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Guias e Dicas
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Rituais e práticas de religiões afro-brasileiras, Esquemas de Ciência da religião

Uma série de rituais e práticas relacionadas a religiões afro-brasileiras, como o candomblé. Ele descreve detalhadamente diversos procedimentos envolvendo oferendas, sacrifícios de animais, preparação de objetos e despachos em locais específicos, com o objetivo de resolver problemas de justiça, obter graças de orixás como olokun, desfazer feitiços, vencer inimigos, entre outros. O documento abrange uma ampla gama de temas e práticas, fornecendo insights sobre as crenças, simbolismos e dinâmicas presentes nessas tradições religiosas. Embora o conteúdo possa ser considerado controverso ou delicado por alguns, ele representa uma importante fonte de informação sobre as manifestações culturais e espirituais afro-brasileiras.

Tipologia: Esquemas

2024

Compartilhado em 16/07/2024

thiago-liveira
thiago-liveira 🇧🇷

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666 EBÓS PARA TODOS OS FINS
- INTRODUÇÃO -
O culto aos Orixás foi mantido, durante séculos, através da tradição oral. Tempo houve
em que nada se escrevia, tudo era transmitido "boca-ouvido" e a possibilidade de se fazerem
anotações escritas era tida e havida como um desrespeito, não só à tradição como às próprias
divindades.
"Candomblé se aprende na prática, no cotidiano dos terreiros!" Afirmavam de
forma enfática nossos mais velhos.
Não pretendemos teorizar quanto à validade desta acertiva. Talvez funcionasse
eficazmente numa época em que as pessoas do culto viviam apenas o culto, dedicando a ele
seu tempo integral. Mas hoje a coisa mudou.
Na atual conjuntura poucos são os sacerdotes que vivem exclusivamente do culto e
para o culto. O ser humano atual, por mais dedicado que seja à sua religião, tem que dividir seu
tempo equacionando um espaço para a prática religiosa e um espaço para suas atividades de
cidadão comum. Afinal, ser pai ou mãe de Santo não é, ou pelo menos, não deveria ser
profissão!
Junte-se a isso um detalhe que reputamos da maior importância: Nossos ancestrais
religiosos, os negros africanos trazidos à força para nossa terra, não possuíam escrita e por
este motivo, e somente por este motivo, não escreviam os seus fundamentos religiosos, embora
os mantivessem vivos através de símbolos que representavam para eles uma linguagem tão
eficaz quanto a escrita.
Infelizmente a técnica de interpretação da linguagem dos símbolos, retida por aqueles
que a dominavam, desapareceu com eles na medida em que preferiram levá-la para o túmulo a
transmiti-la a quem quer que fosse. E o que restou para nós?
Retalhos esparsos, é o que nos restou! Trapos e farrapos espalhados aqui e acolá e
que agora um grupo de abnegados tenta, com muito sacrifício, reunir e, costurando uns aos
outros, remontar o quebra cabeças criado pelo suicídio cultural ao qual nossa religião foi
submetida.
Mesmo assim, estes mesmos abnegados, são criticados e acusados de exporem
publicamente os segredos mais recônditos da religião, tornando-os acessíveis aos não iniciados,
como se isto pudesse gerar conseqüências mais graves do que a manipulação do saber
ostentado com tanta vaidade por seus acusadores, saber este que, na maioria das vezes, não
resiste a um questionamento, por mais superficial e elementar que seja.
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Baixe Rituais e práticas de religiões afro-brasileiras e outras Esquemas em PDF para Ciência da religião, somente na Docsity!

666 EBÓS PARA TODOS OS FINS

- INTRODUÇÃO -

O culto aos Orixás foi mantido, durante séculos, através da tradição oral. Tempo houve em que nada se escrevia, tudo era transmitido "boca-ouvido" e a possibilidade de se fazerem anotações escritas era tida e havida como um desrespeito, não só à tradição como às próprias divindades.

"Candomblé se aprende na prática, no cotidiano dos terreiros!" Afirmavam de forma enfática nossos mais velhos.

Não pretendemos teorizar quanto à validade desta acertiva. Talvez funcionasse eficazmente numa época em que as pessoas do culto viviam apenas o culto, dedicando a ele seu tempo integral. Mas hoje a coisa mudou.

Na atual conjuntura poucos são os sacerdotes que vivem exclusivamente do culto e para o culto. O ser humano atual, por mais dedicado que seja à sua religião, tem que dividir seu tempo equacionando um espaço para a prática religiosa e um espaço para suas atividades de cidadão comum. Afinal, ser pai ou mãe de Santo não é, ou pelo menos, não deveria ser profissão!

Junte-se a isso um detalhe que reputamos da maior importância: Nossos ancestrais religiosos, os negros africanos trazidos à força para nossa terra, não possuíam escrita e por este motivo, e somente por este motivo, não escreviam os seus fundamentos religiosos, embora os mantivessem vivos através de símbolos que representavam para eles uma linguagem tão eficaz quanto a escrita.

Infelizmente a técnica de interpretação da linguagem dos símbolos, retida por aqueles que a dominavam, desapareceu com eles na medida em que preferiram levá-la para o túmulo a transmiti-la a quem quer que fosse. E o que restou para nós?

Retalhos esparsos, é o que nos restou! Trapos e farrapos espalhados aqui e acolá e que agora um grupo de abnegados tenta, com muito sacrifício, reunir e, costurando uns aos outros, remontar o quebra cabeças criado pelo suicídio cultural ao qual nossa religião foi submetida.

Mesmo assim, estes mesmos abnegados, são criticados e acusados de exporem publicamente os segredos mais recônditos da religião, tornando-os acessíveis aos não iniciados, como se isto pudesse gerar conseqüências mais graves do que a manipulação do saber ostentado com tanta vaidade por seus acusadores, saber este que, na maioria das vezes, não resiste a um questionamento, por mais superficial e elementar que seja.

"Quem sabe não teme a divulgação do saber"! afirmamos em resposta aos detratores que tremem de pavor diante do perigo de verem as suas "verdades" desmoronarem diante da brisa suave de um movimento de intelectualização do culto, em toda a sua diversidade de segmentos.

Não é nossa intenção, na apresentação deste preâmbulo, acirrar a disputa entre os reacionários e aqueles que acham legítimo divulgar o saber religioso e a cultura afro-brasileira utilizando-se para tanto do registro escrito de tudo quanto possa trazer subsídios aos seguidores desta religião, assim como aos apaixonados por esta cultura.

Cabe-nos ainda lembrar, e qualquer um pode observar "in loquo", bastando para tanto visitar os templos de quaisquer outras religiões, que em todas elas, seja qual for a sua origem, os livros estão sempre presentes aos rituais. São lidos e consultados durante as liturgias e são tão sagrados como os demais componentes do altar.

O tempo passou. Agora vivemos de forma acelerada. O analfabetismo é combatido como uma peste, uma praga que coloca o ser humano num estado de inferioridade só comparável ao dos considerados legalmente incapazes.

O Candomblé já não é, felizmente, religião de analfabetos. Exige de seus seguidores, e muito mais de seus sacerdotes, não um mínimo, mas uma carga cultural suficientemente sólida para lhes proporcionar o entendimento de seus fundamentos esotéricos. E aí está o saber.

Mas, em verdade, ficamos felizes ao verificar que aqueles que mais combatem as publicações sobre o candomblé, são os primeiros a comprarem as mesmas publicações, sempre com a desculpa hipócrita de pretenderem avaliar o que nelas está contido, como se tivessem, para tanto, os três requisitos básicos: cultura geral, cultura religiosa e sinceridade de propósitos.

O presente trabalho tem a pretenção de auxiliar a todos, inclusive aos que abominam os livros, a encontrarem soluções para seus problemas e para os daqueles que deles dependem.

Nele encontram-se reunidos 666 ebós para as mais diversas finalidades, todos coletados em fontes confiáveis.

O primeiro de todos, por reputarmos de muita importância, vai aqui mesmo na introdução do trabalho e pode ser feito no caminho de qualquer um dos Odu-Ifá.

666 EBÓS PARA TODOS OS FINS

1 O

OKARAN MEJI

ATENÇÃO!

Quando se fizer ebó para um doente nos caminhos de Okanran Meji, é imprescindível, seja qual for o ebó, que se leve uma galinha carijó à casa do cliente deixando-a lá, solta e com vida.

