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Neste documento, aprenda por que assistir o filme fome de poder (the founder) em uma sessão de filmes de economia é uma ótima opção para entender as contradições do capitalismo. O filme revela como a história da fundação e expansão da rede de restaurantes fast food mcdonald's apresenta aspectos positivos e negativos da economia, incluindo inovação, empreendedorismo, riscos de negócios, e a interação entre setor produtivo e financeiro. Além disso, este texto discute como as teorias econômicas de marx, schumpeter, e keynes podem ser utilizadas para analisar o capitalismo apresentado no filme.
O que você vai aprender
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Sinopse: Fome de Poder (The Founder) Wagner Leal Arienti 08 - 11 - 2017 Apresentação: Por que assistir trechos do filme Fome de Poder ( The Founder ) em sessão de Filmes de Economia em 10- 11 - 2107, de 16:00 às 18:00, no auditório do CSE-UFSC? Um dos critérios de seleção de filmes a serem exibidos nas sessões de Filmes de Economia é revelar as contradições do capitalismo, apresentar seu caráter criador e destruidor. Fome de Poder preenche plenamente este critério. A história da fundação e expansão da rede de restaurantes fast food Mcdonald´s tem vários fatos que evidenciam a dinâmica do capitalismo, com aspectos positivos e negativos. Podemos ver inovação radical, inovações incrementais, empreendedorismo, formação de uma nova cultura que atinge tanto a produção quanto o consumo e também os riscos de um negócio, principalmente o endividamento, a resistência quanto a inovações, os conflitos entre sócios, rentismo imobiliário e trapaças entre homens de negócios. Portanto, não é apenas história do Mcdonald´s, é também um pouco da história do capitalismo. Pode-se, assim, aprender Economia ao assistir e discutir Fome de Poder ( The Founder ). Além disso, pode-se aprender muito mais do que Economia. Contribuição para entender a Economia O espectador não entenderá Macroeconomia na primeira cena. Isto porque Ray Kroc, naquele momento um vendedor de máquinas de milk shake , tenta convencer os donos de restaurantes drive in a comprar sua máquina e conta a história do ovo e da galinha, isto é, não importa quem vem primeiro, se a oferta cria demanda ou se a oferta responde a uma expectativa de demanda. Atender a demanda presente pode gerar novas demandas e necessidade de mais oferta. Para o vendedor é um argumento para vender. Não é uma aula de Macroeconomia sobre a rejeição da lei de Say pelo Princípio da Demanda Efetiva. Passada a cena inicial, e superado expectativas sobre o formalismo de lições de Economia, temos não apenas um bom entretenimento mas também um bom filme para retratar o capitalismo a partir da história de seus negócios, no caso a empresa de fast food MacDonald´s, e seu fundador, que na história real e contada, não é o verdadeiro fundador. Entender Economia é conhecer seus modelos, teorias e disciplinas mas também conhecer a história do capitalismo e sua dinâmica de transformação e expansão. Certamente, teorias ajudam a interpretar e analisar o capitalismo, aí sim vemos a utilidade de uma teoria. Pode-se também utilizar referenciais teóricos para discutir o
conteúdo de Economia existente em um filme, quando este conta uma história com personagens envolvidos em contextos econômicos e tomando decisões econômicas. Em termos teóricos, seja seguindo Marx ou Schumpeter ou Keynes e seus sucessores, suas teorias propõem analisar o capitalismo com suas contradições, sua dinâmica de acumulação e exploração (Marx e Marxistas), o caráter criador e destruidor das inovações (Schumpeter e Neo-Schumpeterianos) e as ascensões e descensos da economia, as relações entre o setor produtivo e financeiro (Keynes e Pós-Keynesianos). De acordo com esta visão, Fome de Poder ( The Founder ) é um bom retrato da múltipla dinâmica do capitalismo, em uma fase histórica, década de 1950, em um dado setor em expansão, o setor de alimentação, com a criação de um novo segmento, o fast food , comida padronizada, servida rapidamente em ambiente limpo, claro e familiar. Algumas ilustrações sobre a dinâmica capitalista são apresentadas no filme. No lado positivo do capitalismo, há a