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Este documento discute as boas práticas de armazenamento de grãos no brasil, enfatizando a importância de assegurar a qualidade final do produto agrícola, bem como a saúde e segurança do trabalhador rural e dos consumidores. O texto aborda as perdas causadas durante o armazenamento, as principais práticas para minimizar essas perdas, como secagem artificial e controle de microrganismos e pragas, e os fatores que afetam a atividade de fungos e insetos em grãos armazenados.
Tipologia: Teses (TCC)
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Maiara Perez Reginato^1 ; Simone Cândido Ensinas^2 ; Melina Cecília Oliveira Rizzato^1 ; Maria Karla Koslinski Santos^1 ; Eber Augusto do Prado^2 (^1) Graduandas em Tecnologia Alimentos, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, campus de Naviraí, email: maiara_reginato@hotmail.com; 2 Professores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
A armazenagem é o processo de guardar o produto, associada a uma sequência de operações, tais como limpeza, secagem, tratamento fitossanitário, transporte, classificação, dentre outros. Após essas operações, os grãos devem obter uma série de qualidades desejáveis como baixo teor de umidade, alto peso específico, baixa degradação de componentes nutritivos, baixa susceptibilidade à quebra, baixa porcentagem de grãos danificados, alta viabilidade de sementes e ausência de pragas, fungos ou bactérias. Para obtenção destas qualidades torna-se necessária a adoção de boas práticas de armazenamento de grãos. As boas práticas devem estar presentes em todas as sequências de operações das etapas do beneficiamento dos grãos, como a limpeza para retirar impurezas e outros materiais estranhos que podem comprometer a qualidade dos grãos, secagem para uniformizar a umidade da massa dos grãos e impedir a proliferação de fungos. No silo não existe a possibilidade de separar os grãos bons dos ruins, mas pode-se manter a qualidade com o seguimento das boas práticas de armazenagem.
Palavras-Chave: Boas práticas; Armazenagem; Cuidados.
I. INTRODUÇÃO O Brasil tem ocupado um lugar de destaque no comércio internacional como exportador de commodities agrícolas, em decorrência da sua grande produção de grãos. Na
safra 2013/2014, o Brasil deverá colher 199,47 milhões de toneladas de grãos, com aumento de 2,6 % em relação à safra passada (188,66 milhões de toneladas) (CONAB, 2014). Como grande parte desta produção de grãos é armazenada durante determinado período, o Brasil tem enfrentado grandes problemas nesta área em decorrência da capacidade estática limitada (MAIA et al., 2013; LIMA JÚNIOR et al., 2012) e das práticas inadequadas realizadas durante o armazenamento (LIMA JÚNIOR et al., 2012). Estima-se que no Brasil 20% da produção anual de grãos seja perdida entre a colheita e o armazenamento (CAMPOS, 2008). Neste sentido, o armazenamento é um processo de suma importância, pois de nada vale produzir bem, com qualidade e produtividade elevadas, se a produção estragar ou ficar comprometida devido a um processo inadequado de armazenamento. Apesar de toda a tecnologia disponível na agricultura brasileira, as perdas qualitativas e quantitativas, originadas durante o processo de armazenamento, ainda não são bem controladas e, durante o armazenamento, a massa de grãos é constantemente submetida a fatores externos, os quais podem ser físicos, como temperatura e umidade; químicos, como fornecimento de oxigênio, e biológicos, como bactérias, fungos, insetos e roedores. Um armazenamento seguro mantém os aspectos qualitativos e quantitativos dos grãos, proporcionando condições desfavoráveis ao desenvolvimento de insetos, roedores e microrganismos (BAILEY, 1974). Desta forma, independente da espécie, do depositante ou das características do local, perdas poderão ocorrer durante a permanência do produto no armazém. Assim, para minimizar estas perdas torna-se necessário a adoção de boas práticas de armazenamento de grãos (BPAG). As boas práticas de armazenamento de grãos (BPAG) podem ser adotadas, em todas as escalas de produção agrícola, desde pequenos, médios e até grandes produtores, com objetivo de