Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Psique e Medicina Tradicional Chinesa: Unindo Conhecimentos Ocidentais e Orientais, Notas de aula de Medicina

Helena campiglia explora as relações claras entre a psicologia ocidental e a medicina tradicional chinesa, particularmente a acupunctura, em seu livro 'psique e medicina tradicional chinesa'. Campiglia, uma médica acupunturista, relata como a teoria reichiana e junguiana apresentam paralelismos com a tradição da medicina chinesa. Ela também discute como a compreensão simbólica é um 'ponto-chave' na medicina tradicional chinesa e como os conceitos de energia psíquica e vital são relacionados em ambas as tradições.

O que você vai aprender

  • How does the concept of symbolism play a role in traditional Chinese medicine?
  • How does Helena Campiglia explain the relationship between Western psychology and traditional Chinese medicine?
  • What are the parallels between Reichian and Jungian theories and traditional Chinese medicine?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Fatima26
Fatima26 🇧🇷

4.6

(195)

226 documentos

1 / 3

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
209
Psicol. Argum., Curitiba, v. 25, n. 49, p. 209-211, abr./jun. 2007
A Psique e a acupuntura
A PSIQUE E A ACUPUNTURA1
The Psique and the Acupuntura
André Luiz Picolli da Silva2
Campiglia, Helena (2004). Psique e medicina tradicional chinesa. São Paulo: Rocca.
A unificação dos conhecimentos do oriente e do ocidente é, cada vez mais, uma realidade inevitável.
A evolução a que chegou o conhecimento humano possibilita, hoje, nesse início do século XXI, unificar
conhecimentos que no passado foram considerados antagônicos, como a Ciência e a Tradição. Um exemplo
dessa unidade é o que se encontra na obra “Psique e Medicina Tradicional Chinesa”, de Helena Campiglia,
na qual a autora, com grande propriedade, estabelece e fundamenta relações claras e precisas entre a produção
mais atual da Ciência Psicológica ocidental e a produção milenar da Medicina Tradicional Chinesa, em
especial a Acupuntura. Essas relações, aliadas à habilidade em escrever com uma linguagem acessível ao
mesmo tempo ao coloquial e ao acadêmico, fazem com que a leitura seja “como o Oriente”, misteriosa e
instigante, e “como o Ocidente”, prática e objetiva.
Segundo a autora, que é médica acupunturista, a idéia de produzir um livro que relacionasse princípios
aparentemente tão distantes surgiu após realização de uma monografia intitulada “Reich e a Medicina
Tradicional Chinesa”, por intermédio da qual pôde perceber que a teoria reichiana apresentava um grande
paralelismo com a tradição da Medicina Chinesa. Além disso, a autora também se dedicou ao estudo da
teoria junguiana para sua formação profissional e, assim, da união desses três conhecimentos, “surgiu” o livro
que é dividido em duas partes. A primeira, denominada “A Psique na Medicina Chinesa”, apresenta capítulos
que relacionam temas como: o yin yang e os símbolos; Qi, energia vital, libido e energia psíquica; os cinco
elementos na Medicina Tradicional Chinesa. Na segunda parte do livro, denominada “Distúrbios psíquicos
na Medicina Chinesa”, são apresentados capítulos que tratam de temas como: fatores de adoecimento;
psicopatologia na Medicina Chinesa; pontos de acupuntura no tratamento de distúrbios psíquicos; terapias
de abordagem corporal e simbólica.
1Resenha do livro: Psique e medicina tradicional chinesa. De Helena Campiglia, publicado em 2004, em São Paulo, pela editora Roca,
com 226 páginas.
2Coordenador do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Seama, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). e-mail: anpicolli@yahoo.com.br
pf3

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Psique e Medicina Tradicional Chinesa: Unindo Conhecimentos Ocidentais e Orientais e outras Notas de aula em PDF para Medicina, somente na Docsity!

Psicol. Argum., Curitiba, v. 25, n. 49, p. 209-211, abr./jun. 2007 209

A Psique e a acupuntura

A PSIQUE E A ACUPUNTURA 1

The Psique and the Acupuntura

André Luiz Picolli da Silva^2

Campiglia, Helena (2004). Psique e medicina tradicional chinesa. São Paulo: Rocca.

A unificação dos conhecimentos do oriente e do ocidente é, cada vez mais, uma realidade inevitável. A evolução a que chegou o conhecimento humano possibilita, hoje, nesse início do século XXI, unificar conhecimentos que no passado foram considerados antagônicos, como a Ciência e a Tradição. Um exemplo dessa unidade é o que se encontra na obra “Psique e Medicina Tradicional Chinesa”, de Helena Campiglia, na qual a autora, com grande propriedade, estabelece e fundamenta relações claras e precisas entre a produção mais atual da Ciência Psicológica ocidental e a produção milenar da Medicina Tradicional Chinesa, em especial a Acupuntura. Essas relações, aliadas à habilidade em escrever com uma linguagem acessível ao mesmo tempo ao coloquial e ao acadêmico, fazem com que a leitura seja “como o Oriente”, misteriosa e instigante, e “como o Ocidente”, prática e objetiva. Segundo a autora, que é médica acupunturista, a idéia de produzir um livro que relacionasse princípios aparentemente tão distantes surgiu após realização de uma monografia intitulada “Reich e a Medicina Tradicional Chinesa”, por intermédio da qual pôde perceber que a teoria reichiana apresentava um grande paralelismo com a tradição da Medicina Chinesa. Além disso, a autora também se dedicou ao estudo da teoria junguiana para sua formação profissional e, assim, da união desses três conhecimentos, “surgiu” o livro que é dividido em duas partes. A primeira, denominada “A Psique na Medicina Chinesa”, apresenta capítulos que relacionam temas como: o yin yang e os símbolos; Qi, energia vital, libido e energia psíquica; os cinco elementos na Medicina Tradicional Chinesa. Na segunda parte do livro, denominada “Distúrbios psíquicos na Medicina Chinesa”, são apresentados capítulos que tratam de temas como: fatores de adoecimento; psicopatologia na Medicina Chinesa; pontos de acupuntura no tratamento de distúrbios psíquicos; terapias de abordagem corporal e simbólica.

