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A Mulher e a Perda de Cabelo: Um Estudo Phenomenológico, Notas de estudo de Enfermagem

Um estudo phenomenológico sobre a experiência de uma mulher que enfrenta a perda de cabelo como resultado do tratamento quimioterápico contra o câncer de mama. O autor explora as unidades de significado atribuídas pelas mulheres à perda do cabelo e as maneiras como elas se relacionam com a recuperação da saúde e a autenticidade. O documento oferece uma compreensão vívida e profunda da experiência da mulher diante da perda do cabelo, além de refletir sobre as implicações sociais e culturais desse fenômeno.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Teresa Caldas Camargo
O EX-SISTIR FEMININO NUM ROSTO SEM
MOLDURA: UMA ANÁLISE COMPREENSIVA
Escola de Enfermagem Anna Nery
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - novembro de 1997
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Baixe A Mulher e a Perda de Cabelo: Um Estudo Phenomenológico e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity!

Teresa Caldas Camargo

O EX-SISTIR FEMININO NUM ROSTO SEM

MOLDURA: UMA ANÁLISE COMPREENSIVA

Escola de Enfermagem Anna Nery

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - novembro de 1997

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Enfermagem Anna Nery

O EX-SISTIR FEMININO NUM ROSTO SEM

MOLDURA: UMA ANÁLISE COMPREENSIVA

Dissertação apresentada à

Escola de Enfermagem Anna

Nery como requisito final do

Curso de Mestrado em

Enfermagem.

Teresa Caldas Camargo

Rio de Janeiro - novembro de 1997

i

Defesa da Dissertação

CAMARGO, Teresa Caldas. O ex-sistir feminino num rosto sem moldura: uma análise compreensiva. Rio de Janeiro: UFRJ, Escola de Enfermagem Anna Nery, 1997. 146 p. mimeo. Dissertação de Mestrado em Enfermagem.

Banca Examinadora

Professora Doutora Ivis Emília de Oliveira Souza Orientadora

Professora Doutora Telma Apparecida Donzelli 1 a^ Examinadora

Professora Doutora Regina Lúcia Mendonça Lopes 2 a^ Examinadora

Professora Doutora Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues Suplente

Defendida a dissertação: Conceito: Em: 21/novembro/

ii

Esta pesquisa foi desenvolvida com subsídio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, na modalidade de Bolsa de Demanda Social nível Mestrado no período de março de 1996 à dezembro de 1997.

iv

Aos meus queridos pais Sabino e Maria Thereza, que com o seu amor me possibilitaram ex-sistir e me ensinaram a com-preender.

Ao meu amado marido Reynaldo, por possibilitar a felicidade que traz a con-vivênciaautêntica e por ser com-panheiro nesta caminhada de aprendizado acerca do saber sobre oncologia e do saber das pessoas portadoras de câncer.

Aos meus filhos Antonio e Eduardo, grandes amores da minha vida, pela possibilidade da imensa alegria que é ser-mãe e de assim poder amá-los todos os dias e ser-no-mundo-com-eles.

Às depoentes Miriam, Zeni, Maria de Lurdes, Maria Auxiliadora, Nereida, Zilda, Edinéia, Maria Adelaide, Maria Teresa, Laurani, Lenice, Maria Lúcia, Jaciléia, Maria Antonia,Margarida, Sebastiana, Elenice, Jarcira e Margareth, por me mostrarem o valor, a importância e a possibilidade do encontro no cotidiano profissional de assistir ao meu semelhante.

v

Agradecimentos

Ao Instituto Nacional de Câncer (Inca), pela oportunidade de enriquecimento profissional e pessoal através da liberação para a realização do curso de Mestrado em Enfermagem.

Ao dr. Oscar Jesuíno da Silva Freire, diretor do Hospital Luiza Gomes de Lemos (HLGL),pelo apoio, pelo incentivo e pela valorização deste estudo.

À Maria de Fátima Rodrigues chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital Luiza Gomesde Lemos (HLGL), pela consideração, pela compreensão e pre-sença. Sem o apoio da qual não poderia realizar este estudo.

Às colegas de trabalho Eli, Laísa, Liliam, Maria Cristina e Wilza, pelo incentivo, peloapoio e pela com-preensão, principalmente durante o período em que muitas vezes ficaram sobrecarregadas devido aos meus afastamentos. E por com-preenderem a possibilidade de uma con-vivência preocupada com as nossas clientes.

À dona Lair e Gilma, da biblioteca do Hospital Luiza Gomes de Lemos, pela atenção e presteza com que sempre atenderam as minhas solicitações.

À professora doutora Ieda de Alencar Barreira, pre-sença que mediada pelo carinho, pela confiança, pelo incentivo, pelo apoio e pela disponibilidade colaborou na construção deste estudo.

