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Um estudo de caso sobre a personalidade de ted bundy, utilizando a metodologia de análise de conteúdo da obra 'the only living witness' por michaud & aynesworth. O objetivo é compreender as características psicológicas de bundy, explorando suas interações e comportamentos em contexto. Palavras-chave: psicopatia, ted bundy, michaud & aynesworth.
Tipologia: Notas de aula
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Orientador de Dissertação: Joaquim Eduardo Nunes Sá Coordenador do Seminário de Dissertação: Joaquim Eduardo Nunes Sá Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de: MESTRE EM PSICOLOGIA Especialidade em Clínica
II Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação de Joaquim Eduardo Nunes Sá, apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção de grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica conforme o despacho da DGES, nº 19673 / 2006 publicado em Diário da República 2ª série de 26 de Setembro, 2006.
IV
O presente trabalho tem como objectivo principal abordagem e compreensão da personalidade de Ted Bundy, com o recurso a uma metodologia de investigação qualitativa, o estudo de caso , submetida aos parâmetros da análise de conteúdo, constituindo-se desta forma um estudo de caracter transversal e exploratório. É proposto então uma analise da personalidade de um individuo, de acordo com uma perspectiva psicopatológica, de forma a serem possíveis respostas para questões de “como” e “porquê” que caracterizaram a evolução do presente estudo. Numa primeira fase do estudo, o mesmo debruçou-se na obra biográfica de Ted Bundy escrita por Michaud & Aynesworth, que se constituiu instrumento fundamental para o presente trabalho Num segundo momento foram consultadas obras complementares e indispensáveis à revisão e sustentação teórica da fase precedente. A análise e discussão incidiram sobre bibliografia consultada, que foi articulada e intersectada com a perspectiva psicanalítica para uma compreensão mais holística deste caso psicopatológico. Os resultados obtidos permitiram uma compreensão de Ted Bundy enquanto sujeito com características marcadamente psicopáticas Palavras-Chave: Psicopatia, Estados Limite, Psicose de Caracter.
V
The main goal of the present study is to approach and understand Ted Bundy’s personality through the research methodology, case study , submitted to the parameters of the content analysis. Due to its characteristics it can be classified as a cross-sectional and exploratory study. It is proposed to approach the individual's personality, within a psychopathological perspective, in order to be possible to answer the "how’s" and the "why’s" that arose throughout the elaboration period of this study. Initially the research was focused on the biography of Ted Bundy, written by Michaud and Aynesworth that became a fundamental instrument in its elaboration. In a second moment, information was collected from a number of other works used for the revision and theoretical support of the phase previously announced. The analysis and further discussion were both focused on bibliographical data collected which was articulated and intersected with the psychoanalytical perspective, for a whole and comprehensive understanding of this psychopathological case. The results obtained allow to understanding Ted Bundy as an individual with strong psychopathic features, and therefore his actions and ways of thinking were thus perceived and explained based on these characteristics. Keywords: Psychopathy, Psychosis, Borderline
O presente estudo aborda a personalidade de Theodore Robert Bundy (Ted Bundy) a partir de uma perspectiva psicopatológica. Sendo este um tema que desde há algum tempo me tem suscitado grande interesse, quando se confirmou a viabilidade de abordar a presente temática, o entusiasmo e motivação de procurar saber mais e querer fazer melhor, orientaram desde cedo o trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de um estudo que se procurou seguir pelo rigor e objectividade. A obra escolhida para servir de referência à realização do presente trabalho foi a obra biográfica de Ted Bundy, escrita por Michaud & Aynesworth “The Only Living Witness”, que procurou desmistificar Ted Bundy, pautando-se pelos princípios de fidelidade contou com cinco anos de entrevistas a Ted e com uma serie de testemunhos de figuras de autoridade, psiquiatras, amigos, familiares e todos aqueles que de algum modo, pelas melhores ou piores razões, estiveram presentes na vida de Ted. Uma análise cuidada da obra referida permitiu não só conhecer Ted Bundy bem como toda a dinâmica de contexto e figuras que o rodearam durante a sua existência. A pertinência do presente trabalho relaciona-se com a oportunidade de conhecer e, essencialmente, compreender a personalidade de Bundy, que outrora era conhecido por aquele “ excelente aluno de direito” cujas atrocidades cometidas não contemplam sequer a mente comum. O objectivo do estudo será, portanto, um conhecimento mais aprofundado e fundamentalmente compreensivo de Ted Bundy procedendo-se a um distanciamento de considerações do senso comum, pelo meio da relação de acções e comportamentos com factores de natureza psíquica, enquadrados em determinado contexto específico. Neste sentido serão apresentados dados biográficos que pela sua pertinência e significado serão submetidos a uma análise de conteúdo, tendo por base o constructo de psicopatia e o que este acarreta para aqueles que são portadores da patologia.
