























































































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Resumo sobre teorias e Sistemas da Psicologia
Tipologia: Resumos
1 / 95
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Cap. 1: O ESTUDO DA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA. SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, E. História da Psicologia Moderna. 11ª Ed. Norte-americana. São Paulo (SP): Cengage Learning
O texto aborda o estudo da história da psicologia, destacando sua importância e relevância. Inicia-se com um exemplo prático sobre a capacidade humana de perceber estímulos em meio a distrações, ilustrando como a atenção seletiva pode influenciar a percepção. A seguir, explora a necessidade de compreender o passado da psicologia para contextualizar o presente, destacando a diversidade de abordagens na disciplina. O autor ressalta que a história da psicologia é uma área significativa de estudo, evidenciada pela oferta de cursos desde 1911 e pela presença em grande parte das universidades nos Estados Unidos. Destaca-se a existência de uma divisão própria na Associação Americana de Psicologia e de um centro de pesquisas dedicado aos arquivos históricos da psicologia. O texto destaca que a diversidade de abordagens na psicologia moderna pode ser compreendida melhor através do estudo de sua evolução ao longo do tempo. Argumenta que a história proporciona uma visão clara da natureza atual da psicologia, organizando a aparente desordem e conferindo significado ao aparente caos. Analogias são feitas entre o modo como psicólogos clínicos exploram a infância para entender pacientes adultos e como os behavioristas enfatizam o condicionamento passado para explicar comportamentos atuais. O autor encoraja a leitura do livro como uma maneira sistemática de integrar diferentes áreas e questões da psicologia moderna, enfatizando a importância do estudo da história como um meio de reconhecer as relações entre ideias, teorias e esforços de pesquisa. Por fim, destaca que a história da psicologia é não apenas fascinante, mas também repleta de drama, tragédia, heroísmo e revolução, tornando-se uma ferramenta essencial para compreender a riqueza da psicologia contemporânea. O texto aborda o desenvolvimento da psicologia moderna, oferecendo uma perspectiva sobre quando e como a disciplina emergiu. Destaca-se que a resposta à pergunta sobre onde começar o estudo da história da psicologia depende da definição da psicologia em si. O autor aponta para dois períodos distintos, com cerca de 2 mil anos de diferença, como origens da
psicologia, considerando-a tanto uma das disciplinas mais antigas quanto uma das mais recentes. O século V a.C. é mencionado como um período em que filósofos como Platão e Aristóteles já discutiam questões comuns aos psicólogos contemporâneos, abordando temas como memória, aprendizagem, motivação, pensamento, percepção e comportamento anormal. A influência dessas ideias é destacada como estruturante para o desenvolvimento subsequente da psicologia. Por outro lado, o texto sugere que a psicologia moderna, como disciplina independente e científica, teve seu surgimento aproximadamente 200 anos atrás, quando se separou da filosofia e adotou métodos de pesquisa distintos. A transição ocorreu quando os pesquisadores começaram a aplicar ferramentas e métodos das ciências biológicas e físicas para explorar questões relacionadas à natureza humana. Isso marca o início da psicologia como uma área de estudo própria. O autor destaca a importância dos métodos precisos e objetivos na diferenciação entre a psicologia moderna e suas raízes filosóficas. A mudança crucial ocorreu quando os pesquisadores passaram a confiar na observação e na experimentação controlada para estudar a mente humana. A narrativa então se concentra no século XIX como o período em que a psicologia se tornou uma disciplina independente, com métodos de pesquisa distintos e fundamentação teórica. O texto também aborda a reconstrução do passado da psicologia por meio de dados históricos, destacando a historiografia como a técnica utilizada pelos historiadores para estudar e compreender o desenvolvimento da psicologia. São discutidos desafios específicos enfrentados pelos historiadores em comparação com os psicólogos, especialmente no que diz respeito à coleta e interpretação de dados históricos. O autor destaca a natureza fragmentada e muitas vezes limitada desses dados, ressaltando a importância de fontes como descrições escritas, cartas, diários, fotografias e equipamentos de laboratório. No final, o texto enfatiza que, embora os historiadores não possam repetir ou controlar os eventos do passado como os psicólogos fazem em seus estudos, eles ainda têm fragmentos significativos de informações para analisar e reconstruir os eventos e experiências históricas. O texto aborda recursos online e desafios relacionados ao estudo da história da psicologia. Destacam-se diversos links de arquivos históricos e coleções de documentos relevantes para a compreensão do desenvolvimento da psicologia:
