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Tese de Carmen Souza sobre ansiedade e depressão em pessoas idosas
Tipologia: Teses (TCC)
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INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA
Dissertação Apresentada ao ISMT para Obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clinica Orientadora: Professora Doutora Helena Espírito Santo Prof. Auxiliar do ISMT
Agradecimentos Existem contributos de natureza diversa que não podem e nem
devem deixar de ser realçados. A gratidão é uma virtude e por
isso deve ser publicamente demonstrada:
À minha orientadora, Professora Doutora Helena Espírito
Santo, pela sua disponibilidade, persistência e motivação que
sempre transmitiu. Grata por tudo que foi e representou não só ao
longo deste estudo, mas do meu trajeto académico.
A todos os utentes que participaram e às colegas que
incansavelmente foram colocando os seus dados ao longo dos anos,
cujo contributo se demonstrou único e essencial na persecução
deste estudo de cariz longitudinal, obrigada.
À Dra. Raquel Santos, à Dra. Sofia Manaia, à Dra. Ana
Afonso e a Dra. Catarina Azenha, agradeço o acolhimento e os
ensinamentos.
À pessoa mais importante da minha vida, o meu filho, a quem
tantas horas roubei e ao João, companheiro de sempre, pela
paciência, coragem, e por tudo que têm feito por mim e comigo, o
meu amor.
A todos os meus amigos, à Marisa, família e colegas, que
sempre me apoiaram e que me confortaram nos momentos de
angústia e desânimo, aqui fica o meu sinal de apreço.
Obrigada, mesmo até aqueles que me “espicaçaram”. Também,
eles, deram um contributo no sentido da conclusão deste trabalho
A todos e a todas, para todos e para todas Obrigada.
Abstract Objectives: This study aims to determine whether anxiety is predictive of depression regardless of demographic and clinical characteristics.
Method: We used as basic methodology of data collection questionnaires administered in a sample of institutionalized elderly in Coimbra. The design was a quasi experimental study. To meet the proposed objectives, various psychological assessment tools, including the sociodemographic questionnaire; the Geriatric Depression Scale 30 items (GDS); the Geriatric Anxiety Inventory (GAI); the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS); the brief cognitive screening test (MMSE) and the Sleep Questionnaire in Elderly.
Results: The results suggest institutionalized elderly people suffer from anxiety, depression symptoms, and cognitive decline. Logistic regression showed that depression is influenced by anxiety, gender and negative symptoms. Cox regression reject gender, but confirm that anxiety is predictive of depression (HR = 5.9 times) as well as negative emotions (HR = 3.8 times).
Discussion. This study shows the importance of diagnosis of anxiety symptoms for preventing depression. We can forget that depression is proven risk factor for fisical and mental diseases.
Keywords: anxiety, depression, Elderly
Ansiedade e depressão em idosos: Relação temporal
Maria Carmen Clemente Sousacarmen.sousa7@gmail.com 1
A elevada longevidade que advém, quer das melhores condições sociossanitárias e de vida, quer do enorme avanço tecnológico, transformou o envelhecimento da população num fenómeno mundial e Portugal não é exceção a este cenário, antecipando-se que os idosos venham a ultrapassar os jovens já em 2015 (Davim, Torres, Dantas, e Lima, 2004; WHO-Europe, 2012).
Este aumento da esperança de vida eleva também o número de doentes com patologias degenerativas, já que implica um maior risco de doença e, consequentemente, um maior índice de dependência, ao qual se associa uma maior necessidade de cuidados formais e informais.
São multifatoriais as razões e os motivos que retiram progressivamente toda a independência e qualidade de vida ao idoso (Artero, Tierney, Touchon e Ritchie, 2003), não obstante, os diagnósticos psicológicos precoces continuam a ser um dos objetivos mais importantes, quer para a prevenção das várias doenças, quer devido aos potenciais benefícios do tratamento precoce (Jager e Budge, 2005).
A última década tem produzido um grande número de pesquisas sobre a estrutura de depressão e ansiedade enquanto construtos afetivos e distúrbios como clínicos inter- relacionados, contudo permanece a questão se existe uma estrutura de experiência afetiva que permanece consistente ao longo de toda a vida. A relação entre depressão e ansiedade em idade adulta tardia recebeu muito pouca atenção deste tipo de pesquisa, pois a produção científica acerca do tema e dos quais resultam a compreensão atual destas questões foram realizados em estudantes. Compreender a relação estrutural de ansiedade e depressão na idade avançada pode ajudar a explicar as diferenças observadas na prevalência da ansiedade e depressão major em diferentes idades. Além disso, diversos autores sugeriram que a depressão e a ansiedade podem ser fenomenologicamente diferentes em idade avançada, pondo por terra toda a inferência das teorias acerca da ansiedade e da depressão dos mais novos para os idosos (Aizenstein et al., 2011; Meeks, Woodruff-Borden e Depp, 2003).