2.1. Delineamento: Uma vez que o presente estudo incide no estudo da personalidade de Ted Bundy optou-se por um delineamento de estudo de caso, uma abordagem de índole qualitativa sendo que pesquisas deste cariz, são cada vez mais frequentes na comunidade científica (Martins, 2006). O estudo de caso é considerado como a “metodologia nobre da clínica psicológica” (Leal, 2008). Segundo Pedinielli (1999) a noção de “estudo de caso” está no centro do método clinico, a tal ponto que alguns autores refutam o termo clinico para qualquer abordagem que não se refira à dimensão do caso. Marques (1999) afirma que “A psicologia clínica, ao procurar estabelecer-se e definir-se como uma disciplina autónoma, porque é possuidora de um estilo metodológico (…) vai então proceder por forma a passar do acontecimento, ou fenómeno, ao “facto”, através de uma acção repetível – o estudo de caso – e vai produzir na sequência desse procedimento, um saber totalizante sobre o seu objecto de estudo – o caso psicológico. Sobre a ideia de “caso”, está consagrada a ideia do individual e do singular” (p.106). Com a ajuda da referida metodologia procura-se evidenciar a lógica dessa história de vida singular, a braços com situações complexas que precisam de leituras a diferentes níveis, com utilização de instrumentos conceptuais adaptados. (Allonnes 1989, cit. Pedinielli, 1999) Yin (1988; cit. por Carmo & Malheiro Ferreira, 2008) define-o como uma abordagem empírica que investiga um fenómeno actual no seu contexto real, quando os limites entre determinados fenómenos e o seu contexto não são claramente evidentes. Este deve ter como objecto de estudo uma entidade bem definida, e deve ser toda uma investigação sobre um indivíduo em particular, realizada através de uma profunda análise de conteúdo a obras e textos escritos por si ou sobre si. Dado que o objectivo do presente estudo é conseguir responder a questões de “como” e “porquê” acerca de um fenómeno, Ted Bundy, investigando-o dentro do seu próprio contexto, a metodologia em questão parece ser a mais adequada ao que objectivo proposto. (Lopes dos Reis, 2010) De acordo com Huber (1993 cit. Pedinielli, 1999) o estudo de caso visa não só dar uma descrição de uma pessoa, da sua situação, dos seus problemas, mas também
3.1 Infância de Dinâmica Familiar Theodore Robert Cowell, Ted Bundy, nasceu a 24 de Novembro de 1946 em Burlington, no estado de Vermont, EUA. A sua mãe, Eleanor Louise Cowell, encontrava-se grávida e solteira aos 22 anos de idade, não podendo contar com qualquer tipo de apoio, quer financeiro quer emocional. A história de Eleanor era de que em 1946 ela havia sido seduzida por um veterano da guerra recentemente terminada, de nome Jack Worthington. Mais tarde, membros da família expressaram dúvidas sobre esta história, despertando a atenção de um psiquiatra da defesa quanto ao pai violento e talvez demente de Louise, Samuel Cowell. Considerando o estigma social que certamente acabaria por desabar sobre os seus ombros, devido à sua condição, Eleanor vive em casa dos pais durante os primeiros sete meses de gravidez, em Filadelfia. Quando disfarçar a gravidez se começou a tornar um problema, Eleanor muda-se para a Casa de Mães Solteiras Elizabeth Lund, onde Bundy acaba por nascer. Depois do nascimento do primeiro filho, a, agora, mãe solteira deixa o bebe na instituição durante varias semanas, até se sentir preparada para o levar para casa de seus pais onde ficaria ao cuidado destes. Durante os primeiros três anos de vida, Ted viveu como os avós maternos e cresceu a acreditar que os pais de Eleanor Louise, os