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Seja o doutor do seu cafezal, Notas de estudo de Agronomia

tudo sobre a cultura do café

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 15/08/2010

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fellipe-de-almeida-campos-12 🇧🇷

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 1
Opé-de-café é capaz de "falar", contando o que tem:
se está com fome ou bem alimentado; se comeu
demais ou ingeriu alguma coisa que não deveria ter
comido; se está doente.
Entretanto, para entender o que diz o pé-de-café é necessá-
rio conhecer os sintomas de fome ou de excesso e também os sinais
provocados por pragas e enfermidades. Feito o diagnóstico do que
está acontecendo é possível tomar as medidas indicadas, ou seja,
dar o remédio necessário ao "paciente".
Mas, como se sabe que o cafeeiro é normal ou está sadio? Ele
deve:
ter folhas grandes, verdes e brilhantes durante todo o ano,
mesmo na época do enchimento das cerejas;
mostrar galhos com internódios longos e com as pontas
vivas;
não murchar demasiadamente na estação seca ou durante
o veranico, sinal de que tem raízes ativas e profundas;
florescer abundantemente e segurar a florada (Foto 1);
dar altas produções como média de quatro anos;
produzir café de boa qualidade – favas de peneira alta que,
processadas, moídas e torradas, bebem bem;
dar lucro a quem dele cuida.
O doutor do cafezal deve empregar todas as ferramentas
disponíveis para diagnosticar a situação e indicar o remédio ade-
quado. As publicações com fotos coloridas, a análise do solo, a
análise de folha, o histórico da gleba devem ser usados, além dos
dados meteorológicos.
Não se deve esquecer que o processo de produção resulta da
ação e da interação de muitos fatores: nutrição, pragas e moléstias
são apenas três deles (Tabela 1), quando se busca colheitas eco-
nômicas máximas (CEM).
SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA OU FOME
Para viver, produzir e, até certo ponto, agüentar condições
adversas de clima ou incidência de pragas e doenças, o cafeeiro
necessita de uma lista de elementos:
macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);
Hélio Casale3
José Peres Romero4
Tabela 1. Principais fatores que atuam na obtenção de CEM no cafeeiro.
Fator Desdobramento
Planta Variedade, linhagem, enxertia
Clima Quantidade e distribuição das chuvas
Temperatura (máxima, mínima, média)
Luz (intensidade, duração, exposição)
Vento
Solo Propriedades físicas (textura, estrutura,
profundidade, densidade)
Fertilidade
Calagem Acidez (superfície e subsuperfície)
Gessagem Correção da acidez de subsuperfície
Adubação Doses, equilíbrio, interação
Época, localização
Plantio Espaçamento, densidade
Exposição
Covas, sulcos
Práticas culturais Manejo do mato
Tratamento fitossanitário integrado
Arruação, esparramação do cisco
Poda e condução Tipos, época
Colheita e beneficiamento Época, tipos, despolpamento,
descascamento de cerejas
Armazenamento Arejamento, umidade, pragas
Homem Condução das operações
Contabilidade de custos e renda
Conhecimento de mercado de café,
insumos e mão-de-obra
Comercialização
Planejamento e tomada de decisões
1 Professor, CENA/USP, Piracicaba-SP. Fone: (19) 429-4695. Fax: (19) 429-
4610. E-mail: mala@cena.usp.br
2 Engº Agrº, MAARA-PROCAFÉ, Campinas-SP. Fone: (19) 3256-0200.
3 Engº Agrº, Consultor. Fone: (11) 3871-0380. E-mail: heliocasale@ig.com.br
4 Engº Agrº, Cafeicultor, São Paulo-SP. Fone: (11) 3865-4622.
micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre
(Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel
(Ni), selênio (Se), silício (Si) e zinco (Zn).
A falta de qualquer um desses elementos no solo e no adu-
bo faz com que a produção seja limitada. E se houver muita "fome"
o pé-de-café mostrará sintomas característicos para cada elemento.
Os mais comuns desses sintomas são discutidos a seguir.
Nitrogênio (Fotos 3 a 5): as folhas mais velhas são as
primeiras a amarelecer, particularmente durante o crescimento dos
frutos. A vegetação é rala. Os galhos podem secar da ponta para a
base se a colheita tiver sido grande. Diminui a floração. Causas: falta
do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria
orgânica e ácidos.
Fósforo (Fotos 6 e 7): as folhas mais velhas mostram-se
verdes e sem brilho. Podem amarelecer e apresentar grandes manchas
pardas ou violáceas na ponta e no meio. Caem prematuramente. Há
dimi-nuição na floração e no pegamento. Queda de folhas. Maturação
antecipada. Raízes mal desenvolvidas. Causas: falta do elemento no
solo ou na adubação, solos ácidos.
SEJA O DOUTOR DO SEU CAFEZAL
ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 3
2a edição - revisada e ampliada
Eurípedes Malavolta1
Durval Rocha Fernandes2
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 1

O

pé-de-café é capaz de "falar", contando o que tem: se está com fome ou bem alimentado; se comeu demais ou ingeriu alguma coisa que não deveria ter comido; se está doente.

Entretanto, para entender o que diz o pé-de-café é necessá- rio conhecer os sintomas de fome ou de excesso e também os sinais provocados por pragas e enfermidades. Feito o diagnóstico do que está acontecendo é possível tomar as medidas indicadas, ou seja, dar o remédio necessário ao "paciente".

Mas, como se sabe que o cafeeiro é normal ou está sadio? Ele deve:

  • ter folhas grandes, verdes e brilhantes durante todo o ano, mesmo na época do enchimento das cerejas;
  • mostrar galhos com internódios longos e com as pontas vivas;
  • não murchar demasiadamente na estação seca ou durante o veranico, sinal de que tem raízes ativas e profundas;
  • florescer abundantemente e segurar a florada (Foto 1);
  • dar altas produções como média de quatro anos;
  • produzir café de boa qualidade – favas de peneira alta que, processadas, moídas e torradas, bebem bem;
  • dar lucro a quem dele cuida. O doutor do cafezal deve empregar todas as ferramentas disponíveis para diagnosticar a situação e indicar o remédio ade- quado. As publicações com fotos coloridas, a análise do solo, a análise de folha, o histórico da gleba devem ser usados, além dos dados meteorológicos.

Não se deve esquecer que o processo de produção resulta da ação e da interação de muitos fatores: nutrição, pragas e moléstias são apenas três deles (Tabela 1), quando se busca colheitas eco- nômicas máximas (CEM).

SINTOMAS DE DEFICI NCIA OU FOME

Para viver, produzir e, até certo ponto, agüentar condições adversas de clima ou incidência de pragas e doenças, o cafeeiro necessita de uma lista de elementos:

  • macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);

Hélio Casale 3

José Peres Romero^4

Tabela 1. Principais fatores que atuam na obtenção de CEM no cafeeiro. Fator Desdobramento Planta Variedade, linhagem, enxertia C l i m a Quantidade e distribuição das chuvas Temperatura (máxima, mínima, média) Luz (intensidade, duração, exposição) Vento S o l o Propriedades físicas (textura, estrutura, profundidade, densidade) Fertilidade C a l a g e m Acidez (superfície e subsuperfície) Gessagem Correção da acidez de subsuperfície Adubação Doses, equilíbrio, interação Época, localização Plantio Espaçamento, densidade Exposição Covas, sulcos Práticas culturais Manejo do mato Tratamento fitossanitário integrado Arruação, esparramação do cisco Poda e condução Tipos, época Colheita e beneficiamento Época, tipos, despolpamento, descascamento de cerejas Armazenamento Arejamento, umidade, pragas H o m e m Condução das operações Contabilidade de custos e renda Conhecimento de mercado de café, insumos e mão-de-obra Comercialização Planejamento e tomada de decisões

(^1) Professor, CENA/USP, Piracicaba-SP. Fone: (19) 429-4695. Fax: (19) 429-

  1. E-mail: mala@cena.usp.br (^2) Engº Agrº, MAARA-PROCAFÉ, Campinas-SP. Fone: (19) 3256-0200. (^3) Engº Agrº, Consultor. Fone: (11) 3871-0380. E-mail: heliocasale@ig.com.br (^4) Engº Agrº, Cafeicultor, São Paulo-SP. Fone: (11) 3865-4622.
  • micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), selênio (Se), silício (Si) e zinco (Zn).