À professora doutora Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues, por acompanhar e colaborar com o desenvolvimento deste estudo. Pre-sença na minha trajetória pessoal e profissional no Curso de Mestrado.

Às colegas do curso de Pós-Graduação Ana Lúcia, Aldira Samantha, Sonia Mara, Marilda, Elisabeth e Lia, pela alegria com que com-partilharam comigo esta caminhada na descoberta da Fenomenologia.

À Sonia da Secretaria Acadêmica de Pós-Graduação e a Cristina do Serviço de Apoio à Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery, pela colaboração, pelo sorriso e peladisponibilidade com que sempre me receberam.

Aos membros da Banca Examinadora, pre-senças incentivadoras desta iniciante no pensar heideggeriano, pelo aceite do convite para contribuir analisando este estudo.

vii

CONSIDERAÇÕES FINAIS 91

BIBLIOGRAFIA: 98

ANEXO: 102

viii

CAMARGO, Teresa Caldas. O ex-sistir feminino num rosto sem moldura: uma análise compreensiva. Rio de Janeiro. UFRJ, Escola de Enfermagem Anna Nery. 146 p. mimeo. Dissertação de Mestrado em Enfermagem.

RESUMO

Este estudo tem como objeto o ex-sistir feminino diante da perda do cabelo, conseqüente ao tratamento quimioterápico para o câncer de mama. Teve como motivação as inquietações surgidas a partir de minhas experiências e vivências profissionais, enquantoenfermeira da Central de Quimioterapia do Hospital Luiza Gomes de Lemos, unidade hospitalar III do Instituto Nacional de Câncer, onde no contato diário com as mulheres submetidas a quimioterapia antineoplásica, pude constatar mudanças em seus comportamentoscompreender o ex-sistir feminino diante da perda do seu cabelo e desvelar o sentido que diante do efeito colateral, a alopécia. O objetivo do estudo foi funda o comportamento assumido pela mulher face a este efeito colateral do tratamento. O método utilizado foi a Fenomenologia, sendo o suporte para a análise compreensivados depoimentos o pensamento do filósofo Martin Heidegger expresso em Ser e Tempo. A apreensão dos significados atribuídos pelas depoentes à questão da perda do cabelo e a hermenêutica heideggeriana, mostrou a mulher como ser-aí-com exposta ao falatório. Como pre-sença temerosa que diante da ameaça - quimioterapia - enfrenta as variaçõesdo temor: o pavor da perda do seu cabelo, o horror de ver-se sem o seu cabelo e o terror de ser vista pelos outros sem o seu cabelo. A análise compreensiva permitiu compreenderautenticidade, passando pela dimensão da angústia, e assim realizando um encontro que na cotidianidade, a mulher caminha da inautenticidade para a consigo mesma e seu poder ser. Nesta compreensão, pude refletir sobre a assistência de enfermagem prestada a mulher e perceber como ela tem privilegiado os aspectos factuais e funcionais do dia a dia em detrimento dos existenciais, não valorizandoportanto a dimensão humana e a singularidade do assistir ao nosso semelhante. Pontuei ainda a necessidade da enfermagem de buscar o seu rumo enquanto profissão de gente que cuida do seu semelhante. Considero este estudo como um movimento não acabado porque permite que se desvelem outras facetas deste fenômeno que tanto mobiliza oser-aí, bem como um aprofundamento na disposição privilegiada da angústia.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

VIVENCIANDO A TEMÁTICA COMO PESSOA E PROFISSIONAL:

Este estudo foi se constituindo a partir de minha experiência como enfermeira na Central de Quimioterapia do Hospital Luiza Gomes de Lemos^1 , no Rio de Janeiro. No entanto, há muito fazem parte da minha vida, momentos nos quais o câncer de mama e a quimioterapia ganham relevo específico. Lembro-me de uma tia que foi acometida pela doença e, por ser o câncer uma doença terrível, minha mãe e minha avó sempre comentavam aos cochichos sobre a infelicidade de minha tia com a doença e a mastectomia. Anos mais tarde, já estudante de enfermagem, soube de uma jovem conhecida que acometida pela doença, escondeu-se de todos. Ao visitá-la após a cirurgia, sua face era de desespero, angústia, desesperança. A quimioterapia parece ter piorado sua situação de isolamento já que além das náuseas e vômitos, atormentava-lhe a perda do cabelo. Alguns anos após, uma amiga de infância, aos 23 anos, deparou-se com um diagnóstico de câncer de mama. Essa amiga faleceu aos 24 anos e pouco contato tive com ela durante a doença, já que sua família evitava o convívio social e acho que ela também não o queria. Soube que, após a mastectomia, ela comparecia ao tratamento quimioterápico sempre procurando alegrar as outras mulheres. Recordo-me do seu lindo cabelo louro, comprido e liso, então reduzido a nada. Penso com tristeza em como esta vivência transformou seu comportamento e suas perspectivas de vida. Iniciei minha atividade profissional num hospital de ginecologia geral e de câncer ginecológico e da mama. Lá, meus primeiros anos, foram dedicados a aprofundar meus conhecimentos. Naquela época, o câncer de mama com freqüencia surgia mesclado a

