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Abordagem da Gestalt Terapia, pela. Comunidade Gestáltica, Centro de Formação,. Especialização e Aperfeiçoamento em Gestalt-. Terapia.
Tipologia: Slides
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Monografia apresentada como parte das exigências para obtenção do Título de Especialista em Psicologia Clínica na Abordagem da Gestalt Terapia, pela Comunidade Gestáltica, Centro de Formação, Especialização e Aperfeiçoamento em Gestalt- Terapia. Orientadora: Ângela Schillings FLORIANÓPOLIS 2008
Este trabalho traz como tema a awareness do terapeuta, no sentido de dar-se conta de seu funcionamento no momento do encontro com o cliente, discutindo por meio de um caso clínico, a sua atuação, o seu ajustamento saudável e disfuncional. Esse tema surgiu a partir do encontro vivenciado com uma cliente e visa desenvolver uma análise sobre a construção do “ser terapeuta”, um olhar voltado para si e para aquilo que surge no momento do encontro terapeuta-cliente. A abordagem gestáltica norteará o trabalho na compreensão do funcionamento do ser humano que é considerado como um todo indivisível, entendido como um ser que se constitui na constante relação organismo/ambiente e que apresenta por si só um mecanismo para manter a sua relação com o mundo chamado de ajustamento criativo. O ajustamento criativo é o caminho que possibilita ao organismo satisfazer as suas necessidades no meio, adaptando-se sempre que necessário às situações diversas. O ajustamento criativo é uma forma saudável de manter o equilíbrio do organismo na relação com o meio. Se o ajustamento se torna incapaz de fazer com que o indivíduo satisfaça as suas necessidades e interrompa a manipulação do meio em favor delas (necessidades), é possível entender, então, esse ajustamento, como disfuncional. Este trabalho busca desenvolver uma análise dos ajustamentos saudáveis e não saudáveis voltados para o terapeuta na relação com o cliente nesse caso específico. Trata-se de um tema importante no que diz respeito a uma construção do psicoterapeuta que é pautada em sua awareness pela análise pessoal constante, distinguindo aquilo que pertence a si e aquilo que pertence ao cliente, clarificando e purificando a sua atuação. O trabalho possibilitará, mediante a exposição pessoal da terapeuta em formação, a demonstração de um caso clínico, estabelecendo, assim, uma discussão entre o funcionamento da terapeuta e a relação estabelecida com o meio, abordando as atitudes, sensações, sentimentos, pensamentos, dentre outros aspectos pessoais, que são mobilizados a partir do encontro com o cliente. O interesse para o trabalho com esse tema surgiu da busca constante pela melhoria da atuação do terapeuta, pela concretização da segurança nesse trabalho e pela grande exploração que é possível desenvolver a respeito da relação estabelecida entre terapeuta e cliente durante o processo terapêutico. O que é mobilizado no encontro, de que modo chega a pessoa em um
Para compreender melhor o que é a Gestalt – Terapia, falarei primeiramente sobre a origem da palavra Gestalt. Gestalt é um vocábulo alemão que significa, segundo Ginger (1995), “forma”, “estrutura significante”. Essa palavra implica, também, em processo de dar forma, uma formação. A teoria da gestalt é holística, ou seja, concebe o indivíduo em seu todo, em constante relação e conseqüente transformação de si mesmo e do mundo, com potencial criativo. Para a gestalt, o homem é indivisível, composto por dimensões orgânicas, mentais e sociais e, além disso, não pode ser considerado isoladamente, pois é um ser-no- mundo em constante relação. Conforme Ginger (1995), a criação da Gestalt- Terapia teve como influência os trabalhos de Frederick Salomon Perls, sendo este o seu principal fundador. No ano de 1920, com 27 anos, Perls concluiu o curso de medicina e aos 33 anos, decidiu começar uma terapia psicanalítica com Karen Horney; e com isso, sentiu-se interessado pela psicanálise. Depois de dois meses do início da terapia, Perls mudou-se de Berlim; foi para Frankfurt trabalhar como assistente de