1. Archives of the History of American Psychology
relatos são mais precisos e se aproximam da realidade, considerando possíveis influências de memórias vagas ou narrativas autopropagadas. O texto destaca que, em alguns casos, é possível buscar evidências entre colegas ou observadores para confirmar as informações. No exemplo de Skinner, um biógrafo descobriu, através de um ex-colega, que a rotina rigorosa descrita por Skinner era, na verdade, diferente, envolvendo atividades como jogar pingue-pongue. Além disso, o texto menciona a aplicação desse método na análise de relatos de Freud sobre sua vida. Inicialmente retratando-se como um mártir da causa psicanalítica, informações descobertas posteriormente revelaram uma realidade diferente, na qual Freud era reconhecido e influente em sua meia-idade. Esses desafios com os dados históricos ressaltam a natureza dinâmica e em constante evolução do entendimento da história. A compreensão histórica é continuamente refinada e corrigida à medida que novos dados são revelados ou reinterpretados, indicando que a história é um processo em andamento. O texto também destaca a importância de considerar as forças contextuais na psicologia, observando como ela é moldada por influências externas, como o clima intelectual da época (Zeitgeist) e forças sociais, econômicas e políticas. Exemplifica como esses contextos impactaram o desenvolvimento passado da psicologia e continuam a influenciar seu presente e futuro. O texto aborda diversas oportunidades que surgiram na psicologia devido a mudanças econômicas, guerras e questões de preconceito e discriminação. Oportunidades advindas da economia Os primeiros anos do século XX testemunharam mudanças significativas na psicologia nos Estados Unidos devido ao cenário econômico. Com o aumento do número de psicólogos e laboratórios, a competição por vagas cresceu. A psicologia, recebendo menor verba em comparação com outras disciplinas, buscou provar sua utilidade na resolução de problemas sociais, educacionais e industriais. O aumento na demanda por educação pública devido ao fluxo de imigrantes e alta taxa de natalidade criou oportunidades para os psicólogos aplicarem seus conhecimentos na área educacional. Guerras mundiais As guerras desempenharam um papel significativo na estruturação da psicologia moderna. Durante as Guerras Mundiais, os psicólogos norte-americanos colaboraram com esforços de guerra, acelerando o desenvolvimento da psicologia aplicada em áreas como
seleção de pessoal, testes psicológicos e psicologia aplicada à engenharia. Essas contribuições destacaram a utilidade da psicologia e expandiram sua influência. A Segunda Guerra Mundial teve impactos na psicologia europeia, levando muitos pesquisadores e teóricos a se refugiarem nos Estados Unidos, marcando a transferência final da psicologia da Europa para os EUA. Além disso, as experiências traumáticas das guerras influenciaram teóricos como Sigmund Freud, que propôs a agressão como uma força motivadora significativa da personalidade humana, e Erich Fromm, que atribuiu seu interesse pelo comportamento anormal às condições na Alemanha durante a guerra. Preconceito e discriminação O texto aborda a discriminação por gênero, destacando a longa história de preconceitos contra mulheres na psicologia. Mesmo quando capacitadas, as mulheres enfrentavam barreiras no acesso a cargos acadêmicos e salários mais baixos. Exemplos como Eleanor Gibson e Sandra Scarr ilustram os desafios enfrentados por mulheres na psicologia. A discriminação étnica também é abordada, mencionando a existência de cotas de admissão para homens e mulheres judeus nas décadas de 1960. O texto destaca casos de discriminação explícita contra judeus em universidades de elite, mostrando como essas práticas eram generalizadas. Os exemplos de indivíduos que mudaram seus nomes para evitar discriminação, como David Krech, Julian Rotter, Harry Harlow, e Abraham Maslow, evidenciam as dificuldades enfrentadas por psicólogos devido a preconceitos étnicos. Em resumo, o texto destaca as complexas interações entre eventos econômicos, guerras e questões sociais na formação e evolução da psicologia, destacando as oportunidades e desafios enfrentados pelos profissionais da área ao longo do tempo. O texto descreve diversos casos de discriminação enfrentados por diferentes grupos na história da psicologia, destacando as barreiras enfrentadas por mulheres, judeus e afro-americanos. O preconceito e a discriminação impactaram o acesso à educação, oportunidades de trabalho e o reconhecimento profissional nesses contextos específicos. O relato inclui episódios de psicólogos que sofreram discriminação devido à sua origem étnica, religião ou gênero, como a recusa de empregos, imposição de limites para treinamento e restrições quanto à participação em determinadas áreas da psicologia. Além disso, são apresentados exemplos de resistência e superação por parte desses profissionais, evidenciando suas contribuições significativas para a psicologia, mesmo diante das adversidades. O texto destaca a luta pela igualdade de oportunidades e o papel das instituições acadêmicas na promoção da diversidade. Observa-se que, apesar dos desafios