2 - PARA SE TORNAR INVULNERÁVEL A FEITIÇOS.

Para garantir esta invulnerabilidade, pega-se uma folha de ewe ikoku (Xantosoma sagitofolium, Schott.) e pinta-se nela o signo de Okanran Meji, lava-se as mãos, joga-se a água das mãos sobre a folha e deixa-se as mãos secarem sem o uso de toalhas. Deixa-se as folhas nos pés de Ibeji até que sequem e depois faz-se um pó que deve ser soprado atrás da porta da rua.

3 - PARA OBTER UMA GRAÇA COM AUXÍLIO DE EGUN. Coloca-se, para Egun, uma quartinha com água da chuva e uma com água da bica.

4 - MEDICINA PARA OS RINS

Tomar diariamente banhos de assento com ewe ré (Rosmarinus officinalis, Lin). Chá de mastruço e ewe olubó (planatillo de Cuba) três vezes ao dia.

5 - PARA VENCER UMA DEMANDA

Sacrifica-se uma galinha sobre uma corrente de ferro do tamanho da pessoa e despacha-se numa linha férrea o bicho sacrificado. A corrente é jogada no mar.

6 - PARA TIRAR NEGATIVIDADE COM AUXÍLIO DE EXÚ.

Quando este Odu surge trazendo Osogbo, pega-se uma franga, abre-se ao meio, enche-se de epô pupá e coloca-se em cima de Exú.

7 - TRABALHO PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS

Pega-se um galo, apresenta-se a Exú e pede-se tudo ao contrário do que se deseja. Faz-se a cerimônia mas não se sacrifica o animal nem se dá nada. Desta forma, Exú sente-se enganado e concede tudo ao contrário do que se pediu.

8 - PARA PROGREDIR E TER TRANQUILIDADE

Quatro pintos, dois obís, panos branco, vermelho e preto, quatro carás e tudo o que leva num ebó. Os pintos são sacrificados para Exú, assados, e no dia seguinte, despachados no mato.

9 - EBÓ PARA TER FILHOS.

Agutan, akukó, uma acha de lenha, milho de galinha, inhame, epô, pó de ekú, pó de ejá, ori-da-costa, efun, mel, otí, e muitas moedas. Oferece-se tudo a Exú e passa-se a usar um idefá consagrado.

10 - OUTRO EBÓ PARA A MESMA FINALIDADE

Um galo, dois pombos, uma cabaça com água de chuva, um feixe de lenha, uma corda com a medida da mulher, pó de ekú, pó de ejá, milho, ori, epô pupá, mel, otí funfun, moedas e um ekodidé. Tudo para Exú. Usar também um idefá consagrado. A corda fica enrolada perto de Exú até que a mulher fique grávida, depois é amarrada no tronco de uma árvore dentro da mata.

11 - PARA TIRAR EGUN DE DENTRO DE CASA.

Leva-se um pouco de comida a um cemitério e arria-se nos pés de uma árvore, oferecendo-a ao egun em questão.

12 - PARA QUE O HOMEM NÃO TRAIA A MULHER.

Sacrifica-se um bode pequeno (sem chifres) para Exú. Deixa-se a cabeça secar e se reduz a pó que se mistura a talco de toucador. Esta mistura, a mulher deve passar no corpo, principalmente nas partes genitais para que seu homem nunca mais a traia.

13 - PARA FICAR EM IRE.

19 - PARA UMA MULHER RECUPERAR A BELEZA DO SEU CORPO.

Pega-se uma abóbora e abre-se ao meio. Dentro dela coloca-se cinco faixas de seda amarela com a medida da cintura da mulher. Enche-se a abóbora de mel e deixa-se nos pés de Oxun durante cinco dias. Todos os dias a mulher tem que acender uma vela e pedir ao Orixá para recuperar sua formas. Despacha-se numa cachoeira.

20 - PARA TRAZER A SORTE PARA DENTRO DE CASA.

Para que a boa sorte não fique parada do lado de fora de casa, a pessoa tem que oferecer duas galinhas pretas e dois cravos de linha de trem a Orunmilá. Os cravos são furados na parte de cima e ali coloca-se pó feito com as cabeças das galinhas, pó de bejerekun e pó de obí. Enterra-se os cravos na entrada da porta. As carnes são comidas pelas pessoas de casa.

21 - PARA OBTER UMA GRAÇA DE OLOKUN.

Oferece-se um galo a Olokun e embrulha-se num pano bem colorido com ekó, epô, milho, otí, mel e sete guizos de cascavel. Entrega-se no mar.

22 - PARA QUE UM SEGREDO NÃO SEJA DESCOBERTO.

Sacrifica-se para Osain, um galo cego de um olho, que deve ser passado na cabeça do cliente.

23 - TRABALHO CONTRA A MISÉRIA

Uma roupa velha bem surrada, sapatos velhos, dois caranguejos, folhas de jamao (Árvore silvestre da família das meliáceas), uma franga preta, uma franga branca, uma cabaça grande, uma escova, três obís, pó de ekú, de ejá, epô, mel, otí e velas.

Abre-se a cabaça ao meio, passa-se tudo no corpo da pessoa e vai-se arrumando dentro da cabaça. Rasga-se a roupa velha que tem no corpo e coloca-se junto com os sapatos, dentro da cabaça. Sacrifica-se as frangas e passa-se a escova no corpo da pessoa para limpá- la. Coloca-se tudo dentro da cabaça, cobre-se com os pós, mel, epô e otí. Fecha-se a cabaça, embrulha-se num lençol velho que tenha pertencido à pessoa e despacha-se nas águas de um rio. A pessoa, depois do ebó, banha-se com omieró das folhas deste Odu e veste roupa limpa, de preferência branca e nova.

24 - EBÓ PARA ABRIR CAMINHOS

Um galo, uma franga, duas galinhas pretas, dois etú, milho, ewe exin (Maloja), terra de quatro esquinas, pano branco, pano preto, ewe kokodi (Meibomia barbata), obí, velas, pó de ekú e de ejá, epô e moedas.

O galo é para Exú junto com o milho e o ewe exin. Os dois etú para Obaluaye, as duas galinhas pretas para Orunmilá e a franga para fazer sacudimento. Pergunta-se no jogo onde deve ser despachado.

25 - EBÓ PARA ACABAR COM AS PERDAS.

Duas galinhas, um galo, uma estaca, pó de ekú e de ejá, epô, milho de galinha e bastante moedas.

Enterra-se o milho e no local, crava-se a estaca e prende-se as galinhas vivas a ela. Na medida em que as galinhas vão escavando o solo, o milho vai aparecendo e aí é que está o segredo do ebó. O galo é sacrificado para Exu e as moedas são passadas na pessoa e espalhados no solo, no local onde se enterrou o milho.

26 - PARA ADQUIRIR RIQUEZA.

Primeiro a pessoa tem que dar comida à Exú. Depois pega Exú e leva-o para passear numa praça. No dia seguinte, arruma, dentro de um cesto, um inhame e muitas moedas, leva à mesma praça e deixa-o ali de forma que as pessoas vejam o que está fazendo.

27 - TRABALHO PARRA DERROTAR INIMIGOS.

Para derrotar os inimigos faz-se ebó com: Um galo branco, um galo preto, um galo vermelho, uma corrente, carvão em brasa e um okutá. O galo branco é sacrificado sobre o okutá, o preto sobre a brasa e o vermelho sobre a corrente. Despacha-se tudo numa encruzilhada de três caminhos. Depois, oferece-se saraekó ao Sol, à Lua e às estrelas e refresca-se a Terra. Tem que dar comida a Exú.

Limpa-se a casa com peregun, epô, otí, obí, pó de ekú, pó de ejá, farinha de milho branco, feijão-fradinho e amalá de quiabo.

34 - SEGURANÇA PARA CONSEGUIR DINHEIRO

Uma galinha, dois pombos, folhas e sementes de ewe ewe, uma espinha dorsal de um peixe fresco, penas dos bichos do ebó, os miolos dos bichos e suas cristas, terra de casa, terra de 16 esquinas, terra de mata recolhida ao meio-dia, terra de cemitério recolhida à meia-noite e feijão fradinho. Prepara-se ekurú, olelé, acarajé e acaçá.

Faz-se o ebó e oferece-se olelé, acaçá e acarajé a todos os Orixás. Sacrifica-se a galinha a Exú e os pombos a Osain. Com as cabeças das aves, a espinha do peixe, as folhas, e as sementes, monta-se um amuleto que deve ficar atrás da porta de casa, coberta por um ramo de folhas de ewe ewe. Come, de vez em quando, com Exú e com Osain.

35 - AMULETO PARA CONSEGUIR DINHEIRO

Sacrifica-se dois pombos no alto de uma montanha para ela (a montanha). Pega-se as cabeças dos pombos, seca-se, faz-se pó e mistura-se com pó de ejá, de ekú, de efun, de aridan, de pixurim, de folhas e sementes de maravilha, de espinha de peixe fresco e de carvão. Depois de tudo bem misturado, coloca-se num saquinho de pano preto e branco e se pendura atrás da porta de casa.

36 - PARA QUE O FILHO SEJA GRANDE E PODEROSO.

Sacrifica-se um etú em nome de seu filho. Depois, com o ori do etú, faz-se uma segurança colocando dentro de um saquinho com uma fava de pixurim, um búzio, uma moeda antiga, pó de ejá e folhas de ewé aje. Coloca-se em Oiyá, preso a um leque enfeitado com penas de pavão, de ganso e de peru.

37 - PARA AGRADAR E OBTER UMA GRAÇA DE OSAIN.

Tem que sacrificar um pombo para Osain e para Ogun. Tomar borí com dois obís.

38 - PARA A PESSOA AMEAÇADA DE LOUCURA OU FRAQUEZA DA CABEÇA.

Fazer ebó com um pombo, três pratos, dois alguidares, três velas, sabão da costa e bucha vegetal. Leva-se o cliente a um rio, banha-se com o sabão e a bucha, apresenta-se o pombo à sua cabeça e solta-se com vida para que leve a loucura para longe. A bucha e o sabão usados são deixados dentro de um dos alguidares com o outro emborcado por cima. Acende-se

três velas, uma em cada prato e arruma-se ao redor dos alguidares. Fica na beira do rio, próximo ao lugar em que foi dado o banho.

39 - PARA TIRAR NEGATIVIDADE.

Tem que tomar sacudimento e banhos com folhas de algodão, sempre-viva e ewe musenguene (Paritit tiliaceum, Hil.).

40 - TRABALHO CONTRA A INVEJA E O OLHO GRANDE.

Pega-se um coco seco, coloca-se atrás da porta de casa dentro de um prato branco, com uma vela acesa ao lado, pedindo a Exú que defenda a casa da inveja e do olho grande. Renova-se a cada sete dias despachando o que sair na encruzilhada mais próxima de casa.

41 - PARA ENLOUQUECER ALGUÉM.

Dentro de um coco seco, depois de retirada a água, coloca-se: Um pouco de terra de quatro esquinas, um pouco de terra de formigueiro, um pouco da terra da casa da pessoa que se deseja prejudicar, o seu nome escrito num pedaço de papel sujo, uma colher de óleo de rícino, uma colher de óleo de mamona, um pedacinho de osso humano, um pedacinho de galho de vence-demanda e nove grãos de milho torrado bem queimados.

Depois que tudo estiver dentro do coco, tapa-se a abertura bem tapada, coloca-se num alguidar de barro e arria-se para Egun. Durante nove dias, acende-se três velas por dia, sendo uma às seis da manhã, a outra às 12 horas do dia e a terceira à meia-noite.

Numa outra versão deste mesmo trabalho, ao invés de acender-se as velas, coloca-se o coco para ferver.

42 - PARA MARTIRIZAR O INIMIGO E TIRAR O SEU SOSSÊGO.

Pega-se um pedaço de galho reto de irôko que tenha cerca de um metro de comprimento, serra-se ao meio com muito cuidado numa das pontas para abrir uma fresta.

Pega-se um papel com o nome da pessoa escrito nove vezes, um pedacinho de pano vermelho, nove pimentas malaguetas, pelos de gato preto, um pouco de alcatrão, nove gotas de azougue, nove agulhas, nove grãos de milho torrado, um pedaço de fita vermelha, um pedaço de fita amarela, um pedaço de fita branca, um carretel de linha preta, pó de ekú, pó de ejá, osun e uáji e coloca-se sobre o papel com o nome, dobrando-o em seguida.

666 EBÓS PARA TODOS OS FINS

2 o EJIOKO 45 - SEGURANÇA DO ODU Um pedaço de pele de tigre, um imã, três agulhas, um anzol, pó de efun, de carvão e de osun, três grãos de ataré, terra de quatro esquinas, hortelã, ewe ewa (Mirabilis jalapa, Lin.), eweniyé (Partenium histerophorus, Lin.), sempre-viva, e diversas moedas correntes. Coloca-se tudo dentro de uma cabaça e pendura-se atrás da porta de entrada de sua casa.

46 - EBÓ DE TROCA.

Quando "Le"- a Terra - exige um sacrifício que substitua a morte próxima de sua mãe, seu pai, mulher ou filho, pressupõe-se que o sacrifício será considerável, uma vez que tem por objetivo "enganar a morte".

No mesmo dia em que o signo for encontrado o cliente adquire o cabrito mais bonito que puder encontrar e uma cabaça suficientemente grande para que possa comportar uma galinha, a polpa de uma abóbora, um mamão e dezesseis acaçás.

O sacerdote sacrifica o cabrito, derrama o seu sangue dentro da cabaça, retira seus intestinos que são esvaziados, limpos e lavados com muito cuidado, o coração, os pulmões, os rins, o fígado e a gordura. Sacrifica a galinha, junta suas vísceras ao conteúdo da cabaça.

Antes de iniciar este ritual, os dezesseis Odu Meji devem ser traçados no iyerofá, que é despejado dentro da cabaça depois das vísceras da galinha.

Depois disto, vai colocando, dentro da cabaça, um número de búzios correspondente ao número de parentes vivos do consulente. Os búzios são colocados um a um dentro da cabaça e a cada búzio colocado, o cliente diz: "Heis aqui minha mãe, ela pagou! Heis aqui meu pai, ele pagou! Heis aqui minha mulher (ou marido) ela (ele) pagou! Heis aqui meu filho fulano, ele pagou! Heis aqui meu filho sicrano, ele pagou!" E assim, até chegar ao nome do último parente vivo. Depois de oferecido o búzio correspondente ao filho ou neto mais novo, o cliente colocará um último búzio, dizendo as seguintes palavras :"Heis aqui, este sou eu e também estou pagando!"

Este ebó exige muito critério e muita atenção, se o nome de algum parente for omitido propositadamente ou não durante a entrega dos búzios, a pessoa cujo nome não tenha sido relacionado estará irremediavelmente condenada à morte. O Sacerdote deverá prescrever, além deste, outros sacrifícios considerados de segurança, tanto sua, como do cliente. - Por tratar-se

de um ebó que visa "enganar a morte", as pessoas envolvidas devem proteger-se através de outros ebós além de sacrifícios oferecidos a Orixás, Exú, Eguns, etc.

O Sacerdote, acompanhado do cliente, penetra numa floresta, constrói um monte de terra limpa sobre o qual coloca toalhas brancas e toalhas vermelhas, traça os doze primeiros signos e, por deferência, os quatro últimos. Na medida em que vai traçando cada signo, vai fazendo suas saudações, depois despeja o iyerosun em que foram traçados sobre o sacrifício que está oferecendo.

A cabaça com todo o seu conteúdo é depositada sobre os panos vermelhos. Junta-se dez (10) obís batá dentro de uma quartinha com água à esquerda da cabaça. Depois disto todos os presentes batem cabeça em homenagem à Terra e retiram-se no mais absoluto silêncio. (Este sacrifício serve para todos os Odu).

47 - TRABALHO PARA OBTER DINHEIRO

Uma porção de feijão fradinho cozida sem sal e sem qualquer outro tempero. Coloca- se os feijões, depois de cozidos, dentro de uma cabaça, rega-se com bastante epô pupá, coloca- se em cima do opon com iyerofá e reza-se o Odu. Pega-se o iyerofá, depois de terminada a reza, e coloca-se dentro da cabaça. Passa-se um galo preto no corpo, sacrifica-se sobre o conteúdo da cabaça, limpa-se e esquarteja-se o bicho, coloca-se suas partes dentro da cabaça sem cozinhar. Em seguida, leva-se a cabaça à uma mata onde, segurando-a com a mão esquerda, vai-se pegando o seu conteúdo e espalhando a esmo enquanto se diz : Umbo bogbo Orixá, Egun maiye igbo opolopo owo.

A cabaça, depois de esvaziada, é deixada na mata.

48 - TRABALHO PARA REAVIVAR A MEMÓRIA

Oferecer à cabeça, um pombo, um casco de ajapá e 16 bolas de algodão. Despacha- se em água corrente.

49 - TRABALHO PARA DESTRUIR UM ARAJÉ

Escreve-se o nome do inimigo no chão de uma construção abandonada. Coloca-se em cima uma panela de barro com óleo de motor queimado e uma aranha peluda. Acende-se uma mecha pedindo a destruição do Arajé. Este trabalho só terá resultado se, na hora em que for feito, o Arajé estiver dormindo.

ejé derramado na terra. O corpo do pombo se assa, coloca-se num prato branco e deixa-se atrás da porta de casa. No dia seguinte leva-se e despacha-se num cemitério.

55 - PARA TER SORTE.

Tem que tomar banhos de assento com folha de mil flores (Clorodendron fragans, Vent.)

56 - SEGURANÇA DO ODU A pessoa vai a uma mata e ali, de olhos fechados, colhe uma planta qualquer sem escolhê-la e depois, chegando em casa, replanta-a e sopra-lhe em cima Iyerosun rezado deste Odu. Todos os dias pela manhã, rega a planta e pede o que deseja.

57 - PARA DEFENDER A CASA.

Tem que oferecer um galo à porta de casa com mel, pó de ekú e de ejá. Passa-se um pouco de ejé nos pés da porta e deixa-se, atrás dela, uma faca cuja ponta deve ser quebrada.

58 - EBÓ PARA IRÊ.

Três pombos, um cabrito (do qual se utilizam as tripas), uma panela de barro e um pau do tamanho da pessoa. Folhas: ewe tuko (Aristolachia trilobat, Lin.), musanguê (Parititi tiliaceum, Hil.), e ewe kekeriongo (Gouania polygama, Jacq.). Oferece-se os pombos para Ilê e o cabrito para Exú. Retira-se as tripas do cabrito e coloca-se dentro da panela, tempera-se com epô, mel e otí e cobre-se com as folhas. Leva-se a panela para o mato, enterra-se e espeta-se o pau no local exato em que ela for enterrada.

59 - PARA RESTABELECER A SAÚDE.

A pessoa deve dormir com uma fita vermelha amarrada no pulso esquerdo para restabelecer sua saúde.

60 - PARA ELIMINAR PARASITAS VAGINAIS.

Para eliminar parasitas vaginais que destroem os espermatozóides impedindo que tenha filhos, a mulher deve tomar lavagens vaginais com água onde se cozinhou cascas de coco verde e bicarbonato de sódio.

61 - ADIMÚ PARA AGRADAR EGUN.

Tem que oferecer pirão de farinha de banana verde a Egun como principal adimú.

62 - PARA QUE TUDO FIQUE BEM EM CASA.

Pega-se um fígado bovino, amassa-se bem e se espalha pelo chão de casa para que as pessoas o pisem. Só assim se desfaz o negativo deste signo para que fique tudo bem.

63 - PARA DESPACHAR IKU.

Neste caminho se faz ebó para espantar Ikú com uma cabaça, um pedaço de fígado bovino, mariwo picado e duas estacas de madeira. Passa-se o pedaço de fígado no corpo da pessoa despida e coloca-se dentro da cabaça. Bate-se o mariwo no seu corpo, pica-se bem picado e coloca-se sobre o fígado, na cabaça. Leva-se a uma mata, espeta-se as estacas no chão, amarra-se um barbante com a medida da pessoa unindo uma estaca à outra e pendura-se a cabaça no meio deste barbante.

64 - PARA DESPACHAR EGUN.

Um carneiro, uma cabeça de boi, um pano listrado. Cobre-se a pessoa com o pano listrado e oferece-se o sacrifício a Exú, depois enrola-se tudo no pano e se despacha num cemitério.

65 - TRABALHO PARA MELHORIA FINANCEIRA.

