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Guias e Dicas
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Magia do Caos: Um Olhar sobre a Influência e Prática da Magia Caótica no Ocidente, Exercícios de Ciências Sociais

Uma análise da magia do caos, uma forma de ocultismo caótico que surgiu no ocidente, examinando suas influências, características e práticas. O autor contextualiza a magia do caos, sua base antinômica e indeterminista, e as influências de figuras como austin osman spare e kenneth grant. Além disso, discute a relação da magia do caos com a mecânica quântica e a religião, e aponta para a importância de estudar a prática da magia do caos no brasil.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Birinha90
Birinha90 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
PEDRO RUBACK DA SILVA
DISPUTA, DISCURSOS ESOTÉRICOS E PRÁTICA DA MAGIA EM REDE: UMA
ETNOGRAFIA SOBRE A MAGIA DO CAOS NO BRASIL
Monografia de Conclusão do Curso de Graduação
Niterói
2018
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Baixe Magia do Caos: Um Olhar sobre a Influência e Prática da Magia Caótica no Ocidente e outras Exercícios em PDF para Ciências Sociais, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

PEDRO RUBACK DA SILVA

DISPUTA, DISCURSOS ESOTÉRICOS E PRÁTICA DA MAGIA EM REDE: UMA

ETNOGRAFIA SOBRE A MAGIA DO CAOS NO BRASIL

Monografia de Conclusão do Curso de Graduação

Niterói 2018

PEDRO RUBACK DA SILVA

DISPUTA, DISCURSOS ESOTÉRICOS E PRÁTICA DA MAGIA EM REDE: UMA

ETNOGRAFIA SOBRE A MAGIA DO CAOS NO BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Sociais.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Reis Mota

Niterói 2018

PEDRO RUBACK DA SILVA

DISPUTA, DISCURSOS ESOTÉRICOS E PRÁTICA DA MAGIA EM REDE: UMA

ETNOGRAFIA SOBRE A MAGIA DO CAOS NO BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Sociais.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Fábio Reis Mota Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________

Profª. Drª. Gisele Fonseca Chagas Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________

Profª. Drª. Christina Vital da Cunha Universidade Federal Fluminense

Niterói 2018

Dedico essa monografia aos meus pais, Marcia e Roberto, por terem me dado todo apoio possível para que este trabalho se realize. Devo muito ao incentivo e carinho deles meu sucesso.

Segunda lei da termodinâmica, meu bem. Tudo tende à desordem.

Grant Morrison em Os Invisíveis, vol.

RESUMO

Os estudos sobre grupos e ordens esotéricas no Brasil ainda carece de atenção. Este trabalho se propõe a analisar os grupos de magistas do Caos sob a ótica do Esoterismo Ocidental, e também traçar as características de uma ordem, prática e sistema que se estrutura grande parte através da rede (internet), ressaltando os elementos que viabilize a magia de ser assimilada e praticada através da configuração de compartilhamento de informações.

Palavras-chave: Magia. Magia do Caos. Internet como campo de pesquisa. Esoterismo Ocidental

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema de Justin Woodman acerca das influências da Magia do Caos ............... 19 Figura 2 - Foto utilizada pelos perfis Timóteo Pinto ............................................................. 31 Figura 3 - Criação de um sigilo pelo A) método das palavras, B) método pictórico e C) método mântrico .................................................................................................................. 39 Figura 4 - Figura pictórica do Servidor ABRALAS .............................................................. 41 Figura 5 - Sigilo de Abdução CE5 ........................................................................................ 42

LISTA DE ABREVIATURAS

AA Astrum Argentum C.A.O.S. Clã dos Adeptos da Oculta Sophia CEEO/UNASUR Centro de Estudios sobre el Esoterismo Occidental de la Unión de Naciones Suramericanas IOT Illuminates of Thanateros OTO Ordo Templi Orientis

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We consciously and unconsciously edit out all kinds of things to suit ourselves, pragmatically, or manipulatively in order to make things happen. There are the roots of a childhood theatre of behavorial depth magick, a form that sadly suffers from being born of devout ignorance, and a total lack of shamanic guidance. Magick is by one definition, if you will, the science of making things happen according to your desires in order to maximize control over one's life and immediate environment to create a universe that is perfecting in its kindness towards you. Genesis P. Orridge Since the word “magic” tends to cause confused thinking, I would like to say exactly what I mean by “magic” and the magical interpretation of so-called reality. The underlying assumption of magic is the assertion of ‘will’ as the primary moving force in this universe–the deep conviction that nothing happens unless somebody or some being wills it to happen. To me this has always seemed self-evident. A chair does not move unless someone moves it. Neither does your physical body, which is composed of much the same materials, move unless you will it to move. Walking across the rooom is a magical operation. From the viewpoint of magic, no death, no illness, no misfortune, accident, war or riot is accidental. There are no accidents in the world of magic. William S. Burroughs