Kurt Goldstein, que realizava pesquisas utilizando-se da Psicologia da Gestalt. Depois de mudar-se para Viena, capital da psicanálise, Perls iniciou seus trabalhos como psicanalista. Rompeu com a psicanálise no ano de 1936 e, em 1940, lançou o seu primeiro livro, intitulado “Ego, Fome e Agressão”, no qual deixa transparecer suas primeiras noções de Gestalt- Terapia. Em 1950 com o Grupo dos Sete, composto por Perls, Lore Perls, Paul Goodman, Isadore From, Paul Weiz, Elliot Shapiro e Sylvester Eastman, começou a articular existencialismo, fenomenologia, zen budismo e psicologia da Gestalt. Dessa forma, no ano de 1951 foi lançado o livro “Gestalt-Terapia”, escrito por Perls, em co-autoria com Paul Goodman e Ralph Hefferline. No ano de 1952, Perls e Laura Perls fundaram o Primeiro Instituto de Gestalt- Terapia em Nova York. Em 1967, ele escreveu o livro autobiográfico “Dentro e Fora da Lata de Lixo”, publicado em 1969; naquele mesmo período, lançou o livro Gestalt – therapy Verbatim. Em 1970, Perls faleceu de infarto no dia 14 de março, com 77 anos. 2.1 Os Principais Fundamentos da Gestalt-Terapia: A Metodologia Fenomenológico – Existencial
A Gestalt-Terapia nutriu-se de diversas fontes para a formação de sua metodologia prática e teórica. A visão de homem por ela trabalhada está pautada em teorias de fundo que englobam a metodologia fenomenológico-existencial e a psicologia da Gestalt. Segundo Yontef (1998), a perspectiva fenomenológica possibilita verificar a diferença entre o que está sendo percebido de fato e o que faz parte do passado. Nota-se tanto o que é sentido “subjetivamente”, quanto o que é “objetivamente” observado. A base fenomenológica nutre na Gestalt- Terapia o trabalho com a investigação da essência das coisas, buscando uma descrição de cada experiência tal qual como é. A fenomenologia é o “[...] fazer ver, com base em si mesmo, aquilo que se manifesta, tal como, com base em si mesmo, se manifesta.” (GRANZOTTO; GRANZOTTO, In D’ACRI; Org., 2007, p.110) A atuação do terapeuta está dirigida ao “fazer ver” no âmbito da experiência para cada pessoa, ao pontuar o modo “como” os acontecimentos se mostram na sessão de psicoterapia, sendo acontecimentos de passado ou de futuro, resgatando aquilo que é sentido e despertado no momento presente. A fenomenologia clareia, então, significados atribuídos que constituem um fenômeno, ou seja, um fragmento da experiência de um sujeito-no-mundo, pela descrição da experiência, da observação de “como” ela acontece. [...] Assim, ao realizar a descrição fenomenológica, o gestalt-terapeuta privilegia o “o quê” e o “como”, em vez do “porque.” (CARDELLA, 2002, p. 39) A vivência imediata, a percepção diferenciada que cada sujeito tem em relação ao seu meio e as coisas vivenciadas como únicas para si são aspectos que fazem parte da perspectiva fenomenológica utilizada pela Gestalt- Terapia. Nesse sentido também, o existencialismo embasa a abordagem da Gestalt- Terapia que trabalha sempre com o princípio da presentificação ( awareness). O existencialismo fundamenta o trabalho do gestalt- terapeuta no sentido de considerar a vivência concreta de cada ser humano, experimentando e orientando a sua própria existência, compreendendo-o com um ser singular, capaz de fazer escolhas claras e de assumir responsabilidades por elas. “[...] é com base na responsabilidade de seus atos e escolhas conscientes, e nas conseqüências destes, que o homem se cria, de modo eminentemente existencial; que à existência confere valor e sentido.” (FONSECA In D’ACRI; Org., 2007, p. 98) Segundo Cardella (2002, p. 35):
