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Este documento discute os métodos experimentais e não experimentais na pesquisa, enfatizando a importância de controlar variáveis interferentes e identificar o efeito de uma variável independente sobre uma dependente. O texto também aborda a necessidade de medir objetivamente o efeito e a importância de controlar variáveis interferentes para obter resultados precisos.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Laboratório de Psicologia Experimental Departamento de Psicologia – FUNREI Disciplina: Modelos de Investigação e Produção em Psicologia
Autora : Prof. Marina Bandeira,Ph.D.
A pesquisa experimental visa identificar relações causais entre duas variáveis, através do método experimental. Este método implica em três procedimentos básicos:
1. VARIAR A CAUSA (VI): Provocar deliberadamente variações na ocorrência de uma variável (VI) para verificar se ela é a causa de algum efeito em outra variável (VD). Para se provocar estas variações, nós podemos utilizar um mesmo grupo de sujeitos e nele introduzirmos nossa VI. Em seguida, a retiramos para verificar se sua presença produz um efeito e sua ausência anula este efeito na VD. Variar ou manipular variáveis significa dispor situações em que a VI está presente e situações em que ela está ausente. Em seguida, compará-las. Uma outra maneira de provocar variações na VI é utilizando dois grupos de sujeitos. Em um grupo, nós provocamos a presença da VI e em outro grupo nós a deixamos ausente. Assim, podemos verificar se a sua presença em um grupo provoca um efeito e a sua ausência no outro grupo não produz o efeito. Quando podemos provar que a presença de uma variável provoca um efeito e que sua ausência é acompanhada da ausência deste efeito, estamos então obtendo uma prova científica de que a VI é a causa do efeito que estamos estudando. 2. CONTROLAR VARIÁVEIS INTERFERENTES: Para provarmos cientificamente que a VI é a variável responsável pelo efeito que observamos na VD, precisamos nos certificar de que não há outras variáveis presentes que poderiam também ser a causa deste efeito. Ou seja, precisamos provar que é realmente a VI a causa mais provável do nosso fenômeno e não outra variável espúria. Para isto, precisamos manter constantes outras variáveis que poderiam interferir com o fenômeno. Ou seja, precisamos controlar as demais variáveis ou isolar seus efeitos, no momento da introdução da VI pelo experimentador. A pesquisa experimental permite o controle prévio destas variáveis pelo fato de que é o experimentador que introduz a VI. Para controlar estas variáveis espúrias, pode-se proceder através da distribuição aleatória dos sujeitos aos grupos, o que serve para distribuir igualmente os erros provocados pelas variáveis dos sujeitos para um e outro grupo. Uma outra maneira de controlar as variáveis
interferentes é igualar os dois grupos com relação às variáveis que acreditamos ser capazes de interferir nos resultados. O método experimental possibilita maior controle de variáveis pelo fato de podermos fazer isto antes da introdução da VI.
3. MEDIR O EFEITO: Além de variar a causa (VI) e manter constantes ou controlar as variáveis interferentes, o método experimental inclui também medir objetivamente, de maneira fidedigna e válida, o efeito da VI sobre a VD. Ou seja, precisamos medir o fenômeno que estamos estudando com algum instrumento de medida válido e fidedigno para verificarmos se houve realmente o efeito estudado. Temos, portanto, que medir a VD.
Muitas vezes nós queremos verificar se há alguma relação entre duas variáveis, mas por alguma razão, não podemos provocar variações na nossa VI para verificar seu efeito sobre a VD. Neste caso, não podemos fazer pesquisa experimental. Algumas vezes isto não é possível por motivos éticos. Por exemplo, se queremos saber qual é o efeito da queimadura grave (VI) sobre a auto-imagem e auto-estima de crianças (VD), é óbvio que a VI não será provocada pelo experimentador. Este irá selecionar crianças que possuam queimaduras e vai medir sua VD, ou seja, o grau de auto-estima. Outras vezes, não se trata de motivos éticos. Às vezes, não se pode provocar variações na VI porque estamos estudando características genéticas ou de personalidade, as quais não se consegue variar. Por exemplo, quando queremos verificar se há uma correlação entre os tipos de personalidade e doenças cardio-vasculares. As pesquisas sobre a personalidade do tipo “A” tem demonstrado que pessoas que possuem este tipo de personalidade apresentam mais freqüentemente problemas cardíacos, pois obteve-se uma correlação entre estes dois fatores. Nestes casos, precisamos fazer pesquisa correlacional. Este tipo de pesquisa se caracteriza pelo seguinte procedimento:
Às vezes, a pesquisa de levantamento procura ir além da descrição das características de um grupo e procura verificar o que é que determina aquela característica dos sujeitos. Por exemplo, podemos levantar o perfil do bom aluno de uma escola, descrevendo suas características e também o perfil do mau aluno desta escola. Comparando os dois tipos de dados podemos inferir quais as variáveis possivelmente determinantes do bom ou do mau aluno. Neste caso, começamos a fazer uma pesquisa de levantamento e depois passamos a fazer uma pesquisa do tipo correlacional. O levantamento das características do grupo estudado é feito através da aplicação de questionários auto-administrados ou através de entrevistas dirigidas por um questionário. Estes questionários são às vezes elaborados pelo próprio pesquisador, ou então se decide por utilizar questionários já validados ou testes psicológicos, dependendo do tipo de características que se quer avaliar na pesquisa.