A falta de qualquer um desses elementos no solo e no adu- bo faz com que a produção seja limitada. E se houver muita "fome" o pé-de-café mostrará sintomas característicos para cada elemento. Os mais comuns desses sintomas são discutidos a seguir. Nitrogênio (Fotos 3 a 5): as folhas mais velhas são as primeiras a amarelecer, particularmente durante o crescimento dos frutos. A vegetação é rala. Os galhos podem secar da ponta para a base se a colheita tiver sido grande. Diminui a floração. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria orgânica e ácidos. Fósforo (Fotos 6 e 7): as folhas mais velhas mostram-se verdes e sem brilho. Podem amarelecer e apresentar grandes manchas pardas ou violáceas na ponta e no meio. Caem prematuramente. Há dimi-nuição na floração e no pegamento. Queda de folhas. Maturação antecipada. Raízes mal desenvolvidas. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, solos ácidos.

SEJA O DOUTOR DO SEU CAFEZAL

ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 3 2 a^ edição - revisada e ampliada

Eurípedes Malavolta 1

Durval Rocha Fernandes 2

2 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Tabela 2. Interpretação dos teores foliares 1. Elemento Deficiente Adequado Excessivo

                    • - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - Nitrogênio (N) < 2,2 2,7-3,2 > 3, Fósforo (P) < 0,10 0,15-0,20 > 0, Potássio (K) < 1,4 1,9-2,4 > 2, Cálcio (Ca) < 0,5 1,0-1,4 > 1, Magnésio (Mg) < 0,26 0,31-0,36 > 0, Enxofre (S) < 0,10 0,15-0,20 > 0, - - - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - - Boro (B) < 20 59-80 > 90 Cobre (Cu) < 5 8-16 > 25 Ferro (Fe) < 50 150-300 > 400 Manganês (Mn) < 40 120-210 > 300 Molibdênio (Mo) < 0,10 0,15-0,20 > 0, Zinco (Zn) < 4 8-16 > 30 (^1) 3º e 4º pares de folhas de ramos produtivos amostrados no verão (fevereiro/ março).

Potássio (Foto 8): como nos dois casos anteriores, as folhas mais velhas são as primeiras a ser afetadas. Mostram um amarelecimento das pontas e margens, que depois secam e ficam com cor marrom ou preta. Os ramos com frutos podem morrer da ponta para a base. Aumenta a porcentagem de frutos chochos e diminui o tamanho dos grãos. A planta agüenta mal a seca e o frio. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, acidez e calagem excessiva.

Cálcio (Foto 9): neste caso, as folhas mais novas são as pri- meiras a mostrar os sintomas que quase sempre se limitam a elas: apare- ce uma coloração amarelada ao longo dos bordos a qual pode avançar entre as nervuras na direção do centro. Diminui o pegamento da florada. As raízes são mal desenvolvidas. Causas: acidez, excesso de potássio.

Magnésio (Fotos 10 e 11): as folhas mais velhas mostram cor amarela e depois pardacenta entre as nervuras e caem prematuramente. Causas: acidez, excesso de potássio.

Enxofre ( Fotos 12 e 13): os sintomas foliares são parecidos com os provocados pela falta de nitrogênio mas aparecem nas folhas mais novas. Os internódios encurtam. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria orgânica e ácidos.

Boro (Foto 14): cálcio e boro costumam andar juntos nos papéis que desempenham na vida da planta. Quando há deficiência, as folhas são pequenas, tem formas bizarras. Em casos severos as gemas terminais podem secar ou morrer e a ponta do galho também o faz: estes sintomas são parecidos com os causados pelo fungo Phoma. Há superbrotamento. Os internódios encurtam. O pegamento da florada é menor. As raízes se desenvolvem menos. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, solos pobres em matéria orgâ- nica, acidez ou calagem em excesso, muitas chuvas ou muita seca e muito N na adubação.

Cobre (Fotos 15 e 16): nas folhas mais novas as nervuras secundárias ficam salientes – "costelas". Pode haver deformação do limbo. Em plantas novas as folhas podem se encurvar para baixo a partir da base. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, muita matéria orgânica e muita chuva, calagem excessiva.

Ferro (Foto 17): as folhas mais novas ficam amarelas, as nervuras permanecendo verdes, depois amarelecendo. Causas: muita matéria orgânica e muita chuva, calagem excessiva.

Manganês (Fotos 18 e 19): Aparecem no início muitos pontinhos esbran-quiçados nas folhas mais novas os quais depois se juntam tomando uma cor amarelada quase gema de ovo. Causas: muita matéria orgânica, solos muito arejados, calagem excessiva.

Molibdênio (Foto 20): nas folhas mais velhas aparecem manchas amareladas e depois pardas entre as nervuras. Com o tempo, essas folhas se enrolam para baixo ao longo da nervura principal e os bordos opostos chegam a se tocar. A principal causa de deficiência é a acidez do solo.

Zinco (Fotos 21 e 22 ): os internódios vão encurtando da ba- se do ramo para a ponta e as folhinhas estreitas e amareladas ficam cada vez mais perto umas das outras. Podem haver morte dos ponteiros e superbrotamento. Menor pegamento da florada. Frutos menores. Causas: falta do elemento no solo ou na adubação, cala- gem excessiva, muito fósforo, muita luz.

SINTOMAS DE EXCESSO OU TOXIDEZ

Nitrogênio : há muita vegetação e pouca frutificação. A maturação é atrasada. Piora a qualidade da bebida. Causas: excesso do elemento no solo ou na adubação, solos ricos em matéria orgânica.

Fósforo: as plantas podem mostrar sintomas de falta de Cu, Fe, Mn e Zn pois o excesso de fósforo diminui a absorção ou o transporte para a parte aérea. Potássio: falta de cálcio ou magnésio induzida. Piora a qualidade da bebida. Boro (Fotos 23 e 24): amarelecimento malhado nas folhas mais velhas e manchas secas nas bordas e na ponta. Ocorre principalmente após poda drástica da planta. Cobre: folhas amareladas ao longo da nervura principal. Morte das raízes. Desfolhamento. Manganês: internódios curtos, folhas pequenas e ama- reladas. Ocorre em solos ácidos ou compactados. Alumínio: raízes curtas e grossas. Sintomas de deficiência de fósforo e potássio nas folhas. Zinco: as folhas mais velhas ficam amareladas quase da cor da gema de ovo.

PREVEN«√O E CORRE«√O DAS DEFICI NCIAS

E EXCESSOS

Freqüentemente o doutor do cafezal deve retirar amostras de folhas e, com os dados da análise em mãos, fazer a confirmação do diagnóstico visual para indicar as medidas a tomar com maior segurança. Por outro lado, quando o sintoma visual aparece, a produção já pode estar prejudicada e as medidas terão que esperar o outro ano agrícola. A análise das folhas poderá fornecer um "diagnóstico precoce": é que a composição das mesmas é modifi- cada pela deficiência ou pela toxidez antes que o sintoma apareça. A análise do solo, feita todos os anos, dará uma indicação mais cedo ainda das deficiências ou excessos que poderão ocorrer, permitindo que se faça o tratamento "preventivo" em lugar do curativo. Além da análise do solo, o doutor pode analisar folhas de plantas normais e anormais e confrontar os números, com a Tabela 2, que dá a interpretação dos teores foliares, assim como com a Tabela 3, que dá um exemplo de relações entre nutrientes foliares considerados adequados.

4 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

A dose de calcário a aplicar pode ser calculada pela fórmula: T (V 2 - V 1 ) PRNT

onde: N.C. = necessidade de calcário em t/ha

T = (H + Al + K + Ca + Mg) em meq/100 cm^3 de solo V 2 = saturação em bases desejada = 70%

V 1 = saturação em bases encontrada no solo = S/T x 10 ou

(K + Ca + Mg) meq/100 cm^3 T meq/100 cm 3

p = fator de profundidade de incorporação do calcário p = 0,5 para 0-10 cm; p = 1,5 para 0-20 cm;

p = 1,5 para 0-30 cm; p = 2,0 para 0-40 cm.

PRNT = Poder Relativo de Neutralização do Calcário.

Em cafezais de alta produtividade recomenda-se manter o teor de magnésio no solo ao redor de 1,0 meq Mg/100 cm^3 ou, ainda, Mg/CTC (%) ao redor de 12.

GESSAGEM

A calagem em geral não corrige a acidez em profundidade no caso de cafezais já formados, onde é inviável a incorporação do corretivo, a menos quando se procede à subsolagem ou se use doses relativamente pesadas em solos leves, empregando-se calcário de boa qualidade e se espera alguns anos. Isto se deve ao fato de que o ânion acompanhante do cálcio, CO 3 2-^ , se dissipa na atmosfera da superfície do solo e acima dela. Em conseqüência, o cafeeiro (ou outra cultura qualquer) tem o seu sistema radicular concentrado na superfície e, por isso, aproveita menos os nutrientes que percolam, absorve menos água e sente mais o efeito da estiagem.

