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Lupus Eritematoso: Características, Sintomas e Diagnóstico, Resumos de Dermatologia

Uma resumo detalhado do lupus eritematoso, uma doença autoimune que ataca vários órgãos do corpo. O texto aborda a herança genética, os fatores externos que podem desencadear a doença, os mecanismos de formação de autoanticorpos e os sintomas mais comuns, como lesões cutâneas, eritema, infiltração e descamação. O documento também discute as diferentes formas de lupus eritematoso, como o lupus eritematoso cutâneo crônico, o lupus eritematoso cutâneo agudo e o lupus eritematoso sistêmico. Além disso, o texto fornece informações sobre as variantes da doença, como a forma hipertrófica ou verrucosa, a forma túmida e a forma disseminada. O documento também discute as manifestações cutâneas inespecíficas da doença, como vasculites, púrpuras palpáveis e urticária vasculite, e as alterações laboratoriais que podem ajudar no diagnóstico da doença sistêmica.

Tipologia: Resumos

2024

Compartilhado em 02/04/2024

livia-souza-10
livia-souza-10 🇧🇷

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Lupus Eritematoso – Resumo
1. Definição
Doença multissistêmica que encontra na pele, rim e articulações seus órgãos de choque
principais.
Acomete preferencialmente mulheres, independente do grupo racial. Porém , parece ser mais
grave em negros. Manifesta-se em qualquer faixa etária, mas com predileção entre 18 e 40
anos.
2. Etiologia e patogenia
Aspecto multifatorial. Herança genética, com a associação da deficiência congênita de alguns
fatores do complemento, em especial da fração C2. estudos envolvendo a relação
hormonal com o lúpus, como a testosterona parece ser um elemento protetor da doença e o
estrógeno um aumento de risco, por isso explicado por acometer mais mulheres.
Radiação UVA envolvida diretamente nos mecanismos de exposição de autoantígenos na
superfície dos queratinócitos, desencadeando a formação de autoanticorpos nos pacientes
predispostos. A radiação UVA, incidindo sobre os queratinócitos faz com que ocorra um dano
ao DNA, que deveria ser automaticamente reparado pela ação das proteínas p53 e p51. No
entanto, em pacientes predispostos, um aumento da proteína p53, deslocando o
mecanismo de mitose reparadora, perpetuando o erro do DNA, o que leva à apoptose dos
queratinócitos. Durante o mecanismo de apoptose, o aumento da permeabilidade da
membrana celular expõe os elementos nucleares e citoplasmáticos para células
apresentadoras de antígenos circulantes. Esses antígenos especificos intranucleares e
intracitoplasmáticos expostos são reconhecidos e processados pelos macrófagos, com a
produção de interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF). A primeira por si só é capaz
de estimular a produção de linfócitos B a partir do estímulo de linfócitos TH1 e iniciar o
processo de formação de autoanticorpos e o segundo (TNF) é responsável pelos estados febris
inespecíficos – pródromos em geral. Essas estruturas intracelulares processadas seguem ainda
uma segunda via: são apresentadas para os linfócitos T helper (Th), que reconhecem sua
antigenicidade, aumentam a subpopulação de linfócitos Th1 e Th2, estimulam a síntese de IL2,
principalmente, e interferon gama, capazes de estimular a imunidade humoral, levando à
formação de autoanticorpos específicos, sendo essa a via mais competente na formação de
autoanticorpos. Esses complexos antígeno-anticorpos formados tornam-se circulantes e/ou
depositam-se nos diferentes tecidos e causam as consequentes lesões do lúpus eritematoso.
3. Os autoanticorpos
Para os autoanticorpos estabelecerem uma condição patológica, é necessário que alguns
fatores endógenos e exógenos interajam: como predisposição genética, interagindo com
agentes externos, desencadeiam apoptose e exposição de autoantigenos, para serem
apresentados para linfócitos T e B para eliminarem os antígenos (quando não ocorre a
doença), ou apresentarem resposta imunológica persistente com quebra da tolerância
imunológica em reconhecer o antígeno e que seja mediada por receptores Ig na célula B e
receptores Tcr das células T, estabelecendo o caráter patológico. Essas respostas são clonadas
e expandidas em células de memória T e B e dirigidas contra “self antígenos”. Com o self
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Lupus Eritematoso – Resumo

