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Conteúdo descritivo e facilitador do conhecimento para profissionais ou estudantes da área da saúde. Percorrendo cerca de 179 páginas, todas desenvolvidas da forma técnica e de abordagem prática em checklists.
Tipologia: Resumos
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(Organizadoras)
Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos – Universidade Federal do Maranhão Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande
Ciências Exatas e da Terra e Engenharias Prof. Dr. Adélio Alcino Sampaio Castro Machado – Universidade do Porto Prof. Dr. Eloi Rufato Junior – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Fabrício Menezes Ramos – Instituto Federal do Pará Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Takeshy Tachizawa – Faculdade de Campo Limpo Paulista
Conselho Técnico Científico Prof. Msc. Abrãao Carvalho Nogueira – Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Dr. Adaylson Wagner Sousa de Vasconcelos – Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Paraíba Prof. Msc. André Flávio Gonçalves Silva – Universidade Federal do Maranhão Prof.ª Drª Andreza Lopes – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Acadêmico Prof. Msc. Carlos Antônio dos Santos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Prof. Msc. Daniel da Silva Miranda – Universidade Federal do Pará Prof. Msc. Eliel Constantino da Silva – Universidade Estadual Paulista Prof.ª Msc. Jaqueline Oliveira Rezende – Universidade Federal de Uberlândia Prof. Msc. Leonardo Tullio – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof.ª Msc. Renata Luciane Polsaque Young Blood – UniSecal Prof. Dr. Welleson Feitosa Gazel – Universidade Paulista
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) S471 Semiologia em checklists [recurso eletrônico] : abordando casos clínicos / Organizadoras Renata Antunes Bruno da Silva, Thais Aguiar Cunha, Sônia Leite da Silva. – Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019. Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-7247-670- DOI 10.22533/at.ed.
Atena Editora Ponta Grossa – Paraná - Brasil www.atenaeditora.com.br contato@atenaeditora.com.br
A Clínica nasceu no século XVIII, no bojo do surgimento da Ciência Moderna período em que o fato observado se tornava mais importante que a explicação da doença propriamente dita e que através do olhar buscava-se o reconhecimento de sinais da nosologia que afligia o paciente. Neste contexto a Semiologia Médica ganhou força e tornou-se a parte da Medicina essencial para diagnósticos por ser ela a responsável pela investigação de sinais e sintomas das doenças. A evolução dos tempos demonstrou que a consulta médica vem se distanciando do “diagnosticar apenas”. Há a necessidade de uma visão mais holística do ser acarretando a maior satisfação, confiança, aceitação e adesão por parte do paciente. Este consiste no ponto inicial deste livro quando investe momentos em aprofundar a consulta centrada, os valores humanos e a ética médica. Por outro lado, há a necessidade de diferenciar sinais e sintomas. Na realidade o que os define é quem observa a alteração. Define-se sinais como manifestações objetivas de uma doença perceptíveis aos olhos do examinador, mas que ocasionalmente chegam a não ser percebidos pelo paciente. A identificação de sinais tênues carece de uma metodologia criteriosa de abordagem que propicie os diagnósticos de forma precoce e acertada. Já os sintomas são as queixas subjetivas referidas pelo enfermo. Podendo ser remitentes, crônicos ou recorrentes de acordo como se apresentam ou voltam a ocorrer ou serem referidos. A forma de transmissão do conhecimento médico ao longo dos tempos tem se modificado continuamente. No início, com Sócrates, o binômio ensino-aprendizagem era baseado em perguntas estimulando a das respostas aos próprios questionamento do estudante. Posteriormente, desenvolveu-se o que hoje é conhecido como o método de ensino tradicional centrado no professor. Atualmente, este modelo já não atende as necessidades e vem retornando a participação do aluno na busca do conhecimento, tornando-se ativo e o professor um facilitador do conhecimento. Assim, formas de ensino e aprendizado, baseados em metodologias ativas vem sendo desenvolvidas com o desenvolvimento de aplicativos de celulares, flash cards , fluxogramas, mapas conceituais com o objetivo de fortalecer e contextualizar o aprendizado em situações de vida real. A forma de apresentação deste livro vem em encontro com as demandas que surgem dos alunos, das necessidades de os professores contextualizar o raciocínio clínico hierarquizado e principalmente do ensino e aprendizado centrado no aluno. Contemplando uma visão holística, priorizando a anamnese embasada na queixa do paciente, aliada a um exame físico e exames complementares acertados e coerentes em sua escolha, chega-se ao raciocínio clínico e possíveis diagnósticos. Por fim, trata-se de uma obra voltada para o público acadêmico de medicina, em especial os alunos em fases iniciais de desenvolvimento do raciocínio clinico e principalmente para aqueles em exercício da profissão.