foi marcado por essas divergências, e a transição para um estágio paradigmático, onde um modelo comum define o campo, ainda não foi alcançada na psicologia. O conceito de paradigma, inspirado na física, é mencionado como um modelo ou padrão aceito na disciplina científica que fornece perguntas e respostas fundamentais. No entanto, a psicologia ainda não atingiu esse estágio maduro, e a falta de uma visão unificada é evidenciada pelos constantes conflitos e fragmentação dentro da disciplina. O texto destaca a natureza fragmentada e desintegrada da psicologia na atualidade, com várias correntes independentes que dificultam a comunicação entre as diferentes abordagens. Cada escola de pensamento na psicologia foi um movimento de protesto contra a posição dominante, provocando discussões acaloradas e mudanças na orientação teórica e metodológica. A história da psicologia é apresentada como uma sequência de paradigmas frustrados, e a falta de um princípio científico fundamental comparável às leis da física de Newton ou à teoria evolucionista de Darwin é destacada. O texto conclui enfatizando a importância de compreender o avanço da psicologia no contexto do desenvolvimento histórico das escolas de pensamento, reconhecendo tanto as contribuições individuais quanto as mudanças nas ideias que precederam, influenciaram e sucederam essas contribuições. O livro segue uma organização cronológica e temática, abordando o desenvolvimento da psicologia desde suas raízes filosóficas e fisiológicas até os movimentos e escolas de pensamento modernos. A obra inicia com os precursores filosóficos e fisiológicos da psicologia experimental, seguido pelo papel fundamental de Wilhelm Wundt e a emergência do estruturalismo. A narrativa prossegue com a evolução para outras escolas de pensamento, como o funcionalismo, o behaviorismo, a psicologia da Gestalt e a psicanálise. Cada escola é apresentada em capítulos distintos, destacando suas principais características, ideias e influências. Ao longo da narrativa, percebe-se a interconexão entre essas abordagens e como algumas surgem como reações ou evoluções das anteriores. O texto aborda as diferentes correntes de pensamento que surgiram em reação ao behaviorismo e à psicanálise, incluindo a psicologia humanista e a psicologia cognitiva. Também menciona desenvolvimentos contemporâneos, como a psicologia evolucionista, a neurociência cognitiva e a psicologia positiva, destacando a complexidade e diversidade do campo. Questões para Discussão:
1. Descreva o processo cíclico que envolve o surgimento, o desenvolvimento e a extinção das escolas de pensamento. O processo cíclico envolve o surgimento de uma nova escola de pensamento como uma reação ou evolução da anterior, seu desenvolvimento por meio de pesquisa e prática, e eventualmente sua extinção ou transformação à medida que novas abordagens emergem. 2. Descreva as diferenças entre as visões personalista e naturalista da história científica. Explique em qual dessas abordagens são fundamentados os casos de descoberta simultânea. A visão personalista destaca o papel dos indivíduos na história científica, enquanto a visão naturalista enfatiza as forças contextuais e o Zeitgeist. Os casos de descoberta simultânea são fundamentados na abordagem naturalista, que destaca a receptividade do ambiente a determinadas ideias. 3. Descreva os obstáculos enfrentados por mulheres, judeus e negros em busca de uma carreira na psicologia, principalmente na primeira metade do século XX. Mulheres, judeus e negros enfrentaram obstáculos em busca de carreiras na psicologia, especialmente na primeira metade do século XX, devido a preconceitos e discriminação social. 4. Como o processo de registro histórico de qualquer campo, necessariamente, restringe os trabalhos individuais que merecem destaque? O registro histórico muitas vezes destaca trabalhos individuais de pessoas proeminentes, mas pode negligenciar contribuições significativas de grupos sub-representados. 5. O que diferencia os dados históricos dos dados científicos? Exemplifique de que maneira os dados históricos podem ser distorcidos. Dados históricos são interpretações do passado, enquanto dados científicos são resultados de experimentos e observações controladas. Os dados históricos podem ser distorcidos devido a interpretações tendenciosas ou falta de documentação precisa. 6. Como as forças contextuais influenciaram o desenvolvimento da psicologia moderna?