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risco para depressão. Têm sido referidos, como fatores de proteção, o ensino superior, o nível socioeconómico, a participação em atividades valorizadas e, o envolvimento religioso ou espiritual (Barnes et al., 2012). A presença de depressão está negativamente associada com a solidão e ansiedade, e a ausência de depressão está correlacionada com os afetos positivos (Dunn, 2012; Espírito-Santo et al., 2014). O estudo de Gazalle e colaboradores (2004) mostrou que a taxa de depressão foi significativamente maior em mulheres (28,7%) do que em homens (14,8%), demonstrando que 76,6% dos idosos, que nunca ou muito raramente eram questionados sobre como se sentiam, experimentavam sentimentos de tristeza ou de depressão. A mesma investigação detetou, ainda, maior frequência de tristeza, ansiedade, perda de energia, distúrbios do sono, isolamento e ruminações sobre o passado entre as mulheres com correlação positiva entre idade e os referidos sintomas. A presença de sintomatologia depressiva está, também, negativamente correlacionada com o funcionamento social, físico, mental e com a qualidade de vida, bem como a uma maior utilização dos recursos de saúde (Buhse, Banker e Clement, 2014).
Em relação à ansiedade, existem poucos estudos que tenham avaliado a natureza da ansiedade nos idosos, e, quando existem, a maioria desses estudos não se concentra em tipologias de ansiedade específicas (Gretarsdottir, Woodruff-Borden, Meeks e Depp, 2004), mas na eficácia das terapias ou em estudos psicométricos (Agrigoroaei e Lachman, 2011; Alves, 2012; Bedford, Lukic, Allerhand e Deary, 2011; Berle e colaboradores 2011; Broomfield e al., 2011; Coote e MacLeod, 2012; Costa e Pinto- Gouveia, 2011; Joseph, Murphy e Regel, 2012; Kabacoff, Segal, Hersen e Van Hasselt, 1997; Köhler e colaboradores 2013; Linden, Zubrägel e Bär, 2011; Moessner, Gallas, Haug e Kordy, 2011; Müller, Arikian, de Zwaan e Mitchell, 2013; Pérez-Álvarez, García-Montes, Vallina-Fernández, Perona-Garcelán e Cuevas-Yust, 2011; Wuyek, Antony e McCabe, 2011). O consenso geral na literatura é que a prevalência dos vários tipos de problemas de ansiedade em idosos é inferior em relação aos adultos jovens (5,5% contra 7,3%) (revisão de Gretarsdottir e colaboradores 2004). Quanto à natureza de ansiedade, as pessoas idosas com níveis ansiosos elevados apresentam uma tendência para sofrer por antecipação e a questionar suas habilidades intelectuais, criando sobre si um conjunto de pensamentos negativos que interferem na atenção seletiva, na
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codificação de informações na memória, bloqueando a compreensão e o raciocínio (Oliveira et al., 2006).
Estas duas patologias estão habitualmente associadas, e em adultos mais velhos, a comorbidade entre ansiedade e transtornos depressivos parece ser tão frequente quanto em adultos jovens. Fatores de risco distintos foram observados, quer para a depressão major, quer para a ansiedade, e foi sugerido recentemente que a ansiedade pode ser um fator de risco para depressão incidente e persistente em idosos (Potvin et al., 2013). A comorbidade entre a depressão e a ansiedade tem sido pouco estudada, contudo diversos autores sugeriram que a depressão e a ansiedade podem ser fenomenologicamente diferentes em idade avançada não permitindo a extrapolação dos mais novos para os idosos (Meeks et al., 2003). Os poucos estudos longitudinais, como o LASA (6 anos) e o estudo epidemiológico NESARC sobre o álcool e condições relacionadas mostraram que a relação entre a ansiedade e a depressão pode ser diferente em adultos mais velhos e mais novos (3 anos de follow - up ), quer ao nível dos sintomas, quer ao nível da severidade dos mesmos, com um risco de maior gravidade para os idosos do que os adultos mais jovens (Potvin et al., 2013). O estudo de Aalten e colaboradores (2007) demonstrou que a ansiedade e a depressão são muito comuns em pacientes com sintomas neuropsiquiátricos, tendo Byrne (2010) demonstrado uma associação entre ansiedade, depressão e doenças físicas. Finalmente, o declínio cognitivo ou baixa auto- perceção de saúde pode explicar a relação entre ansiedade e depressão nos mais idosos (Potvin et al., 2013).