assegurar a qualidade final do produto agrícola, bem como a saúde, o bem-estar e a segurança do trabalhador rural e dos consumidores (PIMENTEL et al., 2011). As BPAG buscam a garantia de alimentos seguros, com maior valor agregado, através da identificação, do monitoramento e do manejo adequado de contaminantes (insetos, fungos, roedores e micotoxinas) em todas as etapas após a colheita (QUEIROZ et al., 2009). Além da realização adequada nas etapas de pré-limpeza, limpeza, secagem, controle da umidade e temperatura. Pimentel et al., (2011) observaram que a implantação das BPAG pode trazer melhorias substanciais na qualidade do produto armazenado na propriedade. Seguindo estas diretrizes, o agricultor poderá ampliar o período de armazenamento, reduzir as perdas com
Minimização das perdas quantitativas e qualitativas que ocorrem no campo, pelo atraso da colheita ou durante o armazenamento em locais inadequados; Economia do transporte, uma vez que os fretes alcançam seu preço máximo no "pico de safra". Quando o transporte for necessário, terá o custo diminuído, devido à eliminação das impurezas e do excesso de água pela secagem; Maior rendimento na colheita por evitar a espera dos caminhões nas filas nas unidades coletoras ou intermediárias; Melhor qualidade do produto, evitando o processamento inadequado devido ao grande volume a ser processado por período da safra, por exemplo, a secagem à qual o produto é submetido, nas unidades coletoras ou intermediárias; Obtenção de financiamento por meio das linhas de crédito específicas para a pré-comercialização; Disponibilidade do produto para utilização oportuna; Menor dependência do suprimento de produtos de outros locais; e Aumento do poder de barganha dos produtores quanto à escolha da época de comercialização dos seus produtos. É importante ressaltar que durante o armazenamento os grãos não melhoram sua qualidade e sim no máximo a mantém. Logo, somente boas práticas de armazenamento conservam a qualidade física e fisiológica dos grãos (BAUDET & VILELA, 2000).
3. BOAS PRÁTICAS NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS 3.1. Principais perdas causadas durante o armazenamento de grãos O Brasil tem enfrentado grandes problemas devido às práticas inadequadas realizadas durante o armazenamento (LIMA JÚNIOR et al., 2012). Estima-se que cerca de 20% do total produzido anualmente no Brasil são desperdiçados nos processos de colheita, transporte e armazenagem e, destas perdas, aproximadamente 10% são ocasionadas por pragas no armazenamento dos grãos (BRASIL, 1993). As perdas causadas durante o armazenamento de grãos podem ser quantitativas que é a redução de peso ou de volume e qualitativas que caracteriza-se pelas alterações na qualidade do produto, em razão da diminuição do valor nutricional, devido à presença de contaminantes nas fases de pré e pós-colheita (BACALTCHUK & LORINI, 2008). Os contaminantes podem ser de natureza química, física ou biológica. Para grãos, a contaminação química pode ser proveniente de micotoxinas, resíduos de pesticidas e metais pesados. Os contaminantes de
natureza biológica podem ser microrganismos patogênicos, pombos e roedores; os de natureza física podem ser fragmentos de insetos, vidros, pedras e materiais estranhos. (QUEIROZ et al., 2009). Desta forma, as boas práticas de o armazenamento dos grãos, exigem cuidados que vão desde a semeadura até seu período final de armazenagem. As perdas ocorrem a todo o momento e já começa na fase da pré-colheita, que podem ser provocadas por adversidades abióticas, bióticas e por questões de ordem econômica. As adversidades abióticas são principalmente de ordem climática, os eventos climáticos adversos podem destruir lavouras inteiras e atrasar a colheita. As adversidades bióticas dizem respeito principalmente à incidência de doenças e pragas nas lavouras. Entre os fatores de ordem econômica, destaca-se o aviltamento dos preços dos produtos no momento da colheita, que, em muitos casos, pode levar o produtor a destruir sua lavoura. O uso de sementes de baixa qualidade, a escolha de variedades inapropriadas, o preparo inadequado do solo, a semeadura fora do tempo, são fatores que podem acarretar perdas