Baixe teoria clássica das relações internacionais e outras Notas de estudo em PDF para História das Relações Internacionais, somente na Docsity!
Realismo e Liberalismo
Clássicos
Rafaela Souza rafaela.souza@esri.net.br
Roteiro
- Realismo Clássico
- Influências
- Dilema de Segurança
- Princípios básicos do argumento realista
- Estado
- Anarquia
- Sobrevivência
- Poder
- Autoajuda
- Principais expoentes
- CríBcas
- Liberalismo Clássico
- Valores e conceitos centrais
- Livre Comércio
- Democracia
- InsBtuições
- Expoentes
- CríBcas
- Influências behavioristas
Realismo Clássico: influências
- Tucídides
- Disputas entre as cidades-Estado gregas e entre a civilização grega e seus vizinhos não gregos, como a Macedônia e a Pérsia.
- Reconhecia a desigualdade em termos de poder e capacidade de dominar e se defender das aspirações das demais unidades políticas.
- Todos os Estados, grandes e pequenos, devem adaptar-se a realidade específica de poder desigual e agir de forma condizente para sobreviverem e até prosperarem
- Limites das escolhas dos estadistas no campo da política externa – ambiente muito desigual, de escolhas restritas e constante perigo e oportunidade.
- Prudência e cautela
- Guerra do Peloponeso (431-04 a.C.)
- Liga Helênica liderada por Atenas e Esparta; receio das potências menores em relação à expansão ateniense ; Esparta e a Liga Peloponesa
- Atenas e Melos (416 a. C)
- “ O padrão de justiça depende da igualdade de poder para coagir e, de fato, os fortes fazem o que têm o poder de fazer e os fracos aceitam o que têm de aceitar... Essa é a regra certa – enfrentar seus iguais, se comportar em consideração aos seus superiores e tratar seus inferiores com moderação ” (Tucídides, 1972, p. 406)
Realismo Clássico: influências
- Maquiavel
- Contexto de formação dos Estados modernos (O Príncipe, 1532)
- Ênfase na sobrevivência do Estado como ator
- Liberdade nacional como valor político supremo
- A conduta da política externa é uma atividade instrumental, com base no cálculo inteligente do poder e do interesse contra o poder e os interesses de rivais e competidores
- Alianças e Balança de poder como formas de lidar com questões de segurança “ Um príncipe não pode cumprir tudo que é considerado bom para os homens, pois para manter o Estado ele muitas vezes é obrigado a agir contra sua promessa, a caridade, a humanidade, a religião. Portanto ele precisa estar pronto para seguir a direção exigida pelos ventos da fortuna e da mutabilidade das questões (políticas)... Na medida do possível não deve se desgarrar do bem, mas deve saber como usar o mal quando necessário ” (Maquiavel, 1984, p. 59-60)
Realismo Clássico: Dilema de Segurança
- Dilema da Segurança
- Impossibilidade de estabelecer um Leviatã no plano internacional torna a anarquia internacional uma característica definitiva das RI
- Anarquia do sistema internacional = estado de natureza internacional
- Condição de guerra real ou potencial
- O Estado é equipado e organizado para a guerra de modo a promover a paz nacional para seus súditos e cidadãos.
- A garantia da segurança do Estado gera a insegurança de outros Estados
Princípios básicos que definem o argumento realista:
- Visão pessimista da natureza humana
- Política internacional caracterizada pela “política de poder”: arena de rivalidade, conflito e guerra entre Estados que buscam defender seu interesse nacional e garantir a sua sobrevivência.
- Apreço pelos valores de segurança nacional e sobrevivência estatal: sistema de autoajuda
- Ceticismo em relação a um progresso semelhante ao do âmbito doméstico: estado de natureza
- Estado como ator proeminente que existe num ambiente de anarquia: centralidade do Estado.
- Principal objetivo de política externa é projetar e defender os interesses do Estado na política mundial.
- Foco nas grandes potências
- Imagem do Estado como **“caixa-preta”
- Equilíbrio de poder
- Ganhos relativos**
Realismo Clássico: Estado
- Estado como ator central das RI
- Funções:
- manter a paz e estabilidade dentro de suas fronteiras (axioma obediência-segurança) – monopólio do uso legí=mo da força (Weber)
- Manter a segurança dos seus cidadãos em relação a agressões externas
- Análise do Estado como “caixas-pretas”- modelo “bola de bilhar”
- Realistas, em geral, desconsideram os processos internos de tomada de decisão e mo=vações polí=cas internas.