Introdução

Foi através de autores anarquistas como Hakim Bey que tive o primeiro contato e acesso à Magia do Caos. Em meio ao contexto de uma cidade pequena (Araruama, Rio de Janeiro), de caráter predominantemente evangélico e cristão, onde alguns jovens se introduziam em práticas mágicas, estive por um tempo após a adolescência cercado destes debates.

Entre os amigos estavam relativamente representadas algumas correntes esotéricas, desde Wicca, bruxaria, ocultismo, paganismo, satanismo, e não-esotéricas, como religiões afro-brasileiras. O cristianismo, recusado pela juventude que me cercou, era o contraposto como foco de ideias “opressoras” e “intolerantes”.

Na pequena cidade, também, se encontra uma xamã que cuida de uma pequena loja de ervas, sebo de livros e artigos espiritualistas. Suas leituras sobre física quântica afetaram a percepção de alguns destes jovens para a “realidade” da magia e das técnicas, compreendendo o corpo como em correspondência ao universo, ou ao cosmos (ou ao que viria ser significante na Magia do Caos, o próprio Caos).

Em contraposição à utilização de acessórios e ritos extremamente complexos, o primeiro contato que tive ao pesquisar sobre Magia do Caos me revelou o seguinte relato:

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Criei um Servidor para pequeno fim de acúmulo de energia. Ele tem alguns cristais de quartzo, um seletor de intensidade, algumas resistências, um 'seletor de canais', alguns fios e um velho chip de 286. Oh, e uma entrada para meu mecanismo de descarga. Inicialmente, eu o carreguei durante uma rave de 72 horas. Enterrei o no chão sob a pista de dança principal, com alguns fios ligando-se às luzes e aos auto falantes, outros seguindo até a área de descanso, e outros para um antena de satélite (apontando para a casa onde se realizava a rave), que fiz a partir de uma calota velha. O seletor de canais foi a solução para um problema que me foi apontado por k Ouranos: como eu poderia controlar todos os diferentes tipos de energia? Bem, tudo que fiz foi adicionar um seletor de oito fases, uma para cada cor da magia! Ligando o seletor à CPU, transplantei então a energia de um servidor que eu havia criado para me alertar de ataques mágicos; adicionei algumas resistências para eliminar a possibilidade de uma sobrecarga a PRESTO minha máquina estava pronta. O mecanismo de descarga (não riam) é um pente de alumínio. Eu apenas adicionei algumas peças eletrônicas, e um fio para liga-lo à bateria. Este aparelho me foi mostrado em um sonho por Karl Marx (sem o seletor de canais), e funciona MUITO BEM! Eu preciso apenas pentear meu cabelo quando preciso de uma dose extra de energia. Eu o mantenho ligado à antena de satélite, que agora aponta para uma igreja próxima à minha casa, apenas para mantê-lo com carga total. A citação acima foi descrita por Daniel Pellizzari em um pequeno artigo publicado no site Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick sob o título “Introdução à Magia do Caos”^1. Nunca havia lido nada semelhante e de apenas um relato pude identificar diversos elementos que, por não compreendê-los, tive que me esforçar em pesquisar.

O texto se desdobra em tom irônico prezando pela descontração. Mas neste relato, utilizar de humor, como dizer que Karl Marx revelou um aparelho mágico através de um sonho, e também utilizar como ferramentas mágicas aparelhos eletrônicos (conectados à energia ou não), além de perceber uma organização bem estruturada através da internet para disseminar conhecimento de fácil acesso me pareceu uma proposta radical.

A partir disso, eu conheci as “ideias base” da Magia do Caos. O Discordianismo, amplamente mobilizado por meus interlocutores, dizia que “um discordiano é proibido de acreditar naquilo que lê” (MALACLYPSE e THORNLEY, 2016, p.4) em meio a aparente confusão visual proposital do livro sagrado Principia Discordia, repleto de citações irônicas a autores célebres e informações assumidamente contraditórias.