O texto explora brevemente o papel central e exclusivo do projeto epistemológico na filosofia durante a Idade Moderna, abordando como as tradições teóricas e epistemológicas exerceram domínio sobre a cultura ocidental. O período da Modernidade, iniciado no final do Renascimento e marcado por projetos modernos sucessivos, é caracterizado por transformações, crises e persistências ao longo dos séculos. O autor destaca a emergência da Modernidade a partir do século XVI, evidenciando a visão do homem como um ser sem natureza ou posição predefinidas, capaz de escolher livremente sua natureza e posição. A ideia de um ser que pode escolher livremente, moldando sua própria identidade, marca a transição para a Modernidade. O texto menciona a obra "A invenção do psicológico", que oferece uma análise detalhada da emergência da Modernidade. Destaca-se o ensaio "Uma santa católica na Idade da Polifonia", que examina o século XVI a partir de uma variedade de produtos culturais, evidenciando os momentos cruciais da emergência de novas formas de subjetivação. O autor enfatiza projetos de reforma que caracterizaram esse período, concentrando-se em figuras como Santo Inácio de Loyola e Santa Teresa d'Ávila. O século XVI testemunhou o colapso das tradições empíricas e históricas, dando lugar a tentativas tumultuadas de escapar da conagração dessas tradições. O sujeito é estabelecido como fundamento autofundante das crenças, normas e valores, inaugurando uma fase em que o homem deve escolher, decidir e validar suas crenças sem recorrer aos saberes tradicionais. Diante da ameaça de ceticismo e desagregação social, a busca por uma nova unidade e identidade levou à constituição do sujeito como fundamento. No entanto, a variabilidade das experiências individuais exigia um processo de expurgo ou ascese, resultando na necessidade de um método que disciplinasse e estabelecesse a certeza subjetiva como critério de verdade e conhecimento. O método torna-se o exercício autorregulado da vontade na busca pela certeza subjetiva, consolidando o sujeito como a base do conhecimento. O texto aborda como o método epistemológico proposto na Idade Moderna visava proceder, cindindo e demarcando o campo das experiências subjetivas em terrenos confiáveis (razão e sentidos purificados) e suspeitos (paixões, desejos, emoções, fantasias, preconceitos, vieses, etc.). A cisão imposta pelo método deveria resultar em uma nova subjetividade, totalmente purificada, transparente para si mesma, sem as imperfeições dos sujeitos empiricamente existentes. O surgimento do sujeito epistêmico representa essa subjetividade concebida como pura consciência e vontade soberana, livre de particularidades e capaz de pairar acima de qualquer contexto.
O empreendimento epistemológico aposta na separação clara entre ilusão e conhecimento, entre conhecimentos mediados (sempre suspeitos) e conhecimentos imediatos (bases inquestionáveis da ciência), entre subjetividade empírica e transcendental, e entre corpo e espírito. O método proposto no século XVII, principalmente na versão racionalista, visa dissociar corpo e mente, estabelecendo uma subjetividade ideal: uma interioridade distintamente separada do mundo externo, acessível apenas ao sujeito, e concebida como a parte mais essencial do indivíduo. O ensaio "Identidade e esquecimento: aspectos da vida civilizada" examina os processos de cisão e exclusão que, no século XVII, deram origem às subjetividades civilizadas. Este período testemunha a constituição metódica de identidades fictícias e a imediata ressurgência dos excluídos. No século XVIII, o ensaio "A representação e seus avessos" destaca o reaparecimento das impurezas previamente excluídas pelo sujeito metodológico. As esferas separadas da vida privada/doméstica e da vida pública correspondem à abertura de espaços nos quais os murmúrios dos excluídos podem se manifestar. Os movimentos românticos, no século XIX, expressam e valorizam o que foi banido do ideal epistêmico, explorando os reversos da racionalidade, como paixões, imaginação, sexo, carnalidade, doença, morte, entre outros. A filosofia e a ciência românticas enfatizam a "unidade" como uma palavra-chave, propondo um monismo vitalista em que homem e mundo são constituídos da mesma substância vital. A epistemologia romântica almeja a unificação das ciências, das artes e da filosofia para totalizar o conhecimento. Apesar da "troca de sinais" em relação à Razão, o pensamento romântico preserva o sujeito como fundamento autofundante, mantendo a subjetividade centrada em si mesma, sendo a fonte do conhecimento verdadeiro e do que verdadeiramente é. O Romantismo é considerado parte integrante da Modernidade, não sua derrocada ou encerramento. O texto explora o desdobramento do projeto epistemológico na Idade Moderna, detalhando a separação metodológica entre as partes "confiáveis" e "suspeitas" do indivíduo. Este método, visando à purificação do sujeito epistêmico, resulta na emergência do sujeito epistêmico, uma subjetividade concebida como pura consciência e vontade soberana, capaz de fundamentar crenças e ações. A certeza, tornando-se um critério ontológico, define os fenômenos "verdadeiramente reais" como representáveis, excluindo aqueles que escapam a uma representação clara e distinta. Essa visão estabelece dois mundos: um real, disponível para o conhecimento, e outro ilusório, onde residem as subjetividades residuais. A matematização do conhecimento e a
O autor também aponta para a importância da questão do corpo na Modernidade, mencionando a necessidade de maior detalhamento sobre esse tema. Além disso, destaca a literatura romântica sobre o inconsciente como uma expressão significativa desse período, citando obras que exploram a simbólica do sonho e a filosofia do inconsciente. Ao final, o texto sugere que, mesmo diante das crises e desafios enfrentados pelo projeto epistemológico, as tentativas de restauração e reafirmação desse projeto continuam a ser vigorosas, mostrando a resiliência e a persistência da epistemologia na Modernidade. Cap. 2.2: A MAIS ÚTIL DE TODAS AS CIÊNCIAS. CONFIGURAÇÕES DA PSICOLOGIA DESDE O RENASCIMENTO TARDIO ATÉ O FIM DO ILUMINISMO. FERREIRA, A. L.; VILELA, A. J; LEAL, A.; PORTUGAL, F. História da Psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2005. O Capítulo 2, intitulado "A mais útil de todas as ciências", aborda as configurações da psicologia desde o Renascimento tardio até o final do Iluminismo. O autor, Fernando Vidal, destaca uma passagem de um artigo do século XVIII que enfatiza a importância da psicologia como base, princípio e guia para diversas áreas do conhecimento. O autor destaca a relação entre a psicologia e questões fundamentais como teologia, ética, política e lógica, afirmando que sem o conhecimento da natureza da alma humana, não podemos tomar decisões seguras. A psicologia é apresentada como a primeira e mais útil de todas as ciências, sendo a fonte e a fundação para as demais. O capítulo explora diferentes aspectos dessa passagem, destacando a conexão entre o conhecimento empírico da alma, observação e princípios religiosos ou metafísicos. A singularidade epistemológica da psicologia é enfatizada, pois ela é apresentada como a única ciência cuja metodologia deriva do estudo de seu próprio objeto. Ao longo do texto, o autor contextualiza a psicologia no panorama intelectual do Iluminismo, explicando como a disciplina conquistou uma posição proeminente, mesmo sem se tornar uma profissão acadêmica na época. A psicologia do século XVIII é apresentada como uma disciplina, apesar de não ser uma profissão institucionalizada, e seu status é discutido em termos de uma estrutura social e intelectual. O capítulo destaca a ambiguidade historiográfica em relação à psicologia do século XVIII, muitas vezes considerada como uma pré-história ou história pré-científica. O autor argumenta que, mesmo que não fosse experimental, a psicologia dessa época pode ser vista como uma ciência natural comprometida com uma perspectiva naturalista e empírica.
Além disso, o texto aborda as discussões metodológicas na Alemanha a partir da década de 1750, onde filósofos como Christian Gottfried Schütz e Jean Trembley debateram sobre a natureza da psicologia, sua relação com a física e os métodos adequados para sua investigação. A abordagem programática da psicologia do século XVIII é reconhecida, com ênfase na observação, experiência, análise e mesmo na experimentação. Em suma, o capítulo não se concentra nas ideias psicológicas do Iluminismo, mas explora os fatores que fizeram da psicologia do século XVIII uma disciplina, fundamentando a alegação de Immanuel Kant de que ela deveria ganhar status como uma disciplina universitária autônoma. O progresso da psicologia no século XVIII dependia da utilização de métodos empíricos em conjunto com a especialização. Apesar da tendência em elaborar sistemas psicológicos criticada por Trembley, essa abordagem persistiu ao longo do século. A crítica de Trembley refletia a atitude naturalista da época, influenciada pela aplicação do raciocínio matemático e modelos físicos aos fenômenos mentais, bem como pela combinação de observações médicas e psicológicas. Mesmo a psicologia científica institucionalizada nas décadas finais do século XIX, representada por Wilhelm Wundt, não era exclusivamente experimental. Nos Estados Unidos, era chamada de "nova psicologia", enquanto na França, Théodule Ribot a referia como "escola experimental". A psicologia acadêmica do Iluminismo, no entanto, foi relegada ao "passado" da disciplina, sendo necessário reconfigurá-la como objeto legítimo da história da psicologia. O capítulo explora a origem da palavra "psicologia" nos textos sobre a alma nas universidades protestantes alemãs, popularizando-se a partir de 1570. Inicialmente um neologismo, a psicologia servia como introdução à investigação naturalista de plantas, animais e humanos. A hierarquia dos seres vivos, baseada nas faculdades da alma, influenciou a compreensão da psicologia como uma ciência geral dos seres vivos. Mesmo sendo parte das ciências naturais, a psicologia do século XVIII manteve uma dualidade entre a compreensão aristotélica da alma como princípio vital e a persistência de discursos metafísicos sobre a alma, especialmente após a mudança na concepção da alma como mente, razão e consciência. O termo "psicologia" foi, por vezes, difícil de aceitar para aqueles que buscavam uma abordagem empírica da mente. Immanuel Kant destacou que a psicologia empírica permaneceu dentro da metafísica devido à falta de amplidão e sistematização. No entanto, previu que a disciplina evoluiria para uma ciência natural acadêmica. Essa previsão começou a se concretizar na segunda
abordagem escocesa buscava introduzir o método experimental nos assuntos morais. Autores como David Hume e Dugald Stewart, embora não usassem o termo "psicologia", contribuíram para a fundamentação do pensamento psicológico. Na França, a palavra "psicologia" era conhecida, mas ausente do vocabulário filosófico comum. A resistência à associação com conceitos religiosos e clericalismo levou alguns a evitar o termo, como no caso de Condillac. Os debates entre os philosophes e críticos católicos destacaram a atividade da mente e a unidade do eu, opostos ao conceito de uma máquina orgânica passiva. A Alemanha, embora ainda não unificada, desempenhou um papel crucial na produção de psicologias durante o século XVIII. A palavra "psicologia" era comumente usada no contexto do Aufklärung alemão. Inicialmente ligada ao sistema filosófico de Christian Wolff, a psicologia foi posteriormente influenciada pela filosofia crítica de Kant. A obra de Wolff, que abordava a razão, a experiência e diferentes disciplinas, contribuiu para a institucionalização da psicologia como uma disciplina distinta nas universidades protestantes. O desenvolvimento da psicologia na Alemanha refletia a abordagem de Wolff, onde a disciplina era dividida entre psicologia racional e empírica, cada uma com seu próprio método. A psicologia racional procedia por dedução a partir de definições e axiomas, enquanto a psicologia empírica utilizava a observação e experimentação. Este método empírico incluía a experiência, definida como a cognição do que é evidente apenas por meio de percepções. A narrativa histórica na França geralmente começa com a tentativa de superar o dualismo cartesiano, resultando na evolução de diferentes estratégias, como a descrição dos efeitos externos dos movimentos da alma e a reformulação de conceitos metafísicos como noções empíricas. A Alemanha desempenhou um papel significativo na institucionalização da psicologia como disciplina no século XVIII, vinculada inicialmente ao sistema filosófico de Christian Wolff. Na obra de Christian Wolff, a "Psychologia empirica" concentra-se na vida interior da alma, excluindo relações fisiológicas e corporais. A primeira parte do tratado aborda a alma em geral, suas faculdades cognitivas (percepção, sentidos, imaginação, memória, etc.) e a segunda parte analisa a transição do conhecimento para o "apetite" e a aversão, incluindo considerações sobre prazer, desprazer, bem, mal, paixões, apetite racional, entre outros. Uma seção final descreve a interação entre alma e corpo. A "Psychologia empirica" fornece os princípios para a lei natural, teologia natural e lógica.