  1. Definição Doença multissistêmica que encontra na pele, rim e articulações seus órgãos de choque principais. Acomete preferencialmente mulheres, independente do grupo racial. Porém , parece ser mais grave em negros. Manifesta-se em qualquer faixa etária, mas com predileção entre 18 e 40 anos.
  2. Etiologia e patogenia Aspecto multifatorial. Herança genética, com a associação da deficiência congênita de alguns fatores do complemento, em especial da fração C2. Há estudos envolvendo a relação hormonal com o lúpus, como a testosterona parece ser um elemento protetor da doença e o estrógeno um aumento de risco, por isso explicado por acometer mais mulheres. Radiação UVA envolvida diretamente nos mecanismos de exposição de autoantígenos na superfície dos queratinócitos, desencadeando a formação de autoanticorpos nos pacientes predispostos. A radiação UVA, incidindo sobre os queratinócitos faz com que ocorra um dano ao DNA, que deveria ser automaticamente reparado pela ação das proteínas p53 e p51. No entanto, em pacientes predispostos, há um aumento da proteína p53, deslocando o mecanismo de mitose reparadora, perpetuando o erro do DNA, o que leva à apoptose dos queratinócitos. Durante o mecanismo de apoptose, o aumento da permeabilidade da membrana celular expõe os elementos nucleares e citoplasmáticos para células apresentadoras de antígenos circulantes. Esses antígenos especificos intranucleares e intracitoplasmáticos expostos são reconhecidos e processados pelos macrófagos, com a produção de interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF). A primeira por si só é capaz de estimular a produção de linfócitos B a partir do estímulo de linfócitos TH1 e iniciar o processo de formação de autoanticorpos e o segundo (TNF) é responsável pelos estados febris inespecíficos – pródromos em geral. Essas estruturas intracelulares processadas seguem ainda uma segunda via: são apresentadas para os linfócitos T helper (Th), que reconhecem sua antigenicidade, aumentam a subpopulação de linfócitos Th1 e Th2, estimulam a síntese de IL2, principalmente, e interferon gama, capazes de estimular a imunidade humoral, levando à formação de autoanticorpos específicos, sendo essa a via mais competente na formação de autoanticorpos. Esses complexos antígeno-anticorpos formados tornam-se circulantes e/ou depositam-se nos diferentes tecidos e causam as consequentes lesões do lúpus eritematoso.
  3. Os autoanticorpos Para os autoanticorpos estabelecerem uma condição patológica, é necessário que alguns fatores endógenos e exógenos interajam: como predisposição genética, interagindo com agentes externos, desencadeiam apoptose e exposição de autoantigenos, para serem apresentados para linfócitos T e B para eliminarem os antígenos (quando não ocorre a doença), ou apresentarem resposta imunológica persistente com quebra da tolerância imunológica em reconhecer o antígeno e que seja mediada por receptores Ig na célula B e receptores Tcr das células T, estabelecendo o caráter patológico. Essas respostas são clonadas e expandidas em células de memória T e B e dirigidas contra “self antígenos”. Com o self

antígeno exposto, há a formação do autoanticorpo, levando a consequentes disfunções. A disfunção depende da qualidade do complexo formado.  Anticorpo anti-Ds-DNA: Grande probabilidade de acometimento renal.  Anticorpo anti-Ro-ssA: Lúpus neonatal/fotossensibilidade.  Anticorpo anti-Sm: Marcador específico de lúpus eritematoso sistêmico. Provável doença benigna.  Anticorpo anti-MA: Maior probabilidade de lesão neurológica.  Anticorpo ss-DNA: Maior probabilidade de a colagenose tornar-se sistêmica.  Anticorpos antinucleossomais: Marcador precoce de doença sistêmica.  Anticorpo anti-P ribossomal: Marcador de doença sistêmica com probabilidade de doença neurológica. Atualmente, algumas substâncias em contato com os indivíduos podem desencadear lúpus eritematoso-like ou piorando a doença preexistente. O uso de implantes cutâneos dérmicos ou subcutâneos com finalidade estética para correção de sulcos e rugas, como os derivados do ácido hialurônico e silicones, estão formalmente contra-indicados para pacientes portadores de lúpus eritematoso, devido a possibilidade de vir a estimular produção de autoanticorpos. Estão também contraindicados para pacientes portadores de esclerodermia, sd sjogren, artrite reumatoide, dermatomiosite, e qualquer doença autoimune.

  1. Clínica As manifestações cutâneas podem ser divididas em específicas e inespecíficas. As específicas são manifestações típicas de lúpus eritematoso cutâneo e são classificadas em:  Lupus Eritematoso Cutâneo Crônico (LECC)  Lupus Eritematoso Cutâneo Subagudo (LECSA)  Lúpus Eritematoso Cutâneo Agudo (LECA) A forma cutâneo-crônica representaria o polo benigno da doença, com menor probabilidade de evolução para doença sistêmica. A forma subaguda, intermediária, com aproximadamente 50% de possível sistematização da doença e culminando com o subtipo cutâneo agudo, que é considerada, sempre, uma doença sistêmica. As lesões cutâneas iniciais mantem-se durante todo curso da doença, ou seja, a tendência é sempre manifestar com o mesmo padrão. As alternâncias de padrões (cutâneo crônica, cutâneo subagudo e cutâneo agudo). a. Lúpus Eritematoso Cutâneo Crônico (LECC): Representado pela lesão discoide, que caracteriza-se por eritema, infiltração, escamas aderidas e, às vezes, com espículas córneas que penetram os folículos pilossebáceos e evoluem, deixando área atrófica cicatricial e telangiectasias. As lesões tendem a evoluir de maneira centrífuga, com lesão residual atrófica hipo ou hipercrômica central e persistência de atividade nas bordas, isto é, eritema e infiltração. Por vezes as bordas são hipercrômicas. Lesões iniciam-se por pápula ou placa eritematosa, de tamanho variável e infiltrada, que vai assumindo o aspecto discoide, progressivamente a partir do seu centro. Acometem principalmente área exposta:
  • Tem predileção por pavilhão auricular.
  • Face: região malar bilateral, caracterizando disposição em asa de borboleta.
  • Pode deixar alopecia cicatricial em áreas pilosas (ex: couro cabeludo).

