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Este documento discute os diversos fatores que podem influenciar no prognóstico de dentes tratados endodonticamente e recebidos de retentores intra-radiculares. Os autores relatam estudos clínicos e sistemáticos publicados sobre o assunto, abordando temas como o comprimento e diâmetro dos retentores, materiais utilizados, efeito férula, entre outros. O objetivo é estabelecer parâmetros clínicos que possam orientar as decisões do profissional.
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Tipologia: Notas de aula
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REVISÃO DA LITERATURA
Linéia Tavares Teófilo* Ricardo Alexandre Zavanelli** Kelen Vieira de Queiroz***
Teófilo LT, Zavanelli RA, Queiroz KV de. Retentores intra-radiculares: revisão de literatura. PCL 2005; 7(36):183-93.
Dentes tratados endodonticamente e com grande destruição coronária, freqüentemente, necessitam de retentores intra-radiculares para promover retenção à futura restauração. Para o sucesso clínico do tratamento, uma série de requisitos biomecânicos são necessários, a fim de garantir a longevidade da restauração e maior sobrevida do dente. Estes fatores envolvem o comprimento, diâmetro, forma dos retentores, quantidade de estrutura dental remanescente, agente de cimentação e o efeito final que as coroas têm na distribuição de força à raiz do dente. Este trabalho relata, com base em revisões sistemáticas e estudos clínicos publicados, uma avaliação crítica dos vários fatores que podem influenciar no prognóstico do dente que recebe um retentor intra-radicular. O objetivo é de estabelecer parâmetros clínicos que possam orientar as decisões do profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Retentor intra-radicular; Dente não vital; Prótese parcial fixa.
(^1) Revisão de Literatura realizada durante o Curso de Mestrado da FO-UFG
A perda de estrutura dentária devido a lesões cariosas, traumatismos dentários, procedimentos restauradores anteriores, somado ao desgaste adicional devido a procedimentos endodônticos, resulta em perda de suporte dentário. O tipo de restauração a ser confeccionada em dentes tratados endodon- ticamente dependerá do grau de destruição da coroa, do dente envolvido, do suporte ósseo, do tipo de prótese e dos tipos de forças às quais esses dentes serão submetidos. O preparo de um dente para acomodar um retentor intra-radicular requer a remoção de estrutura dental adicional, o que, provavel- mente, enfraquece o dente (Mezzomo, 2002). A quantidade de estrutura dentária remanescente está diretamente relacionada com a capacidade do dente em resistir aos esforços mastigatórios (Shillingburg et at. , 1998; Mezzomo, 2002). Reeh et at. (1989) mostraram que o acesso à câmara pulpar reduz apenas em 5% a resistência dos dentes às cargas, enquanto a perda de esmalte e dentina decorrente de um preparo classe II determina uma redução de 60%. Rota et at. (1989) apontam que, em dentes com faces livres e proximais íntegras, o fato de remover o teto da câmara coronária foi suficiente para reduzir a resistência estrutural do dente em cerca de 50%. Apesar de existirem controvérsias quanto ao percentual de perda da resistência den- tária decorrente do acesso endodôntico, a destruição progressiva de esmalte e dentina é determinante da fragilização do dente. Para que seja restabelecida a forma e a função dos dentes tratados endodonticamente, a porção coronária precisa ser reconstruída. Dependendo da situação clínica, a confecção de um núcleo de preen-
chimento pode ser suficiente para oferecer reten- ção à coroa dentária, mas a perda considerável de estrutura dentária impossibilita esse tipo de proce- dimento, tornando necessária, então, a colocação de uma ancoragem intra-radicular. Dessa forma, o núcleo substitui a estrutura dentária perdida e fornece suporte à coroa e a porção radicular do retentor fornece retenção ao núcleo distribuindo as forças no longo eixo da raiz (Smith et at. , 1998), sendo que a restauração coronária irá restabelecer estética e a função que foram perdidas. Se o dente necessita de um retentor intra- radicular, o seu canal deve ser preparado para re- cebê-lo, ou seja, deve ser parcialmente esvaziado. Uma quantidade mínima de 