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Análise da Vida Conjugal e Família em Grupos Evangélicos Neopentecostais, Manuais, Projetos, Pesquisas de Religião

Este trabalho investiga as concepções e práticas relacionadas à vida conjugal, formação de família e projeto de vida de casais pertencentes a um grupo evangélico neopentecostal, além de analisar o processo de formação identitária envolvido. O estudo aborda a intercorrência entre relacionamento familiar e grupos religiosos, considerando a diversidade de credos, classificações e denominações no contexto brasileiro.

O que você vai aprender

  • Como os grupos religiosos influenciam a vida conjugal e familiar de seus membros?
  • Como as mudanças individuais derivam do envolvimento com a religião?
  • Qual é o processo de formação identitária em participantes de grupos religiosos?
  • Quais são os critérios de seleção de grupos para investigação envolvendo grupos religiosos?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pele_89
Pele_89 🇧🇷

4.2

(38)

229 documentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
“CASADOS PARA SEMPRE”: UM ESTUDO SOBRE CASAMENTO E FAMÍLIA
SEGUNDO A CONCEPÇÃO DE AMBOS OS CÔNJUGES DE CASAIS
EVANGÉLICOS NEOPENTECOSTAIS
Mariane Ranzani Ciscon Evangelista
VITÓRIA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

“CASADOS PARA SEMPRE”: UM ESTUDO SOBRE CASAMENTO E FAMÍLIA

SEGUNDO A CONCEPÇÃO DE AMBOS OS CÔNJUGES DE CASAIS

EVANGÉLICOS NEOPENTECOSTAIS

Mariane Ranzani Ciscon Evangelista

VITÓRIA

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MARIANE RANZANI CISCON-EVANGELISTA

“CASADOS PARA SEMPRE”: UM ESTUDO SOBRE CASAMENTO E FAMÍLIA

SEGUNDO A CONCEPÇÃO DE AMBOS OS CÔNJUGES DE CASAIS

EVANGÉLICOS NEOPENTECOSTAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia, sob a orientação do Professor Doutor Paulo Rogério Meira Menandro.

VITÓRIA

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A Deus, toda honra, toda glória, todo louvor. Aos meus pais, meu eterno amor. Ao meu marido, meu respeito e admiração. Ao meu orientador, minha imensurável gratidão.

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final, um desafio que era meu, que te onerou, e poucos sabem o quanto foi fundamental para a minha permanência em Vitória. Tenho você como um exemplo a ser seguido, sua ética e preocupação com o outro me constrangem, fazem com que eu continue acreditando nas pessoas. Minha dívida com você simplesmente não pode ser paga! Ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, por todo o suporte. A todos os amigos da Redepso, em especial às Profªs. Zeidi Trindade e Cristina Menandro, por me receberem na Rede, por toda atenção e carinho, por todas as valiosíssimas dicas. Aos Profs. Lídio de Souza, Célia Nascimento e Sabrine Coutinho. A contribuição de vocês foi além das sugestões na qualificação e importantíssimas colocações na defesa. Muito obrigada! A todos os professores do Programa, à Lúcia, que respondeu a todas as minhas perguntas, às pessoas da minha turma. De forma mais ou menos intensa, todos vocês marcaram a minha existência. Às amizades conquistadas através do grupo de estudos de Identidade: Paola Barbosa, Thaís Caus, Mariana Bonomo, Milena Bertollo. Obrigada pela participação muito além da acadêmica! Renata Daniele, Beatriz Tesche, Rafaela Rölke, Renata Valentim, Mirian Cortez, Ana Sayuri, Maria Fernanda, Sibelle Barros... Foi bom ter vocês por perto, obrigada pelo apoio! Aos participantes das pesquisas sobre violência, risco e menopausa. Aprendi muito com vocês! À CAPES, pelo apoio financeiro. Aos casais participantes, pelo tempo, pela disposição, pela sinceridade. Aos líderes da igreja na qual colhemos os dados, pela confiança! Ao Criador, meu Pai, razão da minha existência, porque dele, e por ele, para ele são todas as coisas.

