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Uma breve análise da diferença entre o medo de deus e o temor do senhor, baseado na bíblia. O autor contrasta as duas atitudes, sugerindo que o primeiro deve ser descartado enquanto o segundo merece ser apreciada e cultivada. O texto também discute o papel do medo em nossas vidas e como o temor do senhor nos ajuda a manter uma relação profunda com deus.
Tipologia: Notas de estudo
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estudo resumido sobre o significado da expressão “o temor do Senhor”, a qual aparece com freqüência ao longo do texto sagrado, mas especialmente nos escritos poéticos e sapienciais. Trata introdutoria- mente com a questão do medo, para em seguida discorrer sobre o medo de Deus e o temor do Senhor, buscando contrastar estas atitudes de modo a demonstrar que a primeira deve ser descartada enquanto a segunda merece ser apreciada e cultivada.
on the meaning of the expression, “The Fear of the Lord,” frequent in the poetic and wisdom literature of the Old Testament. Initially the author deals with the notion of
general fear, to discuss then specifically the “fear of the Lord,” establishing a contrast between the two concepts, suggesting that the former must be discarded and the latter
Medo é uma inquietação, um receio de que algo de mal aconteça a nós ou àqueles que amamos. O medo é universal. Todos o possuem em maior ou menor grau. Da leitu- ra da Bíblia podemos presumir que o medo não existia antes da entrada do pecado em nosso mundo e que, quando Deus restaurar todas as coisas, essa sensação não mais terá lugar. Embora seja uma das muitas conse- qüências más que o pecado nos acarretou, o medo tem sido uma das grandes forças mo- tivadoras da alma humana. O que fazemos por medo? Construímos muros e cercas,
levantamos grades, colocamos fechaduras, correntes e cadeados nas portas e portões, contratamos vigias e seguranças, criamos cães de guarda, fazemos seguros de vida e dos bens que possuímos. Movidas pelo medo há pessoas que mentem sobre si mesmas, que inventam coisas sobre os outros, que tomam decisões precipitadas e funestas, que adquirem um comportamento destrutivo. O medo tem muitas faces: ansiedade, dúvidas, timidez, indecisão, superstição, retraimento, soli- dão, hostilidade excessiva, inferioridade, covardia, suspeita, hesitação, depressão, acanhamento social. Estudiosos do assunto afirmam que o medo é o nosso inimigo particular número um.^1
Um dos medos que mais têm prejudicado espiritualmente as pessoas é, sem dúvida, o medo de Deus. Em seu estado de perfeição nossos primeiros pais sentiam prazer em estar na presença do Criador e em dialogar com Ele. Contudo, o pecado levou-os a ter medo de Deus. O Gênesis nos conta como foi a tentação e a queda. Usando a serpente como médium Satanás apresentou a Deus sob um falso aspecto e o homem foi levado a duvidar de Seu amor, a descrer de Sua palavra e a rejeitar a Sua autoridade.^2 O comer do fruto proibido implicava todas essas coisas. E quando Deus veio ao jardim para manter comunhão com o homem e o chamou, este se escondeu e, sendo interpelado, respon- deu: “Ouvi a tua voz no jardim, [...] tive medo, e me escondi” (Gn 3:9). Esta foi a primeira vez que o homem teve medo. E era
Professor de Introdução à Bíblia, Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP
medo de Deus. 3 Notemos como ele surgiu. Primeiro o homem formou uma idéia errada sobre Deus, o que o levou à desobediência que, por sua vez, resultou no medo. Até hoje quando as pessoas têm medo de Deus é porque ou estão vivendo em pecado ou têm uma compreensão distorcida de Seu caráter.
Certa vez Jesus contou a história de um homem muito rico que resolveu viajar. Como possuísse muitos bens, chamou três de seus servos e deu a cada um deles um determinado valor em dinheiro a fim de que negociassem buscando aumentar o seu capital. Enquanto o homem rico viajava, dois servos se empenharam em comercia- lizar. Mas o terceiro, havendo enterrado o dinheiro, nada fez. Ao retornar, o senhor chamou os servos para o combinado ajus- te de contas. Dois deles haviam sido fiéis e foram generosamente recompensados. O terceiro, porém, depois de desenterrar o dinheiro e devolvê-lo ao patrão, deu a razão de seu comportamento, dizendo: “Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu” (Mt 25:24-25).
Este servo não produziu e não trabalhou porque possuía uma idéia errada a respeito de seu amo. Para ele o homem era duro e desonesto. O patrão não era assim, mas ele pensava que fosse. Essa visão errada sobre o caráter de seu senhor o deixou temeroso, e o medo o paralisou, tornando-o inativo e inútil. Era um homem medroso, amargu- rado e improdutivo. Quantos cristãos têm uma vida parecida com a deste homem! Pouco ou nada fazem para a causa de Deus, porque têm medo dEle, e têm medo porque não O conhecem realmente.