3mm de guta percha ou mais, se possível, deverá ser mantida no terço apical para evitar deslocamento da obturação ou infiltração, não comprometendo assim o sucesso do tratamento endodôntico (Shillingburg et at. , 1998; Miranda et at. , 2000, Heling et at. , 2002). Durante o preparo, deve ser removido o míni- mo de estrutura dentária do canal, pois a espessura da dentina remanescente é a variável mais impor- tante na resistência à fratura radicular. Já a retenção, além de estar relacionada ao diâmetro, pode ser afe- tada pelo comprimento e configuração da superfície (Shilingburg, Kessler, 1981). É necessário, então, que as características do preparo sejam adequadas às necessidades de cada caso, o que dependerá da anatomia do dente (Stockton, 1999). Após várias décadas de uso, coroas com pino em uma única peça foram substituídas por pino e núcleo fundidos feitos como uma entidade separada da coroa, o que forneceu melhor adaptação marginal e não limitou o plano de inserção exclusivamente ao longo eixo do dente. Além disso, uma restauração sem função pode ser substituída sem ter que re- mover o pino (Smith et at. , 1998). Entretanto, nos casos em que o espaço inter-oclusal é limitado, as coras com pino ainda constituem uma alternativa de tratamento. O profissional pode optar pela colocação de um retentor metálico fundido, ou por um pino pré- fabricado. No primeiro caso, o retentor é feito sob medida para se adaptar ao canal sendo sua porção coronária e radicular fundidas em conjunto, en-
quanto no segundo caso, o canal é alargado para se adaptar à configuração do pino selecionado e o núcleo coronário é construído com um material apli- cado diretamente sobre o conjunto retentor-dente remanescente (Smith et at. , 1998; Stockton, 1999; Dinato et at. , 2000; Miranda et at. , 2000). Os retentores intra-radiculares fundidos podem ser metálicos ou cerâmicos (Sevük et at., 2002) sendo que a rigidez e corrosão são as principais ca- racterísticas que devem ser levadas em consideração na seleção dos retentores metálicos (Smith et at. , 1998). São indicados em casos de reabilitações ex- tensas, realinhamento dentário e em canais elípticos ou excessivamente cônicos em que o retentor pré- fabricado não se adapta firmemente às paredes do canal, resultando em maior espessura de cimento. As vantagens dos retentores fundidos estão relacionadas a sua alta rigidez e melhor adaptação ao canal, o que favorece características anti-rota- cionais. Suas desvantagens estão relacionadas a uma redução adicional da dentina para acomodar a coroa total e excluir reentrâncias da câmara coronária, além disso, eles requerem um maior número de sessões clínicas e custos mais elevados em decorrência de procedimentos laboratoriais que tornam mais complexo o procedimento (Morgano, Brackett, 1999). Os retentores intra-radiculares pré-fabricados podem ser classificados em metálicos (de aço inoxi- dável, titânio comercialmente puro, liga de titânio- alumínio-vanádio) e não metálicos (fibra de carbono, cerâmico e fibra de vidro). Os metálicos apresentam um histórico clínico mais favorável, mas a busca dos pacientes por estética tem proporcionado uma diversificação dos materiais utilizados na fabricação dos pinos pré-fabricados (Dinato et at. , 2000). Eles são classifi cados, também, quanto à geometria (paralelos e cônicos), configuração de superfície (serrilhados, lisos e rosqueados) e pelo método de retenção (passivos e ativos). Os retentores ativos são aqueles que se engatam na dentina por meio do sistema de rosqueamento ou pela resiliência da dentina durante a sua inserção, enquanto os passivos não apresentam engate na dentina, mantendo-se em posição através da cimentação ou colagem, sendo indicados para a
comprimentos, por meio de análise fotoelástica. Os autores concluíram que esses retentores podem gerar alta tensão durante a sua instalação, e que pode ser minimizado por meio de uma inserção cui- dadosa seguido de 1/4 de volta no sentido anti-ho- rário. Cargas compressivas produziram alta tensão na porção coronária, enquanto cargas anguladas concentraram-se na porção apical e na interface cemento-dentina-retentor. Os retentores curtos geraram tensões maiores e foram menos retentivos que os longos. Assif et at. (1993) realizaram um estudo in vitro , com o objetivo de examinar o efeito do dese- nho do retentor na resistência à fratura de dentes que apresentavam 2mm de dentina coronária rema- nescente (efeito férula) e receberam coroas totais. Foram selecionados 41 pré-molares, os quais foram divididos em 4 grupos. Três grupos receberam reten- tores metálicos fundidos, se diferenciando apenas pelo desenho (cônico, cilíndrico, cilíndrico com a porção final cônica) e o quarto grupo não recebeu retentor. Os resultados do estudo mostraram que o desenho do retentor não influenciou na resistência a fratura. Concluiu-se que a seleção do sistema de retenção deve ser baseada na preservação de es- trutura dentária e na adequada retenção do núcleo para a futura restauração. Torbjörner et at. (1995) realizaram um estudo com o objetivo de comparar e avaliar o tipo de falha relacionada ao insucesso dos retentores metálicos fundidos e pré-fabricados (paralelos serrilhados) em pacientes reabilitados com diversas modalida- des de tratamento protético. Foram analisados 788 retentores intra-radiculares por um período de 4 a 5 anos. A perda de retenção foi a mais freqüente falha relacionada a ambos os retentores, enquanto que, a fratura da raiz foi a mais séria conseqüên- cia resultando sempre em extração. Os retentores pré-fabricados obtiveram uma taxa de sucesso significativamente maior em relação aos metálicos fundidos, os quais apresentaram uma freqüência altamente significativa de fraturas radiculares. Pilares adjacentes de próteses parciais fixas (PPF) apresentaram menor índice de falha comparada com coroas unitárias, pilares de próteses parciais removíveis (PPR) e de cantilever. As falhas também
foram relacionadas ao sexo (maior em homens), a idade (maior em pacientes idosos) e a localização (maior na maxila). Araújo et at. (1996) realizaram um ensaio em laboratório para avaliar a resistência de dentes tratados endodonticamente em relação ao agente de cimentação (ionômero de vidro, resina com- posta, fosfato de zinco), formato das paredes dos canais (paralelas/cônicas) e ao tipo de retenção realizada nos retentores (óxido de alumínio, sulcos transversais, e retenções feitas com broca). Foram selecionados 54 caninos humanos que receberam núcleos metálicos fundidos e foram submetidos a carga de tração. A força necessária para deslocar os pinos cimentados com resina composta foi maior que a do cimento de fosfato de zinco, que, também, foi maior que a do cimento de ionômero de vidro. As paredes paralelas resistiram a uma maior força de deslocamento que as divergentes. A retenção não influenciou a quantidade de força necessária (tração) para deslocar o retentor. Cohen et at. (1996) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de determinar a resistência de quatro materiais utilizados para a confecção de núcleos coronários (resina composta, amálgama de prata, ionômero de vidro reforçado com prata e ionômero de vidro no qual a prata é acrescentada durante a manipulação) associado a cinco diferentes tipos de retentores intra-radiculares (Flexi-Post e Flexi-Flange – cônicos e com haste fendida; Para- Post – paralelo e passivo; Asses-Post – passivo e oco; C-Post - fibra de carbono). Um total de 200 dentes recentemente extraídos foram tratados endodonticamente e devidamente preparados para receber os retentores. A maioria das falhas (79%) ocorreu pelo deslocamento dos núcleos, enquanto que 21% delas ocorreram devido à fratura dos elementos dentários. O para-post com núcleo de amálgama obteve maior resistência à fratura segui- do pelo flexi-post com núcleo de resina e flexi-flan- ge com núcleo de resina. Para todos os retentores intra-radiculares estudados, o amálgama de prata e a resina composta foram significativamente mais resistentes que o ionômero de vidro. Sidoli et at. (1997) realizaram um estudo in vitro com o auxílio de uma máquina de ensaios uni-