nas lavouras, tanto na fase de pré-colheita, quanto na colheita (IBGE, 2003). D’Arce (2008), afirma que no caso da soja, 10% ou mais dos grãos podem permanecer no solo, após a colheita, em decorrência da falta de regulagem e velocidade não correta da colhedora. Há problemas, também, com relação ao porte da planta. Assim, para variedades de soja precoce, que produzem vagens a pouca altura do solo, as colhedoras devem ser equipadas com barra de corte especial e que, nem sempre é empregada, segundo observações de técnicos no setor. Um levantamento realizado pela Embrapa, na safra 2003/2004, apontou desperdício de 4,2% da soja colhida, o Brasil cultiva cerca de 21 milhões de hectares de soja e em cada hectare ficam perdidos em média 2 sacos no chão, esse número torna-se mais preocupante ainda, quando se leva em consideração que a perda tolerável é de apenas 1 saco ha- (LANDGRAF, 2004). Cerca de 80% a 85% das perdas ocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de corte das colhedoras (EMBRAPA, 1998). Segundo Mesquita et al. (2001), as perdas de grãos independem das marcas e da idade das colhedoras com até 15 anos; a partir daí, as perdas podem ser superiores. Já as perdas causadas durante a fase pós-colheita ocorrem durante o transporte e o armazenamento de grãos. No que se refere ao processo de armazenamento alguns princípios básicos devem ser observados durante este processo como a: construção de estruturas armazenadoras tecnicamente adequadas e dispondo de equipamento de termometria e aeração,
climáticas adversas, danos mecânicos e ataque de fungos e insetos, maximizando o peso e a qualidade dos grãos colhidos (GARCIA et al., 2004). Este processo visa à retirada parcial da água dos grãos através da transferência simultânea de calor do ar para a massa de grãos por meio do fluxo de vapor de água, dos grãos para o ar, sendo um processo dinâmico, em função da umidade relativa do ar (PESKE & VILLELA, 2003). A remoção da umidade deve ser feita de modo que os grãos fiquem equilibrados com o ar do ambiente onde será armazenado, tal processo exige manter aparência, qualidade nutritiva, quantidade e visibilidade como semente (SILVA et al., 2000). A secagem torna-se uma operação crítica quando a colheita é antecipada ou quando os grãos são colhidos com umidade elevada. A secagem inadequada ou a falta de secagem é uma das principais causas de deterioração dos grãos durante o armazenamento (PIMENTEL & FONSECA 2001). Para as condições brasileiras, o teor de umidade ideal para a armazenagem de grãos e sementes é de 13%. Este valor foi estipulado por estabilizar a atividade aquosa do produto (Aa) e assim inviabilizar, principalmente, o desenvolvimento de fungos e bactérias (SILVA, 2005). A secagem tem efeito direto na qualidade do produto, se for mal conduzida pode causar a deterioração ou reduzir a qualidade de tal, tornando-o mais susceptível à quebra ou diminuindo o rendimento nas etapas de processamento. Segundo SILVA et al., (2000), dentre a importância da secagem, pode-se citar as seguintes vantagens: Permite antecipar a colheita, disponibilizando a área para novos cultivos; Minimiza a perda do produto no campo; Permite armazenagem por períodos mais longos, sem o perigo de deterioração do produto; O poder germinativo é mantido por longos períodos; e Impede o desenvolvimento de microrganismos e insetos. A secagem pode ocorrer de duas formas: natural ou artificial. A secagem natural é caracterizada pela secagem do produto no campo, na própria planta. Silva (2005), relata que secagem natural emprega a radiação solar para aumentar o potencial de secagem do ar. No Brasil, esta tem sido empregada para a secagem de café em terreiros e cacau em barcaças, como também por pequenos agricultores na secagem de milho, arroz e feijão em terreiros. A
