidores.
No preparo da área que vai ser cultivado as operação pode ser realizada manualmente ou com trator de esteiras ou de pneus, equipados com lâmina e/ou correntão. Sempre com equipamentos apropriados, para não evitar a perda da camada superficial do solo.
Os principais pontos a serem analisados para a escolha do método de preparo do solo são o grau de compactação do solo, o volume de restos culturais e de invasoras e a fertilidade do perfil do solo comumente explorado pelas raízes. Os métodos de preparo do solo em áreas já cultivadas podem ser classificados em convencional, mínimo e plantio direto. Para se obter sucesso em uma lavoura é importante reunir todas as condições que favoreçam a planta a expressar todo o seu potencial produtivo.
A escolha da área, a qualidade das sementes e a operação de semeadura, especialmente no que se refere à época, à profundidade em que as sementes são colocadas, o espaçamento entre fileiras e o número de sementes por metro, são fatores bastante importantes e devem ser levados em consideração.
O feijoeiro é uma planta com sistema radicular delicado, com sua maior parte concentrada na camada de até 20 cm de profundidade do solo, por isso, deve-se ter um cuidado especial na escolha da área.
SOLOS RECOMENDADOS
Solos pesados, compactados, sujeitos a formar crosta na superfície ou ao encharca mento não são adequados para a cultura do feijoeiro, recomendam-se solos friáveis, com boa aeração, de textura arena-argilosa, relativamente profundos e ricos em matéria orgânica e elementos nutritivos. Umidade do solo para cultura do feijão requer boa disponibilidade de água no solo durante todo o ciclo, principalmente nas etapas de germinação/emergência, floração e enchimento do grão (GUIMARÃES, 1988).
Quanto à semeadura, as épocas recomendadas concentram-se, basicamente, em três períodos, o chamado das "águas", nos meses de setembro a novembro, o da "seca" ou safrinha, de janeiro a março, e o de outono-inverno ou terceira época, nos meses de maio a julho.
No plantio de outono-inverno ou terceira época, que só pode ser conduzido em regiões onde o inverno é ameno, sem ocorrência de geadas, como em algumas áreas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo, o agricultor, via de regra, necessita irrigar a lavoura. Na época da "seca" nem sempre as chuvas são suficientes durante todo o ciclo da cultura, sendo conveniente, neste caso, complementar com irrigação. A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em geral recomendam-se de 3-4 cm para solos argilosos ou úmidos e de 5-6 cm para solos arenosos.
A densidade, ou o número de plantas por unidade de área, é resultado da combinação de espaçamento entre fileiras de plantas e número de plantas por metro de fileira. Espaçamentos de 0,40 a 0,60 m entre fileiras e com 10 a 15 plantas por metro, em geral proporcionam os melhores rendimentos. O gasto de sementes varia em função de diferentes fatores: a) espaçamento entre fileiras, b) número de plantas por metro de fileira, c) massa das sementes, e d) poder germinativo. Portanto, considerando esses fatores, verifica-se que ele normalmente varia numa faixa de 45 a 120 kg por hectare.
A rotação de culturas, a prática mais antiga no controle de doenças e de pragas, continua sendo a mais eficiente entre os métodos culturais de controle. No Brasil, ênfase ao controle de doenças pela rotação de culturas, tem sido dada em cereais de inverno. A rotação de culturas é o cultivo alternado de espécies vegetais diferentes no mesmo local e na mesma estação anual. Por exemplo, trigo, aveia, trigo, aveia, etc. Assim, numa mesma lavoura, durante o inverno, são cultivadas, alternadamente, duas espécies de cereais,
A cultura do feijoeiro, cultivada nas mais diversas regiões do país, apresenta um rendimento médio de 500 a 600 kg/ha, sendo que tem um potencial de produção de aproximadamente 3.000 kg/ha. Um dos principais fatores responsáveis pela sua baixa produtividade é a ocorrência de doenças que limitam a produção de feijão e reduzem a qualidade fisiológica, sanitária, nutricional e comercial do produto. A incidência, a intensidade dessas doenças e os prejuízos causados variam de acordo com a região, a época de plantio, o sistema de plantio, a variedade, a qualidade sanitária da semente e as condições climáticas, (CARVALHO, 1989. 217-243 p.)