Por outro lado, a "Psychologia rationalis" busca explicar a priori os fatos apresentados na psicologia empirica por meio da dedução de axiomas e proposições provadas. Começando com a definição da alma como um poder de representação do universo, a psicologia racional dedutivamente explora as faculdades e operações da alma, tratando de temas como a correspondência entre alma e corpo, natureza dos espíritos, espiritualidade da alma, sua origem, união com o corpo e imortalidade. A psicologia racional não produz novos conhecimentos empíricos, mas aprofunda a compreensão da observação da alma. No contexto histórico, a psicologia, tanto empírica quanto racional, era abordada como uma ciência empírica nas universidades alemãs até meados do século XVIII. No entanto, o interesse na antropologia cresceu, refletindo uma mudança na compreensão da psicologia. A bibliografia da "psicologia ou lógica" reflete a psicologização da lógica, argumentando que a lógica pertence à psicologia, influenciando a reforma das disciplinas filosóficas. Além disso, a história da psicologia emergiu como um gênero historiográfico, contribuindo para o desenvolvimento da psicologia como disciplina. A expansão do cânone psicológico incluiu o passado, reconstruindo a "psicologia empírica" de filósofos anteriores e estabelecendo fronteiras para o domínio em crescimento da psicologia. Autores psicológicos adotaram formas populares e narrativas mais existenciais, utilizando a linguagem do "sentimento de si" como fonte principal de dados psicológicos. Essas mudanças ocorreram durante o Iluminismo, refletindo o movimento em direção ao autoconhecimento e à compreensão mais profunda da psicologia humana. Este texto aborda a contribuição de Christian Wolff para a psicologia no contexto do século XVIII, destacando a distinção entre sua abordagem empírica e racional. Wolff, um filósofo alemão, desenvolveu a Psychologia empirica e a Psychologia rationalis como partes integrantes de sua filosofia. A Psychologia empirica de Wolff concentrou-se na vida interior da alma, excluindo as relações fisiológicas e corporais. A primeira parte do tratado tratava da alma em geral e suas faculdades cognitivas, como percepção, sentidos, imaginação, memória e intelecto. A segunda parte analisava a transição do conhecimento para o "apetite" e a aversão, abordando prazer, desprazer, bem, mal, paixões e outros estados mentais. Uma seção final explorava a interação da alma e do corpo, fornecendo princípios para a lei natural, teologia natural e lógica. Por outro lado, a Psychologia rationalis buscava explicar a priori os fenômenos apresentados na psychologia empirica. Começava com a definição da alma como um poder de representação do universo, destacando atividades como sensação e apercepção. Wolff
A psicologia no século XVIII é contextualizada como uma "ciência do homem", incorporando temas das ciências humanas e relacionando-se à visão cristã da constituição e destino humanos. O texto enfatiza que, mesmo nas discussões críticas sobre religião, a psicologia permaneceu interligada a outras disciplinas, destacando sua importância no entendimento do "homem" como indivíduo e ser social durante o Iluminismo. O texto enfoca a relação entre a psicologia e outras disciplinas, destacando a evolução da psicologia como parte integrante da compreensão mais ampla do homem e da busca pela perfectibilidade humana durante o século XVIII. O ensaio explora a preeminência da psicologia empírica durante o Iluminismo, utilizando as obras de Charles Bonnet, especificamente o "Essai de psychologie" e "Essai sur les facultés de l’âme". Bonnet fundamenta sua abordagem empírica afirmando que só conhecemos a alma por meio de suas faculdades, e essas faculdades só são conhecidas pelos efeitos, os quais são perceptíveis através da intervenção do corpo. A psicologia empírica, como