O gesso, gesso agrícola ou fosfogesso, é o CaSO 4 .2H 2 O (sulfato de cálcio), subproduto da indústria do ácido fosfórico. O ânion acompanhante do Ca 2+^ é o SO 4 2-^ que, ao contrário do CO 3 2-^ , não se perde por volatilização: é capaz de descer no perfil, processo em que é acompanhado pelo cálcio. Disso resulta que em profundidade aumenta a saturação em cálcio do complexo de troca e o Al tóxico é "neutralizado". A gessagem usualmente não mo- difica o pH e não é substituta da calagem. Ambas se complemen- tam.

A pesquisa agrícola ainda não publicou uma fórmula para calcular a dose de gesso a usar em função dos dados de análise do solo que tenha tido comprovação prática. Enquanto isso, pode-se, provisoriamente, usar a seguinte:

N.G. = (0,6 CTCe - meq Ca/100 cm^3 ) x 2,5 ou N.G. = (meq Al/100 cm^3 - 0,2 CTCe) x 2,

onde:

N.G. = necessidade de gesso

= toneladas de gesso/ha

CTCe = capacidade de troca catiônica efetiva

= meq Al + K + Ca + Mg/100 cm^3

Deve-se pensar no uso do gesso quando:

a) A análise do solo na profundidade de 21-40 cm (e não a correspondente a 0-20 cm) revelar uma participação do Ca na CTCe menor que 60%; b) A análise do solo a 21-40 cm (e não a 0-20 cm) mostrar que a saturação em Al é maior que 20%. Quando o solo, antes do plantio, necessitar de calcário e de gesso, primeiro se faz a calagem na forma recomendada e depois se distribui o gesso a lanço, sendo dispensada a sua incorporação. Pode-se também usar produtos comerciais que contêm uma mistura de calcário e gesso. Nos cafezais em formação ou produção o gesso é aplicado a lanço, e nesse caso também pode-se usá-lo previamente misturado com o calcário (se o solo necessitar de calagem) ou separadamente.

RECOMENDA«’ES DE ADUBA«√O

Na adubação do cafeeiro em produção é importante consi- derar vários fatores, como: elemento(s) deficiente(s), quantidade do adubo a aplicar, época de aplicação e localização do adubo. A análise de solo e a diagnose visual são úteis para definir os elementos que estão deficientes no solo e na planta, respec- tivamente. A dose de adubo necessária depende, no caso da planta em produção (geralmente a partir do 4º ano), do nível de fertilidade do solo, da adubação feita na cova (principalmente em se tratando do fósforo), e da colheita pendente ou desejada. A época de aplicação dos adubos é determinada por dois fatores principais:

- Os períodos de maior exigência do cafeeiro: depois da colheita e do início da vegetação; no pegamento da florada e no crescimento dos frutos. Na prática, entretanto, para simplificar, a dose total geralmente é dividida em parcelas iguais. - O comportamento do adubo no solo: o nitrogênio é sujeito a perdas por lixiviação, o fósforo é muito fixado no solo e o potássio ocupa posição intermediária. Por causa disso, o comum é fracionar- se a dose dos três elementos, o que é determinado principalmente pelo comportamento do nitrogênio. As duas principais "ferramentas" para a recomendação da adubação do cafeeiro são a análise de solo e a análise foliar.

An·lise de solo

a) Freqüência e profundidade da amostra:

  • Anual: 0-20 cm, no meio da faixa adubada
  • Bianual: 0-20 cm e 21-40 cm, no meio da faixa adubada.

b) Época de amostragem: abril/maio (antes da colheita ou da arruação). c) Número de amostras: uma (1) amostra composta de, no mínimo, 10 sub-amostras, para qualquer gleba homogênea de até 50 hectares. Não esquecer que: "A adubação começa com a análise do solo (e da folha), continua com a correção da acidez e termina com a aplicação do adubo". Para ajudar a "enxergar" melhor os resultados das análises de terra é útil saber que:

  • 1 mg/dm 3 de P, S-SO 4 , B, Cu, Fe, Mn, Mo ou Zn equivalem a 2 kg/ha na profundidade de 0-20 cm;
  • 1 milimol(+) de K/dm^3 = 39 mg/dm 3 = 78 kg/ha;

V 1 = x 100

N.C. = x p

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 5

  • 1 meq K/100 cm^3 = 780 kg;
  • 1 ppm K = ± 2 kg/ha;
  • 1 milimol(+) Ca/dm^3 = 40 kg Ca/ha;
  • 1 meq Ca/100 cm^3 = 400 kg Ca/ha;
  • 1 milimol(+) Mg/dm^3 = 24 kg/ha;
  • 1 meq Mg/100 cm^3 = 240 kg/ha.

An·lise de folhas

a) Época: ü Antes da 1ª adubação ü Um mês depois da 1ª adubação ü Um mês depois da 2ª adubação.

Com essas três amostragens e análises é possível monitorar o estado nutricional do cafezal de modo mais seguro. Alternativa- mente, pode-se fazer uma amostragem depois do 1 o^ parcelamento, no caso de se fazerem três, ou depois do 2 o, quando são feitos quatro parcelamentos. No café conilon, multicaule, até a primeira ou segunda colheita, faz-se o mesmo tipo de amostragem do arabica, como foi descrito. Depois da poda do excesso de ortotrópicos (verticais) e plagiotrópicos (laterais), em geral sobram 3-4 ortotrópicos com ramos laterais no topo. No meio destes (3-4 topos) são colhidos os terceiro e quarto pares de folhas.

b) Amostragem: coleta do 3º e do 4º pares de folhas, na altura média da planta, num total de 50 pares de folhas/gleba, em 25 plan- tas, colhendo 2 pares, um de cada lado da planta (Figura 1).

Tabela 5. Adubação corretiva.

Teor no solo Duplo ácido Resina

                • mg/dm 3 - - - - - - - - Fósforo ≤ 5 ≤ 10 360 6-10 11-20 240 11-14 21-30 180 15-20 31-40 90

20 > 40 0

Potássio - - - - - - - % CTC^1 - - - - - - - - < 2 180 2-3 120 3,1-4 90 4,1-5 60

5 0

Boro 2 Baixo < 0,3 mg/dm 3 3 Médio 0,3-0,6 2 Adequado 0,7-1,0 1

1,0 0

Cobre 3 Baixo < 0,5 3 Médio 0,5-1,0 2

1,5 0

Manganês^3 Baixo < 5 15 Médio 5-10 10 Adequado 10-15 5 < 2 6

Zinco 3 Baixo < 2 6 Médio 2-4 4 Adequado 5-6 2

6 0 (^1) Para CTC entre 7 e 10 meq/100 cm (^3). (^2) Teor em HCl 0,05 N ou Mehlich 1. (^3) Teor em Mehlich. Observação: para conversão de B para água quente e de Cu, Mn e Zn para DTP dividir por 2.

Elemento Dose kg/ha

ADUBA«√O CORRETIVA

Finalidade: elevar o nível de fertilidade dos solos muito pobres ou pobres. A prática exige: ü Preços favoráveis de café, visto que as doses são relati- vamente pesadas; ü Topografia que permita a aplicação a lanço em área total e incorporação.

A adubação corretiva é indicada particularmente nos plantio adensados (10.000 covas/ha) e superadensados (15-20.000 covas ou mais).

}

1º PAR 2º PAR

3º PAR

4º PAR

Figura 1. Amostragem das folhas para análise: o 3º e o 4º pares são colhidos; 1º par = folhas com cerca de 2,5 cm de comprimen- to.

A Tabela 5 mostra uma sugestão de adubação corretiva.

ADUBA«√O DE PLANTIO, FORMA«√O E PRODU«√O

Os diversos Estados produtores de café têm suas recomen- dações oficiais que são periodicamente refeitas, devendo o cafeicultor consultá-las pois são uma garantia do êxito da lavoura.

SISTEMA DE ADUBA«√O MODULAR DO CAFEEIRO

(SAMcaf)

Desenvolvido há quase 20 anos, em colaboração com o Eng o Agro^ J. Peres Romero, integra as três variáveis: produtividade, análise do solo e análise da folha. Um sofware que facilita os cálculos está incluído neste CD-ROM. Módulo = quantidade de elementos (macros e micros) necessários para a produção de 10 sacas beneficiadas + vegetação correspondente.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 7

(1) Depois da colheita

  • Amostragem e análise do solo
  • Cálculo da calagem (e gessagem)

(2) Calagem, gessagem

(3) Estimativa de safra

(4) Primeiro parcelamento (fixo)

(5) Segundo parcelamento (fixo)

(6) Análise de folha e reavaliação da safra (um mês depois do segundo parcelamento)

(7) Cálculo dos ajustes do programa de adubação

(8) Terceiro parcelamento (variável ou não)

(9) Quarto parcelamento (variável ou não)

Figura 2. Operações no sistema de adubação modular.

Na Figura 2 vê-se a série de operações seguidas no SAMcaf. A Tabela 9 mostra os ajustes feitos no programa graças à análise das folhas. A faixa adubada tem largura igual ao raio da copa. Nos cafezais formados o adubo é localizado embaixo da saia onde está "a boca", a raiz.

ADUBA«√O FOLIAR

Qualquer programa ou sistema de adubação deve ter porta aberta para a aplicação foliar de nutrientes, do que a Tabela 10 dá exemplos.

ADUBA«√O E IRRIGA«√O Os efeitos benéficos da irrgação tem sido demonstrados tanto em arabica como em conilon, motivo pelo qual a prática tende a crescer. Aumentos de produção de 11 vezes foram obtidos no cerrado de Minas. Os principais sistemas de irrigação (gotejamento, aspersão convencional, auto-propelido, pivô central, "tripas") em geral comportam a introdução de adubos, que são dissolvidos na água. Isso torna possível fracionar as doses, localizar melhor o adu- bo e aumentar a produção, além de diminuir custos operacionais. Para se obter tais vantagens, entretanto, é necessário usar adubos so- lúveis e conhecer um pouco da anatomia e da fenologia do cafeeiro: adubar no lugar certo, no momento certo e na dose certa.

Tabela 9. Ajustes nas doses de acordo com a análise das folhas depois do segundo parcelamento (Nov./Jan.). Elemento Teor foliar Ajuste g/kg N < 25 1,5 vezes (1) 25-35 manter

35 cancelar P < 1,4 1,5 vezes (1) 1,4-1,9 manter < 1,9 manter K < 17,5 1,5 vezes (1) 17,5-22,5 manter 22,5 cancelar Mg < 3,1 1,5 vezes (1) 3,1-3,8 manter 3,8 cancelar S < 1,5 1,5 vezes (1) 1,5-2,3 manter 2,3 cancelar mg/kg B < 50 2-3 aplicações foliares Cu < 10 2-3 aplicações foliares Fe < 75 2-3 aplicações foliares M n < 100 2-3 aplicações foliares M o < 0,5 2-3 aplicações foliares Zn (2)^ < 10 2-3 aplicações foliares < 20 2-3 aplicações foliares (1) (^) Aumentar 50% o programado para o 3 o (^) ou 4o (^) parcelamentos. (2) (^) Anos de alta e baixa, respectivamente.

Tabela 10. Macro e micronutrientes via foliar(1)^. Elemento Produto e concentração (%) N Uréia a 0,5- N + P Fosfato monoamônico 0,5-1, N + K Nitrato de potássio 1- N + Ca Nitrato de cálcio 0,5- B Ácido bórico 0, Cu Sulfato 0, Fe Sulfato 0, M n Sulfato 1, M o Molibdato 0, Zn Sulfato 0, B + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, Mn + Zn Sulfato de manganês 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, B + Cu + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, B + Cu + Mn + Zn Ácido bórico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 + Sulfato de manganês 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potássio 0, (1) (^) Sulfatos podem ser substituídos por cloretos, nitratos, quelados, geralmente em menor concentração e sem adição de KCl. Aplicações a alto volume, em geral duas a três vezes, no período de Set./Out. a Mar./Abr.

8 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Foto 1. Florada em cafezais de alta produtividade. Foto 2. Colheita mecânica de café.

Foto 3. Deficiência de nitrogênio. (^) Foto 4. Deficiência de nitrogênio (à esquerda, ramo normal).

Foto 5. Deficiência de nitrogênio. Foto 6. Deficiência de fósforo.

Foto 7. Deficiência de fósforo. Foto 8. Deficiência de potássio.

10 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

Foto 17. Deficiência de ferro. (^) Foto 18. Deficiência de manganês.

Foto 19. Deficiência de manganês. Foto 20. Deficiência de molibdênio.

Foto 21. Deficiência de zinco. Foto 22. Deficiência de zinco (à esquerda, ramo normal).

Foto 23. Toxicidade de boro (limbo superior). Foto 24. Toxicidade de boro (limbo inferior).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 11

IMPORT¬NCIA

A

té a década de 70, quando foi constatada pela primeira vez a ferrugem, temível doença do cafeeiro, aqui no Brasil, não existiam grandes problemas com pragas e doenças na cafeicultura brasileira. Os danos se restringiam ao ataque da broca em certas áreas.

Com a ferrugem, foi necessário mudar todo manejo da lavou- ra. Foi preciso adotar um zoneamento agroclimático, novos sistemas de plantio, variedades e tratos adequados, tudo visando facilitar o controle químico da doença.

A abertura de novas áreas, com solos pobres e em condições climáticas mais secas, em grandes áreas como as zonas de cerrados, o uso de defensivos muitas vezes sem racionalidade e mudanças ambientais várias, fizeram surgir desequilíbrios nas populações e novas pragas e doenças se tornaram importantes, especialmente o Bicho Mineiro, hoje tão grave quanto à própria ferrugem.

Em função disso, a cafeicultura moderna e produtiva de hoje não pode dispensar do controle adequado de pragas e doenças, sem o que muito do investimento em outras práticas, como a adubação, capinas, podas, etc. seria perdido em função dos prejuízos ocasionados pelos problemas de ordem fitossanitária nos cafezais.

As pragas e doenças causam perdas no desenvolvimento das plantas, na sua produtividade e, ainda, em alguns casos levam à redução da vida produtiva do cafeeiro e causam até sua morte.

Em termos de perdas médias pode-se estimar para a cafeicultura brasileira, como um todo, um porcentual de quebra de safra na faixa de 10-20% em função do ataque de pragas e doenças, ocorrendo situações mais ou menos graves conforme as condições em cada região e lavoura.

Nos custos de produção das lavouras de café os gastos com o controle de pragas e doenças tem onerado em cerca de 15-20% o custeio anual dos cafezais.

CONDI«’ES DE OCORR NCIA/GRAVIDADE

As pragas e doenças ocorrem nas lavouras de café com gravidade variando de região para região, de lavoura para lavoura e de um ano para outro, na dependência de fatores favoráveis ou não, os quais são de três naturezas:

a) de planta/lavoura b) do ambiente (clima e solo) c) do patógeno/agente causal Na planta ou lavoura influem a variedade, o sistema de plantio, os tratos ou práticas culturais adotadas.

Do ambiente são importantes o clima, influindo a temperatura, a umidade do ar e as chuvas, os ventos e a insolação/sombra. Também no solo, são essenciais suas condições físico-químicas e ainda a presença de matéria orgânica e de umidade.

Do agente causal são importantes o inóculo ou a população inicial remanescente do ano anterior.

O conhecimento dessas condições leva à determinação das pragas e doenças mais importantes em cada região ou área específica. De modo geral, pode-se correlacionar a gravidade de pragas e doenças com as seguintes situações encontradas:

- PRAGAS A praga mais importante no país é o Bicho Mineiro ( Perileucoptera coffeella ), seguindo-se a Broca ( Hipothenemus hampei ) e os nematóides (Meloidogyne incognita, M. exigua e M. paranaensis ). Em segundo plano situam-se pragas mais ocasionais, como os ácaros, as cochonilhas, a mosca das raízes, as cigarras e as lagartas. As condições mais comuns associadas à gravidade de pragas na cafeicultura brasileira são:

  • Clima seco – baixa umidade, alta insolação e altas tempera- turas – problemas com bicho mineiro e ácaros;
  • Lavouras adensadas, sombreadas ou em faces sombrias – problemas com a broca;
  • Lavouras de café conillon (robusta), em áreas quentes – problemas com a broca;
  • Lavouras novas ou em espaçamento abertos – problemas com bicho mineiro e ácaros;
  • Lavouras implantadas em áreas de solos de arenito, principalmente em área antes com café – problemas com nematóides e cochonilhas de raízes;
  • Lavouras em áreas com matéria orgânica e zonas frias – problemas com mosca das raízes;
  • Áreas próximas a matas – problemas com cigarras. - DOENÇAS

Nas condições da cafeicultura brasileira a doença mais grave é a ferrugem, causada pelo fundo Hemileia vastatrix , em seguida vem a cercosporiose ( Cescospora coffeicola ) e a seca de ramos causada pelo ataque de Phoma e Ascochyta. Com menor importância, tem-se, ainda, a bacteriose Mancha Aureolada, a Leprose (virose) e, mais recentemente, com sua real importância ainda desconhecida, o Amarelinho do cafeeiro (bactéria Xylella fastidiosa ). Para facilitar o controle, deve-se escolher as áreas menos favoráveis às doenças, adotar práticas que tornam a lavoura menos suscetível, incluindo o uso de materiais genéticos tolerantes, e, caso haja evolução das doenças, a nível prejudicial, adotar as medidas de controle químico de forma preventiva ou curativa. A combinação de condições climáticas (macro e micro) e de manejo dos cafezais favorece a ocorrência das doenças, da seguinte maneira:

  • Lavouras adensadas, fechadas ou sombreadas – maior ataque de ferrugem.
  • Lavouras novas, muito abertas, em solos pobres ou com adubação insuficiente e em regiões mais quentes – problemas mais graves com cercosporiose.
  • Áreas frias e úmidas, batidas por ventos frios – problemas com Phoma, Ascochyta e Pseudomonas.
  • Lavouras com alta carga pendente – problemas com ferrugem e cercosporiose. Observação importante : é imprescindível se proceder o monitoramento de ataque das pragas e doenças do cafeeiro para se garantir a melhor época e eficiência do controle a ser efetuado.