Dois galos, dois saquinhos com milho torrado, uma forquilha de madeira. Passa-se os galos na pessoa e sacrifica-se para Exú. Depois disto, passa-se os dois saquinhos e a forquilha, prende-se os saquinhos, um em cada ponta da forquilha e pendura-se em qualquer lugar dentro de casa. Despacha-se os galos no mesmo lugar.

66 - SEGURANÇA PARA TER BOA SAÚDE.

Um galo, uma corrente, raiz de oshibatá, um pedaço de chifre de veado, uma boneca vestida de verde e água de rio.

Vai-se a um local (rio ou lago) onde exista oshibatá. pega-se a corrente que deve ser do tamanho da pessoa e com ela, mergulhando-a e movimentando-a entre as folhas, pega-se

72 - EBÓ PARA DIVERSAS FINALIDADES.

Um galo, uma galinha d'angola, uma cabaça, efun, osun, uáji, 16 grãos de ataré, quatro obís de quatro gomos (todos devem ser abertos), uma vela, dendê, folhas de cascaveleira, de ibajó (Melia azederath, Lin.), e alfavaca, um pano vermelho, um pano branco e um pano preto.

Abre-se a cabaça e limpa-se o seu interior. Por fora, pinta-se toda com pontos de efun, osun e uáji, forra-se com as folhas, sacrifica-se as aves deixando o ejé correr dentro da cabaça, retira-se as penas das aves sacrificadas e coloca-se dentro da cabaça. Joga-se, por cima, os pedaços de obí, os grãos de ataré, pó de efun de osun e de uáji. Fecha-se a cabaça, embrulha- se nos panos seguindo a seguinte ordem: preto, vermelho e branco, deixa-se diante de Exú até que a vela acabe. Despacha-se a cabaça nas águas de um rio e as carnes das aves recebem o destino determinado pelo jogo.

73 - PARA TIRAR UMA MALDIÇÃO

Quando as pessoas se encontram sob o estigma de uma maldição, se sair este signo, têm que oferecer adimú a todos os Orixás e fazer ebó com um galo, duas cabras, ovos de galinha e muito dinheiro.

O galo é dado a Exú, as duas cabras a Orunmilá e assim, todo o osogbo se converte em ire.

74 - PARA REFORÇAR EXÚ.

Coloca-se um cesto com quiabos crus para Exú. Coloca-se no igbá de Exú um pedaço de cabo de ferramenta de ferro ou de madeira, de forma que fique encostado à parede. Sacrifica-se três pintos sobre o cabo da ferramenta e repete-se a oferenda uma vez por ano.

75 - TRABALHO PARA MELHORAR EM TUDO.

Um pato, quatro pombos, melado de cana, dois pratos, ewe karodo (erva de São Domingos - Comelina elegans, H.P.K.), ewe ekisan (verdolaga) e muitas moedas.

Sacrifica-se o pato para Exu e os pombos para Yemanjá. Todps os bichos são passados no corpo da pessoa.

Depois de feito o ebó, quina-se as ervas, coloca-se um pouco de melado para que a pessoa tome um banho e passe um pano molhado com o omieró em toda a sua casa. Isto deve

ser feito por três vezes numa mesma semana. O omieró que sobrar é despejado na esquina mais próxima em nome de Exú e de Iyemanjá.

76 - PARA DEFENDER A CASA DA AÇÃO DE MAUS ESPÍRITOS.

Deve passar água benta, efun e ori na porta de casa. Tem que preparar uma bola oca de barro, do tamanho aproximado de uma laranja, enchê-la com Iyerosun rezado do Odu e deixá-la aos pés de Exú.

77 - EBÓ PARA DIVERSOS FINS

Etú, três pintos, três pombos, três agulhas novas, três bonecos, pano branco, pano preto, pano vermelho e folhas de malva.

Se o ebó for para ire, os bonecos têm que ser, um de cedro, um de adebesú (Poeppigia procera, Presl.} e o outro de parami. O de cedro é despachado, o de adebesú fica junto com Ogun e o de parami junto com Xangô. Depois de 21 os bonecos que ficaram em Ogun e Xangô são enterrados.

No mesmo ebó, se o Odu trouxe osogbo, o primeiro boneco é feito de ayá, o segundo de jia e o terceiro de aroma. Os três devem ser despachados em três caminhos diferentes.