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O teatro antes de tudo mágico excerto
Tipologia: Resumos
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O teatro é antes de tudo ritual e mágico, isto é, ligado a forças, baseado em uma religião, crenças efetivas, e cuja eficácia se traduz em gestos, está ligada diretamente aos ritos do teatro que são o próprio exercício e a expressão de uma necessidade mágica espiritual.
As crenças se extinguem, o gesto exterior do teatro permanece vazio de sua substância interna, mas ainda transcendente no plano da imaginação e do espírito. Não existem mais poderes ou idéias ocultas atrás desse gesto, mas um substrato poético real continua a se agitar por trás como uma rejeição. As idéias morrem mas seu reflexo permanece no estado poético que o gesto evoca. E a qualidade segunda, o segundo estádio do gesto representado pela poesia no estado puro, que tem ainda o direito de chamar-se poesia, mas sem uma eficácia mágica real. A arte está muito próxima de sua decadência.
Neste estado, no entanto, o espírito continua a criar mitos e o teatro a representá-los. O teatro continua a viver acima do real, a propor ao espectador um estado de vida poética que, se impelido ao extremo, só conduziria a preci- pícios, mas assim mesmo preferível à vida psicológica simples, sob a qual sufoca o teatro de hoje em dia.
Este é o grau em que o teatro usa da magia da natureza, permanece marcada por uma coloração de tremor de terra e de eclipse, onde os poetas fazem falar
76 LINGUAGEM E VIDA
a tempestade, onde o teatro enfim se contenta com o lado físico acessível da alta magia. A poesia que ele utiliza é negra; e, radiosa, é ainda mais negra, ainda mais fechada. E o momento em que o teatro se tornou função de uma substituição. A vida ordinária o teatro opõe um estado de vida poética resplandecente, porém falsa. A vida psicológica, uma outra vida psicológica apenas mais avultada, apenas mais monstruosa. As personagens manejam suas facas, mas o que comem, mesmo no plano simbólico, não tem mais sentido. Nós estamos, agora, no estádio da vida aplicada, onde tudo desapareceu, natureza, magia, imagens, forças; no estado de estagnação em que o homem vive de seu dote, com uma reserva sentimental e moral há um século imutável. Neste estádio o teatro não cria mais mitos. Os mitos mecânicos da vida moderna, foi o cinema que os assumiu. Ele podia assumi-los, pois não levam a nada. Eles dão as costas ao espírito. Quanto ao pseudoconhecimento da inconsciência, aos fan- tasmas psicológicos, às aparições poéticas que ela pode fazer surgir, é preciso entender a si mesmo, ou por uma aproximação com a vida ardente, a vida em estado puro, achar alguma coisa de essencial no ser, decidir separar novamente os princípios psicológicos, mas separá-los metafisicamente e por aquilo que eles representam de transcendente. Assim, o inconsciente conduzirá novamente aos símbolos e às imagens tomados como um meio de reconhecimento e que ultra- passa a psicologia.
Ora, o inconsciente registrado fotograficamente terminará apenas por es- tender desmesuradamente o domínio do conhecido não mágico e não sairemos mais do teatro moral e cirúrgico.
Tradução de Regina Corrêa Rocha