Mais associada à deficiência congênita da fração c2 do complemento. A associação de doença familiar também é mais frequente e classicamente é caracterizada pelo anticorpo anti-RO-ssA e LA-ssB, além do antígeno de histocompatibilidade HLA-Dr3 e DQ Sd. De Rowell: associação de lúpus eritematoso com eritema polimorfo: relação com anticorpos anti-Ro e anti-La, além do fator reumatoide. Lesões anulares e policíclicas, com presença dos seus marcadores imunológicos, que ocorrem em surtos de agudização e mantém-se durante as primeiras 6 semanas com imunofluorescencia direta negativa, peculiar nas lesões recentes de lúpus eritematoso. Hoje sabe-se que a sd Rowell é a LECSA. DD: Rosáceas, infiltração linfocitária de Jessner Kannof, linfocitoma cútis, sarcoidose, psoríase, granuloma anular e eritema multiforme. Possibilidade LECSA vir a representar doença sistêmica gira em torno de 50% dos pacientes. c. Lúpus Eritematoso Cutâneo Agudo (LECA): Representa sempre a doença sistêmica, que inicialmente pode não estar instalada, mas que, invariavelmente evolui para sistematização. Maioria das vezes as lesões se iniciam após prolongada exposição solar, e mais raramente após a ingestão de drogas como procainamida, hidralazina ou isoniazida. Eritema vivo pouco infiltrativo em áreas de fotoexposição, principalmente região malar bilateral, apresentando a típica lesão em asa de borboleta, e na porção superior do tronco. Raramente apresentam descamação. Outras manifestações do LECA:

  • Queda constante de cabelos  alopécia difusa sem sinais inflamatórios.
  • Telangiectasias periungueais.
  • Lesões morbiliformes ou pequenas lesões infiltradas isoladas em áreas de fotoexposição.
  • Pequenas ulcerações, petéquias e púrpuras no palato duro.
  • Lesões líquen-like na mucosa julgal.
  • Edema de pálpebras e hiperemia conjuntival e labial. Sempre acompanhadas de febre, mal-estar geral, indisposição e artralgias.
  • Variante bolhosa, quando surgem pequenas bolhas que coalescem, formando uma bolha maior e tensa, geralmente numa pele aparentemente íntegra. DD: Dermatoses virais febris, dermatomiosite, infiltração linfocitária de Jessner, penfigoide bolhoso, algumas formas reacionais de hanseníase. Alterações laboratoriais que permitem diagnostico de doença sistêmica, nessa fase. Pode haver presença de paniculite lúpica ou lúpus eritematoso profundo. Paniculite lúpica / Lúpus Eritematoso Profundo O acometimento de tecido adiposo no lúpus eritematoso ocorre tanto na doença sistêmica (paniculite lúpica propriamente dita), quanto na doença cutânea (lúpus eritematoso cutâneo profundo).

Clínica: nódulos palpáveis, na maioria das vezes assintomáticos e de tamanhos variáveis, com ou sem lesão cutânea adjacente, típica de lúpus eritematoso. Regiões mais envolvidas são face, braços e coxas. Se diferenciam do eritema nodoso por serem persistentes, não evoluírem em surtos, mais bem delimitados à palpação, pouco doloridos e terem como localização preferencial a face, braços e coxas, além da possibilidade de calcificarem. Dg Histopatologia: Paniculite septal típica (= lúpus eritematoso). Manifestações cutâneas inespecíficas: Vasculites, púrpuras palpáveis e urticária vasculite, livedo reticular, fenômeno de Raynauld, eritromelalgia, eritema nodoso recorrente, alopecia difusa, eflúvio telogeno, esclerodactilia, calcinose cutânea, lesões bolhosas, telangiectasias periungueais, tromboflebites. As vasculites são mais características quando iniciam pelas extremidades dos dedos das mãos e artelhos, mostrando-se inicialmente como pontos eritematopurpúricos, dolorosos, principalmente no inverno, e evoluem para um ponto de necrose central e atrofia subsequente. Purpuras palpáveis é a expressão clínica mais comum da vasculite leucocitoclástic. Sinal clínico inequívoco de sistematização da doença. Lesões de urticária vasculite caracterizam-se por pequenas e numerosas urticas, pouco pruriginosas, duradouras, persistentes por até mais de 72 horas, que assumem ou não característica purpúrica. Fenomeno de Raynauld: sinal de mal prognóstico. Livedo reticular: marcador de maior possibilidade do paciente vir a desenvolver uma colagenose. Alopecias difusas, causadas por um eflúvio telogeno acentuado, associadas a um cabelo mais fino e quebradiço, são um dos sinais que podem marcar atividade da doença sistêmica. Esclerodactilia marca geralmente associações com colagenoses, principalmente lúpus, esclerodermia e artrite reumatoide.