grande desvantagem dessa modalidade é dependência das condições climáticas e a maior vantagem é o fato de propiciar menor ocorrência de grãos trincados e, ou, quebrados. Pimentel & Fonseca (2001), observaram que a secagem natural do milho no campo é prática comum no Brasil, e ocorre, principalmente, pela facilidade, economia e falta de equipamentos de secagem artificial nas propriedades. Estima-se que de 20 a 30% da produção nacional de grãos é submetida a secagem artificial e de 70 a 80% da produção é secada a campo, de forma natural, permanecendo na lavoura até atingir o percentual de umidade ideal ao armazenamento, ou seja, 13% de umidade. Esse método exige baixo custo de implantação e mão-de-obra não especializada, porém a sua utilização está condicionada as condições climáticas da época de colheita, o mesmo não se aplica ao processamento de grandes volumes de grãos devido ao baixo rendimento e a vinculação do controle do processo a fatores climáticos (BIAGI & BERTOL 2002). SILVA et al., (2000) observaram que uma das grandes desvantagens da secagem natural no campo é que este fica ocupado por muito tempo, retardando as operações de preparo do solo para novo cultivo, outra desvantagem é que o produto fica sujeito ao ataque de pragas e ao tombamento de plantas que contribuem para acarretar grandes perdas e qualidade dos grãos. A Secagem artificial é caracterizada pela utilização de processos manuais, tem por finalidade mudar as condições do ar de secagem, para que este retire dos grãos o máximo de água possível, mantendo as características qualitativas dos mesmos. Biagi & Bertol (2002) definem secagem artificial como o ar que é aquecido, e o produto úmido é submetido, em um secador a ação de uma corrente deste ar, aonde serão feitas as transferências de calor e massa. A secagem artificial permite reduzir rapidamente o teor de umidade dos produtos recém-colhidos, evitar alterações metabólicas e minimizar a ação de fungos e insetos. Apesar de seu custo elevado a secagem artificial de grãos é amplamente adotada por razões de produtividade agrícola, ou de disponibilidade de mão-de-obra (BIAGI et al., 2002). A operação correta dos secadores permite economizar tempo, mão de obra, combustível, e reduzir os riscos de incêndios. Para secar os grãos de maneira correta, é necessário fazer antes uma pré-limpeza do produto, objetivando retirar o excesso de impurezas e matérias estranhas do produto. Essa operação é importante porque as eliminações desses materiais vão permitir obter um maior rendimento do secador, maior economia de combustível e menores riscos de incêndios.
Os fungos que infetam sementes e grãos são agrupados em Fungos de Campo e Fungos de Armazenamento, os fungos do campo requerem um teor de umidade em equilíbrio com uma umidade relativa de 90-100% para crescerem, os principais gêneros são Cephalosporium, Fusarium, Gibberella, Nigrospora, Helminthosporium, Alternaria e Cladosporium que invadem grãos e sementes durante o amadurecimento e o dano é causado antes da colheita, estes fungos não se desenvolvem normalmente durante o armazenamento, exceto em milho armazenado com alto teor de umidade. Já os fungos de armazenamento Aspergillus, Penicillium, Rhizopus e Mucor são encontrados em grande número em armazéns, moinhos, silos, moegas, elevadores, equipamentos e lugares onde são armazenados, manuseados e processados produtos agrícolas, podem causar danos ao produto somente se as condições de armazenagem forem impróprias à manutenção da qualidade do produto. Os fungos do gênero Aspergillus ( A. halophilicus, A.restrictus, A. glaucus, A. candidus, A. alutaceus ( A. ochraceus ) e A. flavus ) e os do gênero Penicillium ( P. viridicatum, P. verrucosum ) são os indicadores de deterioração em sementes e grãos causando danos no germe, descoloração, alterações nutricionais, perda da matéria seca e os primeiros estágios da deterioração microbiológica (MARCIA & LÁZZARI, 1998). Quando o grão está armazenado, os decompositores estão normalmente em estado de dormência, e os consumidores (insetos e roedores) estão ou poderiam estar ausentes. A predominância de uma determinada espécie desses organismos na massa de grãos fica na dependência de muitos fatores, destacando-se os fatores climáticos onde os grãos são produzidos e as condições de armazenagem e da espécie ou variedade vegetal. Para as condições tropicais, os fungos constituem os principais microrganismos da microflora presente na massa de grãos. O armazenamento prolongado só pode ser realizado ao se incorporar o controle de microrganismos e pragas. Para