versais para comparar performance dos retentores intra-radiculares de fibra de carbono em relação a outros sistemas. Os dentes foram divididos em grupos e restaurados com retentores pré-fabricados (fibra de carbono e de aço inoxidável cuja porção coronária foi reconstruída com resina composta) e metálicos fundidos em liga de ouro. Os retentores de fibra de carbono exibiram valores significativa- mente menores de resistência a fratura, entretanto a maioria das fraturas ocorreram em regiões de acesso mais favorável (terço cervical) a uma nova intervenção. De acordo com Smith et at. (1998), os critérios a serem considerados para a seleção de retentores pré-fabricados são: resistência à força e à corrosão, boa retenção, boa distribuição de forças, segurança e conservação de estrutura dentinária. Da mesma forma, o material ideal para a confecção do núcleo deve ser de fácil colocação, presa rápida, resis- tente à forças, dimensionalmente estável, permitir mínima infiltração marginal e possuir mecanismo efetivo de adesão à estrutura dentária. Os autores afirmaram, também, que o cimento ideal deve ser resistente aos esforços, ter baixa espessura de película, baixa solubilidade, adequada capacidade adesiva, ser de fácil manipulação e fornecer bom selamento marginal. Ottl, Lauer (1998) realizaram um estudo para avaliar o sucesso de retentores intra-radiculares cônicos pré-fabricados. Foram avaliados 286 reten- tores durante um período médio de 3,6 anos. Foi concluído que existe uma correlação significante entre a perda dentária e os seguintes parâmetros: período de cimentação do retentor, perda óssea horizontal, comprimento do material obturador e o posicionamento do retentor (cêntrico, excêntrico, perfurando a raiz). Ocorreram 18 perdas dentárias, das quais 12 estavam relacionadas a periodontite apical, 4 a periodontite marginal e 1 a fratura do elemento dentário. Gateau et at. (1999) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de comparar a resistência mecânica de 3 materiais utilizados na confecção de núcleos (amálgama, resina composta e ionômero de vidro). Após a cimentação dos retentores intra- radiculares de titânio, foram confeccionados os
núcleos e realizada a cimentação das coroas totais. Um teste de fadiga foi desenvolvido para simular os movimentos mastigatórios. Os resultados do estudo indicaram que o amálgama é um material significa- tivamente superior à resina composta e que esta é significativamente superior ao ionômero de vidro. Stockton (1999) relatou que estudos in vitro demonstram que o diâmetro dos retentores não deve exceder 1/3 do diâmetro radicular em qualquer localização, bem como o de sua ponta não deve exceder 1mm. Verificou que os retentores paralelos são mais retentivos, mais resistentes à tensão, à força de cisalhamento, às forças de melhor torque, e distribuem mais uniformemente as forças que os cônicos. Observou que esses últimos geram maior tensão na porção coronal, enquanto os paralelos o fazem no ápice do preparo do canal. Quanto ao preparo do canal, afirmou que no mínimo 4 a 5mm de guta-percha deve permanecer para preservar o selamento apical. O autor relatou que o método de cimentação que inclui o uso da broca lentulo é o mais eficiente. Além disso, encontrou em vários estudos in vitro, que os dentes anteriores superiores tratados endodonticamente, com danos menores a sua es- trutura dentária, são mais resistentes à fratura que aqueles restaurados com retentor e coroa. Dentre suas recomendações clínicas, o autor enfatiza que o comprimento, o diâmetro e o tipo de pino devem ser avaliados em cada situação. O comprimento ideal do retentor seria de ¾ do comprimento da raiz, mas muitos dentes possuem pinos com o mesmo com- primento da coroa clínica, já que apresentam raízes curtas. Os retentores de lados paralelos, serrilhados e ventilados podem satisfazer muitas situações clíni- cas, com exceção de canais amplos, cônicos (polpa imatura e/ou preparo endodôntico agressivo), raiz delgada e canal curto e/ou curvo. E, com relação ao cimento utilizado, enfatiza que, embora o fosfato de zinco, o ionômero de vidro e cimentos resinosos te- nham excelente escoamento, a colocação do agente de união no canal e no pino é uma forma de obter uma película densa de cimento e, então, melhorar o vedamento do retentor ao canal. Bonfante et at. (2000) realizaram uma análise radiográfica de 1000 núcleos metálicos fundidos na qual avaliaram aspectos indispensáveis para o