traz como algo problemático para o processo psicoterapêutico. Para o cliente, seu problema se agiganta de forma a se tornar um todo, e conforme o andamento do processo terapêutico, o cliente percebe as infinitas partes que formam sua vida e que compõem o “seu” todo. Segundo Ribeiro (1985, p. 71): A experiência só chega até nós de modo completo, quando ela é experimentada como um todo, ainda que este todo seja apenas um esboço da realidade do ser como tal. É importante, portanto, para a compreensão deste todo que se descubra e se conheça a relação existente entre suas partes, que, de certo modo, elas possam estar ou ser definidas, para que o todo como um todo venha à luz. Outro conceito interligado aos outros já mencionados é o de figura e fundo. Segundo Perls, Hefferline e Goodman (1997), a figura na awareness é uma percepção, imagem ou insight claros e vívidos. Ainda para esses autores, a necessidade e a energia do organismo e as possibilidades plausíveis do ambiente são incorporadas e unificadas na figura. A figura está ligada a uma necessidade, a algo que se destaca de um todo e que emerge com mais clareza, delineando-se aos poucos. O fundo é aquilo que dá sustentação à figura, ao aqui e agora. Sendo assim, a figura e o fundo se constituem em um fluxo, um “continum”, sempre em andamento. Esse fluxo só é saudável quando se é possível identificar essa necessidade que é sempre satisfeita no meio. O fluxo figura e fundo não se dá estagnado em uma figura, ele é dinâmico. “O processo de formação figura/fundo é um processo dinâmico no qual as urgências e recursos do campo progressivamente emprestam suas forças ao interesse, brilho e potência da figura dominante.” (PERLS, HEFFERLINE E GOODMAN, 1997, p. 45-6) Quando surge a figura, uma necessidade do cliente, necessidade essa que poderá ser saciada no ambiente, a figura retorna para um fundo, e outras figuras/ necessidades emergem mais fortes. Toda a fluidez desse fluxo ocorre de forma muito rápida. É importante serem mencionadas, também, a partir da Psicologia da Gestalt, mais algumas contribuições, como, por exemplo, a teoria de campo. Para Ribeiro (1985), a Psicologia da Gestalt entende que a pessoa deve ser vista como um todo; sendo assim, seu comportamento só é compreensível a partir de sua visão dentro de um campo no qual o indivíduo se encontra em relação. Dessa forma, a pessoa só pode ser compreendida, quando está na relação total com o ambiente que a cerca, onde seu comportamento não será percebido somente como resultado da realidade interna do indivíduo, e sim será entendido em função do campo existente no momento em que esse comportamento está ocorrendo. Essa compreensão de campo usada na Gestalt-Terapia tem origem na teoria de campo de Kurt Lewin, na qual Perls foi buscar uma maior compreensão para o processo de
psicoterapia. Lewin, em sua teoria, representa uma pessoa como um círculo, inserido em um círculo maior que seria o resto do universo; ou seja, a pessoa é vista em uma representação espacial, em que ela é percebida dentro de um espaço maior. E é nesse momento, no qual a pessoa encontra-se no interior desse espaço maior, que ocorre a diferenciação, que significa a separação do resto do mundo por um limite; e a relação parte-todo, que significa a inclusão da pessoa em um universo mais amplo. Assim, segundo Ribeiro (1985), a pessoa, ao mesmo tempo em que se individualiza, ou seja, mostra-se separada do restante do mundo, pode se comunicar e participar de um universo mais amplo, onde suas vivências são concretizadas. Conforme Yontef (1998), na perspectiva da teoria de campo, nenhuma ação ocorre a distância e o que afeta, ao mesmo tempo toca o que é afetado no tempo e no espaço. Com base nessa perspectiva, o trabalho é desenvolvido no aqui-e-agora, e são enfatizadas a descrição, a observação e a explicação. Quando não existe a possibilidade de observação, é utilizado o enfoque fenomenológico pela experimentação. Como base para a formação da Gestalt-Terapia, é vista também a Teoria Organísmica de Kurt Goldstein, apresentada a partir da Psicologia da Gestalt. Essa teoria compreende que o organismo é entendido como uma só unidade; o que afeta uma parte, acaba afetando também o todo. Desse modo, a pessoa é entendida como integrada. O organismo é organizado como um todo diferenciado em suas partes e o homem apresenta um impulso de auto- regulação e por ele é sempre motivado. Dessa maneira, o homem possui em si mesmo as potencialidades para seu próprio crescimento, recebendo também, do meio exterior, influências positivas para esse crescimento. Segundo Perls (1973) a