PRAGAS E DOEN«AS DO CAFEEIRO

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 13

perfeitamente possível dispensar o uso de inseticidas para o con- trole do bicho mineiro.

- Controle químico Pode ser realizado através de dois sistemas básicos: pulverização foliar e aplicação via solo.

a) Pulverização foliar Uso de produtos inseticidas organo-fosforados, carbamatos, derivados de uréia, piretróides ou suas misturas.

Inseticidas organofosforados:

Ethion - Ethion 500 Rhodia Agro: 1,0 a 1,2 l/ha Triazophos - Hostathion 400 BR: 1,0 a 1,2 l/ha Fenthion - Lebaycid 500: 1,0 a 1,5 l/ha Fenitrothion - Sumithion 500 CE: 1,5 a 2,0 l/ha Clorpyrifós-etil - Lorsban 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha

  • Clorpirifós Fersol 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha
  • Vexter: 1,0 a 1,5 l/ha Pyridaphenthion - Ofunack 400 CE: 1,5 a 2,0 l/ha Parathion metílico - Folidol 600: 1,0 a 1,5 l/ha Dimetoato - Tiomet 400 CE: 1,0 a 1,5 l/ha

Inseticidas carbamatos: Cartap - Cartap BR 500: 0,8 a 10 l/ha

  • Thiobel 500: 0,8 a 1,0 l/ha

Inseticidas derivados de uréia: Teflubenzuron - Nomolt 150: 200 a 250 l/ha

Inseticidas piretróides: Permethrin - Ambush 500 CE: 100 a 150 ml/ha

  • Piredan: 120 a 150 ml/ha
  • Pounce 384 CE: 120 a 150 ml/ha
  • Valon 384 CE: 120 a 150 ml/ha
  • Talcord 250 CE: 100 a 200 ml/ha Cypermethrin - Ripcord 100: 100 a150 ml/ha
  • Sherpa 200: 50 a 80 ml/ha
  • Arrivo 200 CE: 50 a 70 ml/ha
  • Cyptrin 250 CE: 40 a 70 ml/ha
  • Nortrin 250 CE: 40 a 70 ml/ha Alfacypermethrin - Fastac 100: 100 a 150 ml/ha Zetacypermethrin - Fury 180 EW: 35 ml/ha Deltamethrin - Decis 25 CE: 150 a 250 ml/ha Fenvalerate - Sumicidin 200: 200 a 300 ml/ha
  • Belmark 300: 70 a 100 ml/ha Esfenvalerate - Sumidan 250 CE: 400 ml/ha Cyfuthrin - Baytroid CE: 150 a 200 ml/ha Betacyfluthrin - Bulldock 125 SC: 30 a 40 ml/ha
  • Turbo: 80 a 100 ml/ha Fenpropathrin - Danimen 300 CE: 250 a 400 ml//ha
  • Meothrin 300: 250 a 400 ml/ha Lambdacyhalothrin - Karate 50 CE: 100 a 150 ml/ha

Misturas de inseticidas fosforados e piretróides:

Triazophós + deltamethrin - Deltaphos CE: 200 a 300 ml/ha Profenofós + cypermethhrin - Polytrin 400/40 CE: 200 a 400 ml/ha

Nesse sistema o controle pode ser usado de forma mais curativa, iniciando as aplicações com índices de ataque (% de folhas minadas) ao redor de 20%. Em áreas problemas 5% de minas vivas no terço superior da planta já indica o início de controle. As doses dos produtos são indicadas numa faixa variando de acordo com a idade e a área foliar da plantação e o nível de ataque, devendo-se usar doses maiores em lavouras adultas, com plantas altas, enfolhadas e maior densidade. Para plantas jovens pode-se considerar a regra de uso da mesma concentração de calda inseticida, ou seja diluindo-se a dose indicada para a lavoura adulta em 400 litros de água. O controle via foliar é feito basicamente através da mortalidade das larvas, dentro das minas nas folhas, embora os tratamentos possam acarretar também a morte parcial das mariposas (adultos). Deste modo, é importante que os produtos possuam ação sistêmica ou mesmo de profundidade, para atingir as larvas dentro das folhas. Alguns produtos apresentam ação ovicida (Cartap). Normalmente são necessárias duas a três aplicações, com intervalo de 30 a 40 dias para um controle eficiente do bicho mineiro, em condições normais de ataque para os inseticidas organofos- forados, carbamatos e derivados de uréia. Para os piretróides uma ou duas aplicações com aplicações com intervalo de 50 a 60 dias. Em regiões quentes onde o ciclo evolutivo da praga é bem mais curto, esse intervalo pode cair pela metade. O acompanhamento da praga, pela verificação da presença de minas com larvas vivas, é a base para avaliar a necessidade de novas aplicações. O período residual de controle via foliar normalmente é pequeno. Os inseticidas fosforados e carbamatos têm uma ótima ação de profundidade, matando as lagartas no interior das lesões (efeito de choque) mas apresentam curto efeito residual (25 a 30 dias). Os inseticidas peretróides, ou suas misturas, ao contrário, apresentam maior efeito residual (50-60 dias) e nenhuma ação de profundidade. Por esta razão, quando a praga já estiver instalada e com níveis elevados de infestação, recomenda-se o uso de misturas de inseticidas fosforados ou carbamatos com inseticidas piretróides em pulverização. É sempre bom lembrar que quando se usam inseticidas piretróides recomenda-se associar um inseticida fosforado para evitar desequilíbrio que favoreça o aparecimento de ácaros. O uso de óleos emulsionáveis na dosagem de 0,5 a 1,0% proporciona alta adesividade dos produtos nos tecidos vegetais, aumentando a eficiência das pulverizações e diminuindo as perdas por lavagem da água das chuvas.

b) Aplicação via solo Uso de produtos organofosforados ou carbamatos, formulados em grânulos e veiculados em argila ou areia. Podem também ser usados inseticidas sistêmicos via líquida. Nesse sistema o controle deve ser feito preventivamente, pois é necessário um período de 30 a 40 dias para a liberação,

14 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

absorção e translocação dos ingridientes ativos, em níveis adequados, até a folhagem.

A aplicação deve ser cuidadosa pelo fato de os produtos, no geral, serem extremamente tóxicos.

Alguns produtos novos, derivados do ácido nicotínico, estão apresentando bons resultados e menor toxicidade ao meio ambiente. Exemplo: Imidacloprid (Premier) e Thiametoxan (Actara).

Para facilitar a exposição, vamos dividir esse item em três tópicos:

a) Inseticidas granulados sistêmicos

Terbufós - Counter 50 G: 60 a 80 kg/ha

  • Counter 150 G: 15 a 20 kg/ha Carbofuran - Carboran Fersol 50 g: 60 a 80 kg/ha
  • Diafuran 50: 60 a 80 kg/ha
  • Furadan 50 G: 60 a 80 kg/ha
  • Furadan 100 G: 20 a 30 kg/ha
  • Ralzer 50 GR: 60 a 80 kg/ha Phorate - Granutox 50 G: 60 a 80 kg/ha
  • Granutox 150 G: 20 a 30 kg/ha Aldicarb - Temik 150: 20 a 25 kg/ha

Thiametoxan - Actara: 25 a 40 kg/ha

Esses produtos devem ser enterrados sob a saia do cafeeiro, em sulcos, dos dois lados da planta quando se usam granuladeiras mecânicas, em dois ou quatro pontos quando se usa matraca, no período de novembro a fevereiro, pois o uso desses produtos exige umidade do solo que garanta a sua absorção pela planta. Podem ser feitas uma ou duas aplicações no intervalo de 60 a 90 dias. O solo de- ve estar livre de ervas daninhas e de alta porcentagem de matéria orgânica não decomposta na região de aplicação.

