Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

resumo ambiental 234, Resumos de Sociedade e Meio Ambiente

texto sobre ambiente sociedade sociedade

Tipologia: Resumos

2020

Compartilhado em 03/07/2025

isabella-liu-3
isabella-liu-3 🇧🇷

1 documento

1 / 23

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Para o que servem os gêmeos digitais
Programas inspiradores de cidades
de todos os tamanhos
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17

Pré-visualização parcial do texto

Baixe resumo ambiental 234 e outras Resumos em PDF para Sociedade e Meio Ambiente, somente na Docsity!

Para o que servem os gêmeos digitais

Programas inspiradores de cidades

de todos os tamanhos

REDE TIM. PODE CONTAR.

VEM PRA MAIOR

REDE MÓVEL

DO BRASIL.

AGORA COM O 5G.

“A maior rede móvel do Brasil” refere-se à liderança da TIM em quantidade de municípios cobertos e de população coberta. Fonte: Teleco, 25/5/2022. O 5G DSS disponível é um estágio inicial da tecnologia 5G. Para mais informações, disponibilidade de cobertura e aparelhos compatíveis, consulte em tim.com.br/rede.

Gêmeos digitais, aliados do planejamento

Em entrevista exclusiva, Michael Grieves, diretor-executivo e cientista
chefe do Digital Twin Institute, compartilha como o conceito pode ser
aplicado para levar a cabo projetos de cidades inteligentes.

Por Roberta Prescott

O conceito gêmeo digital é bastante novo, mas pode ser revolucionário. Aplicados ao planeja- mento das cidades, possibilitam que planejado- res urbanos e gestores públicos antecipem cená- rios em ambientes virtuais e, assim, adotem as melhores soluções com base em cenários reais, otimizando as operações urbanas e poupando recursos escassos e alcançando a maior eficiência na prestação dos serviços urbanos.

Em entrevista exclusiva, Michael Grieves tido com inventor do gêmeo digital – ele também está entre os pioneiros do conceito de gerenciamen- to do ciclo de vida do produto (PLM, de product

lifecycle management) – explicou como o con- ceito pode extrapolar o uso em produtos físicos (como aviões, carros etc.) e ser peça fundamen- tal no planejamento de cidades inteligentes. “A ideia é que vamos trocar átomos caros por bits baratos para fazer coisas no mundo virtu- al, como se estivéssemos fazendo no mundo fí- sico”, resumiu Grives, que é diretor-executivo e cientista chefe do Digital Twin Institute.

O que são gêmeos digitais, quando o conceito foi desenvolvido e como tem sido desde então?

MICHAEL GRIEVES – Os gêmeos digitais são, basicamente, uma representação de coisas dos ambientes físicos no mundo virtual. A ideia é que vamos trocar átomos caros por bits ba-

ENTREVISTA | MICHAEL GRIEVES

ratos para fazer coisas no mundo virtual, como se estivéssemos fazendo no mundo físico. Por exemplo, pretendo desenvolver um produto com- plexo, como aviões ou foguetes ou coisas assim, faço um gêmeo digital para ter uma representa- ção real e mantenho essas duas coisas ligadas por toda a vida. Portanto, a ideia é poder usar as informações sobre o produto para fazer um trabalho real.

Quando se trata de cidade inteligente ou grandes projetos que afetem a população, como funciona?

Esse é um tópico muito quente no momento, que é a capacidade de ter cidades inteligentes. Mas, se a cidade inteligente não tem um gêmeo digital, você está meio que confiando em como as coisas estão configuradas, você não tem uma boa perspectiva do que está acontecendo. Assim, por exemplo, à medida que os padrões de tráfego mudam, as pes- soas podem olhar para o gêmeo digital e começar a fazer previsões de como podem promover ajustes antes que os problemas ocorram. Tudo começou como um gêmeo digital de produtos físicos tangí- veis, mas também se transformou em um gêmeo digital de coisas que não são tão tangíveis, como cadeias de suprimentos e logística.

Como funciona? É necessário ter um gêmeo digital para cada aplicação, por exemplo, tráfego ou ilumi- nação inteligente?

O gêmeo digital é impulsionado por casos de uso. Com coisas físicas, você tem que ter tudo ou que ter todo o prédio, não importa se estou in- teressado apenas nos elevadores. Com o gêmeo digital, posso apenas ter as informações que eu quero, as coisas nas quais estou interessado. Os gêmeos digitais são por casos de uso. Se o proble- ma é como e crio fluxos de tráfego ideais, basica- mente, só, preciso das informações sobre esses

fluxos de tráfego. Não preciso ter informações so- bre carros específicos ou geometria específica de semáforos. Tudo depende do que você quer fazer.

Em que estágio de adoção de gêmeos digitais esta- mos hoje? E qual tem sido a adoção e o uso desta tecnologia para cidades inteligentes?

Estamos nos estágios iniciais. Acabamos de ob- ter poder computacional suficiente nos últimos anos para fazer o que eu imaginei uns 20 anos atrás. Das quatro fases que listei, ainda estamos na primeira fase, que é um monte de coisas de gê- meos digitais que estão sendo feitas por nós, reu- nindo as informações certas. O próximo estágio é que teremos nossas plataformas completas nas quais você pode construir gêmeos digitais; mas ainda estamos em um estágio bastante inicial de desenvolvimento aqui.

Há alguma cidade que seja exemplo de uso?

Singapura tem um gêmeo digital bastante ex- tenso. Existem algumas cidades no Oriente Mé- dio onde eles estão criando gêmeos digitais. A Inglaterra também está desenvolvendo gêmeos digitais de suas estradas para gerenciamento de tráfego. Estamos começando a ver muito desen- volvimento em vários aspectos da cidade, como para tráfego, uso de energia, população, trans- porte, coisas assim. Como disse, estamos em um estágio bem inicial, especialmente para coisas que são tão complicadas quanto as cidades. Tem havido uma quantidade razoável de trabalho no Oriente Médio no sistema de energia para cam- pos de petróleo, oleodutos e para refinarias. Mas isso é um grande projeto, de provavelmente uns 100 milhões a 200 milhões de dólares, mas que eles obtiveram um retorno de um bilhão de dóla- res, então, obviamente há valor em fazer isso.

Mirando os próximos anos, como você acha que esses gêmeos digitais contribuirão para cidades inteligentes ou beneficiarão os governos para im- plementar uma cidade inteligente?

O que eles têm que fazer é implementar e ver o que acontece. Você sabe que muitas das ideias que eles têm não dão certo e eles causam muitos pro- blemas fazendo isso fisicamente. Agora, se eles

RSe a cidade inteligente não tem

um gêmeo digital, não temos uma boa

perspectiva do que está acontecendo.

A ideia é usar as informações para

fazer um trabalho real.

Por Roberta Prescott

Empreendedores estão de olho em lançar solu- ções para tornar as cidades mais inteligentes — e isso significa contribuir nem que seja para uma pequena parte de toda a engrenagem necessária para a transformação. “Quando surgiu a demanda de adaptação das cidades, com as agendas ecoló- gicas, para resolver problemas do dia a dia, como mobilidade, energia elétrica, água, isso casou com o desenvolvimento de tecnologias como inteligên- cia artificial, internet das coisas”, explica Eduardo Fuentes, analista de inovação na Distrito, cujo le- vantamento apontou que o Brasil tinha 166 star- tups dedicadas à causa das cidades inteligentes.

A Distrito monitora, atualmente, 36 mil star- tups na América Latina. No fim de 2019, a organi- zação percebeu que smart cities estava ganhando popularidade e resolveu entender o que existia no Brasil. Lançado em dezembro de 2020, o Distri-

Mais de

160 startups

dedicadas às

cidades

inteligentes

São Paulo concentra a maioria das
empresas, mas Pernambuco é um
polo de destaque.

to Smart Cities Report 2020 traz um retrato das startups atuando aqui com soluções para deixar as cidades mais inteligentes. O estudo mostrou, por exemplo, que dois terços delas nasceram de- pois de 2014 e que a maioria fica no Sudeste, com São Paulo abrigando 42% das empresas mapea- das O Sul está em segundo lugar, com 25,4%. No Nordeste, Pernambuco é o estado de destaque, com um total de 2,4% das startups do estudo.

“Percebemos, com os dados que trouxemos, que esse é um mercado que tem se expandido ano após ano”, aponta Fuentes. O maior estirão no crescimento de startups relacionadas a cidades

RÉ um mercado

que se expande

ano após ano

Eduardo Eduardo Fuentes, analista de inovação na Distrito

STARTUPS

PERFIS

Fundada em 2017, a Cobli surgiu da necessida- de de modernizar a logística, colocando parte das operações no mundo online. Para isso, fornece uma solução de hardware e software para ter me- lhor visibilidade da operação em tempo real, que conta com internet das coisas (IoT, na sigla em in- glês) e telemetria. “Desde o seu início, a Cobli tem como objetivo diminuir gastos desnecessários e o subaproveitamento do tempo de profissionais de logística, que realizam muitas tarefas manuais”, disse Parker Treacy, CEO e cofundador da Cobli.

A Cobli se posiciona como uma empresa espe- cialista na gestão de frotas e já levantou cerca de R$ 250 milhões em investimento, apoiados por SoftBank, Qualcomm, Fifth Wall, Valor, NXTP e GLP.

O setor logístico no Brasil tem desafios estrutu- rais e operacionais que a Cobli quer ajudar a resol- ver. Um exemplo dado pela startup é, por meio da inteligência de dados, traçar rotas mais eficientes, pois elas impactam diretamente no consumo de combustível e na redução de emissões de CO 2. Com IoT aliada à inteligência artificial, é possível acompanhar o comportamento dos motoristas na direção e até mesmo classificá-lo, uma vez que são rastreadas frenagens e acelerações bruscas ou até mesmo indícios de direção distraída.

“A dinâmica da logística mudou rapidamente e as plataformas de inteligência estão ajudando no aumento da eficiência e produtividade na ges- tão da frota. A incorporação de novas tecnologias também é peça-chave para entregar uma melhor experiência para o cliente final, algo que impac- ta diretamente o diferencial competitivo para as empresas”, explicou Treacy.

Nesse sentido, a Cobli se coloca como um ca- talisador para integrar as frotas às cidades inte- ligentes. “Para atingir o novo patamar de cidade esperado, a frota precisa estar conectada em rede e gerando informações para que o gestor tome decisões rapidamente e orientadas a da-

dos”, detalhou o CEO. Para ele, cidades inteligen- tes podem ser definidas pela adoção e integração de tecnologias como internet das coisas (IoT), big data, cloud computing e aplicativos móveis, su- portados por redes móveis 4G e 5G, entre outras. “A conectividade e a análise dos dados podem ser usadas para melhorar a qualidade, desempenho e interatividade dos serviços urbanos, reduzir cus- tos e consumo de recursos e aumentar o contato entre cidadãos e governo.”

Atualmente, são 350 colaboradores, com obje- tivo de fechar até o fim de 2022 com mais de 500 pessoas no time. A Cobli está presente em todos os Estados do Brasil com milhares de clientes, atendendo a empresas do pequeno ao grande porte e de diversos segmentos, como prestado- ras de serviço de telecom e manutenção, varejo e transporte de cargas.

“O objetivo de crescer nosso negócio em receita e pessoas está sendo atingido e vemos o impacto direto nos resultados da empresa. Por exemplo, o faturamento da Cobli vem crescendo mais de 100% ao ano nos últimos três anos”, assinalou Parker Treacy. A startup também tem levado para o time grandes nomes do mercado para ajudar a estruturar equipes, acelerar o crescimento e de- senvolver a entrega.

Treacy explicou que existem 41 milhões de veí- culos comerciais na América Latina. A meta é ter mais de 1 milhão de veículos na base da startup nos próximos quatro anos, além, claro, de se tor- nar um unicórnio — um marco que está no radar de muitas startups.

Catalisador de frotas

às cidades inteligentes

O faturamento
cresce 100% ao ano,nos
últimos três anos

Parker Treacy, CEO e cofundador da Cobli

Quicko quer transformar

o setor de transporte

A Quicko surgiu em 2018 com o propósito de ampliar o acesso ao transporte público e à mobili- dade urbana para a maior quantidade de pessoas possível. Desde então, a empresa recebeu dois in- vestimentos – da CCR e da J2L – aportes importan- tes para expandir a atuação para mais regiões me- tropolitanas e para investir no aprimoramento da tecnologia oferecida via app, como a geração de alertas aos usuários e a integração de meios de pagamento pelo próprio aplicativo da Quicko. A empresa tem hoje 60 funcionários.

Em 2021, a Quicko incorporou-se à MaaS Global e com isso teve acesso ao conhecimento que a finlandesa domina de monetização do usuário no aplicativo. Por exemplo, os usuários do Whim, app da MaaS Global, utilizam a plataforma para, além de obtenção de informações, pagamento de modais de transporte público e recarga de bilhe- te. Um dos seus planos é expandir as frentes de atuação da Quicko para garantir uma verdadeira experiência de mobilidade para as pessoas em di- versas cidades do Brasil e do mundo.

“A aproximação com a MaaS Global nos mostrou a grande sinergia de operações entre as empresas e a força do mercado de mobilidade. Com a integra- ção, poderemos seguir com o projeto de expansão ainda maior, pensando não só no Brasil. A união vai permitir que a mobilidade possa ser centralizada em um único app no mundo inteiro”, disse Carolina Badaró, COO da Quicko. Atualmente, são 500 mil usuários ativos em diversas cidades brasileiras, destacando as regiões metropolitanas de São Pau- lo, Rio de Janeiro e Salvador. O app da Quicko faz a integração de modais como ônibus, metrô, bike e até rotas a pé, oferecendo a melhor opção de rota para aquele trajeto. A operação da Quicko cresceu, segundo a empresa, três vezes no último ano, mes- mo em um período em que o número total de via- gens de transporte público caiu em todo o Brasil.

“Na cidade de Salvador, apenas pelo app da Quicko é possível ter a melhor gestão do cartão

de transporte com: consulta de saldo, extrato, bloqueio e desbloqueio, além da compra de cré- ditos de forma digital. Ainda na cidade, pelo apli- cativo, os usuários do transporte podem ver a lotação dos vagões do CCR Metro Bahia e evitar possíveis aglomerações”, explicou a COO.

Do momento da criação até hoje, Carolina Bada- ró disse que os objetivos estabelecidos de aporte e de downloads no aplicativo, assim como as ci- dades para as quais expandiu foram atingidos. “Desde o início, o propósito da Quicko sempre foi promover uma mobilidade urbana eficiente para a maior quantidade de pessoas possível. Isso se mantém como proposta de empresa e a isso te- mos somado tecnologias e melhorias na nossa atuação, além de parcerias e novidades para os usuários, como a aquisição pela MaaS Global, o lançamento do Clube Quicko, parceria com a Buser, entre outros”, acrescentou.

Agora, o objetivo da companhia é transformar o setor de transporte global. “Queremos propor- cionar a cada brasileiro uma forma livre, acessível e sustentável de mobilidade, garantindo a verda- deira experiência de uma mobilidade como servi- ço para todos”, apontou a COO.

A inserção da Quicko no movimento de cidades inteligentes se dá pela contribuição para atingir maior eficiência de planejamento urbano, com in- formações em tempo real, integração de diferen- tes modais, pagamento digital e cooperação entre governo e setor privado. “Tudo isso contribui não somente para a qualidade do deslocamento na ci-

O propósito sempre
foi promover uma
mobilidade urbana
eficiente para a maior
quantidade de
pessoas possível

Carolina Badaró, COO da Quicko

“Entre os principais pilares que sustentam o projeto de cidades inteligentes estão conectivi- dade, uso responsável de recursos e autonomia. E os projetos e soluções criados pela Solfácil es- tão alinhados com essas tendências”, explicou Carrara. “Ao longo de 2021, os projetos da Solfá- cil evitaram a emissão de quase 17 mil toneladas de CO 2 na atmosfera, o equivalente à quantidade

que 69 mil árvores fariam ao longo de 20 anos”, completou ele. Para Carrara, o desenvolvimento de cidades inteligentes deve ser a consequência do alto uso de tecnologia para melhorar a eficiên- cia dos serviços – como, suas fontes de energia –, visando ao equilíbrio entre atender às neces- sidades da população e a preservação dos recur- sos naturais.

Existem cerca de 200 startups brasileiras pron- tas para atender às necessidades de melhoria de gestão e de serviços das cidades, mas há desafios significativos para que possam alcançar esses ob- jetivos. Por essa razão, a maioria delas trabalha com modelo B2B (atendendo a empresas) e não B2G, ou seja, diretamente para os governos.

Gustavo Maia, CEO e cofundador da Colab, star- tup que promete aproximar cidadãos de seus go- vernos por meio de uma ferramenta de tecnolo- gia, reconhece que os desafios são imensos. Um deles é a legislação pública, que dificulta a con- tratação de soluções ainda em testes. Ao partici- par da Smat Cities Mundi, evento do Tele.Síntese em parceria com o Fórum das Américas, ele re- conheceu que esse cenário está mudando com a aprovação do marco legal das Startups, em 2021.

Para Parker Treacy, CEO e cofundador da Cobli, startup de rastreamento de frota (leia mais na página 10), a complexidade para abrir empresas no Brasil e de ter acesso a dados são os pontos ne- gativos. “Os governos não são capazes de resolver seus problemas de gestão, por isso precisam criar regras claras para que as startups encontrem as soluções”, disse Maia.

O CEO da Datacities, Narcélio Monte, que tra- balha principalmente em projetos de inteligên-

cia geográfica, entende que existe uma cultura muito forte no serviço público, que dificulta a assimilação de novas formas de trabalho. “E isso é um desafio para implementar novas solu- ções”, afirmou.

Queixas comuns dos palestrantes foram a res- peito da dificuldade em ter acesso aos dados, da interoperabilidade dos sistemas em diversas esferas da administração pública e da perda de informações por falta de organização. “A falta de alinhamento entre os departamentos de um mesmo governo dificulta a construção de solu- ções”, disse Treacy.