Psicologia da Gestalt entende que o homem não percebe as coisas isoladas e sem relações, mas organiza o seu processo perceptivo, como um todo significativo. Outro ponto importante, abordado também pela Psicologia da Gestalt, é o conceito de homeostase. “O processo homeostático é aquele pelo qual o organismo mantém seu equilíbrio, e conseqüentemente sua saúde sob condições diversas. A homeostase é, portanto, o processo através do qual o organismo satisfaz suas necessidades.” (PERLS, 1973) Sendo assim, o processo homeostático poderia ser chamado também de processo de auto-regulação, em que o organismo tenta encontrar um equilíbrio ou satisfazer as suas necessidades, interagindo com seu meio. “É o processo de auto-regulação organísmica que propicia ao organismo se manter vivo e crescer diante das vicissitudes da vida, ainda que por meio de infinitas possibilidades de satisfação.” (CARDOSO In D’ACRI; Org., p. 138) Para Cardella (2002), é como se a vida fosse caracterizada por um jogo de estabilidade e desequilíbrio, pois a satisfação de uma necessidade traz estabilidade à pessoa e quando
Segundo Polster; Polster (2001), contato é uma função que sintetiza a necessidade de união e de separação. Pelo contato, cada pessoa tem a chance de encontrar o mundo externo de modo nutridor. O contato só pode acontecer entre duas pessoas separadas que se arriscam a se unir contactando-se. Sendo assim, o contato é a possibilidade de mudança. A mudança é um produto inevitável do contato, não é claramente perceptível, ela simplesmente acontece em momentos da vida do ser humano. [...] o contato é algo dinâmico, ativo, e dependerá sempre de um acordo entre as partes envolvidas. Ademais observa-se que o contato é seletivo: ele “escolhe” o que deve ser assimilado. Percebe-se ainda que o que é assimilado é algo novo para o organismo (SILVEIRA In D’ACRI; Org., 2007, p. 59) O contato deve ser compreendido como uma ação processual que implica ação e rejeição, aproximação e afastamento, e não como um estado. O contato surge em uma sensação que acaba delineando-se como figura/necessidade. Essa figura então é levada a uma ação que satisfaça a necessidade em questão. Desse modo, esse processo se fecha quando o organismo estabelece um equilíbrio e, sendo assim, coloca-se à disposição ao surgimento de outras figuras. A dinâmica do contato ou processo de contato se dá de forma rápida e é compreendida como um único todo. Acontece em uma freqüência contínua de fundos e figuras, esvaziando fundos e emprestando energia para formação de novas figuras. “Contato é portanto, o processo de formação de uma figura contra um contexto (fundo) no campo organísmo- ambiente. O indivíduo precisa aproximar-se ou retrair-se na fronteira-de-contato a fim de satisfazer a sua necessidade.” (CARDELLA, 2002, p. 51) O processo de contato pode ser dividido em uma seqüência de fundos e figuras extremamente dinâmicos. De acordo com Perls, Hefferline e Goodman (1997) o primeiro estágio do processo de contato é o pré-contato em que, por exemplo, o corpo é o fundo e determinado estímulo é figura. A figura é aquilo que o meio dá às pessoas. No contato, o excitamento na figura ou no estímulo torna-se fundo e um conjunto de possibilidades de satisfazer essa necessidade torna-se figura. Ocorre a emoção, a rejeição ou a escolha de possibilidades. No contato final, o objetivo vívido é a figura e está em contato propriamente dito. Ocorre o relaxamento da deliberação e acontece uma ação espontânea. E por fim, no pós
contato há um interação entre organismo e ambiente que não é uma outra figura, mas sim, nesse momento, surge a assimilação, o aprendizado, o crescimento. Todo e qualquer contato não seria possível sem a utilização de sete processos denominados funções de contato. São eles: visão, audição, toque, fala, movimento, olfato e gustação. As funções de contato são influências que fazem o sujeito sintonizar com mais atenção as suas sensações. “É mediante estas funções que podemos estabelecer contato de boa qualidade, organizar boas fugas, ou interromper e obstruir o contato.” (CARDELLA, 2002, p.