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A religiosidade frequentemente provê a perspectiva que casais precisavam para enxergar seus cônjuges mais claramente, a ganhar forças através da experiência com Deus, e a lidar com os desafios inescapáveis da vida. (Lambert & Dollahite, 2008)

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“Forever married”: a study about marriage and family according to the conception of both spouses of New Pentecostal evangelic couples. ABSTRACT

Religious choices may translate into behavioral and conceptual transformations on all levels of the life of the decision maker. A redefinition of aspects of the social identity may result therefrom, as a consequence of the affiliation to a new group. It may also result that interpersonal relationships suffer expressive changes in the way they are lived, specially the relationships with the spouse and children. The objective of this work was to identify, describe and analyze conceptions and practices relative to the interrelated themes of conjugal life, family building, and life project of couples pertaining to a New Pentecostal evangelic group, as well as the comprehension of the implied identitary formation process. Ten couples with active participation in a New Pentecostal church participated on the research. The time elapsed since marriage varied between one and ten years, and not all of the couples had children. Using a semi-structured script, each spouse was interviewed separately, answering about his/her involvement with the religious group, his/her conjugal relationship and relationship with the children, and plans for the future. The data were organized through QSR N6 software and submitted to a content analysis procedure. The results showed that the choice made of a new religious group brought changes on social identity that influenced the interviewees’ conceptions and practices with respect to people with whom they live, specially towards the spouse and children. The conjugal relationship started to be understood and lived as indissoluble, thus increasing the disposition to administrate the conflicts that appear in the relationship, to forgive, and to renounce to determinate actions and conceptions for the benefit of the relationship. The reports evidenced satisfaction with the religious choice and with the conjugal relationship, few aspects being mentioned with respect to which there is some difficulty. It was found that traditional gender roles are present for the participant couples, in an apparent transformation process for some of them. The decision to have children, or to have more children, was found more influenced by practical and economical aspects, i.e., more on a current priority with respect to the spouses activities, than by the religious involvement. Keywords: religion, marriage, family, social identity, New Pentecostalism.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Caracterização dos participantes……………………………........................................... Quadrosubcategoria de “Interesse pela religião”, com exemplos de suas afirmações.....................................59 A1. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada

Quadrosubcategoria de “Escolha da igreja atual”, e exemplos de suas verbalizações....................................61 A2. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada

Quadrosubcategoria de “Referências a outras religiões”, com exemplos de suas falas ..................................63 A3. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada

Quadrosubcategoria de “Religião dos familiares na época da conversão”, com transcrições de algumas A4. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada manifestações........................................................................................................................................ Quadrorelacionadas à conversão”.....................................................................................................................71 A5.1 – Exemplos de conteúdos enquadrados em cada subcategoria de “Mudanças

Quadro A5.2 - Descrição das transformações vivenciadas pelos participantes.................................... Quadrosubcategoria de “Relacionamento com família e amigos do grupo ‘do mundo’ ”, com transcrição de A6. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada exemplos............................................................................................................................................... Quadrosubcategoria de “Visão sobre o próprio grupo”, com exemplos de suas afirmações............................84 A7 – Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados em cada

Quadro A8 - Participantes que verbalizaram“Participação em ministérios”................................................................................................................86 conteúdos enquadrados em cada subcategoria de

Quadro A9. Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Situações desagradáveis ou constrangedoras”, com exemplos de tais situações..............................

Quadrosubcategoria A10. Quantidadede “Proposições/exigências de participantes queda verbalizaramigreja difíceis conteúdos de cumprir”, enquadrados com emexemplos cada selecionados.......................................................................................................................................... Quadro B1.1 – Respostas dos participantes à indagação sobre “Como se conheceram”.................... Quadro B1.2 - Tempo aproximado de conversão dos participantes, e a relação desta com o tempo decasamento.............................................................................................................................................