minimizada, quando o preparo for realizado com um condensador vertical, aquecido o mais rápido possível após a obturação do canal. Sugeriram que os materiais de restauração temporária, utilizados durante e após o tratamento endodôntico, não proporcionam o vedamento adequado do canal. Recomendaram que o preparo do espaço para o retentor e a cimentação devem ser realizados com isolamento absoluto; e que dentes com um selamen- to coronário comprometido por um tempo superior a 3 (três) meses não devem ser restaurados, antes de serem submetidos ao retratamento endodôntico. Heydecke, Peters (2002) realizaram uma revisão sistemática com o objetivo de comparar o desempenho clínico in vitro entre retentores fundi- dos e aqueles pré-fabricados em dentes unirradi- culares. Não foi encontrada diferença significante entre cargas de fratura para retentores cônicos e paralelos; as fraturas ocorreram, em sua maioria, no terço médio ou no terço apical; pouca diferença foi encontrada nos tipos de fraturas entre retentores fundidos e pré-fabricados; as falhas constituíram-se em necessidade de recimentação, de nova restau- ração ou extração. Os autores concluíram que não existe evidência de que os retentores fundidos sejam superiores aos pré-fabricados ou vice-versa; a técni- ca tradicional (uso de retentores fundidos) envolve maior tempo clínico e custo (material e laboratório). Em contrapartida, os pré-fabricados economizam tempo e custo; ambas as modalidades são reco- mendadas dentro das indicações e com os devidos cuidados, considerando que na literatura o relato de sucesso clínico para retentores é escasso. Sevük et at. (2002) relataram o caso clínico de 28 pacientes, do sexo feminino, idosas, com comprometimentos estéticos devido à restaurações de resina defeituosas em incisivos laterais direitos e esquerdos superiores. As restaurações defeituosas foram removidas e os dentes foram preparados para receber as restaurações (retentores cerâmicos e laminados de porcelana acoplados). Padrões de resina auto-polimerizável foram confeccionados, modelados na boca, e reproduzidos em cerâmica por meio de uma máquina Celay. As restaurações foram cimentadas com cimento resinoso dual e aten- deram às expectativas das pacientes. Desta forma,
os autores concluíram que esse tipo de intervenção preservou a estrutura dentária remanescente e que o uso da técnica direta minimizou distorções, reduziu o tempo de trabalho e beneficiou tanto o paciente quanto o Dentista. Aquilino et at. (2002) realizaram um estudo com o objetivo verificar se a colocação de coroas em dentes tratados endodonticamente aumenta o sucesso do tratamento reabilitador. Foram seleciona- dos 203 dentes permanentes que receberam trata- mento endodôntico, dos quais 95 foram restaurados com retentores intra-radiculares (pré-fabricados ou metálicos fundidos), enquanto 108 receberam ape- nas núcleos (amálgama, resina composta, ionômero de vidro). Os dentes que receberam coroas totais apresentaram uma taxa de sucesso significativa- mente maior em relação aos que não receberam coroas. Da mesma forma, os dentes que receberam retentores também obtiveram uma taxa de sucesso significativamente maior do que os que não rece- beram. Os resultados do estudo mostraram que a cimentação de coroas totais, praticamente, elimina a diferença entre os vários tipos de retentores in- tra-radiculares. Heydecke et at. (2002) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de comparar a resistência à fratura de pinos de titânio e 3 (três) sistemas de pinos estéticos (zircônia, quartzo reforçado com fibras e ionômero de vidro reforçado com fibras). Quarenta caninos superiores foram tratados endo- dônticamente e preparados para receber retentores intra-radiculares e coroas totais. A resistência à fratura foi medida com a aplicação de uma força a uma velocidade de 1mm/min por uma máquina de ensaios universais (HÁ 100). Os dentes restaurados com pinos de titânio apresentaram a menor resistên- cia à fratura, enquanto que os dentes restaurados com pinos de quartzo reforçado com fibras foram significativamente mais resistentes em relação aos outros grupos. Não houve diferença significativa entre os pinos de ionômero reforçado com fibras e zircônio. As análises estatísticas comprovaram que os dentes que receberam pinos de quartzo e ionô- mero mostraram modos de fratura mais favoráveis (reparáveis) em relação aos que receberam pinos de titânio e zircônio.