Sendo assim, as funções de contato possibilitam a mobilização de uma carga de excitação no indivíduo, agindo juntamente com um senso de envolvimento entre o sujeito e aquilo que for interessante para ele naquele momento, não admitindo somente um aspecto orgânico das funções de contato, mas sim o que elas podem desencadear internamente no sujeito no momento em que aparecem. 3.1 Fronteira de Contato Sendo o contato uma maneira de o sujeito se estabelecer e se colocar em relação com o mundo, pode-se observar que esse processo ocorre em uma fronteira. Essa fronteira é extremamente necessária, pois por intermédio dela mantém-se um senso de separação e união entre organismo e meio. Esse limite de separação e união entre a pessoa e o meio é denominado fronteira de contato e serve, muitas vezes, para que a união proporcionada pelo contato não sobrecarregue a pessoa que está em relação. “A fronteira de contato, em vez de separar o indivíduo de seu ambiente, o contém, protege e delimita; os eventos psicológicos como ações, emoções, pensamentos ocorrem nesse limite, e são a forma de o indivíduo vivenciar esses fatos limítrofes.” (CARDELLA, 2002, p, 48) É por intermédio da fronteira de contato que ocorre o surgimento das mudanças e transformações do ser humano e, além disso, é também na fronteira de contato que se constituem as obstruções, os impedimentos, as confusões “eu-outro”, que podem dificultar o crescimento da pessoa. “A fronteira de contato é o ponto em que o indivíduo experiencia o “eu” em relação ao que é não-“eu” e, por esse contato, ambos são experienciados mais claramente.” (POLSTER; POLSTER, 2001, p. 115).
comportamentos. Por meio da awareness é possível discriminar e assimilar o que é nutritivo e rejeitar aquilo que é tóxico, resultando em crescimento. Ela sempre ocorre no momento presente, mesmo que com ela se esteja recordando acontecimentos do passado. A awareness é intencionalidade, é a orientação para algo. Ela é processual, ocorre em um processo e só se dá em contato. Além disso: [...] a awareness é um processo que se modifica continuamente, pois é sempre presente, logo, fluida e dinâmica; torna possível saber “o que” e “como” se faz algo, além de favorecer um contato de boa qualidade e, portanto, a capacidade de diferenciação eu-não eu. (CARDELLA, 2002, p. 65) O processo de awareness pode ocorrer como: awareness sensorial, awareness deliberada e awareness consciente ou reflexiva. Ψ A awareness sensorial é uma awareness pré-reflexiva (está ligada ao sentir, sensibilidade, à abertura dos sentidos), com intencionalidade. Ψ A awareness deliberada é ainda uma a warenes s pré-reflexiva. Para realizá-la, ocorre uma deliberação espontânea, e existe uma orientação para algo; porém essa série de deliberações executadas não é consciente. Tem como fundo a awareness sensorial e é trabalhada somente quando há ação. Ψ A awareness consciente é uma awareness reflexiva na qual a pessoa tem de utilizar da intencionalidade de ato, de reflexão, para realizá-la. Quando a reflexão é utilizada, a pessoa se dá conta de algo. Tem como fundo a a wareness deliberada e sensorial. Ela é trabalhada quando é chamada a atenção do cliente para o movimento, para a mudança, é preciso, contudo, que esta percepção seja “afinada”. A awareness torna-se fundamental também, para a promoção do ajustamento criativo. 3.3 Ajustamento Criativo Segundo Frazão (1999), o ajustamento criativo se refere à capacidade do indivíduo de interagir ativamente com o ambiente na fronteira de contato, adaptando, sempre que necessário, a demanda das necessidades às possibilidades de atendimento do ambiente. Sendo assim, o ajustamento criativo implica uma relação saudável do indivíduo com o meio/consigo à medida que favorece a homeostase ou a auto-regulação a partir da satisfação das
necessidades. “No ajustamento saudável, a criatividade pode ser entendida como a posse pelo indivíduo da aptidão de se orientar pelas novas exigências das circunstâncias, possibilitando inclusive uma ação transformadora.” (MENDONÇA, In D’ACRI, LIMA; ORGLER, 2007, p.