Elias (2003), os grãos, apesar das características morfológicas de resistência e rusticidade próprias de cada espécie, estão sujeitos ao ataque de microrganismos, ácaros, insetos, pássaros, roedores e outros animais; que causam sérios prejuízos qualitativos e quantitativos. Há então uma necessidade de se dar a devida atenção a esses seres vivos, pois de pouco adiantam todos os cuidados e despesas para o controle dos danos na lavoura, se o produto for atacado e destruído nos depósitos. Estima-se que as perdas de grãos, causadas por eles, estejam na faixa de 20 a 30% e sejam devidas, sobretudo, às precárias condições de armazenamento no Brasil. Lorini (2001) afirma que as perdas mundiais em produtos armazenados, devido ao ataque de insetos-praga na pós-colheita, são estimadas anualmente em 15% e custos elevados
são envolvidos para a proteção destes produtos contra estas infestações. Moreira et al., (2005) relatam que no Brasil, as perdas chegam a atingir 10% de toda a produção, sendo os principais fatores associados ao ataque de insetos, fungos e ácaros nos armazéns, silos e depósitos agroindustriais durante o armazenamento. Para Fontes et al., (2003) as perdas causadas pelos insetos-praga, durante o armazenamento dos grãos, podem equivaler ou, mesmo superar aquelas provocadas pelas pragas que atacam a cultura no campo. Com relação aos microrganismos, Elias (2003) observou que os fungos estão entre as principais causas de deterioração dos grãos armazenados. Eles necessitam um mínimo e um ótimo de umidade relativa e de temperatura para se desenvolverem. A temperatura ótima para o desenvolvimento dos fungos de grãos armazenados se situa entre 25 e 30ºC. As condições que possibilitam o desenvolvimento dos fungos de armazenamento são: a umidade dos grãos; a temperatura dos grãos; a integridade física dos grãos; as condições de armazenamento dos grãos; a quantidade de impurezas na massa de grãos e a presença de organismos estranhos. E os principais danos causados, nos grãos, por fungos, são: aquecimento e emboloramento; alterações na coloração e aparecimento de manchas; alterações no odor e no sabor; alterações da composição química; perdas de matéria seca; diminuição do poder germinativo e produção de toxinas. Marcia & Lázzari (1998), ressaltam que os fungos provocam grandes perdas na qualidade e quantidade de sementes e grãos de soja, consomem gordura, proteína e carboidratos, aumento o teor de acidez do óleo e consumem matéria seca reduzindo o peso do grão. A ação dos microrganismos afeta o poder germinativo das sementes, as qualidades organolépticas, o valor nutritivo e o aproveitamento industrial dos grãos e seus subprodutos, alguns são produtores de substâncias extremamente tóxicas (micotoxinas). Os principais fatores que afetam a atividade dos fungos são: teor de umidade dos grãos, temperatura, taxa de oxigênio, condições do tegumento externo dos grãos e impurezas existentes na massa de grãos. Temperaturas muito altas e muito baixas inibem o desenvolvimento para a maioria dos fungos e bactérias (FARONI, 1998). O produto contendo impurezas (fragmentos do próprio produto) e matérias estranhas (detritos vegetais e corpos estranhos) é portador de maior quantidade de microrganismos e apresentam condições que aceleram sua deterioração, pois matérias estranhas apresentam teores de umidade mais elevados que o produto quando sob mesmas condições (FARONI & SILVA).
3.6. Ácaros Nas condições de armazenamento, os ácaros requerem umidades dos grãos mais elevadas (13,5 a 15%) do que os insetos. Também podem permanecer ativos em temperaturas relativamente mais altas (até 45ºC). As principais medidas de controle de ácaros em armazenamento de grãos incluem: rigoroso acompanhamento das condições de umidade relativa e da temperatura do ar, para mantê-las em valores baixos; manutenção da umidade do produto de tal forma que entre em equilíbrio com a umidade relativa do ar a 68% ou menor; aplicação de termoterapia nos grãos, que consiste em manter o produto a 60ºC, durante um mínimo de 10 minutos; integradamente com outras medidas, usar acaricidas como aramite, clorbenzilato, tetradifon, clorfenson e dicofol (QUEIROZ et al., 2009).