Newman et at. (2003) realizaram um estudo para comparar o efeito entre diferentes sistemas de pinos pré-fabricados (aço inoxidável e resina reforçados com fibra de vidro e fibra de polietileno) com relação à resistência à fratura e o insucesso de dentes tratados endodonticamente com canais estreitos e alargados. Os autores concluíram que en- tre os sistemas de retentores, não existiu diferença estatisticamente significante com relação à média de carga para falha, com exceção dos retentores feitos com Ribbond, difíceis de serem colocados em canais estreitos; houve diferença estatisticamente signifi- cante entre as médias de cargas que provocavam falhas no grupo de canais estreitos e no grupo dos alargados; os retentores pré-fabricados de resina reforçados com fibra suportaram menores quanti- dades de cargas que aqueles de aço inoxidável; o comportamento da falha produzida nos retentores pré-fabricados de resina reforçados com fibra não fraturou a raiz, enquanto os retentores de aço ino- xidável mostraram fratura de raiz. Zhi-Yue, Yu-Xing (2003) realizaram um estudo in vitro para comparar o efeito férula na resistência de dentes tratados endodonticamente restaurados com coroas metalocerâmicas. A amostra foi dividida em 4 grupos: grupo A foi restaurado com coroas metalocerâmicas, o grupo B e D foram preparados de modo a fornecerem 2mm de dentina coronária remanescente e receberam respectivamente reten- tores metálicos fundidos e pré-fabricados. O grupo C foi restaurado com retentores metálicos fundidos e não apresentava dentina coronária remanescente. Os resultados do estudo demonstraram que não houve diferença significante de resistência à fratura em dentes restaurados com coroas metalocerâmicas na presença ou ausência de retentores exceto no grupo restaurado com retentores metálicos fundidos que apresentava 2mm de preparo (efeito férula).
A retenção, a resistência aos esforços masti- gatórios e à corrosão são princípios biomecânicos fundamentais para a obtenção do sucesso clínico de dentes tratados endodonticamente reabilitados com retentores intra-radiculares fundidos e pinos pré-fabricados, considerando que esses dentes estão
mais propensos à falha porque serão submetidos às tensões de carga. Ao contrário do que se pensa, o retentor não reforça a estrutura dentária, pois quando o dente recebe a carga, as tensões são maiores nas super- fícies vestibular e lingual da raiz e a tensão que o pino recebe é mínima e não ajuda prevenir a fratura (Mezzomo, 2002). Stockton (1999) verificou em estudos feitos em laboratório que dentes tratados endodonticamente com prejuízos menores à es- trutura dentária são mais resistentes à fratura que aqueles restaurados com retentor/núcleo e coroa. Os retentores, então, não devem ser usados com a intenção de reforçar um dente, mas quando existe a necessidade de retenção do núcleo coronário (Fernandes, Dessai, 2001). De acordo com Mezzomo (2002), a retenção e o suporte devem derivar do interior do canal, quando a coroa clínica foi perdida. Neste contexto, o primeiro passo para a reabilitação consiste no preparo do canal o qual deve preservar ao máximo a espessura da dentina principalmente no sentido vestibulo-lingual, pois ela é o fator mais importante na resistência do dente à fratura radicular (Smith et at. , 1998; Stockton, 1999; Fernandes, Dessai, 2001; Sevük et at. , 2002). Dessa forma o retentor deve ter um diâmetro o mais estreito possível, não devendo exceder um terço do diâmetro da raiz, sendo o suficiente para resistir à flexão (Smith et at. , 1998; Stockton, 1999; Fernandes, Dessai, 2001). Além disso, o preparo deve ser realizado com cautela para que não haja contaminação com sa- liva a qual pode levar ao insucesso do tratamento endodôntico. De acordo com Heling et at. 2002, a microinfiltração pode ser minimizada quando o preparo é feito o mais rápido possível após a obtu- ração do canal. Esses autores defendem o uso do isolamento absoluto durante o preparo para retentor, o que apesar de ser uma prática segura para a não contaminação do periápice e do periodonto lateral, ainda é negligenciada por muitos profissionais. Os estudos revisados demonstraram que o comprimento do preparo tem uma relação direta com a retenção, o ideal é que seja tão longo quanto possível, sem por em risco o selamento apical ou a