(^1) Hospital Luiza Gomes de Lemos (HLGL), unidade hospitalar III, do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

outras patologias. Hoje, ao contrário, este hospital atende principalmente às mulheres com suspeita ou diagnóstico de câncer de mama. Após cinco anos de trabalho nas enfermarias, comecei um treinamento efetivo na Central de Quimioterapia. Inicialmente, me vi muito envolvida com os aspectos da manipulação das drogas: sua nomenclatura, diluição, administração, problemas de punção venosa, efeitos colaterais e cuidados pessoais preventivos. Após dominar essas técnicas e procedimentos passei a perceber mais intensamente os sofrimentos dessas mulheres: seu medo, desespero e angústias. É normal, após a consulta médica, recebê-las e esclarecer eventuais dúvidas que, diante da figura do médico, foram esquecidas, ou conscientemente deixadas de lado, por vergonha ou medo. Esta inibição talvez tenha sua origem no fato de ser o médico comumente reconhecido pelo doente como o detentor do saber e da cura. Assim diante dele a mulher doente pode assumir uma postura de inferioridade, por achar que nada sabe ou entende esquecendo-se do seu direito às informações relativas à sua saúde e da intransferível responsabilidade do médico com ela. Estando mais segura senti vontade de conversar com elas, especialmente durante a administração dos medicamentos. De tudo ouvi: casamentos e lares desfeitos após o diagnóstico da doença e durante o tratamento; problemas com a família; filhos em pânico; vergonha da doença; e a perda do cabelo como o pior de tudo, o estigma revelador de tantas perdas. Assim, na assistência diária às mulheres submetidas à quimioterapia, pude captar, através de diálogo informal e observação do estado geral delas, as transformações físicas, psíquicas e sociais que ocorreram durante o tratamento. A quimioterapia parece expor definitivamente a mulher diante de sua doença, tanto para si mesma, como para a sociedade. O impacto sobre a pessoa parece ser, muitas vezes, maior do que o causado pelo conhecimento da doença e a experiência da

Muitas levam presentes, escrevem agradecimentos ao final do tratamento e continuam a visitar-nos, após a alta da quimioterapia, quando vêm ao hospital para as consultas de rotina, e nos mostram como realmente o cabelo voltou a crescer. Mas também surgem aversões. Outras mulheres referem náuseas apenas ao ver a enfermeira ou auxiliar de enfermagem que lhe traz a lembrança dos efeitos desagradáveis da quimioterapia e do mal estar que sentem nos dias subsequentes ao tratamento. Em minha vivência profissional como enfermeira do setor de quimioterapia, pude observar que o impacto da perda do cabelo no comportamento da mulher parece talvez ser pior do que a mutilação causada pela mastectomia, já que esta última pode ser melhor ocultada no convívio social, mediante o uso de próteses externas e vestuário adequado. Sempre me chamou muito a atenção a reação das mulheres quando menciono a queda do cabelo. A expressão delas ao desviar o olhar, em geral cheio de lágrimas, é tão tocante que se faz necessário algum tempo de silêncio, ao fim do qual, normalmente ouço indagações como: “Meu cabelo vai cair todo mesmo?”; “Quando isto vai acontecer?”; “Cairá todo de uma vez?”. O cabelo e sua perda sempre me tocaram muito. Toda vez que oriento a mulher sobre isto parece que naquele instante ela me “foge”, fica inalcançável, fechada em si mesma, inatingível. E ali nesta fuga, algo me escapa, algo essencial desaparece, algo essencial para que eu possa auxiliar a mulher, dando-lhe efetivamente minha compreensão, ajuda, amparo. O que percebo é que, a cada vez que menciono a perda do cabelo, a mulher parece esquecer-se dos demais efeitos colaterais, que podem ocorrer durante o tratamento quimioterápico, do mal estar que sente durante vários dias após a administração das drogas. Sua atenção volta-se toda para o cabelo e sua desastrosa perda.