seus avós maternos, eram os seus pais, e que a sua mãe era afinal a sua irmã mais velha. O ambiente em casa era descrito por alguns familiares como abusivo e violento e a avó materna de Ted, Eleanor Cowell esposa submissa de Samuel, frágil, timida e obediente era periodicamente submetida a terapia electroconvulsiva para tratamento da depressão. O seu avô, Samuel Cowell, era descrito como uma pessoa racista, violenta, abusiva e de temperamento explosivo. Enquanto criança, Ted presenciou episódios de violência perpetrados por Samuel contra a sua esposa. (Michaud & Aynesworth, 1999) Samuel era um adepto de pornografia e toda uma panóplia de revistas pornográficas estava constantemente ao alcance de todos, incluindo dos mais novos. Não obstante desta dinâmica familiar, Ted afirmou que amava e identificava com o seu avô e descrevia os tempos em Filadelfia como idílicos, recordando o conforto e segurança que sentia na antiga casa de família, onde moravam. (Michaud & Ayneswoth, 1999).
Poucas semanas antes do 4º aniversário de Ted,e e a sua mãe saem mudam-se para Tacoma, Washington, e vão viver com o Tio de Louise. Ted nunca compreendeu a verdadeira razão da mudança. Jack Cowell era apenas uns anos mais velho do que a sua sobrinha Louise, e Ted sempre o chamou de Tio. Professor de Musica na Universidade de Tacoma, Puget Sound, o Tio Jack era um homem refinado e realizado a todos os níveis. (Michaud & Aynesworth, 1999) Em casa, Ted, sentia-se despojado. Sentia ciúmes do seu primo John, filho mais novo do Tio Jack, e da modesta vida da sua família. Lembranças de se sentir verdadeiramente humilhado por ser visto dentro do carro despretensioso que o seu Tio conduzia, abundam na memória de Ted. Desde criança que Ted revelou um gosto pelo que era mais caro. A preocupação pelos bens materiais iria não só ficar com o rapaz como se intensificariam como o passar dos anos. (Michaud & Aynesworth, 1999) Louise conhece John Culpepper Bundy, homem simples e de poucas palavras, conhecido por Johnie um nativo da Carolina do Norte que recentemente havia desistido da Marinha e agora trabalhava como cozinheiro num Hospital de Veteranos. A personalidade estável e não complicada de Johnie desde cedo aliciou Louise, e este cumpria a primeira e ultima exigência de Louise, de a aceitar a ela e ao seu filho. Em 1951, Louise casa-se com Johnie e Ted adquire o sobrenome do padrasto – Bundy. Ted nunca gostou muito de Johnie e o analfabetismo de Johnie e a sua falta de objectivos na vida fizeram-no parecer aos olhos de Ted, como uma grande desvantagem para Louise. Amigos de infância afirmam que Ted ultrapassava Johnie em todas as questões que envolvessem o intelecto e com o passar do tempo deixa de o tratar por papá para o passar a chamar John. (Michaud & Aynesworth, 1999) No Verão seguinte Louise sofre um aborto espontâneo e mais tarde, nos últimos meses de 1952, nasce a primeira filha do casal, Linda. (Michaud & Aynesworth, 1999) Foi nesta altura que os seus pais o proibiram de entrar na cama deles quando, durante a noite, acordava em sobressalto e assustado. Com o nascimento do segundo filho, Glenn, em Fevereiro de 1954, a família Bundy muda-se para uma segunda casa. No verão seguinte mudaram-se para uma casa maior de forma a poder acomodar a presente família, assim como a chegada dos últimos dois membros: Sandra, em 1956 e Richard, em 1961. (Michaud & Aynesworth, 1999) Ted tinha cerca de 7 ou 8 anos quando executou a primeira, de várias, acções de desafio face a Jonhie que perante as atitudes e comportamento de Ted quase explodia de fúria (Michaud & Aynesworth, 1999).
Já uns anos mais tarde, nos anos de Liceu, o saudável desenvolvimento físico de Bundy, transformara-o num atleta coordenado e num jovem atraente. A maturidade mental, contudo, não acompanhava a física. Ted sentia-se constrangido em si mesmo. Tentou entrar na equipa de Basquete da escola, assim como em outras equipas da zona de residência, mas não conseguiu. Não se julgava capaz de competir com outros rapazes que fossem maiores ou mais fortes que ele e este momento fora recordado por Ted como algo traumático para si mesmo. Não sabendo o que se passava ou o que deveria fazer em relação a isso, vira-se para desportos mais solitários. Ski era um desporto que levava a serio e no qual ele era bom. A maioria do equipamento de ski de Ted fora roubado sob esquemas que arranjara, um facto que mais tarde chocou a família e vizinhos que conheciam o filho mais velho de Bundy como um jovem que frequentava a igreja com os seus pais, presidente da juventude Metodista e um adolescente promissor com interesse numa carreira no âmbito da Lei. (Michaud & Aynesworth, 1999) O primeiro sinal da presença de problemas sérios no mundo interno de Ted surge com uma paragem súbita e completa no seu desenvolvimento social. Apesar de silenciosa e despercebida pelos outros, foi agudamente desconcertante e dolorosa para si. Apesar de sentir que tudo estava bem no ensino básico, quando transitou para o ensino secundário Ted não sentiu qualquer progresso. Sem saber se a causa era a falta de modelos em casa que o pudessem ajudar na escola Ted sentiu-se cada vez mais alienado dos seus antigos amigos. Se antes não tinha encontrado qualquer problema em saber quais os comportamentos sociais correctos a ter, agora, no ensino secundário parecia que a confiança em si próprio não acompanhava o seu nível de intelecto. Experiências sociais ditas normais, como fazer amizades ou até conhecer pessoas de uma outra escola, bloqueavam Ted. (Michaud & Aynesworth, 1999) Apesar de gostar de estar na companhia do sexo oposto, Ted que era uma rapaz extremamente inseguro em relação a si mesmo e durante o secundario teve apenas um encontro. O assunto “sexo” era algo que o desconcertava. Nunca antes abordado em ambiente familiar, quando os seus amigos falavam de encontros que iam ter com raparigas, o que pensavam que iam fazer, desejavam fazer, ou mentiam sobre o que haviam feito com elas, Ted escutava-os sem intervir ou até mesmo compreender. (Michaud & Aynesworth, 1999) Ted sentia-se á vontade em apenas dois ambientes - as pistas de Ski e nas salas de aula. Nestas segundas, instituídas em setting formais o desempenho é avaliado segundo regras mais restritas do que aquelas que ditavam as interacções nos corredores da
escola. Ao cultivar a ideia de um jovem articulado e com espirito trabalhador, Ted era visto pelos colegas como alguém extremamente instruído e culto. Ainda que para toda esta aparente seriedade de propósito, as notas de Ted eram apenas satisfatórias e não excelentes. 3.4.Universidade e Relacionamentos Amorosos Depois de terminar o ensino secundário em 1965, Ted passou um ano na Universidade de Puget Sound com uma pequena bolsa de estudos, antes de se transferir para Washington para estudar Chinês. (Michaud & Aynesworth, 1999) A dificuldade do curso não foi pensada e Ted viu apenas a língua Chinesa como exótica, glamorosa, uma capa brilhante na qual ele se podia envolver. (Michaud & Aynesworth, 1999) No Outono seguinte, pede transferência para a Universidade de Washington onde ingressa no programa de Estudos Asiáticos. Não se sentindo à vontade com a ideia de viver numa república procura um quarto nos dormitórios da Universidade. Bundy investe tudo nos ideogramas arcaicos e com isso conseguiu a excelência académica procurada. (Michaud & Aynesworth, 1999) A construção de uma nova identidade pública havia começado: académico brilhante, espirituoso, saudável e bonito, Ted desenvolveu um ar confiante de si próprio, ar este que as mulheres não conseguiam resistir. É nesta fase que se envolve romanticamente com Stephanie Brooks (pseudómimo). Stephanie era, em poucas palavras, tudo aquilo que Ted não era mas que ambicionava ser. Com 20 anos de idade Bundy não era mais entendido no campo sexual do que na época de liceu. Stephanie e Ted passaram noite juntos, mas ele não fez qualquer avanço a nível sexual. Ted estava satisfeito em ser apenas charmoso e sedutor, como que a introdução de um relacionamento carnal “manchasse” a relação. (Michaud & Aynesworth, 1999) Ted transfere-se para Stanford, onde dá continuidade aos seus estudos asiáticos. A razão de ir para Stanford fora unicamente para agradar e impressionar Stephanie. Mas esta mudança provou mais tarde ter sido um erro. Bundy estava acostumado a estar sozinho, mas não estava habituado a estar sozinho longe de casa. Com saudades dos rituais e locais familiares, Ted começou a ficar atrasado nos estudos.(Michaud & Aynesworth, 1999) O Ted, carismático e charmoso, que Stephanie julgava conhecer, tornou-se numa pessoa com falta de objectivos profissionais e ambição na vida. A imaturidade de Bundy evidenciada em partidas infantis que pregava, o seu carácter extremamente
convidado para determinadas ocasiões socias, e poder dar-se com outras pessoas, era algo que Ted há muito ansiava. Ted deixou os seus dois trabalhos e começou a trabalhar como voluntario de Fletcher a tempo inteiro. Nesse Outono, Bundy teve a sorte em ser destacado como motorista oficial de Fletcher. (Michaud & Aynesworth, 1999) No fim da campanha os serviços de Bundy como motorista deixaram de ser necessário. Mas durante toda a campanha, Ted teve a oportunidade de observar como as pessoas se relacionavam umas com as outras, e havia adquirido, por repetição, algumas capacidades sociais que não conseguiam ser obtidas naturalmente. (Michaud & Aynesworth, 1999) A primeira metade de 1969 foi passada na Universidade de Temple, com resultados medíocres. Um projecto de Assuntos Urbanos nunca fora terminado, mas as aulas de Teatro foram algo que despertou o interesse de Ted, onde Aprendeu alguns tópicos sobre actuação e maquilhagem. Ted regressa a Seattle no Verão de 1969, e aluga um pequeno quarto. A casa onde vivia ficava mesmo ao lado de um bar, onde seduzia raparigas. Na última noite de Setembro de 1969, Bundy conhece Elizabeth Kendall, uma secretaria medica divorciada que ficou encantada com Ted. Passado nem um mês depois de se terem conhecido, já os dois discutiam nomes para os filhos e acertavam a data do casamento. (Michaud & Aynesworth, 1999) A sua relação tempestuosa iria perdurar até ao momento da primeira encarceração de Ted. Liz acabaria por indo descobrir facetas duvidosas de um Ted que ela julgara existir. Foi Liz quem deu, pela primeira vez, o nome de Ted Bundy à polícia, que infelizmente achou não haver qualquer relação de Ted Bundy com o assassino que andava á solta. (Michaud & Aynesworth, 1999) Bundy lança-se num novo Mestrado, em Psicologia, a ter início no Verão de 1970. Os períodos de mal-estar abateram-se por um tempo, mas as incursões nocturnas para espreitar janelas e tentar apanhar jovens a despirem-se não abrandaram, assim como o seu apetite por pornografia de cariz violento que se tornou cada vez mais voraz. Desde Maio de 1970 até Setembro de 1971, Ted trabalhou como motorista para uma empresa de venda de equipamento médico. Com esta nova função, a oportunidade de roubar estava lá, e a vontade fazia com que esta se concretizasse. Entre outros artigos, um recipiente para fundição de gesso, estava na lista de bens roubados. Bundy trabalha numa linha de prevenção ao suicídio, com a acumulação de créditos, consegue o grau de Mestre em Psicologia na Primavera de 1972. (Michaud & Aynesworth, 1999)