(^1) Resenha do livro: Psique e medicina tradicional chinesa. De Helena Campiglia, publicado em 2004, em São Paulo, pela editora Roca, com 226 páginas. (^2) Coordenador do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Seama, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). e-mail: anpicolli@yahoo.com.br

210

André Luiz Picolli da Silva

Psicol. Argum., Curitiba, v. 25, n. 49, p. 209-211, abr./jun. 2007

Ao longo de toda obra e em especial nos primeiros capítulos, é enfatizado que a Medicina Tradicional Chinesa, assim como as teorias Junguiana e Reichiana, apresentam grandes semelhanças, pois todas entendem o ser humano como uma unidade entre psique e soma, quer pelos aspectos energéticos, pela caracterologia ou pela dimensão do símbolo. É nesta perspectiva que a autora relaciona a influência do I-Ching, livro tradicional chinês sobre a compreensão da saúde/doença na Medicina Chinesa. O modo chinês de compreender esse fenômeno enfatiza que a saúde no homem está em constante mutação e em busca de um equilíbrio. Essa concepção milenar curiosamente também é mais aceita atualmente no “universo das psicoterapias ocidentais”, graças a uma compreensão semelhante advinda das mudanças ocorridas na física e matemática no início do século XX. Por intermédio dessa “ampliação de compreensão”, os cientistas do ocidente começaram a entender melhor alguns conceitos que há milênios são utilizados pelos chineses, como a noção de Yin e Yang^3 , graças a um maior entendimento das dimensões simbólicas desses conceitos. A compreensão simbólica é um “ponto-chave” tratado no livro. Em uma perspectiva junguiana, o símbolo não pode ser visto como algo estanque, inanimado, pois nos relacionamos ativamente com ele com relações de dor, prazer e alegria. Os símbolos são imagens carregadas de uma energia emocional (individual ou coletiva). O símbolo abarca a totalidade do que representa, mesmo sendo só uma parte do todo. Pensar simbolicamente é difícil ao ocidental acostumado à lógica cartesiana, pois o “universo simbólico” não é linear como a lógica, mas, sim, circular. No oriente “se pensa” por imagens e não por conceitos, assim, a própria linguagem (nos ideogramas, por exemplo), chinesa, japonesa, egípcia favorece a captação de um símbolo nos seus mais diversos significados. Muitos símbolos mantidos no oriente são antiqüíssimos, e um exemplo desses símbolos é o ideograma da palavra “Qi”, que no ocidente foi traduzida como “energia”, mas que literalmente significa “respiração sobre o arroz não cozido”. O que o ideograma (ou o símbolo) “tenta passar” é a idéia de potencialidade

para se transformar em alimento, para fazer as coisas. Assim, o “vapor quente”, “transforma” o “arroz cru” em “arroz cozido”, daí a possível tradução de “Qi” como “energia”. Assim como a Linguagem chinesa, a Medicina também é simbólica. As doenças eram explicas há 3 mil anos de forma simbólica: “a invasão do vento”, “ataque do frio perverso”, “fogo consumindo o coração”. O funcionamento do organismo (soma e psique) também foi explicado de modo simbólico por intermédio da relação entre dois princípios, Yin e Yang , e de cinco elementos (terra, metal, água, madeira e fogo). No livro, é feita uma excelente demonstração sobre as relações de “criação” e de “dominância” existentes entre esses cinco elementos ou movimentos, na qual é enfatizado que esse “sistema de relações” proporciona o equilíbrio em todas as coisas, inclusive no ser humano, no qual o desequilíbrio é caracterizado como patologia. No livro também é realizada uma excelente explanação sobre o conceito de energia, sendo relacionados mais especificamente os conceitos de “Qi” ou “energia vital” no oriente e de “libido” ou “energia psíquica” no ocidente. Para os chineses, o “Qi” não está só no homem, mas em todo o universo, isso coloca o homem diretamente interligado em um sistema de relações com o universo. Fica claro, assim, que é impossível, na concepção da Medicina Tradicional Chinesa, separar psíquico do orgânico e esses da natureza, pois todos eles são aspectos diferentes de uma mesma energia. Com grande propriedade, a autora apresenta no livro que a idéia de energia não é algo novo também no ocidente. Freud já descreveu a existência de uma “certa energia” que impulsiona o homem ao movimento a qual denominou de “Libido”. Reich, que expandiu a idéia da “Libido” para o “Orgônio”, também havia percebido que a “energia em movimento” proporcionava a saúde e o seu bloqueio levava ao surgimento das neuroses. Do mesmo modo, Jung também estudou a energia, ampliando o conceito de Libido para além da sexualidade, utilizando o conceito de “Energia Psíquica”. Nessa perspectiva, é interessante o enfoque realizado no livro, no qual é demonstrado que o conceito de “Qi” da Medicina Tradicional

(^3) A base da medicina tradicional chinesa, duas “formas” de uma mesma energia que são ao mesmo tempo antagônicas e complementares.