Mediante esses dois exemplos bíblicos, percebemos que o medo de Deus é negativo e prejudicial, um verdadeiro empecilho para se manter um adequado e profundo relacionamento com Deus. Percebemos também, como é importante ter uma correta compreensão de Deus. Para tanto é neces- sário o estudo e a aceitação da revelação que Ele fez de Si mesmo em Sua Palavra, a Bíblia Sagrada (Jo 5:39). É deste modo
que ficamos conhecendo Seus atributos e Seu interesse por nós, o que nos liberta do medo de Deus. Na verdade, quanto mais O conhecermos mais O amaremos.^4 Como es- creveu o apóstolo João: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e [...] segundo Ele é, também nós somos neste mundo. No amor não exis- te medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. [...] Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4:16-19). Examinando as narrativas bíblicas verifi- camos que um temor sobrevem àqueles que se encontram com Deus ou com Seus men- sageiros. Todavia, quando são pessoas que servem a Deus é-lhes dito: “Não temas” ou “não temais”, no sentido de que não devem ficar com medo. Foi isso o que aconteceu com Gideão. Diz o relato bíblico: “Viu Gi- deão que era o Anjo do Senhor e disse: Ai de mim, Senhor Deus! Pois vi o Anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás!” (Jz 6:22-23). O idoso apóstolo João, após ter a mesma experiência, em Patmos, escreveu: “Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi [...] um semelhante a filho de homem. [...] Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último” (Ap 1:12-13, 17). Assim, essas duas atitudes – medo de Deus e temor do Senhor – são antagônicas e, por isso, não devem coexistir no indivíduo. Aquele que abriga o Seu temor não deve ter medo (Êx 20:20).
Muito diferente do medo de Deus é o que os escritores bíblicos chamam de “o temor do Senhor”, ou expressões eqüiva- lentes, que aparecem com freqüência no AT, mas também no NT. Ao longo do texto sagrado o temor do Senhor é apresentado como algo positivo, benéfico e imprescin- dível para a formação de um caráter cristão. A mesma Escritura que nos livra de termos medo dEle é a que nos capacita a enten- dermos o temor do Senhor. “Filho meu, se aceitares as Minhas palavras e esconderes contigo os Meus mandamentos, [...] então entenderás o temor do Senhor e acharás o
a temer a Deus: “Ao Senhor, teu Deus, temerás , a Ele servirás, e, pelo Seu nome, jurarás” (Dt 6:13). Algo semelhante ocorre no livro dos Salmos. Lemos: “Ele acode à vontade dos que O temem ; atende-lhes o clamor e os salva. O Senhor guarda a todos os que o amam ; porém os ímpios serão exterminados” (Sl 145:19-20). A mesma idéia é encontrada no NT. Paulo escreveu: “E assim, conhecendo o temor do Senhor , persuadimos os homens” (2Co 5:11) e, logo depois ele acrescenta: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14) [itálicos do autor]. A atitude de temer a Deus coopera para aperfeiçoarmos a nossa santidade (2Co 7:1), pois se de um lado nos leva a “aborrecer o mal”, incluindo “a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa” (Pv 8:13) e os maus-tratos aos portadores de deficiência física (Lv 19:14), do outro, nos incita a praticar o bem, o que é exemplificado no respeito aos idosos (Lv 19:32) e no sustento dos irmãos pobres (Lv 25:35-36). Ao contrário, a ausência desse temor é considerada sinônimo de impiedade ou
revolta, o que pode ser visto na vida do juiz iníquo da parábola contada por Jesus (Lc 18:2-4) e na atitude de um dos ladrões crucificados ao lado de Cristo (Lc 23:40). É a própria marca do pecado da humanidade (Rm 3:18).^16 Deste modo, o temor do Senhor nos leva a um correto relacionamento com Deus e com os homens, e isso é verdadeira sabe- doria^17 (Sl 111:10), verdadeiro tesouro (Pv 22:4; Is 33:6), “é fonte de vida” (Pv 14:27) e agrada ao Senhor (Sl 147:11). Este temor foi uma das marcas do verdadeiro Israel (Dt 10:12-13), do prometido Messias (Is 11:2-3) e da igreja primitiva (At 9:31) e deve caraterizar também o povo de Deus dos últimos dias 18 que, ao anunciar o evan- gelho eterno a toda a terra, deve clamar: “Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fonte das águas.” (Ap 14:6-7).
R efeRêncIAs (^1) Tim LaHaye, Temperamento controlado pelo
Espírito , 8ª ed. (São Paulo: Loyola, 1983), 108-
(^2) Ellen G. White, Educação , 7ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), 25. (^3) Por causa de quem Deus é e da aliança que fez
conosco, Ele espera que temamos unicamente a Ele. Todavia, o pecado, quebrando essa aliança, faz surgir os outros temores, inclusive o medo de Deus (Lv 26:14-17; Sl 38:19-20). – D. Lys, “temer”, Vocabu- lário bíblico , 3ª ed. (São Paulo: ASTE, 2001), 558. (^4) Ellen White, O Desejado de todas as nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995), 10. (^5) Andrew Bowling, “temer, ter medo, reveren-
ciar”, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1998), 655. (^6) Ibid. (^7) Ibid., 656-657. (^8) A. R. Crabtree, A profecia de Isaías , 2 vols. (Rio
de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1967), 1:208. (^9) J. D. Douglas, “temor”, O novo dicionário
da Bíblia , 3 vols. (São Paulo: Vida Nova, 1966),
3:1567. (^10) Derek Kidner, Provérbios – introdução e comentário , Série Cultura Bíblica (São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1980; reimpresso em 1982), 32. (^11) Bowling, “temer, ter medo, reverenciar”,
(^12) Este temor constitui-se em fundamento da moral (Êx 18:21; 20:20; Jo 2:3; Pv 8:13). – Lys, “temer”, 558. (^13) W. Mundle, “medo, temor respeitoso”, Dicio- nário internacional de teologia do Novo Testamento , 3ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 1985), 3:147. (^14) Ibid, 3:148. (^15) Ulrich Becker, “Conversão, Penitência, Arre- pendimento, Prosélito”, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1981), 1:503. (^16) E. Diserens, “temer”, Vocabulário bíblico , 3ª ed. (São Paulo: ASTE, 2001), 562. (^17) Samuel J. Schultz, A História de Israel no Anti- go Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1977), 276. (^18) Ver Nisto cremos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1989), 223-233. Ver também o Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia , 14ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 13.