uma boa resistência e capacidade de adesão, tem uma tendência à microinfiltração e possui baixa es- tabilidade dimensional (Fernandes, Dessai, 2001), porém ela tem sido largamente utilizada, principal- mente, devido à sua facilidade de manipulação e ao fato de ser esteticamente mais favorável. Embora exista uma grande variedade de siste- mas de retenção, estudos comprovam que poucas diferenças são encontradas na distribuição de cargas e nos tipos de fraturas, quando são cimentados so- bre as mesmas coroas totais, na presença de 2mm de dentina coronária (efeito férula). Portanto, não há evidências que comprovam a superioridade de um sistema de retenção sobre o outro. (Assif et at. , 1989; Heydecke & Peters 2002; Aquilino et at. , 2002, Zhi-Yue, Yu-Xing 2003). As falhas dos retentores intra-radiculares, normalmente, não estão relacionadas ao tipo de retentor, mas a outros fatores como a idade do paciente, a localização do retentor e o tipo de pilar. Em pacientes idosos, a dentina muito fragilizada e o aumento no número de restaurações repetidas re- sulta em grande perda de estrutura dental. O maior nível de falha na maxila, particularmente na região anterior, e a maior suceptibilidade nos pilares (PPR, PPF e Cantilever), pode ser explicado pelo aumento da carga horizontal (Torbjorner et at. , 1995). A negligência do profissional em relação ao remanescente de material obturador, espaço entre o núcleo e material obturador e obtenção de um com- primento correto do retentor estão potencialmente relacionados ao fracasso do tratamento (Bonfante et at. , 2000). Além disso, uma adaptação ótima do retentor selecionado ao canal (em tamanho e forma) diminui o risco de perfuração da raiz (Smith et at. , 1998; Stockton, 1999; Fernandes, Dessai, 2001). Esses trabalhos revisados demonstram que a seleção do retentor intra-radicular deve ser realizada com base nos resultados dos estudos disponíveis até o momento, que são unânimes em defender que o planejamento da restauração de dentes tratados
endodonticamente deve ser feito de forma que as for- ças decorrentes da função não exerçam sobrecargas indevidas sobre as coroas dentárias (Stockton, 1999). Conquanto, não existe evidência científica mostrando que os retentores intra-radiculares fundidos são su- periores aos pré-fabricados ou vice-versa, apesar de estudos clínicos serem escassos (Heydecke, Peters, 2002). Logo, a longevidade do dente vai depender muito de uma conduta clínica adequada.
A preservação da dentina remanescente é fator determinante para a longevidade de dentes tratados endodonticamente que necessitam de re- tentores intra-radiculares. O retentor intra-radicular deve ser utilizado somente quando houver necessidade de retenção do núcleo ou restauração coronária. O comprimento, o diâmetro, o formato do pino são fatores que influenciam tanto na sua reten- ção quanto na resistência dos dentes desvitalizados à fratura. A rigidez do material do retentor intra-ra- dicular pode aumentar a susceptibilidade do dente à fratura de raiz. A anatomia e a localização do dente no arco são fatores que devem ser considerados no planejamento de restaurações com retentores intra- radiculares. O dente deve ser preparado e reabilitado, tão logo quanto possível, após a obturação endo- dôntica, evitando ao máximo a contaminação do canal radicular e do periápice. Tanto os materiais do núcleo quanto os cimentos para vedamento do retentor intra-radicu- lar às paredes do canal devem ser resistentes às cargas. Estudos longitudinais com pacientes são necessários para a avaliação real do prognóstico de dentes tratados endodonticamente com retentores intra-radiculares.
Teófilo LT, Zavanelli RA, Queiroz KV de. Intra-radicular retentor: a literature review. PCL 2005; 7(36):183-93.
Endodontically treated teeth and with great coronal destruction frequently need of intra-radicular retentor to promote retention to the future restoration. For the clinical sucess of the treatment, a series
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of biomechanicals requirements are necessary to guarantee the longevity of the restoration and large longevity of the tooth. These factors involve the length, diameter, design of the retentor, amount of remaining dental structure, cementing agent and final effect that the crown have in the distributon of force to the root of the tooth. This work relates with base in systematics revisions and published clinical studies, a critical evaluation of the several factors that can influence in the prognostic of the tooth that receives a intra-radicular retentor, with the objective of establishing clinical parameters to guide the professional’ decisions.
KEYWORDS: Intra-radicular retentor; Non-vital tooth; Fixed Partial Denture.