A próxima meta, seria carreira na área de Direito. Candidata-se a várias Escolas de Direito com o intuito de perseguir o seu objectivo, mas não é aceite em nenhuma delas. Este é o ano de novas eleições e Ted começa a trabalhar na campanha de reeleição do Governador Dan Evans. As mulheres que trabalharam com Ted estavam cativadas com as suas características atraentes, e alguns veteranos impressionados com as suas capacidades no mundo da política. (Michaud & Aynesworth, 1999) Depois da eleição de 1972, Ted tentou uma vez mais ser admitido na Faculdade de Direito da Universidade do Utah. Desta vez, apetrechado de materiais para suportar a sua candidatura, onde se incluía uma carta do Governador Evans, Bundy é finalmente bem- sucedido, e começa um novo ciclo de estudos no outono de 1973. (Michaud & Aynesworth, 1999) Simultaneamente, Ted arranja um trabalho na Comissão de Crimes do Utah, onde escreveu artigos, presenciou reuniões, e deu o seu contributo em estudos-piloto na prevenção de crimes de violação e de colarinho-branco. Posteriormente com ajuda de uns amigos do meio político, Ted consegue um emprego no escritório de Planeamento de Lei e Justiça do condado de King, cuja função era estudar a reincidência entre os condenados de crimes menores. (Michaud & Aynesworth, 1999) Em Maio de 1973, começa a trabalhar em Olimpia, para Ross Davis do Partido Republicano, onde participou em projectos de investigação. Uns meses mais tarde no Verão do referido ano, Ted é admitido no período nocturno de aulas na Escola de Direito da Universidade de Puget Sound. Os estudos de Ted na área de Direito iam de mal a pior, e em Dezembro de 1973, Bundy candidata-se, em segredo, para reingressar na Universidade de Utah. A sua decisão foi mantida em segredo até à Primavera seguinte. A candidatura foi aceite, mas Bundy não estaria de partida até Setembro de 1974. (Michaud & Aynesworth, 1999) Ted necessitava também de garantir um emprego de Verão e por isso desloca-se ate Olimpia, onde passa a integrar uma equipa do Departamento de Serviço de Urgências do Estado de Washington, conhecendo Carole Boone, que mais tarde se tornaria a sua esposa e mãe da única filha de Ted, desempenhando um papel importante na última fase da vida deste. Como funcionário, Ted tinha os deveres de líder na coordenação de alívio de desastres locais e nas equipas de procura e salvamento. (Michaud & Aynesworth, 1999). Ironicamente, Bundy contribuiu para as buscas de Lyndy Healy, Donna Mason e Susan Rancourt, que mais tarde confessou assassinar. A chegada de Ted ao escritório, em Maio de 1974 veio acompanhada como burburinho normal entre o sexo oposto. Elas
tinha comparecido a uma reunião para futuros conselheiros de dormitórios na Universidade de Washington e nunca mais foi vista com vida. (Michaud & Aynesworth,
Na mesma altura do desaparecimento de Rancourt, a policia recebeu informações de um sujeito de braço engessado andara a solicitar ajuda para transportar vários livros para o seu Volkswagen Beetle, estacionado num local ermo e escuro. (Michaud & Aynesworth, 1999) Na noite de 6 de Maio, Roberta Katheleen Parks saiu do seu dormitório, na Universidade do Estado de Oregon, em Crovallis, sendo vista com vida a ultima vez a caminho do edifício dos estudantes. (Michaud & Aynesworth, 1999) No dia 1 de Junho de 1974, Brenda Ball, de vinte e dois anos de idade, fora vista a ultima vez a sair de um bar chamado Flame, em Burien, Washington perto de Seattle (Aeroporto Internacional de Tacoma) Testemunhas reportaram terem visto Brenda no parque de estacionamento do Flame a conversar com um homem cujo braço estava engessado. (Michaud & Aynesworth, 