3.7. Roedores e Pássaros Queiroz et al., (2009) relataram que o ataque por roedores pode causar, danos na infraestrutura de armazenamento dos grãos, como nas estruturas internas e externas, sistema elétrico, sacarias etc. Para Matias et al., (2002) os ratos podem causar perdas significativas tanto pelo consumo de grãos, como pela contaminação através de excrementos e urina, favorecendo o desenvolvimento de fungos toxigênicos, além de transmitir doenças. Além de transmitir doenças para humanos e animais, os ratos também comprometem a infraestrutura e os equipamentos da unidade armazenadora, gerando grandes prejuízos. O monitoramento e controle de ratos deve ser sistemático, adotando estratégias de controle conforme a espécie e a dinâmica populacional, devendo ser realizado por pessoal capacitado, pois a estratégia de controle deverá ser periodicamente modificada para ter controle efetivo. Para redução das infestações de roedores, deve-se dar ênfase, principalmente, à limpeza dos ambientes externos e internos das unidades armazenadoras de grãos. Alimentos armazenados geralmente estão propensos ao ataque de roedores, tornando estes mamíferos pragas em várias regiões do mundo. Os produtos vulneráveis ao ataque de ratos e camundongos são o milho, arroz, sorgo, milheto, cevada, trigo e seus subprodutos (farinhas e fubás). Apesar de o ataque de roedores em produtos armazenados ser bastante comum, estimativas de danos ou perdas têm sido pouco estudadas. As perdas de cereais não ocorrem somente devido à redução de peso, mas principalmente pela contaminação através de pelos e dejetos, como fezes e urina, o que torna os produtos impróprios para o consumo humano (FARONI, 1998). Os pombos geram contaminações significativas quando não são controlados. A preocupação com os pombos não se limita somente aos danos materiais, mas a uma série de
doenças que são provocadas pelos dejetos. O manejo e controle integrado dos pombos, evitando a sua proliferação através da redução do abrigo e fontes de alimentação é essencial para manter a higienização da unidade armazenadora. As principais alternativas para controle de pombos, são barreiras físicas e uso de repelentes (TIBOLA et al., 2009).
3.8. Controle de microrganismos e pragas Os métodos utilizados no controle inseto-praga de grãos armazenados são divididos em: Físicos (resfriamento artificial, umidade, temperatura), Químicos (inseticidas preventivos e curativos) e Biológicos (Inimigos naturais). No Brasil os métodos utilizados no controle são geralmente feitos através de expurgo ou fumigação (fosfeto de alumínio e de magnésio), e uso de inseticidas protetores (piretroides e organofosforados). (LORINI, 1998; LAZZARI et al., 2006; SANTOS et al., 2009;). O expurgo ou fumigação com uso da fosfina é usado no tratamento curativo, tem como objetivo controlar insetos-pragas das unidades armazenadoras, após detecção da infestação, evitando perdas em peso e qualidade (SANTOS & MANTOVANI, 2004). Entretanto o uso indevido da fosfina, levou a resistência de populações, além da detecção de resíduos em grãos expurgados (ALMEIDA et al., 1999), mas segundo Rezende (2008), a fosfina não deixa resíduos tóxicos, nem cria resistência, desde que respeitados prazos e correta utilização. Já os inseticidas protetores têm aplicação direta no grão, e ocorre através da aplicação de uma solução inseticida sobre os grãos na correia transportadora, assim que eles chegam aos armazéns, evitando que os insetos possam infestar a massa de grãos depois de armazenada. Por atuarem por ingestão, sua recomendação é para grãos que ficarão armazenados por um maior período de tempo. (LAHÓZ, 2008;). A estratégia preventiva é a que assume maior papel de importância, pela dificuldade em se estabelecer um nível de ação e metodologias eficientes na amostragem (POTRICH, 2006). De acordo com Guedes (1991) muitas vezes a estratégia preventiva é confundida com controle químico, no entanto, Cardoso (2009), ressalta que além do controle químico, também fazem parte da estratégia preventiva, o controle ecológico e microbiano, cultivares resistentes, períodos de armazenagem, temperatura, umidade relativa do ambiente, além de associações de métodos de controle. Além do uso de inseticidas químicos, vários pesquisadores têm buscado formas alternativas de se controlar pragas dos grãos armazenados. Entretanto, independente da escolha, os métodos de controle de pragas dos grãos armazenados devem ser selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia), ecotoxicologicos (preservando o
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