CONSULTA CENTRADA Renata Antunes Bruno da Silva Sônia Leite da Silva DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 16 OS VALORES HUMANOS DO MÉDICO EM FORMAÇÃO Adah Sophia Rodrigues Vieira Victor Brasil Sá Silvia Fernandes Ribeiro da Silva Sonia Leite da Silva DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 19 ÉTICA MÉDICA Luiz Vianney Saldanha Cidrião Nunes Sonia Leite da Silva DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 24 ANEMIA Aline Romão Fonseca Francisco Wandemberg Rodrigues Santos DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 30 DIARREIA Amanda Lopes de Castro Andrea Benevides Leite DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 40 DISPNEIA Francisco Vandeir Chaves da Silva Isabela Thomaz Takakura Guedes DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 46 DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS Amanda Alexia Rodrigues Vieira Renan Lima Alencar Gentil Claudino Galiza Neto DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 54 DISÚRIA Yuri Mota Araújo Geraldo Bezerra da Silva Júnior
DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 61 DOR ABDOMINAL Marcos Paulo Ildefonso Thaís Aguiar Cunha Francisco Julimar Correia de Menezes DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 72 DOR ARTICULAR Renan Lima Alencar Levi José Rabelo Távora Ticiana de Aguiar Feitosa Carvalho Rejane Maria Rodrigues de Abreu Vieira DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 11 ............................................................................................................ 84 DOR TORÁCICA Lívia Xavier Magalhães Isabelle Oliveira Parahyba DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 12 ............................................................................................................ 91 EDEMA Pedro Barroso Girão Sônia Leite da Silva DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 100 EXANTEMA Thaís Aguiar Cunha Emmanuel Pereira Benevides Magalhães DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 107 FÁCIES Cecília Limeira Lima Leite Rejane Maria Rodrigues de Abreu Vieira DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 119 FEBRE Cassya Mayres Magalhães Holanda Marianna Barroso Maciel Costa Mariana Pitombeira Libório DOI 10.22533/at.ed.
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 127 ICTERÍCIA Clara Beatriz Furtado Soares Francisco Adailton Alencar Braga
Semiologia em Checklists: Abordando Casos Clínicos Capítulo 1 (^) 10
Renata Antunes Bruno da Silva Sônia Leite da Silva
A consulta centrada foge a tradicional forma de construção da consulta médica, a qual é focada exclusivamente no diagnóstico e na conduta, consistindo em um atendimento que enxerga o paciente de maneira integral, englobando as necessidades do paciente e suas preocupações em torno da doença. Dessa forma, o modelo centrado apresenta maior adesão do tratamento, que foi escolhido de forma conjunta com o paciente com uma maior qualidade de assistência. Além da maior adesão a terapêutica escolhida, a consulta centrada apresenta outros benefícios, como aumento da satisfação e da confiança do paciente e do próprio médico, redução de queixas de má pratica médica e de exames diagnósticos e consequente melhora da saúde do paciente. A necessidade de uma consulta centrada no paciente deve-se ao fato que duas pessoas com a mesma enfermidade, porém com realidades biopsicossociais distintas apresentam curso da doença diferente. Diferentemente do modelo biomédico, o modelo centrado considera as relações do paciente com o social ou com o seu próprio psicológico/emocional tão importantes quanto a própria enfermidade. No contexto da consulta centrada, é importante diferenciar Doença X Adoecido. Doença é a perda de uma função biológica normal e pode ser diagnosticada por exames clínicos, laboratoriais ou de imagem alterados. Já o termo adoecido está relacionado a sensação de estar doente. Um não obrigatoriamente é acompanhado do outro, como em um paciente que apresenta uma diabetes mellitus assintomática - apresenta a doença, porém não se sente adoecido. O inverso também pode ocorrer em pacientes com síndrome conversiva, que apresenta a sensação de doença, porém sem uma disfunção orgânica. Muitas vezes o paciente não irá procurar um médico por ter apenas o sintoma, geralmente ele irá quando houver um contexto emocional associado, por exemplo
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uma paciente com dores lombar, talvez só procure ajuda quando interferir no trabalho e a ameaça de uma possível demissão
Durante a anamnese, muitas vezes o paciente não vai dizer o real motivo logo de imediato que o fez procurar ajuda médica. Por isso, é importante iniciar a consulta com perguntas abertas “o que trouxe você hoje aqui?” e “conte mais sobre esse sintoma”, já que iniciar com perguntas direcionada sobre o sintoma guia, pode acarretar perda de informações importantes, pois limitou o discurso do paciente. Segundo William Osler, apenas com a anamnese é possível se chegar bem próximo de um diagnóstico, em 1910 ele disse “escute o seu paciente, ele está dizendo o seu diagnóstico”, já que a forma como o paciente conta é tão importante quanto o próprio sintoma. Durante a consulta alguns pontos são essenciais:
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mais detalhes sobre o que foi dito.