1999) Nas primeiras horas da madrugada de 11 de Junho de 1974, Georgann Hawkins, foi vista pela última vez a caminhar num beco rumo á sua república. O culminar dos desaparecimentos do Noroeste dera-se com o duplo rapto, em plena luz do dia, de duas jovens do Lago Sammammish em Issaquah, a 32 km a Este de Seattle. Várias testemunhas reportaram terem visto um homem jovem atraente, com o braço engessado, a apresentar-se a raparigas como “Ted” e a solicitar a ajuda destas a colocar o seu barco à vela no seu VW Beetle. Outras testemunhas referiram à Policia terem-no visto a abordar da mesma forma Janice Ott, vinte e três anos, que se vestiu, levantou e o acompanhou para o ajudar. (Michaud & Aynesworth, 1999) A última vez que Denise Naslund, de dezoito anos de idade, fora vista foi na praia quando deixou o namorado e um casal amigo para ir à casa de banho. Finalmente com uma descrição do suspeito e do carro deste, a Policia de King County imprimiu um esboço da cara do suspeito que mais tarde foi distribuído por vários jornais e passou em vários canais de televisão. Elizabeth Kendall reconheceu o esboço, o carro e o nome de “Ted”, pelo qual o suspeito se identificava, e ligou à polícia a reportar Ted Bundy como um possível suspeito. Todavia, com uma média de 200 pistas diárias, Ted Bundy, o aluno de Direito não foi relacionado aos desaparecimentos. (Michaud & Aynesworth, 1999)
A 6 de Setembro dois caçadores encontraram os restos mortais de Janice Ott e Denise Naslund a aproximadamente a 3.2km do Lago Sammammish. Seis meses mais tarde os restos mortais de Georgann Hawkins. Healy, Rancourt Parks, e Ball foram encontrados em Taylor Mountain, onde Bundy executava caminhadas frequentemente. Todos eles revelaram lesões realizadas por um instrumento contundente. (Michaud & Aynesworth, 1999) 3.5.2. Idaho, Utah, Colorado Em Agosto de 1974 Bundy tinha sido aceite, pela segunda vez, na Faculdade de Direito da Universidade do Utah e muda-se para Salt Lake City, deixando Kendall em Seattle. Já em Salt Lake, Ted ao mesmo tempo que telefonava a Elizabeth, namorou com pelo menos mais de uma dúzia de raparigas. Na escola, o atraso em relação aos seus colegas e ao curriculo escolar que estudava, agora, uma segunda vez, devastava Ted (Michaud & Aynesworth, 1999). Um mês depois iniciou-se uma nova sequência de homicídios. A 2 de Setembro Ted violou e estrangulou uma jovem que pedia boleia e que continua não identificada. Um mês mais tarde, Nancy Wilcox, de dezasseis anos de idade, desapareceu dos subúrbios de Holladay, mesmo a Sul de Salt Lake City. Bundy arrastou-a para uma área arborizada, onde segundo ele esperava acalmar os seus impulsos patológicos, depois de a violar e libertar. Contudo, Bundy acabou por a sufocar acidentalmente, quando a tentava silenciar. (Michaud & Aynesworth, 1999) A 18 de Outubro de 1974, Melissa Smith de dezassete anos, filha de um agente da polícia de Midvale (outro subúrbio de Salt Lake city) desaparecera depois de se encontrar com uma amiga numa pizzeria local. Dez dias depois encontram o seu corpo despido, e parcialmente congelado. Os resultados da autópsia sugeriam que Melissa pudia ter permanecido viva aproximadamente sete dias depois de ter desaparecido e evidenciava provas de violação, vaginal e anal, assim como sodomização. Já no último dia do mesmo mês, Laura Aimee, também de dezassete anos de idade, desaparecera a em Orem, 40 km a sul de Salt Lake City, por volta da meia-noite. O cadáver de Aimee fora encontrado por uns caminhantes a 14km para Nordeste, no dia de Acção de Graças. Ambas as jovens tinham sido espancadas, violadas, sodomizadas e estranguladas com meias de nylon. A maquilhagem dos olhos de Melissa estava intacta e o cabelo de Laura parecia que tinha sido lavado recentemente. Anos depois, Ted