Sintomas depressivos e as funções cognitivas do idoso
A relação entre os sintomas depressivos e as funções cognitivas do idoso mantém-se um assunto polémico. Li, Meyer e Thornby (2001), num estudo longitudinal, referem que a depressão pode constituir um sinal ou um fator de risco para a demência. Também Barnes e colaboradores (2012), nas suas recomendações, indicam que a depressão tardia pode ser parte do indicativo de doença de Alzheimer. Já Luppa e equipa (2013), num estudo prospetivo de oito anos de base populacional, não encontraram associação significativa entre a depressão e a incidência de demência.
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estratégias compensatórias (p.e., maior esforço, maior utilização de recursos de processamento (Eysenck, Derakshan, Santos e Calvo, 2007).
Objetivo
Assim, com base num subgrupo de uma grande amostra de idosos institucionalizados com idades superiores a 65 anos, este estudo tem como objetivo verificar se a ansiedade é fator preditivo de depressão, independentemente das características demográficas e clínicas.
Desenho da Investigação
Utilizámos como metodologia básica de recolha dos dados questionários de resposta direta administrados numa amostra de idosos institucionalizados de várias respostas sociais de Coimbra. Relativamente ao tipo de amostra, e de acordo com Freedman (2008), estamos perante uma amostra de resposta voluntária. Quanto ao desenho de estudo, foi quasi experimental, uma vez que não respeita todas as condições exigidas a um estudo experimental, com relevo para a aleatorização da amostra.
Âmbito Geral do Estudo
Este estudo insere-se no projeto que se encontra a decorrer no Instituto Superior Miguel Torga, o Trajetórias do Envelhecimento, cujo objetivo é avaliar cognitivamente todos os institucionalizados no distrito de Coimbra e que se iniciou em novembro de 2010, e perfazendo à data, na globalidade do distrito, 15.209 idosos, tendo aumentado, de acordo com os últimos dados disponíveis, para 15.498 (Gabinete de Estratégia e Planeamento, 2012).
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Procedimentos
Depois de contactar, por carta, com discrição completa do estudo, estabelecemos protocolos de parcerias com várias instituições que fornecem resposta social à população idosa no distrito de Coimbra. A avaliação inicial ocorreu depois do fornecimento do consentimento informado de cada idoso e inclui a Avaliação Breve do Estado Mental para a deteção de défice cognitivo; o Inventário Geriátrico de Ansiedade (GAI) para a presença de sintomas de ansiedade; a Escala Geriátrica da Depressão (GDS) para os sintomas depressivos; a Escala de Satisfação com a Vida e a Lista de Afetos Positivos e Negativos (PANAS); o Montreal Cognitive Assessment (MoCA) para o declínio cognitivo; a Figura Complexa de Rey para as dificuldades viso-espaciais; o Teste de Fluências Verbais para as dificuldades de Linguagem; o Teste Stroop para as dificuldades de atenção; o Teste do Tempo e do Troco que ajuda a diagnosticar a demência; o Rey 15-item para a simulação de esforço; a Bateria de Avaliação Frontal para as funções executivas; a Escala de Solidão (UCLA) para os sentimentos subjetivos de solidão ou isolamento social; o Questionário sobre o Sono na Terceira Idade (QSTI) para medir a qualidade e padrões de sono; a Avaliação Geral do Idoso que ajuda a compreender a saúde do idoso no todo e a Mini International Neuropsychiatric Interview (perguntas relativas a Episódio Depressivo Major sem/com características Melancólicas e Perturbação da Ansiedade Generalizada) na qual se confirmam ou não as perturbações de Depressão e de Ansiedade.
Na presente dissertação, recorremos a um conjunto de instrumentos relevantes para a nossa temática, aos quais dedicamos o ponto que se segue.
Instrumentos
Para o cumprimento dos objetivos propostos, foram utilizados vários instrumentos de avaliação psicológica (sempre lidos pelos avaliadores) que a seguir apresentamos:
O Questionário sociodemográfico foi realizado com o objetivo de recolher informações biográficas e sociais. Este questionário, estruturado, acerca das características sociodemográficas dos sujeitos, permitiu recolher maiores detalhes sobre a população do estudo. Criado especificamente para este estudo, permitiu caracterizar os
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Lista de Afetos Positivos e Negativos (PANAS, Positive and Negative Affect Schedule, Watson, Clark e Tellegen 1988; Tradução e Adaptação, Simões, 1993) foi desenvolvida com o objetivo de avaliar o bem-estar subjetivo e a afetividade. A versão portuguesa do PANAS (Simões, 1993) inclui 11 itens para avaliar o afeto positivo e 11 itens para avaliar o afeto negativo, tendo um item a mais em cada componente comparada com a escala original. Simões (1993) verificou um alfa de Cronbach de 0, para a subescala do afeto positivo e 0,85 para a subescala de afeto negativo.