A desvantagem da pesquisa de levantamento é que ela é apenas descritiva. Porém, algumas vezes é justamente isto que queremos: descrever um grupo de indivíduos para conhecer sua demanda, seus problemas, etc. por exemplo, quando queremos organizar o ambulatório de um hospital psiquiátrico e planejar os tipos de serviços à oferecer e tipos de profissionais à contratar, é importante fazer inicialmente um levantamento dos problemas dos pacientes que freqüentam este ambulatório, suas queixas principais, seus diagnósticos, assim como suas características sócio-demográficas e suas condições de vida. Esta informação basta como base para planejar e organizar o serviço. Neste caso, não estamos interessados em identificar relações causais, queremos apenas descrever nossa clientela. A pesquisa de levantamento é o mais indicado para este caso. Entretanto, se a pesquisa de levantamento procurar também levantar os determinantes de um fenômeno, aí ela se torna muito limitada porque é um método impreciso para este fim. Neste caso, também aqui não podemos Ter certeza da relação entre duas variáveis e nem da direção desta relação. Nossas conclusões serão apenas aproximativas.
A pesquisa de desenvolvimento é o tipo de pesquisa que utiliza, de maneira sistemática, os conhecimentos existentes com o objetivo de : 1 - desenvolver um novo instrumento de medida ou aperfeiçoar um já existente. Por exemplo, um novo teste de personalidade ou um questionário sobre a saúde mental;
2 - ou desenvolver uma nova intervenção, que seja uma intervenção pedagógica, terapêutica, etc.
Este tipo de pesquisa se caracteriza por: 1 - Não varia a VI, não testa hipóteses, não procura verificar relação causais entre variáveis; 2 - Não controla as variáveis interferentes; 3 - Não procura desenvolver as características de um grupo de sujeitos; 4 - Trata-se de uma pesquisa que visa construir, melhorar ou validar um instrumento de medida ou então elaborar uma intervenção. Por exemplo, suponhamos que você queira construir em instrumento de medida para avaliar o estado de saúde mental de uma população. ETAPAS: 1. Inicialmente, é preciso formular
o questionário, escolhendo os tipos de questões necessárias para medir a saúde mental. Para isto, você pode se basear, por exemplo, no DSM-IV e em questionários sobre saúde mental já existentes. Além disso, você pode fazer grupos focais com especialistas em saúde mental, para que eles opinem sobre a abrangência das perguntas a serem incluídas no seu questionário. 2. Após escolhidas as perguntas, você vai fazer um estudo piloto, aplicando sua primeira versão do questionário em um grupo pequeno de sujeitos para testar a formulação de suas perguntas e modificá-las, conforme necessário. A opinião destes sujeitos sobre a formulação de suas perguntas, o que não entenderam e o que levou a discordância entre os sujeitos, servirão de base para voce aperfeiçoar suas perguntas, tornando-as mais claras. 3. Em seguida, você modifica as suas perguntas em função dos resultados do estudo piloto. 4. Depois, você aplica o questionário final em um grande número de pessoas para validar o instrumento. 5. Finalmente, você utilizará testes estatísticos apropriados para avaliar a validade e a fidedignidade de seu instrumento de medida. Todos estes procedimentos constituem uma pesquisa de desenvolvimento.
Trata-se de uma estratégia de pesquisa que visa simular o comportamento de um sistema durante um certo período, de maneira quantitativa, agindo sobre as variáveis e os parâmetros do modelo construído para representar este sistema. Por exemplo, pesquisas que elaboram modelos matemáticos para simular o comportamento de neurônios. Neste tipo de pesquisa, pode-se manipular diferentes grupos de variáveis do modelo e prever o comportamento dos elementos estudados matematicamente. As pesquisas de simulação são muitas vezes combinadas com pesquisa experimental, por exemplo quando se quer verificar experimentalmente, através de dados empíricos, se as predições derivadas matematicamente - ao se fazer uma simulação do comportamento dos elementos de um sistema - se verificam de fato, na realidade, ou seja, no mundo empírico.