proposta por Bonnet, investiga as operações de uma substância imaterial, a alma, considerando sua manifestação no corpo. Ele enfatiza a interação entre alma e corpo, destacando a importância do corpo como a origem das experiências da alma. A crença na existência da alma não impede a investigação empírica; ao contrário, ela fortalece as psicologias que se baseiam em especulações neurológicas, atribuindo ao cérebro e aos nervos papéis cruciais nessa interação. O autor aborda a questão do materialismo, evidenciando as defesas de Bonnet e Hartley contra a suspeita de que suas abordagens psicofisiológicas eram incompatíveis com a doutrina cristã. Ambos os psicólogos, embora especulassem sobre mecanismos psicofisiológicos, não afirmavam uma crença religiosa, mas integravam promessas cristãs, como a ressurreição, em seus trabalhos. O século XVIII é caracterizado como "o século da psicologia", influenciando não apenas historiadores dedicados ao Iluminismo, mas também estudiosos de várias disciplinas. A psicologia empírica tornou-se um campo de pesquisa autônomo, servindo como suporte teórico para a psicologização de outros saberes. A psicologia ganhou destaque por duas razões principais. Primeiro, mostrou como os seres humanos naturalmente adquirem conhecimento, indicando métodos empíricos para outras ciências. Segundo, ao considerar a alma unida ao corpo, a psicologia tornou-se a base e o guia de todas as ciências, oferecendo conhecimentos essenciais. A interligação entre a psicologia empírica e a psicologização de outros campos contribuiu para o desenvolvimento
da disciplina como um meio de definir normas para o comportamento humano e exercer controle sobre seu funcionamento. O Iluminismo, com seu ideal de trazer liberdade ao homem, encontrou na psicologia um caminho para avançar na busca pela perfectibilidade. No entanto, a psicologia empírica também acabou por apoiar formas de autoridade, baseadas no conhecimento da natureza humana, que se mostraram mais inexoráveis do que as tradições seculares e religiosas, potencialmente minando a liberdade que o Iluminismo buscava promover. Cap. 4: A PSICOLOGIA NO RECURSO AOS VETOS KANTIANOS. FERREIRA, A. L.; VILELA, A. J; LEAL, A.; PORTUGAL, F. História da Psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2005. O capítulo 4 aborda a influência dos vetos kantianos na evolução da psicologia no século XIX, especialmente na Alemanha. Immanuel Kant, considerado o inaugurador da filosofia contemporânea, impôs críticas à psicologia do século XVIII, distinguindo ciência de metafísica e ameaçando classificar os saberes psicológicos como meramente metafísicos. O capítulo destaca as críticas kantianas voltadas não apenas para a psicologia racional, mas também para a psicologia empírica, como a de Christian Wolff. Segundo Kant, a psicologia empírica para ser considerada ciência deveria descobrir seu elemento de modo semelhante à química, facultar um estudo objetivo do elemento, e produzir uma matematização mais avançada que a geometria da linha reta. Immanuel Kant, nascido em Konigsberg, Prússia Oriental, em 1724, é apresentado como o responsável por estabelecer novos parâmetros para o conhecimento ocidental, com suas obras fundamentais como "A crítica da razão pura," "A crítica da razão prática," e "A crítica do juízo." Durante o século XIX, a psicologia buscou superar os vetos kantianos para ser aceita como uma ciência legítima. Autores como Rudolph Lotze na Alemanha e Francis Galton na Inglaterra desenvolveram projetos psicológicos nesse contexto. No entanto, a superação dos vetos kantianos foi indiretamente alcançada no final do século XIX através do trabalho de fisiologistas e de um físico. A falta de um elemento objetivo na psicologia foi abordada pela teoria das energias nervosas específicas de Johannes Müller, que estabeleceu que cada via nervosa aferente