A Escala de Solidão (UCLA) foi originalmente construída por Russel, Replau e Ferguson em 1978 (Russell, Peplau, e Ferguson, 1978) e a versão portuguesa traduzida e adaptada por Margarida Pocinho, Carlos Farate e Carlos Amaral Dias em 2005 (Pocinho, Farate, e Dias, 2000). Dos 20 itens originais, com vista à avaliação dos sentimentos subjetivos de solidão ou isolamento social, foram excluídos 4 itens, ficando a versão portuguesa da UCLA com 16 itens. É uma escala com quatro alternativas de resposta que variam entre Nunca (1), e Frequentemente (4). A análise fatorial mostrou a existência de dois fatores (isolamento social e afinidade). As propriedades psicométricas mostraram-se boas, uma vez que em nenhum dos coeficientes de consistência interna medida pelo alfa de Cronbach se obtiveram valores inferiores a 0,8.
O Questionário sobre o Sono na Terceira Idade (QSTI) de Gomes (2005), adaptado por Marques e equipa (2012) à nossa amostra, é um instrumento utilizado para medir a qualidade subjetiva do sono com uma boa consistência interna (α = 0,81). Este questionário é constituído por sete itens com cinco opções de resposta, variando a pontuação total entre 0 e 35 (pior sono), que avaliam a latência do sono, dificuldade em adormecer, quantidade de despertares noturnos, acordar naturalmente antes da hora desejada, de que forma o acordar mais cedo do que o desejado constitui um problema para a pessoa e dois itens que avaliam a qualidade subjetiva do sono em geral e o sono profundo.
O teste breve de rastreio cognitivo (MMSE, Mini-Mental State Examination : Folstein, Folstein e McHugh, 1975) consiste num instrumento breve de rastreio cognitivo/avaliação de demência, fidedignidade teste-resteste, após um intervalo de quatro semanas ( r = 0,99) e boa concordância (κ = 0,86) inter-avaliadores (Lezak et al., 2012; Pezzotti, Scalmana, Mastromattei e Di Lallo, 2008). O MMSE consiste em 30
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perguntas tarefas de orientação temporal e espacial, atenção/controlo mental, retenção, nomeação, evocação, repetição, compreensão, escrita, leitura e habilidade construtiva (Folstein, Folstein, e Fanjiang, 2001) que variam entre 0 e 1, somando, no máximo, 30 pontos. Os pontos de corte da versão portuguesa são: 22 para uma escolaridade de 1 a 11 anos; 27 para 11 anos de escolaridade e 15 para analfabetos (Guerreiro e colaboradores 1994). No nosso estudo o MMSE apresenta consistência interna razoável (=0,76).
A Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA, Montreal Cognitive Assessment ) foi desenvolvida por Nasreddine e colaboradores (2005) e avalia diversos domínios cognitivos (atenção e concentração, funções executivas, memória, linguagem, capacidades visuo-construtivas, capacidade de abstração, cálculo e orientação) para o rastreio cognitivo de Doença Cognitiva Ligeira. A pontuação total do instrumento é de 30 pontos, e o ponto de corte é de 26 pontos, a partir da qual, a função é considerada normal (Guerreiro, 2010). De acordo com Guerrero-Berroa e colaboradores (2009) apresenta boas propriedades psicométricas (α de Cronbach = 0,83, teste-reteste ± 26 dias, r = 0,92).
Participantes
A amostra deste estudo incluiu no momento inicial 88 idosos com pelo menos um follow-up , contudo apenas 83 (94%) dos idosos tinham dados válidos na escala GDS, que avalia a depressão geriátrica ao longo do tempo (Figura 1).
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Relativamente à saúde física 42,2% apresentava risco cerebrovascular, 24,1% tinham um diagnóstico múltiplo, com 36,1% (30,1% + 6%) apresentava um diagnóstico final de doença com impacto na função cognitiva ou mental.