Conforme Frazão (1999), se o indivíduo consegue experienciar uma relação amorosa e respeitosa, na qual possa expressar suas necessidades próprias, por exemplo, poderá desenvolver-se como indivíduo único e singular, interagindo com o ambiente mediante o ajustamento criativo saudável, de acordo com sua hierarquia de necessidades. Assim, para Mendonça In D’Acri; Org. (2007, p. 21): a quase totalidade das necessidades humanas, porém, implica, para sua satisfação, contato aware , ou seja, consciente da situação. Isso se reflete na percepção do campo (que inclui a própria pessoa) discriminando tanto as próprias necessidades quanto os recursos disponíveis, ou a serem modificados e assimilados, daqueles elementos do campo que devem ser rejeitados ou nocivos para a manutenção e o crescimento do indivíduo. Dessa forma, ajustamento criativo saudável trata da habilidade que o sujeito tem de relacionar-se criativamente com o ambiente, visando à sua expressão e ao atendimento de suas necessidades, mantendo, ao mesmo tempo, uma relação com o outro. Já o ajustamento neurótico, segundo Perls (1973), está relacionado a alguma alteração no processo homeostático do indivíduo, ou seja, se a pessoa for incapaz de manipular o seu meio a fim de atingir suas necessidades, estará agindo de modo desorganizado ou ineficaz. Então, no ajustamento neurótico, a pessoa perde a habilidade de organizar seu comportamento de acordo com a hierarquia de suas necessidades. Este tema será desenvolvido no capítulo 4.
O subsistema Id está ligado aos sentimentos (sensorialidade). Ele é passivo, é o fluxo de vividos essenciais (sensações, sentimentos, sensorialidade). Segundo Granzotto e Granzotto (2004), na função Id, o Self não é diferente das vivências proprioceptivas, interoceptivas, exteroceptivas, isto é, todas as sensações que são experimentadas ao mesmo tempo em que são próprias da pessoa, são inseparáveis do meio em que ocorrem; então essa vivência está integrada ao meio que a envolve. O subsistema Ego está sempre lançado para o futuro e para o meio. Vai se identificar com coisas que satisfazem a necessidade, está ligado às escolhas, na identificação e não se identificando com algo, na alienação. Trata-se do momento em que as trocas energéticas se polarizam em um extremidade da relação, que são meus tecidos celulares, junto aos quais o self se faz “ação”, “decisão”, “deliberação” em favor de uma certa direção ou modo de troca energética. (GRANZOTTO; GRANZOTTO, 2004, p.4) Ego é a ação, e a ação está ligada a tudo, inclusive à fala. Andar, mexer, amar, beijar, falar, tudo isso faz parte do subsistema ego. O pensamento é uma objetivação da fala, está ligado ao subsistema Personalidade. A produção do pensamento é o ego. O ego é ativo, é criação, destruição, deliberação, ação (motora e verbal). Já o subsistema Personalidade é reflexivo. Está ligado à assimilação, objetivação, reconhecimento. Como exemplo, a vida é unificada em um papel, é um produto da consciência fixa no sentido de lembrar, ter vivido, como uma história vivida no sentido da identificação. “[...] a personalidade é uma generalidade virtual, formada a partir das ações, sobremodo lingüísticas, que o self estabelece por meio do ego. No modo personalidade o self identifica-se