Quadrosubcategorias relativas às “Concepções sobre como deveria ser uma vida conjugal adequada”, com B2 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados nas transcrição de algumas verbalizações ilustrativas................................................................................. Quadro B3 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Mudanças pessoais em função do casamento”, com transcrição de alguns exemplos significativos.......................................................................................................................................... Quadro B4 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Divisão de papéis e tarefas”, com ilustrações de falas correspondentes às subcategorias construídas.......................................................................................................................................... Quadro B5 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Decisão de ter um filho”, com transcrição de exemplos de manifestações pertinentes ao tema.......

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Quadro B6 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Decisão de adiar ter um – ou mais um – filho”, com exemplos selecionados de afirmações............

Quadro B7 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Mudanças em função do nascimento dos filhos”, com ilustrações de trechos de suas falas............

Quadro B8 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Criação de filhos e ensinamentos: meios e prioridades”, com alguns exemplos das afirmações que fizeram................................................................................................................................................. Quadro B9 - Quantidade de participantes que verbalizaram conteúdos enquadrados na categoria“Planejamento para o futuro”, com ilustrações de alguns dos planos, tal como formulados..............

Quadroinsatisfeitos..........................................................................................................................................120 B10. Áreas em que os participantes consideram-se satisfeitos, pouco satisfeitos ou

contexto familiar. Essas famílias se constituem em grupos humanos nos quais certas modalidades de conhecimentos e certos processos de identificação com o grupo assumem importância fundamental para a própria manutenção da coesão grupal. Uma dessas modalidades de conhecimento, que também se caracteriza como processo de identificação grupal, é o conjunto de explicações, proposições e prescrições que constitui, com maior ou menor grau de sistematização, uma das facetas culturais reconhecíveis em quase todos os grupos humanos: a religião. O tema do presente estudo está contido no amplo quadro desenhado acima. Trata-se de uma investigação sobre diversos aspectos do relacionamento conjugal e familiar conforme vivido e percebido por casais para os quais a perspectiva religiosa (no caso, a perspectiva de uma religião específica, classificada como evangélica neopentecostal) é considerada especialmente importante e orientadora de suas decisões. A introdução do trabalho apresentará uma proposição teórica em Psicologia Social tomada como adequada para a compreensão das relações intragrupais e intergrupais e reunirá informações relevantes para a compreensão do contexto religioso implicado no estudo.

1.2 – O conceito de identidade social

A compreensão do indivíduo a partir de uma perspectiva sócio-histórica implica a consideração de que ele vive em um ambiente que apresenta estruturação social e organização cultural que já existiam antes dele e que exercem sobre ele influências modeladoras em um processo de socialização, processo esse que se concretiza a partir das relações com seus interlocutores. Ao mesmo tempo, é

possível que suas ações venham a transformar aspectos da sociedade e da cultura em que vive, indicando que está em jogo um processo que não é exclusivamente unidirecional, uma vez que as influências que recebe são processadas e eventualmente transformadas ou ressignificadas. Este indivíduo está vinculado a grupos sociais cujos integrantes apresentam características próximas às suas ou com elas compatíveis, grupos esses com os quais se identifica (Tajfel & Billig, 1974; Tajfel, 1983; Licata, 2003). Este mesmo indivíduo convive com outros grupos dos quais não se considera pertencente, indicando que sua identificação com tais grupos é muito distinta daquela que desenvolveu em relação aos grupos dos quais se considera partícipe, podendo chegar até mesmo a ser uma relação de completa rejeição. São vários os grupos aos quais ele estará vinculado concomitantemente, além de ter estado vinculado a outros tantos ao longo de sua vida (Tajfel, 1983). Essa multidimensionalidade da identidade permite a combinação e organização de vários de seus elementos, justapondo-os e integrando-os. O conceito de grupo, para Tajfel, implica interdependência, uma vez que a identificação entre seus membros acontece através da comparação social (Amâncio, 1997). O grupo do qual o indivíduo faz parte não é necessariamente objetivo, mas psicológico, assim como o é a inserção do indivíduo (Souza, 2005). O membro atribui valores positivos ao grupo do qual se considera parte (endogrupo) e negativos ao grupo do qual está desvinculado (exogrupo) (Leeuwen, Kinippemberg & Ellemers, 2003; Tajfel, 1974; Verkuyten & Wolf, 2007). Tajfel (1983, p. 294) afirma que