O inseticida Aldicarb, devido à sua alta solubilidade, pode ser aplicado no final da estação chuvosa, dilatando assim o período de controle. Os demais inseticidas deverão ser aplicados até dezembro, pois são menos solúveis e necessitam de maior umidade e tempo para serem absorvidos e distribuídos pela seiva das plantas para toda a parte aérea do cafeeiro. Nos cafezais irrigados não há restrições.

b) Inseticidas sistêmicos via líquida

Carbofuran - Furadan 350 SC: 9 a 12 l/ha Imidacloprid - Premier: 1,3 a 1,6 kg/ha (produto em formulação GRDA)

Esses produtos devem ser diluídos em água e aplicados sobre a saia dos cafeeiros dirigidos às proximidades do caule. Quando se pretende controlar as cigarras ou mosca das raízes concomitante ao bicho mineiro, aplicar no período de outubro a dezembro. Quando se quer estender o controle do bicho mineiro exclusivamente usá-lo no mês de fevereiro.

c) Controle associado da ferrugem e bicho mineiro

É feito através da mistura de fungicidas e inseticidas granulados sistêmicos em aplicação única, no período de outubro a dezembro, enterrado sob a saia do cafeeiro, da mesma maneira como foi recomendado para os inseticidas granulados sistêmicos:

Disulfoton + triadimenol - Baysiston: 30 a 70 kg/ha

Disulfoton + Cyproconazole - Altomix: 103,2: 30 a 70 kg/ha

  • Altomix 104: 30 a 70 kg/ha Thiametoxan + Cyproconazole - Verdadero 20 GR: 30 kg/ha

Até pouco tempo se utilizava apenas uma aplicação de granulados por ciclo agrícola, em época variável conforme a região, sendo indicada em novembro para o leste da Bahia, Espírito Santo, Zona da Mata de Minas e Paraná, onde a infestação do bicho mineiro ocorre mais cedo, em dezembro/fevereiro, e usando produtos com menor solubilidade e maior efeito residual como o Dissulfoton em suas formulações mistas com Triadimenol ou Cyproconazole. Para regiões como o Triângulo Mineiro e Sul de Minas, onde a infestação da praga evolui mais tarde, a época ideal de aplicação ocorre em fevereiro/março, no final das chuvas, usando produtos mais solúveis como o Aldicarb. Neste caso, a aplicação pode se prolongar até abril nos cafeeiros irrigados, à semelhança do realizado no leste da Bahia, norte e noroeste de Minas Gerais e áreas limítrofes de Minas Gerais com Goiás. Atualmente, em regiões problemas, como o Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, em Minas, e certas áreas da Bahia, está sendo necessário o uso de granulados, em dois parcelamentos, um mais cedo, em novembro e, outro mais tarde, em (fevereiro). Normalmente, esse procedimento é indicado para regiões onde a temperatura mé- dia anual é superior a 21,5ºC. Em certos casos, dependendo da época de ocorrência da praga e da umidade do solo, é conveniente associar aplicações de solo com uma complementação foliar mais tarde. Como ação complementar, tem-se observado que, nos meses de preparo para a colheita, a operação de “sopração” tem apresen- tado redução considerável de pupas do bicho mineiro nas folhas caídas. As doses recomendadas variam conforme a densidade de plantio e idade do cafezal. A dose correta deve ser orientada por um engenheiro agrônomo. O monitoramento da praga é essencial para a tomada de decisões para o seu controle. É extremamente vantajosa a integração dos métodos culturais, biológicos e químicos para que se tenha maior sucesso no controle do bicho mineiro. A alternância no uso de inseticidas é sempre recomendável para se evitar o aparecimento de resistência da praga a esses produtos.

2. BROCA DO CAFÉ

Hypothenemus hampei

(Fotos 28 e 29)

O inseto na fase adulta é um pequenino besouro de cor escura e brilhante.

A fêmea fecundada perfura o fruto na região da coroa até atingir a semente onde faz uma pequena galeria onde realiza a postura. As lavras nascidas, ao se alimentarem, vão destruir parcial ou totalmente a semente.

A broca ataca o grão do café em vários estádios de desenvolvimento: preferencialmente o verde (chumbão), o maduro e o seco.

16 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

- Lagarta dos cafezais - Eacles imperialis magnifica - Lagarta militar - Spodoptera frugiperda - Lagarta urticante - Lonomia circunstans - Taturana verde - Automeris complicata - Taturana - Automeris coresus - Automeris ilustris - Lagarta de fogo - Megalopyge lanata - Taturana bezerra - Podalia **sp

  • Lagarta gelatinosa -** Dalcera abrasa - Zadalcera fumata - Lagarta mede palmo - Oxydia saturniata - Bicho cesto - Oiketicus kirbyi - Bicho charuto - Oiketicus geyeri - Lagarta rosca - Agrotis ipsilon - Lagarta aranha - Phobetron hipparchia - Euclea **sp
  • Lagarta das rosetas ( ligeirinha) -** Cryptoblabes qnidiella - Outras - Tryrinteina arnobia - Bertholdia braziliensis - Thalesa citrina

O controle das lagartas pode ser feito através de inseticidas organofosforados como o Triclorfon (Dipterex 500: 1 l/ha) insetici- das biológicos como o Bacillus thuringiencis (Dipel PM: 250- 500 g/ha) e mais comumente através de inseticidas piretróides usados nas mesmas dosagens recomendadas para o controle do bicho mineiro.

Especificamente para a lagarta rosca, a aplicação do inseti- cida deverá ser dirigida para a região do colo da planta, local visado pela praga.

O controle deve ser praticado somente nos casos de ataque significativo ou em focos, pois em ataques leves o controle natural é suficiente para manter a praga em equilíbrio.

4. COCHONILHAS DA PARTE AÉREA

(Fotos 35 e 36)

Elas atacam esporadicamente o cafeeiro sob condições climáticas favoráveis. As mais comumente encontradas são:

- Cochonilha verde - Coccus viridis - Cochonilha parda - Saissetia coffeae - Cochonilha de cadeia - Cerococcus catenarius - Cochonilha branca - Planococcus citri - Cochonilha de placa - Orthezia praelonga

Os ataques dessa praga são sempre localizados, nunca atingindo a lavoura toda.

As cochonilhas verde e parda são encontradas nos ramos e folhas novas ao longo da nervura principal.

A cochonilha de cadeia costuma fixar-se no tronco e ramos, em fileiras de onde lhe veio o nome. A cochonilha branca ataca ramos novos, folhas, botões florais e preferencialmente frutos no estádio de chumbinho a maduro, instalando-se na base dos mesmos e nos pedúnculos. O ataque é reconhecido pela secreção de uma substância lanuginosa de cor branca. Esta cochonilha tem se tornado um apraga muito séria de cafezais conillon, causando prejuízos graves e controle muito difícil. A cochonilha de placa ataca ramos, folhas e frutos mas apresenta pouca importância em café devido a sua ocorrência esporádica. Ocorre com maior freqüência em café robusta. Os danos causados por essa praga caracterizam-se pela sucção contínua de seiva que leva ao depauperamento e mesmo morte da planta, dependendo da gravidade do ataque. Causam ainda o chochamento ou a seca total dos frutinhos na roseta. Em cafeeiros irrigados por sistema localizado ou pivô central tem-se observado maior ocorrência de cochonilha verde e parda. Em sistemas de irrigação por aspersão em turnos espaçados a ocorrência é menor. Esses insetos secretam um líquido açucarado que serve de meio de cultura para o desenvolvimento da fumagina ou "pó de café"

  • Capnodium sp, fungo que reveste a folhagem com uma camada preta, prejudicando a fotossíntese e a respiração da planta. A presença de formigas é uma constante nas áreas atacadas. Há um controle biológico natural dessas cochonilhas através de “joaninhas” ( Azya luteites e Pentilea egena ), do fungo Verticillium lecanii e dos Crisopas (bicho lixeiro). O controle químico pode ser feito através de inseticidas fosforados aos quais se adiciona óleo mineral miscível ou emulsio- nável a 1,0-1,5% (Assist, Spinner, Sunspray E, Triona, Dytrol, Iha- rol, Natur’l óleo, Nimbus, etc.). Esse óleo ajuda a penetração do inseticida e a matar a cochonilha por asfixia. No caso de cochonilha branca deve-se dar preferência a inseticidas com efeito fumigante. Formas mais eficientes de controle dessa cochonilha estão em estudo. Como as cochonilhas iniciam seus ataques em reboleiras, as pulverizações para o seu controle devem se restringir somente às áreas atacadas e pequena área adjacente.