(^1) http://www.imagick.org.br/pagmag/sistmag/caos.html acessado em 27 de novembro de 2018.

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É, então, reconhecendo esse fato que, contrastando com a crença popular relativa ao esoterismo e também com o que se vê (ou não se vê) expresso no espaço público por outras ordens esotéricas que dedico minha análise a compreender como é estruturada a Magia do Caos nos ambientes da internet. Além disso, a internet se demonstra uma ferramenta utilizada para o “fazer mágico”, dada sua configuração em rede e possibilidade de compartilhamento. Assim, também, meu objetivo é identificar as bases que tornam possíveis a prática da magia através da internet.

No primeiro capítulo, procuro contextualizar a Magia do Caos e suas influências, reunindo elementos primeiramente abordados pelo antropólogo inglês Justin Woodman em sua tese de doutorado de 2004. Aqui dou enfoque às figuras e movimentos principais: Austin Osman Spare, Aleister Crowley, Kenneth Grant, Howard Philips Lovecraft, Robert Anton Wilson, Peter J. Carroll, Ray Sherwin e o movimento discordiano e anarquista dos anos 1960.

Dedico o segundo capítulo à etnografia, trazendo à luz do debate o campo realizado através da internet em grupos e páginas de Facebook e fora dele por cerca de dois anos (desde o primeiro semestre de 2017). Procuro ressaltar características relevantes da Magia do Caos a partir das discussões livres no interior destes grupos fechados^3. Dessa forma, pelo caráter de “grupo fechado”, ocultarei os nomes verdadeiros e substituirei por iniciais correspondentes a nomes fictícios. Aqui também devo ressaltar que utilizei da observação participante, me inserindo nos grupos, interagindo, conversando, olhando “de dentro” como funciona a Magia do Caos. Dessa forma, fui direcionado à “iniciação”, aos princípios básicos, chamado de CAOS A Jornada. Assim foi possível me aprofundar e, de forma prática, experienciar alguns conceitos apenas lidos a mobilizados pelos meus interlocutores.

sistemas desenvolvidos por ele (Thelema). Os magistas do Caos o empregam por reconhecerem a influência do Thelema na Magia do Caos. Entretanto, não utilizarei amplamente este termo e focarei em trabalhar o conceito de magia conforme for necessário, adequando e esclarecendo as nuances. (^3) Como “grupo fechado” de Facebook – uma rede social virtual online que permite o compartilhamento de

informações com pessoas próximas e distantes – entende-se um espaço de interação que não pode ser observado por um usuário que não teve a aprovação de um “moderador” para se inserir. O conteúdo da rede social Facebook perpassa diversas formas de privacidade. Uma publicação, ou post, pode tanto ter caráter “oculto” quanto “aberto”. Um grupo significa um espaço de debate específico a um determinado tema. Normalmente estes grupos possuem regras próprias geridas por “moderadores”, ou “donos do grupo”, que são responsáveis por sua administração. Os grupos com que trabalho são “fechados”, porém, sua inserção se dá de forma simples: é necessário apenas confirmar sua idade. Sendo maior de 18 anos, sua solicitação para participar do grupo é aprovada e se tem livre acesso a todo conteúdo publicado e debatido.

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No terceiro capítulo eu busco uma abordagem acadêmica do esoterismo (tratado aqui conforme o termo defendido por Anoine Faivre, “esotericismo”) que possa esclarecer as características apresentadas nos dois capítulos anteriores a partir de um acervo de conceitos já relativamente bem definidos e trabalhados na Europa. Devo ressaltar aqui ainda na Introdução que não há trabalhos acadêmicos brasileiros sobre a Magia do Caos tendo eu de recorrer a pesquisas e teóricos estrangeiros. O material traduzido é muito escasso, sendo o inglês já uma tradução. Entretanto, também darei atenção ao esforço de pesquisadores da América do Sul em tornar o esoterismo um campo de pesquisa científico.

Durante o período da pesquisa, pude identificar dois acadêmicos que tem direcionado sua atenção em produzir material acadêmico sobre a Magia do Caos: o mestrando em antropologia Felipe Boin, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Alexandre Iung, estudante de graduação em antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Isso nos permite perceber o fato de o campo estar em início de construção, análise e produção científica no Brasil, sendo ainda muito escasso o material produzido sobre esoterismo no país, e carecendo de referências próximas.