Dentre as principais pragas com ocorrência generalizada nas regiões produtoras incluem segundo Devara, (1983,56 p.). Mosca-branca (Bemisia tabaci); Vaquinhas(Diabrotica speciosa); Cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri); Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus); Lagarta das vagens (Elasmopalpus lignosellus); Larva minadora (Liriomyza spp.); Tripes (Calyothrips spp).
Tecnologias de manejo segundo com OLIVEIRA, (1998. 172 p) integrado de pragas do feijoeiro (MIP-Feijão), se bem implementadas, podem reduzir, em média, 50% a aplicação de químicos, sem aumentar o risco de perdas de produção devido ao ataque de pragas.
PRINCIPAIS DOENÇAS
Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum ); Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum); Mancha angular (Phaeoisariopsis griseola); Ferrugem (Uromyces appendiculatus); Mancha de Alternaria (Alternaria sp); Oídio (Erysiphe polygoni); Crestamento Bacteriano Comum (Xanthomonas campestris); Mosaico dourado que tem como vetor a mosca branca e o Mosaico comum; Carvão (Microbotryum phaseoli. sp).
Para o controle das doenças causadas por fungos existe no mercado vários produtos registrados, que aliados ao bom manejo cultural apresentam bons resultados no controle destas enfermidades. Além disso, muitos cultivares também apresentam resistência a algumas doenças, uso de variedades resistentes, sementes sadias, rotação de culturas e eliminação de restos culturais, são importantes também para ter um ótimo controle.
Com a utilização de grande áreas de cultivo, a escassez de trabalhadores no meio rural e a demanda de mão-de-obra flutuante durante os processos agrícolas, a cultura do feijão tem gerado uma crescente necessidade da mecanização de todas as etapas da produção. Para evitar perdas e obter produtos de boa qualidade, as lavouras devem ser colhidas, preferencialmente, logo após as sementes alcançarem a maturação fisiológica, que corresponde ao estágio de desenvolvimento em que as plantas estão com folhas amarelas, as vagens mais velhas já estão secas e as sementes em sua capacidade máxima de desenvolvimento.
Nas variedades de sementes de cor bege, a maturação fisiológica é alcançada quando o teor de umidade das sementes encontra-se ao redor de 38% a 44% e, nas de cor preta, em torno de 30% a 40%. Contudo, em 34 lavouras que se destinam à produção de sementes, recomenda-se iniciar a colheita quando o teor de umidade das sementes atingir 20%. Sementes imaturas, colhidas antes de terem atingido seu ponto de maturação fisiológica, apresentam baixo vigor e baixo poder germinativo.
O retardamento da colheita do feijoeiro, deixando-o por um longo período no campo após a maturação, provoca perdas de sementes pela deiscência (abertura) natural das vagens e também deprecia as sementes, que ficam expostas por mais tempo ao ataque de pragas, e dificulta o arranquio das plantas pela maior infestação das plantas daninhas. Quando se prolonga a permanência do feijoeiro no campo, também ocorrem redução na germinação e no vigor das sementes, e elevação nos percentuais de sementes infectadas por patógenos e de sementes atacadas por insetos. Os sistemas de colheita são classificados em três tipos: manual, semi-mecanizado e mecanizado. Manual: nesse método, todas as operações da colheita, como o arranquio, o recolhimento e o trilha mento são feitas manualmente.
Consiste em arrancar as plantas inteiras, a partir da maturação fisiológica das sementes com umidade em torno de 22%. As plantas arrancadas permanecem na lavoura, em molhos com as raízes para cima, para completar o processo de seca mento até os grãos atingirem cerca de 16-18% de umidade. Em seguida, são postas em terreiros, em camadas de 30 a 50 cm, onde se processa a batedura com varas flexíveis. Por último, procede-se a separação e a abanação para limpeza dos grãos. Semi- mecanizado: o arranquio e o enleiramento das plantas são, normalmente, manuais e o trilhamento é mecanizado, empregando-se as trilhadoras estacionárias ou as máquinas recolhedoras trilhadoras. Mecanizado: todas as operações da colheita são feitas com máquinas, podendo ser realizado por dois processos: o direto e o indireto.
Após o arranquio, as plantas são deixadas a secar até as sementes atingirem cerca de 14 a 16% de umidade, quando devem ser recolhidas e trilhadas mecanicamente
VIEIRA, H.J., MASSIGNAM, A.M. Bioclimatologia da cultura do feijão. In: EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA. A cultura do feijão em Santa Catarina. Florianópolis: EPAGRI,