5. COCHONILHA DA RAIZ

Dysmicoccus cryptus

(Fotos 34, 37 e 38)

Essa cochonilha ataca as raízes do cafeeiro em pequenas reboleiras dispersas pela lavoura aumentando rapidamente se medidas de controle não forem efetuadas a tempo. Sua ocorrência é mais facilmente percebida nos meses mais secos do ano. O ataque é percebido com facilidade pelo amarelecimento das plantas, semelhante ao ataque de nematóides, e a existência de uma fenda no solo e montes de terra ao redor do tronco por onde ocorre o trânsito de formigas que vivem em simbiose com essa praga e promovem o alastramento do ataque aos cafeeiros vizinhos. Este inseto apresenta coloração rosada ou cinza esverdeada, envolvido por uma cerosidade branca. Secretam uma substância açucarada que propicia o aparecimento do fungo Bornetina , que ocasiona o aparecimento de um envoltório coriácio de coloração inicial amarelada passando depois a marrom escura. Esses envoltó-

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 17

rios chamados de criptas ou pipocas servem de proteção e alojamento para o inseto. As raízes apresentam uma série de nodosidades constituídas pela sucessão de criptas ou pipocas. Os danos causa- dos por essa cochonilha decorrem da sucção contínua da seiva das raízes causando o definhamento das plantas caracterizado pelo amarelecimento e queda das folhas, com seca de ramos. As raízes são rapidamente destruídas. Haverá morte das plantas se medidas de controle não forem tomadas a tempo.

CONTROLE

O melhor controle dessa cochonilha é feito através do uso de fosfeto de alumínio, equivalente em fosfina (Gastoxin, Phostec), colocado ao redor do tronco das plantas, a 20 cm de profundidade, por meio de um cano de ½ polegada. Como o produto é fumigante, deverá ser aplicado na época da seca.

O controle também poderá ser feito através de inseticidas granulados sistêmicos indicados para o controle do bicho mineiro, nas dosagens superiores, aplicado durante o período chuvoso.

Também poderão ser usados inseticidas sistêmicos líquidos como o Carbofuran (Furadan 350 SL) - 6 ml do produto comercial por cova, ou o Vamidothion (Kilval 300) - 0,5 a 0,8 l/ha, ou o Imidacloprid (Premier: 1,3 a 1,6 kg/ha), diluídos em água e aplicados sob a saia dos cafeeiros.

6. CIGARRAS

(Fotos 39 a 41)

  • • • •• Quesada gigas
  • • • •• Quesada sodalis
  • • • ••^ Fidicina mannifera
  • • • •• Fidicina pronoe
  • • • ••^ Fidicina pullata
  • • • •• Dorisiana drewseni
  • • • •• Dorisiana viridis
  • • • •• Carineta fasciculata
  • • • •• Carineta matura
  • • • •• Carineta spoliata

É uma praga que há muito tempo tem causado problemas ao cafeeiro.

As cigarras do gênero Quesada são maiores e causam danos mais graves ao cafeeiro. A sua revoada acontece no período de agosto a dezembro.

As outras espécies são menores, causam menores problemas ao cafeeiro e a sua revoada acontece no período de novembro a março.

As fêmeas, depois de fecundadas, colocam os ovos no interior dos ramos de cafeeiros, arbustos e árvores. Um mês depois nascem as ninfas, que caem no solo onde penetram, fixando-se nas raízes do cafeeiro. Aí chegando, introduzem o estilete sugando a seiva das raízes.

Essas ninfas vivem no solo cerca de 12 meses ao fim dos quais cavam galerias até a superfície do solo de onde saem por meio de orifícios indo se fixar nos troncos até se transformarem novamente em adultos, recomeçando o seu ciclo evolutivo.

Os orifícios de saída dessas ninfas é o sinal mais facilmente perceptível da presença da praga na lavoura. Os prejuízos são causados pela sucção contínua da seiva das raízes onde é comum a presença de 300 a 400 ninfas por cova de café, embora o número médio seja de 150. O sistema radicular vai sendo destruído, ficando reduzida a capacidade da planta em absorver água e nutrientes. A planta apresenta clorose nas folhas e aspecto de deficiên- cia nutricional. Há perda de folhas, queda precoce de flores e frutos novos, seca de ramos, perda gradativa do vigor e sensível diminuição da produção. Mesmo adubadas, as lavouras atacadas vão definhando e podem morrer se não for providenciado o controle.

CONTROLE

O controle através de fungo entomopatogênico Metarhizium sp apresenta eficiência somente em condições de laboratório. No campo ainda existem problemas a serem contornados.

- Controle químico É o mais eficiente. Deve ser feito através do uso de inseticidas líquidos ou granulados sistêmicos de solo, como foi recomendado para o controle da cochonilha da raiz. Também poderá ser usado o inseticida Ethoprofos (Rhocap): 80-100g/cova. A época da aplicação é muito importante para o sucesso do controle. Para as espécies do gênero Quesada as aplicações devem ser feitas a partir de setembro, estendendo-se até dezembro. Para as espécies menores o controle deve ser iniciado em dezembro, estendendo-se até março. Iniciar o controle quando se constatar a presença de aproximadamente 15 a 20 ninfas por cova de café. É importante observar que a eficiência desses produtos depende da umidade do solo. Na ocasião da aplicação o solo deverá estar livre de ervas daninhas.

7. MOSCA DAS RAÍZES

Chiromyza vittata

Barbiellinia bezzi

(Fotos 42 e 43)

Esta praga é uma pequena mosca (“berne”) com 1,5 a 2,5 mm de comprimento, cuja revoada ocorre em fevereiro/março e maio/ junho. É uma praga polífaga que ataca várias culturas. Encontra-se disseminada nas principais regiões cafeeiras do país, especialmente na Zona da Mata, Jequitinhonha, Sul e Oeste de Minas Gerais, Sul do Espírito Santo e Bahia. Recentemente foi constatada em café conillon. Os maiores problemas ocorrem em regiões de altitudes elevadas e solos húmicos. As larvas, de coloração branca, creme e escura, locomovem- se rapidamente no solo, atacando as raízes finas e grossas do cafeeiro, fazendo furos e alimentando-se da casca das raízes. A abertura de ferimentos facilita a penetração de fungos ( Fusarium ) e outros microrganismos, agravando o problema. É comum encontrar-se 300 a 500 larvas por cova de café.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TÉCNICO 19

Dicofol - Dicofol Milenia CE: 200 ml/100 l água

  • Dicofol Nortox: 200 ml/100 l água
  • Dicofol Nortox 480 CE: 75 ml/100 l água
  • Dik 185 CE: 200 ml/100 l água
  • Kelthane CE: 200 ml/100 l água
  • Kelthane 480: 77 a 100 ml/100 l água
  • Tricofol CE: 77 a 100 ml/100 l água

Clorpyrifós-etil - Lorsban 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha

  • Clorpyrifós Fersol 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha
  • Vexter: 1,0 a 1,5 l/ha

Dicofol + Tetradifon - Carbax: 200 ml/100 l água

Tetradifon - Acardifon: 200 ml/100 l água

  • Tedion 80: 300 ml/100 l água

Enxofre - Enxofre Fersol 520 SC: 240 ml/100 l água

  • Enxofre PM Agripec: 3 a 4 kg/ha
  • Kumulus DF: 300 a 500 ml/100 l água
  • Microsulfan 800 PM: 5 l/ha
  • Microzol: 1,5 a 3,0 l/ha
  • Nutrixofre 800: 3 a 5 kg/ha
  • Sulficamp: 700g /100 l água
  • Sulflow SC: 250 a 300g/100 l água
  • Thiovit Sandoz: 3 a 6 kg/ha

Endosulfan - Dissulfan CE: 1,5 l/ha

  • Endosulfan AG: 1,5 l/ha
  • Endosulfan Fersol 350 CE: 1,5 a 2,0 l/ha
  • Endosulfan 350 CE Milenia: 1,5 a 2,0l/ha
  • Thiodan CE: 1,5 l/ha

Organofosforado - Ethion 500 Rhodia Agro: 1,5 a 2,0 l/ha

  • Hostathion 400 BR: 300 a 500 ml/100 l água
  • Curacron 500: 0,75 a 1,0 l/ha
  • Dimexion: 0,40: 0,75 l/ha

Cyhexatin - Hokkocyhexatin 500: 50 g/100 l água

  • Sipcatin 500 SC: 50 ml/100 l água

Fenpropathrin - Danimem 300 CE: 200 a 400 ml/l00 l água

  • Meothrin 300: 200 a 250 ml/100 l água

Fenbutatin óxido - Tanger: 60 a 80 ml/100 l água

  • Torque 500 SC: 60 a 80 ml/100 l água
  • Partner: 60 a 80 ml/100 l água

Fenpyroximate - Ortus 50 SC: 100 ml/100 l água

  • Kendo 50 SC: 100 ml/100 l água

Propargite - Omite 300 PM: 250 a 300 ml/100 l água

  • Omite 720 CE BR: 100 ml/100 l água
  • Propargite Fersol 720 CE: 100 ml/100 l água

Flufenoxuron - Cascade 100: 30 a 100 ml/100 l água

Chlorfenapyr - Citrex: 32 a 63 ml/100 l água

  • Pirate: 1,0 a 1,5 l/100 l água

Dinocap - Karathane CE: 50 ml/100 l água

Carbosulfan - Marshal 200 SC: 50 ml/100 l água

Quinomethionate - Morestan 700: 50 g/100 l água

Bromopopilate - Neoron 500 CE: 20 a 40 ml/100 l água

Pyridaphenthion - Ofunak: 1,0 a 1,5 l/ha

Formamidina - Parsec: 150 a 175 ml/100 l água

Azocyclotin - Peropal 250 PM: 100 g/100 l água

Diafentiuron - Polo 500 PM: 10 a 15 g/100 l água

Acrinathrin - Rufast 50 SC: 10 ml/100 l água

Pyridaben - Sanmite: 50 a 75 ml/100 l água

Hexythiazox - Savey PM: 3g/100 l água

Bifenthrin - Talstar 100 CE: 20 ml/100 l água

Prothiofós - Tokuthion 500 CE: 150 ml/100 l água

Abamectin - Vertimec 18 CE: 20 a 30 ml/100 l água.

Para o ácaro vermelho podem ser usados acaricidas espe- cíficos ou inseticidas comumente usados contra o bicho mineiro. São eficientes também as formulações com enxofre. Para o ácaro branco o produto mais usado é o endosulfan. Fazer uma aplicação no início do ataque e repetir, se necessário vinte a trinta dias após. Para o ácaro da leprose são indicados acaricidas usados para a mesma praga em citrus. Destes a maioria não está registrada para café. Duas ou três aplicações são necessárias, de novembro a março devendo-se usar pulverizações em alto volume. O Carbax, o Meothrin e o Morestan são comprovodamente eficientes para o controle do ácaro da leprose.

9. NEMATÓIDES

**_- Meloidogyne exigua

  • Meloidogyne coffeicola
  • Meloidogyne incognita
  • Meloidogyne paranaensis
  • Meloidogyne goeldii
  • Meloidogyne hapla
  • Pratylenchus brachyurus
  • Pratylenchus coffeae_**

(Fotos 48 a 50)

Esta praga tem uma importância destacada na cafeicultura nacional. A sua influência na produção do café é bastante variável e depende das condições edafoclimáticas da região, das práticas culturais adotadas e das espécies presentes. Os nematóides são pequenos vermes que atacam o sistema radicular do cafeeiro, reduzindo sua eficiência na absorção de água e nutrientes, com isso reduzindo o desenvolvimento e a produtivi- dade do cafeeiro.

20 ENCARTE TÉCNICO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS - Nº 64 - DEZEMBRO/

O ataque normalmente ocorre em reboleiras e os sintomas na parte aérea ficam mais evidentes no período seco, devido a menor circulação de seiva causada pela menor quantidade de água no solo.

Apresentam ataque mais severo em regiões de solo arenoso, solos degradados por manejo inadequado e com baixos teores de matéria orgânica, principalmente com referência às espécies M. incognita e M. paranaensis em solos de arenito.

Existem muitas espécies de nematóides atacando o cafeeiro, porém as mais disseminadas são as do gênero Meloidogyne e que vêm causando os maiores danos. As espécies de maior importância são o M. exigua , o M. coffeicola , o M. incognita (quatro ra- ças) e o M. paranaensis.

O M. exigua encontra-se amplamente disseminado na cafeicultura brasileira e tem como plantas hospedeiras o chá, o pimentão, a melancia, a cebola, a trapoeraba, a tiririca, a guanxuma, a azedinha e a maria pretinha. Não é um nematóide muito agressivo em lavouras bem conduzidas, racionalmente adubadas e localizadas em regiões com pouca ou nula deficiência hídrica.

Produz pequenas galhas nas raízes mais finas, com redução do sistema radicular e a parte aérea pode mostrar decadência, com folhas cloróticas e queda de folhas nos períodos mais secos e frios.

O M. coffeicola causa engrossamento e fendilhamento das raízes, havendo descolamento dos tecidos corticais. A casca destaca- se e esfarela-se com facilidade, apresentando pontuações escuras e aspecto de cortiça. Pode haver morte das raízes. Não há formação de galhas. Os sintomas na parte aérea são idênticos aos causados por M.exigua. Este nematóide não apresenta problemas em cafeeiros novos. Os danos começam a ocorrer em cafeeiros a partir dos 8 anos de idade.

O M. incognita ataca o café arábica e o robusta. Alguns robustas são tolerantes e outros resistentes a esse nematóide. As galhas produzidas por esse nematóide são menores que as do M.exigua. Há engrossamento das raízes, com rachaduras e aspecto de cortiça. Existem quatro raças desse nematóide.

O M. paranaensis apresenta as mesmas características, os mesmos sintomas e danos do M.incognita.

O M. incognita e o M. paranaensis são nematóides que causam os maiores prejuízos ao cafeeiro. Sua ocorrência é particularmente importante nas regiões de arenito de São Paulo e Paraná. É praticamente impossível formar cafezais em áreas infestadas por esses nematóides quando se usam materiais suscetíveis no plantio. A ocorrência de mais de uma centena de plantas hospedeiras impede que se faça um controle efetivo desses nematóides através da rotação de cultura ou controle químico.

O M. goeldii foi descrito recentemente e há pouca informação sobre a espécie.

O M. hapla não tem grande importância na cultura cafeeira e ataca também abóbora, soja, tomate, alface, fumo, feijão, batata, etc.

Os nematóides do gênero Pratylenchus ( P. brachyurus e P. coffeae ) são migratórios. Os adultos e larvas entram e saem dos tecidos, não se estabelecendo permanentemente. Podem permanecer no solo sem vegetação por cerca de 21 meses. Proliferam em raízes de gramíneas como o jaraguá, o gordura e o pangola. Reduzem o sistema radicular, causam clorose foliar, paralisam o crescimento e, em alguns casos, podem matar a planta.

A disseminação dos nematóides é feita através de mudas de café infestadas, água das chuvas, implementos agrícolas e mudas

de árvores de sombra ou quebra-ventos contaminados, além do calçado dos trabalhadores, principalmente em dias de chuva. O controle dos nematóides do cafeeiro é uma operação difícil de ser realizada. É praticamente impossível erradicar os nematóides de uma área contaminada. O que se deve fazer é mantê-los com uma população reduzida, que não cause dano econômico. Neste aspecto, dois elementos são essenciais: a observação e a utilização de fatores que limitam os nematóides e a tolerância do cafeeiro a certos níveis populacionais de algumas espécies de nematóides. Mais dois aspectos são importantes: tanto o café como o grande número de plantas hospedeiras propiciam um aumento populacional dos nematóides como o M. incognita , o M. paranaensis e o M. caffeicola.

CONTROLE

Através do conhecimento das espécies e raças presentes no cafezal, da condução da lavoura e do nível tecnológico do cafeicultor pode-se programar estratégias de manejo que nos permita a possibilidade de êxito na guerra contra os nematóides. As principais estratégias deste programa são as seguintes:

- MÉTODOS FITOSSANITÁRIOS

a) Uso anterior da área Ao se instalar um cafezal deve-se dar preferência a áreas onde não se cultivou café recentemente, ou onde não existiam plantas hospedeiras de nematóides parasitas do cafeeiro. De qual-quer maneira, convém retirar amostras de solo e raízes do cafeeiro (se houver) e plantas daninhas para análise nematológica. Deve-se evitar também a utilização de áreas que, pela sua localização, recebam enxurradas e trânsito de máquinas provenientes de cafezais infestados. No caso de cafezais irrigados, evitar o uso de água que passe por cafezais infestados. Quando o ataque se restringir a pequenas reboleiras é conveniente a destruição dos focos, eliminando-se as plantas atacadas, e o manejo das plantas vizinhas com matéria orgânica e uso de nematicidas.

b) Mudas sadias Como o meio mais eficiente de disseminação dos nematóides a longas distâncias é através de mudas contaminadas, seria ideal que cada cafeicultor fizesse as suas próprias mudas. Isto subentende a escolha correta do local do viveiro e da coleta de terra para o enchimento dos recipientes, a desinfecção do substrato e o uso de água de irrigação de boa qualidade. Não sendo possível, procurar adquirir mudas de viveiristas registrados e idôneos. Em caso de dúvidas, realizar análise nematológica nas mudas, mesmo naquelas de produção própria.

- MANEJO CULTURAL

O manejo cultural dos nematóides pode ser realizado através de alguns sistemas como:

a) Alqueive ou pousio É uma prática de uso limitado na cafeicultura. Ela consiste em manter o solo isento de vegetação por algum tempo, através de arações, gradagens ou uso de herbicidas, visando a eliminação de