Consiste em uma pesquisa descritiva, que visa estudar um caso particular ou um sistema determinado, buscando o entendimento ou compreensão do funcionamento ou da evolução deste caso ou sistema, sem visar a generalização deste entendimento para outros casos ou sistemas. O estudo de caso é geralmente realizado com um indivíduo único (ex. um paciente, uma figura histórica para uma biografia) ou com alguns poucos indivíduos que são estudados um à um (ex. alguns casos de trans-sexuais). Mas também pode ser feito para estudar o funcionamento de um sistema, por exemplo uma classe de alunos, uma creche, um serviço de saúde, um programa de atendimento. Neste tipo de pesquisa, procura-se descrever todas as características de um único sistema, com todas as suas manifestações, a sua estrutura, o seu funcionamento, incluindo todos os aspectos da questão, de modo a se ter um quadro completo descritivo sobre aquele caso ou sistema em particular. O estudo visa a compreensão global do caso, não visa fazer generalizações para outros casos, outras populações, nem se pretende estabelecer relações causais. Stakes (1966) descreve três tipos de estudo de caso: 1. Intrínseco, que visa estudar um caso em particular, sem visar compreender o fenômeno mais amplo em questão; 2. Instrumental, que estuda o caso
Este tipo de pesquisa é importante de ser feita no início de uma área de investigação, porque é útil para se levantar hipóteses e descrever os componentes de um fenômeno.
Este tipo de pesquisa visa descrever o comportamento natural em um contexto natural, com o mínimo de interferências do observador. Visa estudar o comportamento tal como ele ocorre naturalmente. Por exemplo, os estudos dos etólogos sobre o comportamento de animais em seu habitat natural. Ou o famoso estudo sobre o comportamento dos gorilas. Os psicólogos ecologistas também utilizam este tipo de pesquisa, quando estudam o comportamento de indivíduos de uma determinada comunidade, por exemplo, de uma favela. Esta pesquisa visa descrever todos os contextos comportamentais da comunidade estudada, tais como seus locais ou ambientes de atuação, seus horários de utilização destes ambientes, os objetos típicos de cada local, as funções exercidas nestes locais. A descrição destes contextos serve para definir o estilo de vida de cada indivíduo. Este tipo de pesquisa visa descrever ainda os vários repertórios de comportamento da comunidade e sua amplitude, ou seja, o número de contextos utilizados pelas pessoas e como elas diferem. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pela observação detalhada e objetiva de dados replicáveis. Além disso:
Este tipo de pesquisa também visa descrever um fenômeno, dando ênfase à situações naturais de observação daquele fenômeno, tal qual ele ocorre naturalmente. Entretanto, ela procura entender principalmente os processos subjacentes aos dados observados. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, onde se faz mais inferência sobre o fenômeno estudado. A pesquisa por observação participante implica em uma interação social entre o pesquisador e os indivíduos observados. O pesquisador participa da vida da comunidade que ele está estudando, podendo mesmo viver na comunidade. Ele recolhe os dados de sua observação através de notas de campo que ele preenche retrospectivamente, ou seja, depois que ele participou de um evento, e não durante a ocorrência deste evento. Trata-se portanto de dados que são dificilmente replicáveis, pouco objetivos. Portanto, possui as seguintes características:
Este tipo de pesquisa visa também observar e descrever os comportamentos de indivíduos, mas o faz de maneira sistemática. Embora a observação sistemática vise também observar comportamentos naturais, geralmente ela é utilizada em contextos de laboratório e raramente em contextos naturais. O procedimento envolve a seleção e o registro de comportamentos e ainda a utilização de códigos de comportamentos que facilitam a observação. Caracteriza-se por:
A pesquisa epidemiológica visa estudar determinado fenômeno na população em geral , descrevendo a distribuição ou variação deste fenômeno na população, através da investigação de um grande número de sujeitos, em amplas amostras representativas da população. Geralmente são pesquisas longas, trabalhosas e caras pois envolvem um grande número de aplicadores atuando em uma vasta extensão.
Cohorte (Cohort Studies): Trata-se de um estudo prospectivo sobre a evolução de um fenômeno em um grupo muito grande de pessoas, no decorrer de um intervalo de tempo muito prolongado. Este estudo visa identificar os efeitos de um determinado fator de risco, comparando-se dois grupos naturais, um deles (GE) contendo o fator de risco que se deseja investigar e o outro grupo (GC) não contendo este fator. Ou seja, o fator de risco é a variável independente cujo efeito se quer investigar. Estudando a evolução dos dois grupos, procura-se identificar os efeitos da VI nos indivíduos, no decorrer do tempo. Por exemplo, em uma pesquisa epidemiológica realizada nos Estados Unidos, com 47. crianças, foi estudado o efeito do fenômeno da asfixia no momento do nascimento (VI ou fator de risco) sobre a saúde das crianças (VD), em termos de seus comprometimentos neuronais, durante um intervalo de tempo de 7 anos. Para isto, um grupo de crianças que havia sofrido de asfixia foi comparado a um grupo de controle composto de crianças (GC) que não haviam sofrido de asfixia. Todas as crianças foram examinadas aos 4 meses de idade, aos 12 e aos 18 meses e em seguida continuaram a ser examinadas uma vez por ano, até completarem 7 anos.
SELLTIZ, C., WRIGHTSMAN, L.S., COOK, S.W. (1987) Métodos de pesquisa nas relações sociais. Editora da Universidade de São Paulo, SP.
STAKE,R.E. (1994). Case Studies, In: Denzin, N. K. e Lincoln, Y.S. Handbook of Qualitative Research. London: Sage Publications.