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Este estudo identificou a presença de vocalizações adicionais ao miado em gatos domésticos em situação positiva e aversiva, relacionando-as à comunicação corporal e ao sexo do animal. Foram utilizados 74 gatos sem raça definida, divididos em dois grupos: um exposto à oferta de petisco (grupo positivo) e outro à colocação e manutenção em caixa de transporte (grupo aversivo). Os resultados mostraram que apenas o grupo positivo apresentou tipos de vocalização diferentes do miado, como reconhecimento/trinado, ronronado, 'squeak' e 'chatter'.
O que você vai aprender
Tipologia: Esquemas
Compartilhado em 07/11/2022
4.6
(158)172 documentos
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Curitibanos 2018
Jaciana Luzia Fermo
Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel e Licenciatura em Medicina Veterinária. Orientadora: Profª. Drª. Marcy Lancia Pereira Curitibanos 2018
Jaciana Luzia Fermo
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Médico Veterinário” e aprovado em sua forma final pelo Programa. Curitibanos, 28 de junho de 2018.
Profº Drº. Alexandre de Oliveira Tavela Coordenador do Curso Banca Examinadora:
Prof.ª, Dr.ª Marcy Lancia Pereira Orientadora Universidade Federal de Santa Catarina
Prof.ª Dr.ª Sandra Arenhart Universidade Federal de Santa Catarina
Prof.º Dr. º Luiz Ernani Henkes Universidade Federal de Santa Catarina
Este trabalho é dedicado à minha gata Mia, companheira singular, que me fez perceber que felinos são seres extraordinários.
"Há dois meios de refúgio das misérias da vida: música e gatos". Albert Schweitzer
O gato ( Felis catus ) convive com seres humanos há mais 10.000 anos e tornou-se um dos animais de estimação mais populares do mundo. Seu repertório de vocalização é mais extenso que a maioria dos demais membros da Ordem Carnívora, o que pode ser explicado pela sua organização social, atividade noturna e longo período de contato entre a mãe e filhotes. E ainda assim, há poucos estudos fonéticos sobre vocalizações em gatos. O objetivo deste estudo foi identificar a presença de vocalizações adicionais ao miado em situação aversiva e positiva, bem como verificar o efeito do sexo do animal e associar à comunicação corporal. Foram utilizados 74 gatos sem raça definida (SRD) domiciliados em Curitiba – Paraná divididos de acordo com o tipo de estímulo a que foram expostos: grupo positivo exposto à oferta de petisco (GP) e grupo aversivo expostos à colocação e manutenção do gato em caixa de transporte (GC). Seis animais participaram das duas situações. Apenas o grupo GP apresentou vocalizações adicionais ao miado. Dos 40 animais expostos à situação positiva, 14 apresentaram vocalizações adicionais ao miado (35,0%), dentre eles o reconhecimento/trinado (50,0%), “squeak” (35,7%), ronronado (21,4%), e o “chatter” (7,1%). Não se observou um padrão de comunicação corporal associado às vocalizações. Dos 14 animais que apresentaram vocalizações adicionais ao miado, 11 eram fêmeas e três eram machos. Estes valores foram submetidos ao teste Chi-Quadrado de Pearson obteve-se o valor de p=0.08, acima do valor de significância aceito de p<0.05, mas com uma tendência de que fêmeas vocalizam de forma mais diferenciada que machos. Conclui-se que em situação positiva há vocalizações adicionais ao miado, o que indica a importância do estudo de outros sons além do miado para diagnóstico de valência do estado emocional. Palavras-chave: Comportamento felino. Fonética. Felis catus.
Figura 1. Exemplo de forma de onda e frequência do reconhecimento/trinado do estudo de Schötz (2012) ............................................................................................................................2 2 Figura 2. Exemplo de forma de onda do padrão vocal de miado produzido por um dos gatos do estudo de Schötz (2012) ............................................................................................................2 3 Figura 3. Exemplo de forma de onda do padrão vocal de miado produzido por um dos gatos do estudo de Schötz (2012) ............................................................................................................ 23 Figura 4. Exemplo de forma de onda e frequência do reconhecimento/trinado produzido por um dos gatos do grupo oferta de petisco (GP)................................................................................ 29 Figura 5. Exemplo de forma de onda e frequência do “squeak” produzido por um dos gatos pertencentes ao grupo de situação positiva com oferta de petisco (GP)................................... 30 Figura 6. Exemplo de forma do ronronado produzido por um dos gatos pertencentes ao grupo de situação positiva com oferta de petisco (GP).........................................................................3 1 Figura 7. Exemplo de forma de onda do "chatter" produzido por um dos gatos pertencentes ao grupo de situação positiva com oferta de petisco (GP)..............................................................3 2 Figura 8. Gatos do grupo oferta de petisco (GP). A: O gato permaneceu sentado durante emissão do trinado. B: Outro gato se esfregou no tutor e se movimentou caminhando de um lado a outro durante a emissão do mesmo som.............................................................................................. 34 Figura 9. Gato do grupo oferta de petisco (GP) se levanta para alcançar petisco enquanto emite o “squeak”. Observar abertura discreta da boca......................................................................... 34
Tabela 1. Duração, frequência e intensidade média dos diferentes tipos de vocalização encontrados no grupo de oferta de petiscos (GP)...................................................................... 28 Tabela 2. Tipos de vocalizações identificadas no presente estudo, padrões vocais, contexto e suas transcrições fonéticas com base nos autores Moelk (1944) e Schötz (2017).................... 32
dB – Decibéis GC – Grupo caixa de transporte GP – Grupo oferta de petisco Hz – Hertz LABEA – Laboratório de Bem-estar Animal UFPR – Universidade Federal de Santa Catarina
16 com a boca mantida tensamente aberta na mesma posição (MOELK 1944, CROWELL-DAVIS et al., 2004). O estudo das variáveis vocais – como número de chamadas, caracterização, duração das chamadas, frequência e intensidade através de gravação e filmagem, e posterior análise de imagens e de sons com programas acústicos – possibilita avançar no conhecimento sobre a vocalização e associá-la com demais sinais como expressão de emoções vividas por animais em situações distintas.