Muitas mulheres, ao final do primeiro ciclo de quimioterapia, pedem-me para ver as perucas que o setor possui para empréstimo. Parecem querer estar prevenidas, quando seu cabelo começar a cair. Outras procuram-me já quando a queda do cabelo tornou-se aparente e é sempre com certo constrangimento no olhar que me pedem para ver e experimentar as perucas. Foi assim que me decidi por este estudo. Fazer galhofa ao mostrar uma peruca, dizer que o cabelo volta, que a saúde é mais importante, que cabelo cresce, que o necessário é impedir o retorno ou a progressão da doença, nada disso parece amenizar esta situação. Com o passar dos meses, essas mulheres comparecem para o tratamento com perucas, lenços, toucas ou turbantes e é sempre com tristeza que relatam sua experiência e a forma como ocorreu a perda do cabelo. O que me parece é que, neste período, elas começam a tentar uma adaptação à sua nova condição e muitas vezes aparentam querer dizer: “Agora que o cabelo já caiu todo mesmo, só anseio pelo fim do tratamento para vê-lo crescer e esquecer tudo isto”. Percebo também no meu dia a dia que aquela mulher ali está para cumprir um tratamento imposto a ela como meio de sobrevivência. Ela recebe muitas explicações sobre a necessidade de seguir o tratamento para curar-se e evitar o retorno da tão temida doença. Ela é orientada também sobre como agem os quimioterápicos e o porquê dos efeitos colaterais que eles provocam. Mas, na realidade, a palavra não é dada à mulher, ela está ali para ouvir, não para ser ouvida. Está ali para cumprir um tratamento que lhe é oferecido, com as melhores intenções, pelos profissionais que a cercam por todos os lados, sempre vigiando para que ela siga em frente, para que ela se sinta, ao menos fisicamente, o melhor possível, para que ela não abandone o tratamento. Esquecem-se, entretanto, de que cada uma destas mulheres é uma pessoa peculiar no mundo, que pensa e que sente e que talvez desejasse partilhar este seu vivido.

QUESTÃO NORTEADORA DO ESTUDO:

Como se sente a mulher que, ao submeter-se ao tratamento quimioterápico, ex-siste sem o seu cabelo?

CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO:

Em minha experiência profissional, reconheço a importância do papel da enfermeira como educadora da família, e no meu caso em que a clientela é feminina, da mulher em tratamento quimioterápico. Ao ser informada sobre os objetivos do tratamento e dos efeitos colaterais que podem advir, a mulher parece se sentir mais capaz de cuidar de si mesma e menos aflita quando os efeitos colaterais ocorrem. Quanto a estar mais preparada, fica uma interrogação, pois no caso da alopécia por exemplo, parece sempre haver um choque e muita tristeza, apesar da informação anteriormente dada. A orientação, que é realizada individualmente com cada mulher, também funciona como um primeiro contato entre ela e a enfermeira, e traz ainda o conforto e a segurança de ter a quem recorrer quando tem alguma dúvida ou problema relacionado ao tratamento. Não é incomum, por exemplo, que muitas delas ou seus familiares, telefonem para o setor de Quimioterapia, buscando mais informações, tirando dúvidas ou pedindo auxílio para resolução de algum problema surgido. A mulher e sua família parecem também sentirem-se apoiadas diante da atuação da enfermeira como educadora e orientadora, pois compreendem que alguém sabe do momento pelo qual estão passando, e têm a liberdade de procurá-la quando julgam necessário. O contato com outras mulheres que estão passando pela mesma experiência, também é bem vindo no entender da mulher. Parece encontrar algum conforto por não ser a única que enfrenta a quimioterapia, gosta de trocar experiência e falar de sua

vivência com outras na mesma situação que ela. No meu local de trabalho, isto é extremamente facilitado, pois as pacientes estão juntas aguardando a consulta ou na sala de quimioterapia. É comum que se consolem umas às outras. Vemos que há preocupação com a alopécia resultante do tratamento quimioterápico para o câncer de mama, e com os danos causados à auto-imagem e auto-estima das mulheres à ele submetidas. Porém, não há até hoje resultado efetivo para a prevenção deste efeito colateral e nem tampouco houve preocupação em buscar o significado desta vivência para a mulher. Entretanto Freedman (1994 :334-341), julga crucial que se tenha um entendimento profundo do significado da perda do cabelo, para se compreender porque tantas mulheres, na cultura americana, consideram esta perda particularmente traumática e de efeito iatrogênico no tratamento do câncer. À mulher não foi dada voz para expressar o sentido deste vivido. Inclusive vários pesquisadores parecem negar o problema da alopécia para a mulher que se submete ao tratamento quimioterápico, ao relacioná-lo apenas como conseqüência da frustação causada pelo aparecimento do câncer de mama. Ao contrário, este estudo busca o significado atribuído pela vivência da alopécia pela mulher em tratamento quimioterápico. Espera-se assim contribuir, através da compreensão, para um melhor atendimento das suas necessidades, durante este período tão difícil do tratamento do câncer de mama. Espera-se também que a melhor compreensão do fenômeno, provoque uma reflexão sobre a atuação da equipe de enfermagem na especialidade, face ao impacto deste efeito colateral no comportamento destas mulheres.