apresentação da introdução de inovação radical, a dificuldade de sua difusão e a inserção de inovações incrementais sobre a radical para haver expansão em um meio altamente competitivo. No lado negativo, há o reforço da hipótese marxista para o capitalista individual: para ser um grande capitalista não basta ser bom empresário, é preciso ter outras estratégias, algumas para se manter na concorrência, outras para aniquilar a concorrência e sócios. A inovação radical é a aplicação do método fordista de produção a uma atividade que era eminentemente artesanal, a produção de comida, mesmo no comércio de sanduíches. A inovação é dos irmãos Mcdonald que, ao longo do tempo no seu restaurante drive in, resolvem concentrar o cardápio nas refeições mais pedidas, hambúrguer e batata frita, e adotar o sistema de linha de montagem típica do fordismo da produção industrial, o que chamaram de speedee system. Ray Kroc, o vendedor que viaja exaustivamente para vender seus produtos e almoça em restaurantes drive in e se irritava com a demora e o mal atendimento, primeiro fica surpreso mas logo percebe que há algo inovador no restaurante dos irmãos Mcdonald. Começa a partir daí a parceria, organização de sociedade empresarial para franchise e os atritos entre os agora sócios da expansão da rede McDonald´s. Para a expansão dos restaurantes drive in Mcdonald´s era preciso inovações incrementais que, de um lado, os irmãos Mcdonalds tinham relutância em aceitar para não perder o controle da qualidade de sua comida, de seu serviço e de seu negócio, e, de outro lado, assim pode ser interpretado, Ray Kroc foi zeloso no controle de qualidade dos produtos e serviços mas também queria introduzir algumas mudanças para reduzir custos e aumentar vendas. As inovações incrementais não foram apenas no processo de produção e controle de qualidade, houve também inovações no gerenciamento do negócio, mudanças em produtos, como no caso do milk shake, e criação de uma nova imagem. Como será apresentado mais adiante, Ray Kroc percebeu que era uma atividade de produção em ritmo industrial mas com imagem atrativa para que as famílias aceitassem consumir seus produtos padronizados como algo diferente. Não era só o sabor do hambúrguer com picles, era também serviços rápidos, limpos e a atmosfera de modernidade. Outra lição de Economia é que a inovação e sua difusão precisam de financiamento. A solução encontrada foi a tradicional: ir ao sistema bancário para ter
estatais e mesmo nas casas das famílias: cruz e bandeiras. Faltava mais um símbolo, que deveria ser preenchido com os arcos dourados do Mcdonald´s. Para o American way of life , além da cruz como símbolo do puritanismo e dedicação ao trabalho, a bandeira como nacionalismo, precisava haver um novo símbolo para representar uma nova era do capitalismo, uma representação do consumo familiar, do consumo sem culpa ou, para alguns, do consumismo que sustenta a demanda do capitalismo. Outra importante percepção e inovação de Ray Kroc foi que McDonald´s, mesmo com um processo de produção industrial e com produtos padronizados, suas lojas deveriam ter um gerenciamento familiar. Tinha que aparentar um serviço familiar para o consumo das famílias. Cenas representativas são quando verifica que seus amigos ricos que se tornaram franchisees queriam fazer de Mcdonald´s apenas mais um meio de ganhar mais dinheiro, não se importando com a qualidade, a padronização e a imagem. Tanto do lado do gerenciamento, quanto da imagem do estabelecimento, deveria ser visível que o negócio era diferente, não era apenas ganhar dinheiro, mas ganhar dinheiro através de criação de um novo hábito de consumo. Do lado da produção fordista de hambúrguer e batatas fritas não poderia haver a imagem de um fábrica escura, suja e obscura com trabalhadores controlados por gerente tirânico, muito pelo contrário. Vende-se produto e serviço simultaneamente, deveria haver a imagem não de uma fábrica mas de uma cozinha limpa, clara e com ‘cozinheiros’ e atendentes sorridentes e rápidos. O gerente tinha que controlar o processo de produção como gostaria que fosse a cozinha de sua casa: limpa, clara, iluminada, rápida, eficiente. O gerente franchisee tinha que viver o negócio para ganhar dinheiro. O