Construção de Uma Relação Médico Paciente Uma parte essencial para uma consulta centrada é a capacidade de o entrevistador entrar nas emoções e sentimentos do paciente. Não é uma tarefa fácil, porém é essencial para estabelecer uma relação médico-paciente e, consequentemente, necessário para que o paciente confie no médico e seja capaz de se abrir com ele. Busca de sentimentos: quando o paciente não apresenta os sentimentos, é necessário que o entrevistador busque ativamente por eles. Há algumas ferramentas que podem auxiliar nisso: Perguntar diretamente de forma aberta, sem induzir um sentimento - “como você se sentiu em relação a isso” Perguntar indiretamente pode se fazer de algumas formas 1- tentar entender o impacto do ocorrido na vida dele; 2- pergunta porquê o paciente acha que aquilo ocorreu, não somente para entende a história, mas também para expressar as emoções com o relato; 3- demonstrar o sentimento que o entrevistador sentiria na determinada situação; 4- perguntar o que trouxe o paciente hoje, principalmente se for uma queixa de longa data, dado que pode ter sido um gatilho emocional que o fez procurar ajuda Empatia: É necessário para uma relação médica-paciente consolidada que após o paciente expor seu sentimento, o médico entenda e cuide daquilo, diga algo para ele e não apenas receba a informação, pois pode dar a errônea impressão que discorda, reprova ou julga aquilo que ele está sentindo. Pode ser utilizado o mnemônico NURS
É óbvio que não precisa concordar com o sentimento mas é necessário que demonstre que entende, respeita e dá suporte. A tarefa é entender o ponto de vista e as circunstâncias do paciente e é nisso que consta a empatia. Segundo Rogers
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empatia: “Significa penetrar no mundo perceptual do outro e sentir-se totalmente à vontade dentro dele. Requer sensibilidade constante para com as mudanças que se verificam nesta pessoa em relação aos significados que ela percebe, ao medo, à raiva, à ternura, à confusão ou ao que quer que ele/ela esteja vivenciando”. A empatia possibilita que o paciente expresse seu sentimento e seja compreendido sem obrigatoriamente o médico sentir o mesmo. Vale ressaltar que a empatia não significa que falta profissionalismo ou que a consulta sairá do controle
Em “Smith’s Patiente-centered interviewing” a consulta centrada foi dividida em 5 passos. São passos para ajudar durante a consulta, porém nem todos são obrigatórios e também não é preciso seguir uma ordem exata, com o tempo e com a prática você vai sendo capaz de individualizar para cada paciente e situação 1- Prepar para a consulta
2- Definir queixa principal e fazer a agenda
3- Começar consulta com perguntas abertas
4- Perguntas fechadas para definir a história do sintoma, o contexto pessoal e emocional
5- Transição para consulta clínica
Ao preparar uma consulta, é fundamental o estabelecimento de um ambiente adequado. Garantir privacidade e conforto, retirar qualquer barreira que esteja entre você. Sala de recepção inadequada à Unidade de Saúde, grande quantidade de pessoas, arquitetura e decoração inapropriadas, interrupções à consulta e ruídos são exemplos de fatores externos que prejudicam bastante o atendimento. Ademais, outro aspecto fundamental é a imagem profissional. Jaleco limpo, estetoscópio, demonstração de interesse e receptividade são exemplos de aspectos importantes para a construção de um processo comunicativo de qualidade. Quando o paciente entrar na sala é necessário dar as boas vindas, usando o nome do paciente e então deve se apresentar, dizer a sua especialidade e que vai atende-lo hoje.
Nessa etapa você vai iniciar perguntando “o que te trouxe aqui hoje?”, a partir das
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No início, pode aparentar que seguir os passos citados acima deixará a consulta extensa e não ocorrerá de forma natural, porém com a prática, esses passos vão fluir naturalmente e ocorrerá o mais importante na prática medica: satisfação do paciente.