...grupos sociais, juntamente com o significado emocional e de valor o conhecimento que ele tem de que pertence a determinados que ele atribui a essa pertença só podem ser definidos através dosefeitos das categorizações sociais que dividem o meio social de um indivíduo no seu próprio grupo e em outros.

e se apresentará como suporte para a manutenção do grupo. Quanto mais profunda e mais emocionalmente comprometida for a identificação com o grupo, maior a possibilidade de atribuição de características negativas ao exogrupo, e menor a possibilidade de compreensão das insuficiências do endogrupo. Diversos autores vêm trabalhando de acordo com esta perspectiva de relacionamento intergrupal e identidade social, tal como proposta por Tajfel (1983), há muitos anos, tanto no Brasil como em outros países. Vale lembrar, em relação ao Brasil, a importância dos trabalhos que buscam conhecer e compreender os fenômenos grupais e identitários de um país com tamanha diversidade cultural. Entre as produções do próprio Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES, estão disponíveis diversos exemplos de estudos que se valeram da mencionada proposta teórica.

1.3 - Religiosidade do povo brasileiro e informações necessárias sobre as igrejas evangélicas

Os grupos de pessoas que professam uma religião, com todas as especificidades que os caracterizam, historicamente se apresentam como exemplos de grupos com os quais um indivíduo pode identificar-se de maneira mais superficial ou estabelecendo grande nível de comprometimento (Guareschi, 1996). Em alguns casos conhecidos, a valorização grupal foi tão intensa a ponto de permitir a ocorrência de situações extremas, como o suicídio coletivo, provavelmente associado a um conjunto de situações no qual a presença de uma liderança especialmente convincente se destaca, mais do que a(s) figura(s)

transcendental(ais) ou outros símbolos que são nucleares e fundamentais para as religiões e para as várias modalidades de grupos religiosos a elas associados. Em decorrência das características da colonização que viveu, o Brasil é um país em que a maior parte das pessoas declara-se católica, mas tem vivido nas últimas décadas um processo de trânsito religioso expressivo. Uma das vertentes mais evidentes desse trânsito é a adesão crescente aos grupos protestantes, evangélicos pentecostais e afro-religiosos (Almeida & Montero, 2001), aí incluídas inúmeras pessoas que deixam a religião em cujo âmbito se deu sua formação social

  • predominantemente a religião católica. Machado (2005) apresenta um panorama representativo destas mudanças, já nos anos 90, quando afirma que os dados do IBGE demonstravam o decréscimo no percentual de católicos e o aumento do número de evangélicos e de pessoas que se consideravam sem religião (caracterizando, neste caso, outra vertente do trânsito religioso, ainda que com características distintas). Também Pierucci (2004), baseado nos dados divulgados pelo IBGE referentes ao censo realizado em 2000, chama a atenção para o decréscimo percentual de brasileiros que se dizem pertencentes às religiões nacionais mais tradicionais. Segundo o autor, os católicos, que naquela época totalizavam 73,8% dos brasileiros, têm perdido espaço para os pentecostais, grupo que tem crescido percentual e numericamente há várias décadas. A baixa frequência às missas e a aparente ausência de comportamentos considerados tipicamente católicos tradicionais, de acordo com a visão de Antoniazzi (2003) sobre o mesmo censo, realizado em 2000, são característicos de grande parcela desses religiosos. É possível que, de alguma forma, a religião se faça presente no cotidiano destas pessoas, ou ao menos haja uma ligação com a espiritualidade/religiosidade (Panzini