Tabela 1 Caracterização Geral da Amostra Idosos ( n = 23) Idosas ( n =60) Total Características Sociodemográficas Idade, M (DP) M = 77, 82 ( 7 , 99 ) M =8 0 , 92 ( 6 , 99 ) M = 80,0 9 (6,68) Escolaridade n (%)
Sem escolaridade 9 (25) 27 (46,9) 36(43,4) anos 13 (29,5)^ 31 (70,5)^ 44 (53) anos - 3 (100) 3 (3,6) Estado Civil n (%)
Sem companheiro 15 (22,4) 52 (77,6) 67 (80,7) Com companheiro 7 (43,8)
9 (56,3) 16 (19,3) Saúde mental QSTI, M (DP) M =18, 42 (6, 88 ) M = 19, 10 (5, 27 ) M = 1 8,92 (5, 67 ) Psicotrópicos n (%)
Não 1 (6,7) 14 (93,3) 15 (18,1) Sim 6 (40) 9 (60) 15 (18,1) MMSE n (%)
Sem défice cognitivo 18 (31,0)^ 40 (69,0)^ 58 (69,9) Com défice cognitivo 4 (16,0)^ 21 (84,0)^ 25 (30,1) GDS Sem depressão Com Depressão^ 14 (24,6)7 (30,4)^ 16 (69,6)43 (75,4)^23 57 (71,3)^ (28,8) GAI Total, M (DP) M = 10,36 (5, 51 ) M =13, 72 (5, 66 ) 12, 82 (5, 78 ) PANAS (-), M (DP) M = 24, 62 (8,4 5 ) M = 28,8 8 (9, 46 ) M = 27, 78 (9, 35 ) PANAS (+), M (DP) M = 25,62 (5,95) M = 28 , 3 8 (6,64) M = 27, 67 (6, 55 ) Saúde física Doença Cardiovascular n (%)
Sem Risco cérebro vascular 7 (23,3)^ 23 (76,7)^ 30 (36,1) Com Risco cérebro vascular 11 (31,4)^ 24 (68,6)^ 35 (42,2) Diagnóstico Múltiplo n (%)
Não 9 (27,3) 24 (72,7) 33 (39,8) Sim 6 (30,0) 14 (70,0) 20 (24,1)
Diagnóstico Final n (%)
Saudável ou s/impacto cognitivo
5 (16,7) 25 (83,3) 30 (36,1) C/impacto na função cognitiva 9 (36,0)^ 16 (64,0)^ 25 (30,1) Doença mental 3 (60,0) 2 (40,0) 5(6,0) Notas: QSTI = Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade; MMSE= Teste Breve de Rastreio Cognitivo; GDS = Escala Geriátrica da Depressão; GAI = Inventário Geriátrico da Ansiedade; PANAS (+) = Lista de Afetos Positivos; PANAS (-) = Lista de Afetos Negativos
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Análise dos Dados
Para realizar as análises estatísticas, utilizámos o Statistical Package for the Social Sciences, versão 21, SPSS Inc., 2012, para Windows 7. Todas as análises foram efetuadas com o Software SPSS Statistics (V.21; IBM SPSS, Statistical Package for the Social Sciences ) para Windows 7 SPSS Inc., 2011.
Para a caracterização da nossa amostra, foi realizada a estatística descritiva com o cálculo das médias, desvios-padrão, e frequências. Na análise descritiva das pontuações dos instrumentos, estudámos a normalidade da distribuição das pontuações.
O pressuposto da normalidade foi validado com o teste de Kolmogorov-Smirnov (KS) com a correção de Lilliefors.
Calcularam-se também medidas de curtose (ku) e assimetria (sk) para as variáveis em estudo:
Tabela 2 Medidas de Assimetria Curtose Simetria Kolmogorov-Smirnov p
Idade 0,57 - 0,43 0,08 0, GAI^1 0,6 3 - 0,71 0,14 <0, PANAS (+) - 0,86 - 0,22 0,08 0, PANAS (-) - 0,62 0,24 0,07 0, UCLA^1 - 0,98 - 0,15 0,11 0, MoCA^1 0,08 0,57 0,11 0, QSTI - 0,54 0,36 0,11 0, Notas: GAI = Inventário Geriátrico da Ansiedade; PANAS (+) = Lista de Afetos Positivos; PANAS (-) = Lista de Afetos Negativos; UCLA =QSTI = Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade; Escala de Solidão; MoCA = Avaliação Cognitiva de Monte Real;
Por ser um estudo longitudinal com o objetivo de predição, foi utlizado o teste de regressão Cox para as medidas de interesse. A Regressão de Cox é uma técnica estatística que é utilizada para avaliar o risco proporcional e permite obter resultados
(^1) Não tem distribuição normal por isso utilizou-se teste não-paramétrico.