Portando, a análise do esotericismo a partir de teóricos europeus se torna relevante, porém, darei direcionamento para que seja contextualizada a prática da Magia do Caos no Brasil, sem tomar como projeções absolutas as manifestações observadas em outros contextos.

Capítulo 1. “Nada é verdadeiro, tudo é permitido”: influências e

contextualização do Caos

Sob a frase “nossa missão é trazer para o Brasil os livros que ninguém teve coragem de trazer, ou de continuar trazendo”^4 , a recente editora Penumbra Livros surge no mercado editorial com a preocupação de traduzir livros e obras de autores ocultistas, esotéricos e místicos para o idioma brasileiro como forma de preencher o vazio causado pelo mercado comercial de livros sobre o tema. Como afirmado no próprio site da editora, muitos livros sobre o tema pararam de ser publicados e são dados como raridades, dificultando o acesso do público ao material.

(^4) http://www.penumbralivros.com.br/sobre-nos/ acessado em 04/11/2018.

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doutorado a estudar os grupos de magistas do Caos no Reino Unido (2004). Não pretendo aqui fazer um apanhado de todos os argumentos utilizados por ele, mas pretendo, a partir de seu esquema, atenuar características.

Figura 1: Esquema de Justin Woodman acerca das influências da Magia do Caos (p.30). Tradução minha. Antes de destrinchar seu esquema de influências da Magia do Caos, ele aponta para dois elementos que nos permite contextualizar o momento e as motivações dos quais esses dois personagens ressaltados no título do subcapítulo se encontram. Magia do Caos estaria entre a magia cerimonial e a bruxaria, cuja variação “bruxaria moderna” – demonstrada por Woodman como Wicca – traria características para a prática por geralmente, como identificado em sua pesquisa de campo no Reino Unido, os praticantes terem o primeiro contato com o paganismo por via da bruxaria moderna, ou Wicca (p.29 e 32).

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A magia cerimonial tem suas raízes na Ordem Hermética da Aurora Dourada (Hermetic Order of the Golden Dawn, uma ordem esotérica surgida no fim do século XIX). Com base na Cabala hebraica e seu sistema numerológico, a ordem da Aurora Dourada desenvolve um sistema de correspondências místicas e mágicas (p.27-28). Aqui, cartas de Tarô, símbolos astrológicos, cores, cristais, elementos, plantas, perfumes, animais, deuses, anjos e espíritos são mobilizados, atribuídos a cada esfera e caminho a ser seguido pelo praticante.

O princípio holístico da prática mágica cerimonial ocidental, segundo Woodman, é expresso no aforismo central do Hermetismo Renascentista: as above, so below (como acima, abaixo). O aforismo representa o plano das correspondências entre o microcosmo (a consciência do mágico) e o macrocosmo (as forças divinas do cosmos), significando que o microcosmo reflete o macrocosmo. Ainda, é possível perceber que a magia cerimonial hermética sincretiza diversas influências, como o cristianismo e o judaísmo. O pluralismo e sincretismo religioso é um traço comum entre os grupos esotericistas ocidentais (ver capítulo 2).

Entretanto, Aleister Crowley (1875-1947), um ocultista britânico com vasto conhecimento sobre espiritualidade bem como um antigo membro da Aurora Dourada, desenvolveu seu próprio sistema mágico conhecido como Thelema, explicitamente anti- cristão. Muitas das ideias de Crowley foram absorvidas por magistas do Caos, porém há enorme rejeição ao “que eles veem como ritualismo complexo e desnecessário, hierarquias rígidas, e um simbolismo sobredeterminado encontrado na magia cerimonial" (tradução minha, p. 29).

De acordo com Woodman, Crowley, quando no Cairo em 1904, escreveu The Book of the Law (O Livro da Lei) num período de três dias enquanto sua esposa, Rose Kelley, espontaneamente entrou em estado de transe. Aiwass, a entidade que teria incorporado Kelley, deixou uma mensagem central: do what thou wilt shall be the whole of the law (“faze o que tu queres há de ser o todo da lei”, traduzido).

Crowley interpretou isso como significando que a prática da magia implicava a descoberta da “verdadeira vontade” ou da natureza espiritual autêntica. Isso formou a base de uma filosofia mágica anarquista, nietzschiana e anti-cristã com Crowley chamado Thelema (o grego para “Vontade”), envolvendo a rejeição de crenças e ideologias “restritivas” – o cristianismo sendo um alvo particular do baço milenar de Crowley. (p.32, tradução minha)