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PIRES, Paulo. Medicina centrada no paciente: melhor qualidade com menores custos.Rev Port Clin Geral, Lisboa , v. 27, n. 5, p. 482-486, set. 2011
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Adah Sophia Rodrigues Vieira Victor Brasil Sá Silvia Fernandes Ribeiro da Silva Sonia Leite da Silva
O conceito de humanização das práticas e da atenção à saúde tem ganhado destaque na literatura internacional nos últimos anos. Os avanços tecnológicos da medicina não foram acompanhados pelo avanço nas relações médico-paciente e, muitas vezes, esta relação se torna impessoal, desumanizada e com perda dos direitos de autodeterminação do paciente sobre a sua saúde. Esta desumanização é acarretada, em parte, pelas condições adversas de trabalho, tais como baixos salários, número insuficiente de pessoal, sobrecarga de atividades e jornadas duplas ou triplas de trabalho. Este cenário aponta para a necessidade cada vez mais premente de valorizar o estudante de medicina, fortalecendo os valores humanísticos na sua formação e, assim, auxiliar no desenvolvimento de sua potencialidade tanto técnico- profissional quanto humanística. Os valores são princípios e fundamentos que nos apropriamos para justificar e embasar nossas atitudes e pensamentos. É essa apropriação, em conjunto com a experiência contínua, que nos mantém dignos e nos permitem agir no meio social e nas relações contidas nele. Sob esse ponto de vista, a profissão médica passa a ser percebida sob um olhar grandioso e nobre. Tal nobreza da medicina implica em um ser humano olhar para o próximo e, compadecendo-se da sua dor e do seu sofrimento, criar instantaneamente um poderoso grau de empatia e um enorme senso de responsabilidade com o outro indivíduo, capazes de fazê-lo doar-se o máximo possível para garantir o bem-estar desse ser humano adoecido. Como isso seria possível sem uma carga atrelada de justiça, honestidade, ética, integridade e amor ao próximo? Partindo desse princípio, denota-se que o estudante médico em formação é, antes
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muito debatido nas escolas médicas, porém pouco vivenciado. Para que se tenha uma profissão médica digna e bem sucedida, é necessário que o estudante experiencie situações que despertem esse sentimento e trabalhe habilidades de comunicação no ambiente protegido da universidade para melhor construir uma relação interpessoal com os pares, os professores e os funcionários, pois somente então conhecerá o verdadeiro significado da empatia com os seus pacientes.
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Semiologia em Checklists: Abordando Casos ClínicosSemiologia em Check Lists Abordando Casos Clínicos Capítulo 3 (^) 20
Luiz Vianney Saldanha Cidrião Nunes Sonia Leite da Silva
Adquirir a responsabilidade do ser médico envolve um crescimento gradual contínuo que se sedimenta nos anos da graduação. A medida que o aluno amadurece, é exigido que ele entenda e saiba resolver situações cada vez mais intricadas da ciência médica, porque essa é a tendência natural do curso universitário, retendo saberes cada vez maiores, mais complexos e mais amplos (BELLODI, 2005; FIEDLER, 2008). Antes de cursar uma disciplina, é natural que o aluno guarde pouca ou nenhuma noção dos assuntos sobre ela. E é mais natural ainda que, paulatinamente, ele incorpore aquele saber - antes ignorado - no arcabouço de seus conhecimentos úteis. Assim, pouco a pouco, vão se sedimentando os pormenores da ciência médica capazes de nortear a maioria dos diagnósticos e condutas médicas. Mas medicina não é só isso. O médico frequentemente vivencia situações embaraçosas e conflitivas no cotidiano, que também exigem diagnósticos e condutas éticas (BACKES, 2006; CFM, 2010; DORDEVIC, 2012). E se o médico precisa saber, o estudante medicina precisa aprender. Uma preocupação e uma justificativa para o estudo da ética é o fato de que na medicina repousam os valores mais altos da humanidade. Tem o poder de dar e tirar a vida, lutar por ela e deixar morrer, ajudar e destruir pessoas. Em outras palavras: tudo que existe na ciência médica pode ser usado para o bem ou para o mal (D’AVILA 2010). É possível ou necessário aprender a ser ético? Como ser ético? Para responder à primeira pergunta é necessário antes entender algumas diferenças básicas entre os termos ética e moral, que no uso comum se confundem constantemente. A moral diz respeito aos hábitos e aos costumes de cada sujeito, ou de uma dada população que compartilhe esses mesmos hábitos. A ética, por outro lado, encarrega de analisar esse costumes e tentar definir o certo e o errado, antevendo as consequências lógicas de cada comportamento do homem. O princípios éticos nunca são unilaterais ou partidários: procuram sempre ter sólida base racional,