17 2 OBJETIVO GERAL O objetivo deste estudo foi identificar se há presença de determinados tipos de vocalizações além do miado em dois diferentes contextos, sendo uma situação positiva e outra aversiva, e caracterizar e classificar os tipos de vocalização existentes em cada contexto. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
19 simultaneamente com outros sinais comportamentais. Em longas distâncias, cada modalidade comportamental possui propriedades distintas (Quadro 1 ). Quadro 1. Propriedades dos três principais tipos de comunicação quando usados em longas distâncias Alcance máximo Direção Sensibilidade (sinal/ruído) Localização da fonte Sinal inativado Visual Médio Direta Média Direta Rápido Sonoro Médio Multi-direções Alta Indireta Rápido Olfativo Longo Vento Muito alta Muito indireta Lento Fonte: Adaptado de Bradshaw (1992). A comunicação interespécie é mais complexa que a intra-espécie, pois é considerado que animais de espécies diferentes em geral não tem habilidade inata para uma comunicação com entendimento mútuo. No entanto, como humanos podem aprender vários sinais manifestados por felinos é possível o entendimento e a comunicação entre pessoas e gatos (BEAVER, 2005). Há relatos de tutores com mais de um gato que conseguem identificar qual animal está se aproximando pelo tipo de som que este emite (BOWEN & HEATH, 2005). 3.2 COMUNICAÇÃO VOCAL O Felis catus em comparação com a maioria dos outros membros da Ordem Carnívora é incomumente vocal (BRADSHAW, 1992) e já nasce com a conformação corporal apta para expressar sua vocalização durante a inspiração e expiração, com intensidades variadas, boca aberta ou fechada e com estruturas que parecem estar funcionalmente relacionadas a estados de satisfação e insatisfação. A forma de vocalização em um determinado momento depende da condição do animal, da relação dele com o ambiente e dos eventos ao seu redor (MOELK, 1944). Uma grande parte do repertório do gato consiste de sons que aproximam os indivíduos, sendo que muitos deles já foram considerados como resultado da domesticação até que se percebeu que os gatos podem formar grupos sociais cooperativos mesmo quando seu contato com o homem é muito limitado (BRADSHAW, 1992). Existem várias razões pelas quais os gatos são tão vocais. Bradshaw (1992) citou pelo menos quatro fatores para a evolução de repertórios vocais ricos e complexos nesta espécie: o fato de serem espécies sociais que se comunicam não só para acasalamento ou disputa territorial; o hábito noturno; o longo período de convivência entre mãe e filhotes; e ainda devido
20 a hábitats com vegetação densa onde a comunicação visual não é possível. Os três primeiros critérios se encaixam bem ao gato doméstico. Não há um significado relacionado a cada um dos sinais vocais referidos na literatura e o fato de muitos gatos usarem sinais vocais que são exclusivos de si é considerado um fator complicante (BOWEN & HEATH, 2005). De acordo com Moelk (1944) o estado de dependência do gato em relação aos humanos o estimula a usar a extensão de seus recursos vocais condicionando seus tutores a responder suas demandas vocais, desenvolvendo, assim, ruídos individuais relacionados ao momento da resposta do proprietário. Os sons de gatos são geralmente divididos em três categorias principais (MOELK 1944, CROWELL-DAVIS et al., 2004): sons produzidos com a boca fechada, sons produzidos com a boca aberta e fechando gradualmente, compreendendo uma grande variedade de miados com padrões vocálicos semelhantes, e sons produzidos com a boca mantida tensamente aberta na mesma posição (Quadro 2). Quadro 2. Características de chamadas vocais usadas por gatos nas circunstâncias sob as quais cada um é mais tipicamente usado. Nome Duração (segundos) Frequência Hz Mudança de tom Circunstância