- Focam na dinâmica de relação entre as “bolas de bilhar”
- Estado como ator unitário e racional
- Age de maneira uniforme e homogênea em defesa do interesse nacional
- Racional no sen=do de que age em defesa do interesse nacional: preservação e permanência do Estado como ator nas RI
Realismo Clássico: Anarquia
- Ausência de uma autoridade suprema e legítima no plano internacional
- Logo, não é possível implementar regras, interpretá-las e punir aqueles que não as obedecem.
- Não existe um soberano com monopólio do uso legítimo da força, mas a coexistência de múltiplos soberanos que, por serem soberanos de seus próprios cidadãos, não podem abdicar do uso legítimo da força em favor de uma terceira parte.
- Estado de natureza hobbesiano: existência simultânea de vários atores exclusivamente responsáveis pela própria sobrevivência
- Condição permanente da anarquia
- Desconfiança prevalece nas relações entre os Estados; sobrevivência é o principal objetivo e, portanto, define todos os demais
- Segurança como um bem de soma zero: segurança de um só pode ser atingida em detrimento da segurança do outro.
Realismo Clássico: Poder
- Poder como elemento central de análise
- Soma das capacidades – militar, política, econômica
- Conceito relativo
- Balança de poder: atores se juntam ao poder ou contra o poder (tentativa de equilíbrio de poder)
Realismo Clássico: Autoajuda
- Nenhum Estado pode contar com outro para defender seus interesses
- Não implica a impossibilidade de cooperação em algumas áreas, mas implica vigilância permanente
Realismo Clássico: Principais expoentes
- Hans Morgenthau (A Política entre as Nações, 1948)
- Deu consistência ao realismo como abordagem teórica das RI
- Seis princípios básicos para análise das RIs, que diferenciam e definem o realismo em relação a qualquer outra abordagem teórica: 1. A política, assim como a sociedade, é regida por leis objetivas que refletem a natureza humana. 2. Definição dos interesses em termos de poder ; propõe fazer teoria com base na perspectiva do estadista; racionalidade como elemento central do processo político 3. Poder como conceito universalmente definido, mas cuja expressão varia no tempo e no espaço. 4. Princípios morais devem estar subordinados aos interesses da ação política. “O limite dos princípios morais é a prudência: ao observar os princípios morais, o estadista deve ter claro que a segurança e os interesses do Estado que governa não estão ameaçados 5. Princípios morais não são universais, mas particulares. 6. Autonomia da esfera política em relação às demais esferas, como econômica, religiosa, social, jurídica etc
Realismo Clássico: Principais expoentes
- Hans Morgenthau (A Política entre as Nações, 1948)
- Estados poder visar a um dos três objetivos: manter o poder, aumentar o poder ou demonstrar o poder
- Manutenção do status quo (manutenção do equilíbrio de poder existente); expansão; busca por prestígio
- Prestígio: diplomacia e uso da força / ameaça do uso da força
Principais críticas ao Realismo Clássico
- Martin Whight
- Crítica à excessiva influência behaviorista
- Importância do estudo da história e do desenvolvimento do pensamento filosófico ocidental como âncoras da disciplina - Teorias que privilegiam a elaboração de modelos racionais em detrimento do estudo da história e suas complexidades correm o risco de refletir sobre assuntos que não existem, permanecendo defasados em relação ao mundo da política - Teorias que não levam em consideração a evolução do pensamento filosófico ocidental descartam a riqueza e complexidade deste, não aproveitam seu amadurecimento nem as soluções elaboradas para os mesmos problemas que o pensamento teórico das RIs levantam.
- Sugere que todo pensamento teórico nas RI decorre de uma das três tradições fundadas por:
- Maquiavel (realismo) – luta de todos contra todos / desconfiança generalizada e permanente
- Kant (revolucionarismo) – Só é possível garantir a segurança de um quando a seguran;ca de todos é garantida / objetivo ético a ser alcançado
- Grotius (racionalismo) – Reconhecem a existência de regras e normas que orientam e organizam as RIs e que permitem a convivência entre Estados que não compartilham, necessariamente, os mesmos objetivos ou interesses / Direito Internacional
- Teorias nas RIs são marcadas pelo contexto em que foram elaboradas e reproduzem esse contexto, expondo suas características e limitações
Liberalismo Clássico
- Pluralidade do pensamento liberal
- Tradição liberal: preocupação com as relações indivíduos, sociedade e governo no âmbito
doméstico
- Preocupação moderna, herdeira do iluminismo: a liberdade do indivíduo; uso da razão
- Direitos naturais à vida, liberdade e propriedade
- Igualdade entre os cidadãos na medida em que todos possuem, por natureza, a mesma
capacidade de descobrir, compreender e decidir como alcançar a própria felicidade
- Preocupação com a construção de uma sociedade bem ordenada, na qual os indivíduos
tenham as melhores condições para o exercício de sua liberdade