filme mostra que os irmãos Mcdonald, Ray Kroc e os demais franchisees são trabalhadores que gerenciam seus próprios negócios e, com isto, vão conseguindo a justa remuneração pelo seu trabalho criativo. É a imagem do self made man e hard work fazendo fortuna. Do lado do consumo, não era apenas a compra de hambúrguer e batata frita, era comprar um novo estilo de vida. E um estilo de vida que capturou não apenas os jovens, mas toda a família. Era uma comida padronizada mas de boa qualidade. O ambiente era de drive in , mas limpo e claro, não era frequentado por gangues mas por toda a família. Criou-se o consumo de alimentos padronizados sem culpa, com certeza de boa qualidade, em um ambiente familiar. Apenas mais recentemente é que houve a crítica ao fast food , mas por longo tempo era um passeio a um ambiente moderno. Apesar do filme revelar as contradições do capitalismo, e também do capitalista ao mostrar as ambiguidades do empresário Ray Kroc, quando aborda o lado empreendedor mantém alguns mitos. O principal mito que é irresistível para filmes de entretenimento é que o empreendedor precisa de auto-ajuda inicial e, posteriormente, acredita nos seus próprios insights e, finalmente, é um exemplo para os demais empreendedores. A cena em que escuta o áudio da Força do Pensamento Positivo em momento de desânimo lembra-o a ter persistência, de que é comum ter ‘homens com talento mas sem sucesso”, o que conduz ao sucesso não é genialidade, nem educação formal, mas sim persistência e determinação. A cena final mostra que já bem sucedido empresário acredita que seu sucesso deveu-se a persistência. O filme, em sua totalidade,
mostra que o empresário, empreendedor, capitalista precisa muito mais do que persistência. Observações Finais: Filmes de entretenimento podem ser úteis para ensinar e aprender Economia e também outras áreas como Administração, Sociologia, Antropologia? A resposta é sim, mas com observações justificadoras. Primeiro, como meio didático para disciplinas é importante que não haja simplesmente exibição do filme, mas comentários e discussão. O objetivo do comentário é fazer a relação entre cenas do filme e conteúdo das disciplinas. Filme como uma representação da realidade, como uma combinação de ficção e não-ficção, pode ser útil como uma ilustração de um conceito, do conteúdo de uma lição e de um contexto histórico. Não é propriamente a realidade, mas o comentário pode apontar cenas que venham a servir como uma ilustração próxima de fenômenos reais que as teorias, seja de Economia ou de outras áreas, querem abordar e explicar. Se é difícil, por vezes, para os estudantes perceberem o potencial de explicação de uma teoria, dado o seu grau de abstração, a representação do filme pode ser uma boa oportunidade para ilustrar um fato ou fenômeno a partir da representação da realidade que exibe. Assim, tem-se mais um meio para ajudar professores e alunos a fazer conexões na difícil trajetória entre o abstrato e o concreto. Segundo, a pedagogia contemporânea precisa, cada vez mais, de atividades complementares à sala de aula. Ainda é possível defender a centralidade da sala de aula, a relação direta professor e alunos em um espaço dedicado à apresentação de conteúdos teóricos e analíticos. Por outro lado, é cada vez mais difícil defender a exclusividade da sala de aula no processo de ensino e aprendizagem. Novos meios de aprendizagem têm que se relacionar com o conteúdo apresentado inicialmente nas disciplinas na aula tradicional. A internet com a informação e comunicação digital produz diversas informações que podem contribuir ou distrair ou deturpar a formação do estudante. Cabe ao professor selecionar estes meios. Entre os meios digitais e imagéticos disponíveis estão os filmes. Mas para que seja uma contribuição e complementação na formação do estudante é preciso ter um bom critério de seleção. Como critério de seleção de filmes que podem ser úteis para o ensino de Economia foi colocado que deve mostrar a multiplicidade, ambiguidade do capitalismo, com sua criação e destruição, com seu progresso e retrocesso, com suas qualidades e defeitos. Baseado neste critério, Fome de Poder pode contribuir para a formação do estudante na compreensão da dinâmica do capitalismo.