com o que o ego fez, criou a partir do meio.” (GRANZOTTO; GRANZOTTO, 2004, p.4) 4.1 Ajustamentos Saudáveis e Neuróticos Segundo Perls (1973), a Gestalt- Terapia compreende que, para um indivíduo encontrar-se em saúde, necessita estar em constante mudança, para adaptar-se a um meio, manter o seu equilíbrio e manter a sua existência na relação com o mundo. Sendo assim, pela fronteira de contato onde essa relação com o mundo é estabelecida, cada indivíduo buscará no meio a satisfação de suas necessidades. Entende-se que, quando existe uma perturbação na
fronteira de contato externa ou interna a pessoa, ocorre uma paralisação de seu desenvolvimento fluido de satisfação de necessidades. Essa paralisação é conhecida como mecanismo de evitação de contato, mecanismo de interrupção do contato ou, ainda, ajustamento neurótico, no qual o indivíduo faz uso de mecanismos para não entrar em contato com o que está atrapalhando a si próprio, trata-se de uma disfunção no contato. Na literatura da abordagem gestáltica, podem-se encontrar várias denominações para os ajustamentos neuróticos. No geral, são eles: confluência, introjeção, projeção, retroflexão e egotismo. Esses ajustamentos acontecem na vida do ser humano muitas vezes como necessários para manter a sobrevivência da pessoa em relação com os demais seres humanos e ao ambiente que a circunda. Quando os ajustamentos ocorrem de forma automática e constante, podem tornar-se disfuncionais, fator esse, trabalhado em terapia. Será explicitado a seguir, cada um dos ajustamentos neuróticos. Conforme Perls (1973), na confluência, o indivíduo perde o sentido de barreira na fronteira de contato, pois não sente nenhuma barreira entre si e o meio, vivendo incapaz de ver a diferença entre si próprio e o resto do mundo. A confluência saudável está na entrega total na relação com o outro, fazendo uma ligação com o meio. Dessa forma o corpo se agiganta, a fronteira de contato está aberta. Já na confluência disfuncional, ocorre uma união com o meio, não havendo uma diferenciação. É como se o meio não tivesse consciência de nada e, desse modo, o organismo sente-se preso, enclausurado. Há um impedimento da manifestação de uma excitação, pois a pessoa está presa a uma situação anterior, facilitando uma satisfação, por ser anteriormente conhecida. A pessoa em quem a confluência é um estado patológico, não pode discriminar entre o que ela é e o que as outras pessoa são. Não sabe onde ele termina e começam os outros. Como não se dá conta da barreira entre ele e os outros, não pode entrar em bom contato com eles. Nem pode evitar envolver-se com eles. De fato, não pode sequer fazer contato consigo mesmo. (PERLS, 1973, p. 52) Na introjeção, o indivíduo toma para si aquilo que é do meio, ou seja, absorve para si pensamentos, comportamentos, atitudes do meio sem fazer uma avaliação própria sobre aquilo que está absorvendo. “A pessoa que utiliza a introjeção minimiza as diferenças entre o que está engolindo e aquilo que poderia realmente desejar, se permitisse a si mesma fazer esta discriminação.” (POLSTER; POLSTER, 2001, p.90). Sendo assim, pelo ajustamento introjetivo, a pessoa perde a oportunidade de desenvolver o seu Self e ampliar a sua fluidez, isto é, se o indivíduo: