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SABEDORIA DO EVANGELHO – DR. CARLOS TORRES PASTORINO. Volume1. Pág. 3/127. Tentativa que faziam os copistas para harmonizar o texto de um livro com o de ...
Tipologia: Esquemas
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SA SABBEEDDOORRIIAA DDOO
EVEVAANNGGEELLHHOO
Sabedoria do Evangelho Dr. Carlos Tôrres Pastorino
Diplomado em Filosofia e Teologia pelo Colégio Internacional S.A.M. Zacaria, em Roma Professor Catedrático de Latim no Colégio Militar do Rio de Janeiro e Docente no Colégio Pedro II
1 - "Pequena História da Música” Rio, 1938 (esgotada).
2 - "A Música Através dos Séculos” Rio, 1942 (esgotada),
3 - "Chave da Versão Latina", Rio, 1947 (esgotada).
4 - "Garcia Lema" (em espanhol), Rio, 1948 (esgotada).
5 - "Wim Van Dijk” (em francês), Rio, 1948.
6 - "De Pestilitate In, Lucreti. Poemate” Rio, 1950.
7 – “ Farrapos d'Alma" (poesias), Rio, 1958.
8 - "Método Elementar de Esperanto” Rio, 1959 (2.a edição)
9 - "Latim para os Alunos” , 1
a série, Rio, 1981.
10 - "Latim para os Alunos", 2a^ série, Rio, 1961.
11 - "Teu Lar, Tua Vida” Ria, 1962.
12 - "Latim para os Alunos" Curso Complementar, Rio, 1963
13 - "Teu Amor, Tua Vida” Rio, 1963.
14 - "Sabedoria do Evangelho” 1
o volume, Rio, 1964.
15 - “ La Reencarnación en el Antiguo Testamento, Rio, 1964.
INTRODUÇÃO ( V a XIII )
Antes de penetrarmos no comentário dos Evangelhos, há necessidade de serem explicados certos termos técnicos e de fazer-se ligeiro apanhado histórico, para boa compreensão do que se vai ler.
A palavra grega Euaggélion significa "BOA NOTICIA", e já era empregada nesse sentido pelos autores clássicos, desde Homero. Jesus a utiliza pessoalmente, segundo os testemunhos de Mateus (24:14 e 26:13) e de Marcos (1:15; 8:35; 10:29; 13:10; 14:9 e 16:15). Além dessas passagens, a palavra "Evangelho" aparece mais 68 vezes em o Novo Testamento.
A palavra "Testamento", em grego diathéke, apresenta dois sentidos: 1 o^ o "testamento" em que alguém designa seus herdeiros; 2o^ a “ aliança" que define os termos de um contrato, a que se obrigam as partes que se aliam. Neste sentido de "aliança entre Deus e os homens" é empregado, dividindo- se em duas partes: o VELHO ou ANTIGO TESTAMENTO, escrito antes da vinda de Jesus; e o NOVO, onde se reúnem as escritos a respeito de Jesus.
Essa distinção foi feita por Jesus: "este cálice é o NOVO TESTAMENTO em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc.22:20); e Paulo também opõe o Novo ao Velho: " fez-nos ministros idôneos do NOVO TESTAMENTO" (2a^ Cor. 3:6) e adiante: "até o dia de hoje, na leitura do VELHO TESTAMENTO, permanece o mesmo véu" (2a^ Cor. 3:14).
A palavra cânone significa "regra", e designa o exemplar perfeito e completo das Escrituras. O cânone do Novo Testamento é constituído de 27 obras, assim divididas:
A ) Livros Históricos:
[VI] B ) Epístolas Paulinas ( de Paulo de Tarso )
C ) Epístolas Universais:
D ) Livro Profético
Os primeiros exemplares do Novo Testamento eram copiados em papiros (espécie de papel), material frágil e facilmente deteriorável. Mais tarde passaram a ser escritos em pergaminho (pele de carneiro), tornando-se mais resistentes e duradouros. Os manuscritos eram grafados em letras "capitais , ou "unciais" (ou seja, maiúsculas). Só a partir do 8º século passaram a ser escritos em "cursivo", ou letras minúsculas.
As cópias eram feitas em folhas coladas umas às outras, formando uma tira enorme, que era enrolada em "rolos" ou "volumes".
Quando as páginas permaneciam separadas e eram costuradas como os nossos livros atuais, por uma das margens, tinham o nome de "códices".
Os encarregados de copiar os manuscritos chamavam-se "copistas ou "escribas". Mas nem sempre conheciam bem a língua, sendo apenas bons desenhistas das letras. Pior ainda se tinham conhecimento da língua, porque então se arvoravam a "emendar" o texto, para conformá-lo a seus conhecimentos. Não havia sinais gráficos para separação de orações, e as próprias palavras eram copiadas de seguida, sem intervalo, para poupar o pergaminho que era muito caro. Dai os recursos empregados, como:
ou reunião de várias letras numa SIGLA, por exemplo: pq, para exprimir porque. Algumas abreviaturas eram perigosas, como: OC. que significa "aquele que". Mas se houvesse um pequenino sinal no meio do O, fazendo dele um "theta", passaria a significar "Deus, (cfr. 1 Tim. 3:16).
A colação de códices é a comparação que se faz entre dois ou mais códices, escolhendo-se a melhor "lição" para cada "passo".
A expressão latina "custos linearum" (guarda das linhas) era empregada para designar uma letra que se escrevia no fim das linhas, para "encher" um espaço que ficasse vazio. Por vezes o "custos,, era interpretado como uma abreviatura e entrava como uma "Interpolação"; doutras vezes; era realmente uma abreviatura, e era interpretada como 'custos", não se copiando.
São duas palavras gregas que indicam uma palavra usada por um só autor, isto é, um neologismo criado pelo autor e desconhecido antes dele, e que vem empregado uma só vez na obra, como por exemplo a palavra "epiousion" em Mt. 6:11, que não foi traduzida na Vulgata.
corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias" (Patrologia Grega, Migne, vol. 13, col. 1.293).
Quanto mais se avançava no tempo, mais crescia o número de cópias e de variantes, aumentando sempre mais o desejo de possuir-se um texto fixo e autorizado. Chegávamos ao 4 o século. Constantino estabeleceu que o Bispo de Roma devia ser o primaz da Cristandade. O imperador Teodósio deu mão forte aos cristãos romanos, declarando o cristianismo "religião do Estado", e firmando, desse modo a autoridade do Bispo de Roma. Ocupava o Bispado o então Papa Dâmaso (português de nascimento), devendo anotar-se que, naquela época, todos os Bispos eram denominados "papas". Desejando atender ao clamor geral, Dâmaso encarregou Jerônimo de estabelecer o TEXTO DEFINITIVO das Escrituras. A tarefa era ingente, e Jerônimo tinha capacidade para desempenhá-la, pois conhecia bem o hebraico, o grego e o latim. Ele devia re-traduzir para o latim todas as Escrituras, já que as versões antigas (vetus latina) eram variadíssimas.
A tradução latina de Jerônimo é conhecida com o nome de Vulgata, ou seja, edição para o vulgo, e tem caráter dogmático para os católicos romanos.
A língua original do Novo Testamento é o grego denominado Koiné, ou seja, comum, popular, falado pelo povo. Não é o grego clássico. O grego do Novo Testamento apresenta um colorido francamente hebraista, e bem se compreende a razão: todos os autores eram judeus, com exceção de Lucas, que era grego.
MATEUS (nome grego, Matháios, que significa "dom de Deus, o mesmo que Teodoro). Seu nome em hebraico era LEVI. Diz Papias que "Mateus reuniu os "Logía" de Jesus (ou seja os discursos), e cada um os traduziu como pôde do hebraico em que tinham sido escritos". Todavia, jamais foi encontrada nenhuma citação de Mateus; em hebraico, nem mesmo em aramaico. Com efeito, em hebraico é que não escreveu ele, já que desde 400 anos antes de Cristo o hebraico não era mais falado, e sim o aramaico, que é uma mistura de hebraico com siríaco. Parece, pois, que Papias não tinha informação segura.
[X] Um argumento em favor do hebraico ou aramaico de Mateus original são seus numerosíssimos hebraísmos. Entretanto, qualquer tradutor teria o cuidado de expurgar a obra dos hebraísmos. Se eles aparecem em abundância, é mais lógico supor-se que o autor era judeu, e escrevia numa língua que ele não conhecia bem, e por isso deixava escapar muitos barbarismos.
Supões-se que Mateus haja escrito entre os anos 54 e 62.
Dirige-se claramente aos judeus (basta observar as numerosas citações do Velho Testamento e o esforço para provar que Jesus era o Messias prometido aos judeus pelos antigos Profetas). Mateus mostra-se até irritado contra seus antigos correligionários.
MARCOS, ou melhor, JOÃO MARCOS, era sobrinho de Pedro. O nome João era hebraico, mas o segundo nome Marcos era puramente latino. Não deve admirar-nos esse hibridismo, sabendo-se que os romanos dominavam a Palestina desde 70 anos antes de Cristo, introduzindo entre o povo não apenas a língua grega, como os nomes latinos e gregos. (Os romanos impuseram a língua latina às conquistas do ocidente e a grega às do oriente, dai o fato de falar-se grego na Palestina desde 70 anos antes de Cristo, por coação dos dominadores).
Marcos escreveu entre 62 e 66, e parece que se dirigia aos romanos, tanto que não vemos nele citações de profecias; apenas uma vez (e duvidosa) cita o Velho Testamento. Mais: se aparece algo de típico dos costumes judaicos, Marcos apressa-se a esclarecer, explicando com pormenores o de que se trata, como estando consciente de que seus leitores, normalmente, não no perceberiam.
LUCAS, abreviatura grega do nome latino Lucianus, não tinha sangue judeu: era grego puro, de nascimento e de raça. Escreveu em linguagem correta, entre 66 e 70, interpretando o pensamento de
Paulo a quem acompanhava nas viagens apostólicas, talvez para prestar-lhe assistência médica, pois o próprio Paulo o chama "médico querido" (cfr. 2a^ Cor. 12:7).
Todo o plano de sua obra é organizado, demonstrando hábito de estudo e leitura e de pesquisa.
JOÃO, chamado também "o discípulo amado", e mais tarde "o presbítero", isto é, o "velho". Filho de Zebedeu, e portanto primo irmão de Jesus, acompanhou o Mestre no pequeno grupo iniciático, com seu irmão Tiago e com Pedro.
Clemente de Alexandria diz ter João escrito o "Evangelho Pneumático". Sabemos que "pneuma" significa "Espírito". Então, é o Evangelho espiritual. Em que sentido? Escrito por um Espírito? "Pneumografado"? Tal como hoje dizemos "psicografado"?
João escreveu entre 70 e 100, tendo desencarnado em 104.
Seu estilo é altaneiro, condoreiro e seu Evangelho está repleto de simbolísmos iniciáticos, tendo dado origem a uma teologia.
[XI] Lingüisticamente, Lucas é o mais correto e Marcos o mais vulgar , estando Mateus e João escritos numa linguagem intermediária.
Mateus, Marcos e Lucas seguem, de tal forma, o mesmo plano e desenvolvimento, que podem ser abarcados num só olhar (ópticos) de conjunto (sin). Verifica-se com facilidade que Mateus foi o primeiro a publicar o seu, tendo Marcos resumido a seguir. Muitos outros seguiram o exemplo desses dois, tendo aparecido talvez uma centena de resenhas dos atos do Mestre. Foi quando Lucas resolveu, conforme declara, “ organizar" uma narração escoimada de falhas.
Aceitamos que a Bíblia, e de modo particular o Novo Testamento tenham sido inspirados, direta e sensivelmente, por espíritos, se bem que nem todos com a mesma elevação.
Pedro, com toda a sua autoridade de Chefe do Colégio Apostólico, afirma categoricamente, referindo-se aos escritores do Velho Testamento: "homens que falaram da parte de Deus, e que foram movidos por algum espírito santo" (2 Pe. 1: 2 1). E ainda: "O Espírito de Cristo, que estava neles, testificou" (1 Pe. 1:11).
E no discurso de Estêvão, narrado em Atos 7:53, o proto-mártir afirma: "vós que recebestes a Lei por ministério de anjos", isto é, por intermédio de espíritos.
Tudo isso é normal e comum até nossos dias. Mas, desconhecendo a técnica, cientificamente estudada e experimentada por sábios e por pesquisadores espiritualistas, a partir de Allan Kardec, os comentadores se perdem em divagações cerebrinas. Ao invés de admitir a psicografia (direta, mecânica ou semi-mecânica) e a psicofonia (total ou parcial), a audiência e vidência, ficam a conjeturar "como" pode ter-se dado a fato, chegando a afirmar que "as pedras da Lei foram realmente escritas pelo dedo de Deus" (Dr. Tregelles, Introdução ao N.T.). Mais modernarnente, Joseph Angus (Hist. Doutr. e Interpr. da Bíblia), escreve: "notam-se, nas diversas partes da Bíblia, no conteúdo e no tom, diferenças evidentes; têm sido feitas distinções entre “ inspiração de direção " e " inspiração de sugestão " (?) ; entre a Iluminação e o ditado ; entre " influência dinâmica " e " influência mecânica ". Vê-se que já se está aproximando da realidade, mas o desconhecimento das estudos modernos o faz ainda titubear.
Ainda a respeito da inspiração, perguntam os teólogos se a inspiração da Bíblia deve ser considerada VERBAL (isto é, que todas as suas PALAVRAS tenham sido inspiradas diretamente por Deus - naturalmente no original hebraico ou grego), ou se será apenas IDEOLÓGICA. Faz-se então a aplicação: em Tobias, 11:9, é dito "então o cão que os vinha seguindo pelo caminho, correu adiante, e como que trazendo a notícia, mostrava seu contentamento abanando a cauda” - Pergunta-se: é de fé que "o cão abane a cauda quando está alegre"'?. E respondem: "não, mas é de fé que, naquele momento, um cão abanou a cauda...
Então, não devem ser tomados à risca.
e - os nomes de cidade e de pessoas precisam ser observados com atenção. Basta recordar que "César", em Lc. 2:1 refere-se a Tibério, mas em At. 25:21 refere-se a Nero.
2ª regra - Interpretar o texto de acordo com o contexto. Por exemplo, "obras" pode significar "boas ações", como em Rom. 2:6, em Mt. 16:27; ou pode exprimir apenas "ritos, liturgia", como em Rom. 3:20, 28, etc.
Neste campo, podemos explicar o texto segundo o contexto, quer por analogia, quer por antítese; ou então, por paralelismo com outros passos. Não perder de vista, no contexto, que:
a - as palavras podem ser compreendidas em sentido mais, ou menos, amplo, do que o sentido ordinário;
b - as palavras podem exprimir o contrário (por ironia), como em Jo. 6:68;
c - não havendo sinais diacríticos nem pontuação nos manuscritos e códices, temos que estudar a localização exata das vírgulas e demais sinais, especialmente dos parênteses;
d - podem aparecer diálogos retóricos, como em Rom. cap. 3.
3ª regra - Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o "pequeno" dentro do "grande", o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. Por exemplo, em Romanos (14:5) Paulo permite aos judeus a observância de datas, enquanto aos Gálatas (4-10- [XIV] 11) proíbe que o façam: Isto porque, entre estes, os judeus queriam obrigar os gentios à observância, das datas judaicas.
4ª regra - Comparar Escritura com Escritura, é melhor que fazê-lo com obras profanas.
Por exemplo, a expressão "revestir o Cristo" (Gál. 3:27) é explicada em Rom. 13:14 e é descrita em pormenores em Col. 3:10.
Cada Escritura pode apresentar diversas interpretações, no mesmo trecho. A vantagem disso é que, de acordo com a escala evolutiva em que se acha a criatura que lê, pode a interpretação ser menos ou mais profunda.
Os principiantes compreendem, de modo geral, a "letra" e a ela se apegam. Mas, além do sentido literal, temos o alegórico, o simbólico e o espiritual ou místico. O sentido alegórico faz extrair numerosas significações de cada representação, compreendendo, por exemplo, a história de Abraão como uma alegoria das relações entre a matéria e o espírito.
A interpretação simbólica é mais elevada: dá-nos a revelação de uma verdade que se torna, digamos assim, "transparente" e visível, através de um texto que a recobre totalmente; basta-nos recordar a CRUZ, para os cristãos: é um símbolo muito mais profundo, que os dois pedaços de madeira superpostos.
A interpretação espiritual é aquela que dificilmente poderá ser expressa em palavras, mas é sentida e vivida em nosso eu mais profundo, levando-nos, através de certas palavras e expressões, à união mística com a Divindade que reside dentro de nós. Quase sempre, a compreensão espiritual ou mística da Escritura leva ao êxtase, e portanto à CONvivência, com o Todo.
Dadas estas notas introdutórias, iniciaremos um comentário dos Evangelhos, a começar pelo de João, pois procuraremos interpretar os Evangelhos num todo único, a fim de evitar repetições. Fizemos, pois, uma "harmonia" dos quatro evangelistas, e iremos dando os textos para logo a seguir comentá-los.
1 No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio em Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada, foi feito. 4 O que foi feito nele, era a Vida e a Vida era a Luz dos homens; 5 e a Luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram, contra ela. 6 Houve um homem, chamado João, enviado por Deus. 7 Veio ele como testemunha, para dar testemunho da Luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. 8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da Luz. 9 Havia a Luz Verdadeira que ilumina a todo homem que vem ao mundo. 10 Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. 11 Veio entre os seus, e os seus não o receberam. 12 Mas deu o poder de tomar-se filhos de Deus a todos os que o receberam, aos que acreditaram em seu nome, 13 que não nasceram nem do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e construiu seu tabernáculo dentro de nós, cheio de graça e Verdade, e nós contemplamos sua glória, glória igual à do filho Unigênito do Pal. 15 João dá testemunho e exclama: "Eis aquele de quem eu dizia: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim". 16 De sua plenitude todos nós recebemos, e graça por graça, 17 porque a Lei foi dada por Moisés mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu Deus: o Filho Unigênito que está no seio do Pai é que O revelou.
Neste preâmbulo do Evangelho de João, o mais altaneiro e inspirado, temos revelada, em poucas mas profundas palavras, a teologia que Jesus ensinou a discípulos.
Não temos um tratado completo, mas as noções básicas para que a humanidade possa compreender o assunto.
O evangelista define, desde o início, o que pretende: falar de Deus através de suas manifestações. Não só do ABSOLUTO (no sentido que os hindus emprestam à palavra BRAHMAN).
A única idéia que nossa imperfeição pode fazer de Deus, é que Ele é o Absoluto, sem princípio [2] nem fim, sem limitação alguma. Não uma pessoa, mas uma Força Infinita, uma Razão Ilimitada, a Mente Universal. Falando a respeito dessa Força (de Deus), Jesus assim se expressa (Jo.4:24): "Deus é ESPIRITO". Então, ESPIRITO é a palavra que pode exprimir essa Inteligência Divina, essa Inteligência Universal, essa Força Cósmica, que está em toda parte, permeando e impregnando tudo: o Absoluto, o TODO inteligente, que faz brotar as plantas e impele ao nascimento os seres, e ao mesmo tempo, que regula o movimento dos astros nos espaços infinitos.
qual devia dar testemunho. Deus o ENVIOU para que ele dissesse aos homens aquilo que ele conhecia, que havia visto, que podia testemunhar por experiência própria e direta.
Não estranhemos o modo de expressar-se do evangelista: quase a cada passo do Novo Testamento, encontramos uma referência clara ou velada à vida do espírito anterior ao nascimento na Terra, ao que chamamos reencarnação.
João Batista conhecia a Luz ANTES DE NASCER NA TERRA, porque tinha existência plenamente consciente, era dotado de inteligência, e podia testificar aquilo que vira. Podia, pois, [4] afirmar: "eu sei, eu vi”. E os outros podiam crer nas palavras dele. Mas o evangelista não deixa de chamar a atenção dos leitores: “ ele NÃO ERA a Luz” , apenas a conhecia
Depois de falar nisso, o evangelista alça-se a falar na Luz Verdadeira, na Verdadeira Vida, que vivifica toda criatura, Vida que é uma das manifestações da Divindade nos seres criados. Essa manifestação divina está no mundo, mas o mundo não a reconhece, embora tire dela sua própria origem.
E dessa Luz, passa logo a falar na Luz que se materializou na Terra: a figura ímpar de Jesus, aquele de quem justamente João viera para dar testemunho. E o apóstolo diz que Jesus era "a verdadeira Luz que ilumina todos os homens que vêm à Terra". E Jesus estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, ele estava, entre "os seus" e "os seus não o reconheceram"...
Precisamos distinguir aqui entre JESUS, o homem, e o CRISTO, a força divina que impregna todas as coisas, todos os seres.
JESUS é um espírito humano, com uma evolução incalculável à nossa dianteira. Foi ele quem criou este globo terráqueo (senão todo o sistema solar). Ele mesmo, Jesus - habitante elevadíssimo de algum planeta divino - ( “ na casa de meu Pai há multas moradas", Jo. 14:2) teve o encargo de criar mais um planeta no Universo infinito.
Assim como determinamos a uma criança que, de um pedaço de madeira, faça uma espátula; ou encarregamos a um mestre de obras a construção de uma casa; ou solicitamos de um engenheiro a construção de uma máquina eletrônica; assim Jesus foi o encarregado de construir um planeta. E ele o fez. Não num abrir e fechar olhos, como num passe de mágica; nem sozinho, mas com auxiliares diretos seus, arquitetos divinos e de força transcendente. A Bíblia, no Gênesis, confirma isso, quando diz que o mundo (a Terra) foi feita pelos "elohim". A palavra hebraica "elohim" é o plural de "elohá", e exprime os espíritos. Todos os “ elohim" estavam sob a direção de um Espírito - Chefe, que o Velho Testamento chama "Jeová" (YHVH).
Esse espírito Jeová foi o construtor ou criador da Terra; ele agora estava na Terra, a Terra foi feita por ele, e "os seus" não o. reconheceram"... Vemos uma semelhança entre Jeová e Jesus: Jeová, o Espírito diretor das atividades da Terra, tomou o nome de Jesus quando reencarnou em nosso (melhor, em SEU planeta). Leia-se o que está escrito em Isaías, quando esse profeta fala ao povo israelita: "EM TI NASCERÁ JEOVÁ" (Is.60:2). Além disso, se dividirmos ao meio o tetragrama sagrado (YHVH), e no centro acrescentarmos um schin , a leitura será exatamente o nome YEH-SH- UAH , ou, seja, JESUS em hebraico :-
"Ele veio entre os seus, e os seus não o receberam". Realmente, todos nós, na Terra, pertencemos a ele, que nos veio trazendo desde o início da evolução, acompanhando nossos passos com carinho e amor.
E o apóstolo prossegue: "deu o poder de tornar-se filhos de Deus a todos os que o receberam e [5] acreditaram em seu nome". Não por causa de privilégios, mas por evolução própria, veremos mais abaixo. A expressão "filho de", muitíssimo usada na Bíblia, é um hebraísmo que exprime o ser, que possui a qualidade do substantivo que se lhe segue. Por exemplo: "filho da paz" é o pacífico; "filho da luz" é o iluminado; então, "filho de Deus" é o ser que se divinizou, que se tornou participante da Divindade, que conseguiu ser "um com o Pai". E todos os que nele acreditam e obedecem a seus preceitos, tornam-se divinos: "eu e o Pai viremos e NELE faremos morada" (Jo. 14:23).
Aí reside o segredo de a criatura tornar-se divina.
Mas esses seres que se divinizaram, "não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus". São três expressões claras: o sangue, a carne, o homem. Desses três não depende o tornar-se divino. O sangue exprime a alma, ou corpo astral(*), ou perispírito, conforme se lê "a alma da carne é o sangue" (Lev. 17: 11) ; a carne representa o corpo físico, a matéria densa, acompanhada logicamente do duplo etérico; o homem simboliza o intelecto. Essas são as partes constituintes da PERSONALIDADE. E realmente não depende da personalidade o encontro com Deus, e sim da INDIVIDUALIDADE SUPERIOR. Tornam-se unidos a Deus aqueles
que já vivem na individualidade, embora ainda encarcerados na matéria, presos à personalidade inferior e transitória da carne.
(*) há nota no Vol 4 , O DISCIPULATO, no trecho referente ao SOMA que o autor retifica esta informação.
Continua o evangelista a explanar o mesmo assunto: "o Verbo se fez carne e construiu seu tabernáculo dentro de nós (verifique-se o sentido do original grego ). Precisamente o grande mistério revelado: o CRISTO, em que se transformou o Verbo, reside DENTRO de cada um de nós, dentro de nossa matéria, de nossa carne: o Verbo se tornou carne. E espera que vamos ao encontro dele, que nele acreditemos, porque ele aí está, "cheio de graça e de verdade", ou seja, cheio da verdadeira graça que é a benevolência ( χάριζ ) e o amor.
A glória do CRISTO dentro de cada um de nós ainda não se manifesta exteriormente, por causa de nossa imperfeição: somos como lâmpadas poderosíssimas e acesas, mas revestidas de grossa camada de lama, que não deixa transparecer a luz que existe internamente. Em Jesus, não: a limpeza era absoluta, sua transparência era mais límpida que a do mais puro cristal imaginável, e a luz interna do CRISTO era totalmente visível, a tal ponto que Paulo pôde escrever: "nele habitava TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE" (Col. 2:9). Por isso foi Jesus chamado "O CRISTO", e dele disse o evangelista: "nós contemplamos a sua glória, glória IGUAL A DO FILHO UNIGÊNITO DO PAI", ou seja, a glória de Jesus era igual à glória do Cristo Eterno, Filho de Deus, terceiro aspecto da Divindade.
Não podemos, pois, condenar aqueles que, durante tantos séculos, adoraram e adoram a Jesus como Deus: sim, Jesus é a manifestação plena da Divindade. Em todas as criaturas reside Deus no mesmo grau, mas em nós, imperfeitos, Deus se acha encoberto por nossa personalidade vaidosa; em Jesus, todavia, perfeitíssimo como era, o Cristo Eterno transparecia com assombrosa pureza. E todos os que "tinham olhos de ver", reconheceram essa manifestação cristônica.
[6] Não viram Deus EM SI , ou seja, o ESPÍRITO ABSOLUTO. O próprio evangelista esclarece: "ninguém jamais viu Deus". Mas "o Filho Unigênito (o Cristo), que está no seio do Pai" o revelou, manifestando-se em Jesus. E está conclamando todos os homens para que o revelem. Paulo o descreve com palavras sentidas: “ o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza... e intercede por nós com gemidos indizíveis” (Rom. 8:26).
João Batista reconhecia que Jesus era maior e anterior a ele.
Mas assim como em Jesus "habitava toda a plenitude da Divindade", assim também NÓS TODOS recebemos de sua plenitude. Deus não faz acepção de pessoas. Dá tudo a todos igualmente. Mas cada um recebe de acordo com sua capacidade receptiva, com sua evolução.
Isto também afirma o evangelista: "De sua plenitude TODOS NÓS recebemos, e GRAÇA POR GRAÇA". Sem dúvida, a cada passo que damos, aumentamos nossa capacidade evolutiva, ao que corresponde um acréscimo da manifestação divina em nós: a cada aumento do recipiente corresponde um pouco mais de conteúdo. Assim conosco: "todos nós recebemos DE SUA PLENITUDE, mas GRAÇA POR GRAÇA".
Chegando ao fim desse intróito sublime, o evangelista acrescenta mais uma pérola: "porque a Lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus, o Cristo". Não percamos de mira que Graça (em grego charis, χάριζ ) exprime o sentido de "benevolência, boa vontade". Nem nos esqueçamos de que a construção grega “ graça e verdade" pode formar uma hendíades. Então, o sentido que, legitimamente, pode deduzir-se daí é o seguinte: "A LEI foi revelada por Moisés (a Lei de Causa e Efeito - dente por dente), mas a VERDADEIRA BENEVOLÊNCIA veio com Jesus o Cristo", que nos ensinou a “ misericórdia de acréscimo “ , isto é, o segredo para libertar-nos dessa Lei.
Realmente, Moisés foi o Legislador para a personalidade humana, estabelecendo numerosas restrições e proibições. Jesus foi o Legislador divino para a individualidade eterna, estabelecendo as bases para o contato do homem insignificante com o Cristo, da criatura com o Criador, na “ gloriosa liberdade dos Filhos de Deus" (Rom. 8:21), porque “ onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade" ( Cor. 3:17).
Em todos os capítulos, em todas as palavras dos Evangelhos, encontramos chamamentos angustiosos do Cristo, para que o homem siga seu caminho infinito ao encontro do Pai.
E além das palavras, encontramos o magnífico exemplo de Jesus, nosso irmão primogênito, que segue à nossa frente, indicando-nos o caminho com sua própria vida, com seus atos, com seu amor, ensinando-nos que só no AMOR, semelhante ao dele, podemos encontrar a rota definitiva: “ um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros TANTO, QUANTO eu vos amei" (Jo. 34:13).
O PRÓLOGO DE LUCAS ( 7 a 25)
Luc. 1:
1 Tendo muitos empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, 2 como nô-las transmitiram os que foram deles; testemunhas oculares desde o princípio e ministros da palavra, 3 também a mim - depois de haver investigado tudo cuidadosamente desde o começo pareceu-me bem, excelentíssimo Teófilo, dar-te por escrito uma narração em ordem, 4 para que conheças a verdade das coisas em que foste instruído.
[8] Por este prólogo, ficamos sabendo que muitos haviam tentado escrever a história da vida de Jesus. Mas as obras eram desorganizadas, já que os autores não possuíam cultura. Lucas, por ser médico, estava acostumado ao estudo sistemático, tendo por isso competência para traçar um quadro numa ordem que era mais lógica que cronológica.
É o que ele tenta fazer. Habituado, porém, à pesquisa científica, antes de faze-lo empreende a busca de pessoas que haviam conhecido de perto o Mestre e acompanhado Sua vida, já que o médico grego não chegara a encontrar-se pessoalmente com Jesus.
Pelo que narra, e por suas viagens ao lado de Paulo, passando por Éfeso, chegamos à conclusão de que uma das pessoas ouvidas foi Maria a mãe de Jesus, que passou os últimos anos de sua vida nessa cidade: em companhia de João (o Evangelista).
Lucas deseja começar "desde o principio" ( ). Esse advérbio grego pode ter dois sentidos principais: "do alto" (donde o sentido de "desde o começo", isto é, "do ponto mais alto no tempo"), e também o sentido de " de novo ". Ambos podem caber aqui: ;”depois de haver investigado tudo cuidadosamente de novo”, ou seja, sem fiar-se ao que apenas lera nos muitos escritos anteriores.
geral, afirmam os comentadores tratar-se de uma personagem real e viva àquela época, por causa do título "excelentíssimo" que lhe é anteposto. E deduzem ser o "Teófilo" convertido por Pedro em Antióquia, e do qual fala a obra Recognitiones (Patrologia Grega, vol. 1, col. 1453), dizendo-se "o mais elevado entre todos os poderosos da cidade".
Entretanto, parece-nos dirigir-se Lucas aos cristãos que realmente fossem " amigos de Deus no mais sublime ou excelente sentido ". Não confundamos o sentido atual do título "excelentíssimo", aplicado habitualmente às pessoas de condição social elevada, com o sentido etimológico da palavra, ainda usado por nós, quando dizemos: "esta pintura está excelente". A época de Lucas, não nos consta ser corrente o título honorífico; mas é indubitável que o sentido etimológico existia.
Compreendamos, então: "ó amigo excelente de Deus".
O mesmo tipo de prólogo lemos no início dos "Atos dos Apóstolos", obra também do mesmo autor Lucas, e que serviria de continuação natural ao Evangelho que ele escrevera. Nos Atos lemos: "em minha primeira narrativa, ó Teófilo, contei"...
Se, pois, os cristãos, a quem se dirigia Lucas, eram "excelentes", no mais elevado grau (excelentÍSSIMOS), o evangelista tinha a intenção de dedicar-Ihes uma obra com revelações profundas, alegóricas e simbólicas, que pudessem trazer algo mais didático quanto à espiritualização; e não apenas o relato "histórico e cronológico".
Queixam-se os comentadores profanos de que não há datas nos Evangelhos, e que portanto os fatos não podem ser situados "cronologicamente na História". Mas eles não escreveram para a personalidade transitória: trouxeram ensinos para a individualidade eterna, transitoriamente de passagem pela Terra ( " enquanto estou nesta TENDA DE VIAGEM ", 2 Pe. 1:13 ). E por isso, o
[9] essencial era o sentido profundo que se escondia nas entrelinhas, e que hoje precisa ser lido mais com o coração do que com o intelecto.
Os cristãos, pelo menos os que eram, "excelentíssimos amigos de Deus", deviam ter conhecimento do sentido profundo (digamos oculto") que havia nos ensinos e nas palavras de Jesus, assim como nos de toda a Antiga Escritura (da qual dizia Paulo que, àquela época, "ainda não fora levantado o véu", 2 Cor. 3:14) com referência à origem e destino da criatura humana.
Cada ensinamento e cada fato constituem, por si mesmos, uma alusão, clara ou velada, à orientação que Jesus deu à Humanidade, para que pudesse jornadear com segurança pela Terra.
Afastados de Deus, da Fonte de Luz (não por distância física, mas por freqüência vibratória muito mais baixa), o Espírito tinha a finalidade de tomar a elevar sua freqüência, para novamente aproximar-se do Grande Foco de Luz Incriada.
Note-se bem que, estando Deus em toda parte e em tudo (Ef. 4:6) e em todos (1 Cor. 15:28), ninguém e nada pode jamais "separar-se" de Deus, donde tudo provém e no Qual se encontram todas as coisas, já que Deus é a substância última, a essência REAL de tudo e de todos. Tudo o que "existe", EST EX, ou seja, está de fora, exteriorizado, mas não "fora" de Deus, e sim DENTRO DELE.
Assim, a centelha divina, o "Raío-de-Luz", afastando-se do Foco - não por distanciamento físico, mas - por abaixamento de suas vibrações, chegou ao ponto ínfimo de vibrações por segundo, caindo no frio da matéria (de 1 a 16 vibrações por segundo). Daí terá novamente que elevar sua freqüência vibratória até o ponto de energia e, continuando sua elevação, até o espírito, e mais além ainda, onde nosso intelecto não alcança.
A criatura humana, pois, no estágio atual - a quem Jesus trouxe Seus ensinamentos - é uma Centelha-Divina, porque provém de Deus (At. 17:28, "Dele também somos geração"). Mas está lançada numa. peregrinação pela Terra, numa jornada árdua para o Infinito. Na criatura, então, a essência fundamental é a Centelha-Divina, a Mônada: isso constitui nosso EU PROFUNDO ou EU SUPREMO, também denominado CRISTO INTERNO, que é a manifestação da Divindade.
Entretanto, um raio-de-sol, por mais que se afaste de sua fonte, nunca pode ser dela separado, nunca pode "destacar-se dela (quem jamais conseguiu "isolar" um raio-de-sol de sua fonte? qualquer tentativa de interceptá-lo, fá-lo retirar-se para trás, e só permanecemos com a sombra e as trevas). Assim o ser humano, o EU profundo, jamais poderá ser "destacado" nem "separado" de sua Fonte, que é Deus; poderá afastar-se aparentemente, por esfriamento, devido à baixa freqüência vibratória que assumiu,
Ora, acontece que esse Raio-de-Sol (a Centelha-Divina) se torna o que chamamos um "Espírito", [10] ao assumir uma individualidade. Esse espírito apresenta tríplice manifestação ( “ à imagem e semelhança dos elohim", Gen. 1:26):
1- a Centelha-Divina - o EU, o AMOR
2- a Mente Criadora - o Verbo, o AMANTE
3- o Espírito Individualizado - o Filho, o AMADO. que é sua manifestação no tempo e no espaço.
Encontramos, pois, o ser humano constituído, fundamental e profundamente. pela Centelha- Divina, que é o EU profundo (o – atma - dos hindus); a Mente criadora e inspiradora, que reside no coração (há 86 passagens no Evangelho que o afirmam categoricamente), e a individualização, que constitui o Espírito, iluminado pela Centelha (hindu: "búdico"), com sua expressão "causal", porque é a causa de toda evolução.
Essa tríplice manifestação da Mônada é chamada a INDIVIDUALIDADE, ou o TRIÂNGULO SUPERIOR do ser humano atual.
Entretanto, ao baixar mais suas vibrações esse conjunto desce à matéria torna-se carne", Jo. 1:14), manifestando-se no tempo e no espaço, e constituindo a PERSONALIDADE ou o QUATERNÁRIO INFERIOR, para onde passa sua consciência, enquanto se encontra "crucificada" no corpo físico.
instrutivos.
Assim, verificamos que todas as personagens citadas são reais, físicas, existentes na matéria, mas constituem, além disso, TAMBÉM, um símbolo para esclarecer a caminhada evolutiva do Espirito através de suas numerosas vidas sucessivas, iniciadas no infinito da eternidade e que terminarão na eternidade do infinito, embora, no momento presente, estejam jornadeando através do tempo finito e do espaço limitado.
A fim de dar um pequeno e rápido exemplo, num relancear d'olhos, daremos em esquema os símbolos mais acentuados das personagens evangélicas. A pouco e pouco chamaremos a atenção de nossos leitores sobre outras personalidades e fatos que foram ocorrendo.
[12]
O que é. O que faz
Centelha-Divina Atma, Mônada, EU profundo - CRISTO INTERNO.
Envolve-se e se desenvolve, sem jamais errar nem sofrer, porque é perfeita e onisciente, como emanação da Divindade,
Mente-espiritual (Manas) Vibra no plano mental, criando idéias e formas e individualizando o Espírito, lançando-o à personalidade para faze- lo evoluir
Criador de idéias e inspirador, que transmite os impulsos e chamados do EU profundo, forçando a evoluir. Mas, desligado da personalidade pela supremacia do Intelecto, com ele só se comunica por lampejos, pela Intuição.
TRÍADE SUPERIOR ou INDIVIDUALIDADE eterna, que reencarna muitas vezes até total libertação de todos os desejos, conquistada através das experiências de prazer e dor.
Espírito - Vibra no plano causal, registro das causas e experiências e Impulsionador dos efeitos
Involui e evolui, errando e aprendendo, através da dor e das experiências adquiridas em sua imensa jornada evolutiva
INTUIÇÃO — ponte de ligação entre a mente e o intelecto, ou seja, entre a individualidade e a personalidade
Intelecto ou mente concreta
Manipula as Idéias que se transformam em pensamentos e raciocínios discursivos; necessita desenvolver-se a cada novo nascimento, porque o cérebro físico é novo; filtra as idéias da mente de acordo com a capacidade do cérebro. Se nem isso consegue, limita-se a receber idéias alheias através de livros e mestres, até aprender a ligar-se à mente pela intuição.
Corpo astral. Sede dos sentimentos e emoções, desejos e ambições, prazeres e dores morais.
Duplo etérico sempre ligado ao
Sede das sensações chamadas "físicas" (dor, calor, prazer etc.), que criam os impulsos , os quais, tornando-se habituais, formam os instintos
INFERIOR ou PERSONALIDADE transitória, que se renova a cada nova encarnação, assumindo novo nome e tendo consciência (menor) apenas desse nome da existência "em ato", que permanece durante sua vida na Terra e continua após a desencarnação, até o renascimento seguinte, quando outra personalidade e outro nome são adquiridos ("ao homem foi ordenado que morra uma só vez", Heb. 9:27). A personalidade, pois, é "O HOMEM".
Corpo físico ou denso.
Condensação do corpo astral na matéria densa, onde repercutem todos os pensamentos, pois o corpo físico. é apenas a materialização do pensamento do Espírito que ainda busca sensações e alimenta desejos(de qualquer espécie)
Figuras que são ou simbolizam as diversas escalas evolutivas
PAI NOSSO que estás nos céus (na Individualidade).
Santificado seja Teu Nome (Tua essência, existente em todas as coisas criadas).
CRISTO , o Filho Unigênito de Deus, manifestado em toda a Criação
(veja explicação abaixo).
Venha a nós o Teu reino (é o que pede a Mente, que se afastou da Fonte, e que está ansiosa a voltar a ela, a reunificar- se).
JESUS , o Espírito humano em seu estágio de maior evolução (pelo menos relativamente à Terra).
Seja feita a Tua vontade (do Pai através do Cristo), na Terra (na personalidade) assim como no céu (na individualidade).
ISABEL, mãe de João Batista
ZACARIAS, pai de João Batista.
O pão nosso sobressubstancial (não apenas o do corpo, nem só o do conhecimento intelectual livresco e externo, mas o que provém do Cristo interno) dá-nos hoje (agora, não no futuro remoto).
MARIA MADALENA, PEDRO O Apóstolo.
Perdoa nossas dívidas (cármicas) como perdoamos aos nossos devedores.
Não nos Induzas em tentação (ou seja, não nos submetas a provações e experiências fortes demais). HERODES. JUDAS ISCARIOTES. (^) Mas liberta-nos do Mal (isto é, liberta-nos da matéria que nos prende e asfixia).
CRISTO, a terceira manifestação de Deus, o Filho Unigênito do Pai (ou Verbo). está integralmente em todas as coisas criadas, embora nenhuma coisa criada seja O CRISTO senão quando souber anular-se totalmente, para deixar que o Cristo se manifeste nela.
Há exemplos que poderão esclarecer esta verdade.
Apanhe um espelho grande ele refletirá o sol. Quebre esse espelho num milhão de pedacinhos: cada pedacinho de per si refletirá o sol. Já reparou nisso? Se o desenho estivesse NO espelho, e ele se partisse, cada pedacinho ficaria com uma parte minúscula de um só desenho grande. Mas com o sol não é isso que se dá: cada pedacinho do espelho refletirá o sol todinho.
Ora, embora não possamos dizer que o pedaço de espelho, SEJA o sol, teremos que confessar que ali ESTÁ o sol, todo inteiro. com seu calor e sua luz - E quanto mais puro, perfeito e sem jaça fôr o espelho, melhor refletirá o sol. E as manchas que o espelho tiver, tornando defeituosa e manchada a imagem do sol, deverão ser imputadas ao espelho, e não ao sol que continua perfeito. O reflexo dependerá da qualidade do espelho; assim a manifestação Crística nas criaturas dependerá de sua evolução e pureza, e em nada diminuirão a perfeição do Cristo.
Outra comparação pode ser feita: um aparelho de televisão. A cena representada no estúdio é uma só, mas as imagens e o som poderão multiplicar-se aos milhares, sem que nada perca de si mesma a cena do estúdio. E no entanto, em cada aparelho receptor entrará a imagem TOTAL e INTEGRAL. Se algum defeito houver no aparelho receptor, a culpa será da deficiência do aparelho, e não da imagem projetada. E podemos dizer que a cena ESTÁ toda no aparelho receptor. embora esse aparelho NÃO SEJA a cena. Assim o Cristo ESTÁ em todas as criaturas, INTEGRALMENTE, não obstante cada criatura só manifestá-lo conforme seu estágio evolutivo, isto é, com a imagem