A Cobli também tem planos audaciosos, de do- brar o seu pessoal, hoje em 450 pessoas, e atingir 14 mil clientes, além dos seis mil atuais. “Temos orgulho em participar do crescimento de uma or- ganização”, ressaltou Parker Treacy.

Apesar dos problemas, as startups estão oti- mistas em relação ao futuro. Segundo Maia, da Colab, existem recursos para investimentos de vários fundos, que podem acelerar o desenvol- vimento das empresas nascentes. A Colab, por exemplo, quadruplicou sua receita até o momen- to e prevê mais crescimento, disse o CEO.

Monte, da Datacities, projeta um crescimento exponencial para o próximo ano, com investimen- tos em gestão e solução para integração de dados.

Os desafios da inovação nos governos

Por Lúcia Berbert

Não existe um roteiro pronto a seguir para tri- lhar o caminho de se tornar uma cidade inteligen- te, mas localidades que passaram pelo processo têm algumas lições aprendidas: é fundamental o alinhamento entre todos os entes ligados à prefeitura e ao legislativo local e contar com um orçamento dedicado, assim como um plano de transformação digital.

Nesse caminho, a tecnologia é um forte aliado. Até porque existem soluções inteligentes adequa- das para cidades de todos os portes, das pequenas às grandes, como no caso do município mineiro Carmo do Cajuru, com 24 mil habitantes, e de Be- lém do Pará, com perto de 2,2 milhões de morado- res. Em ambos os casos, a tecnologia foi adotada para melhorar as gestões e a vida das pessoas.

Em Belém, um cadastro cartográfico georrefe- renciado foi capaz de localizar 140 mil novos imó- veis, aumentando a arrecadação do município e indicando onde faltam equipamentos de saúde, educação e segurança, direcionando as políticas públicas para um atendimento mais racional da população.

Paralelamente, por meio de financiamento do BID e da adesão ao programa federal de conecti- vidade, o prefeito Edmilson Rodrigues, de Belém,

Cidades que inspiram

As cidades inteligentes se desenvolvem a partir de projetos que têm como base
a tecnologia e a conectividade e que visam a qualidade de vida, economia e resiliência.

está garantindo a conectividade para as 203 esco- las públicas. E foi com a participação de cientistas da universidade local que Belém iniciou um proje- to para tornar a capital do Pará inteligente. A cria- ção de Iara, uma inteligência artificial, promete ajudar os cidadãos a resolver seus problemas com a prefeitura.

Outra plataforma implantada pela prefeitura de Belém assegura a participação popular na constru- ção de políticas públicas, como a “Tá selado”, que já tem orçamento específico para atender as priorida- des elegidas pela população. “Já temos 1.600 conse- lheiros cadastrados e nosso objetivo é ampliar esse número de participação cidadã para apontar as obras mais urgentes”, afirmou Rodrigues.

Por meio de uma parceria público-privada, Belém elegeu 41 produtos, que serão entregues durante os 24 anos da concessão. Entre eles, estão a troca da iluminação pública e a implantação de WiFi de alta qualidade nas praças públicas.

Em Belém, a prefeitura, contando

com apoio da universidade, criou

a Iara, a Inteligência Artificial que

vai atender à população.

Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém

Dentre todas as cidades, quando se fala em in- teligência, Curitiba sempre vem à mente. Carla Cavichiolo Flores, assessora especial da superin- tendência de tecnologia da informação da secreta- ria municipal de administração, gestão de pessoal e tecnologia da informação de Curitiba, explicou que a capital do Paraná tem plano diretor tanto urbano quanto de tecnologia, incluindo normas de governança e técnica. Além disso, “como a cidade é um organismo vivo, conforme as demandas vão surgindo, elas vão sendo exploradas”, apontou.

Para implementar a digitalização da cidade, a res- ponsabilidade ficou com a Secretaria de Adminis- tração, que faz a interface com as demais secreta- rias, a fim de alinhar a TI às necessidades gerais. “A gente vê muito no Poder Público ações desconecta- das. As secretarias operam como silos. Procuramos trabalhar as secretarias como clientes internos, em um movimento de colaboração”, refletiu Flores.

Dessa capacidade de articulação, surgiram o serviço check-in seguro, de monitoramento da disseminação da Covid-19 junto à secretaria de saúde; a solução Muralha Digital, de vigilância pública com monitoramento de intrusão e reco- nhecimento facial no Centro da cidade, nas rodo- vias, em escolas (com a Secretaria de Educação), em praças e até cemitérios.

Foram criadas ainda ferramentas como botão de pânico para mulheres que precisam das medidas protetivas da Lei Maria da Penha ou sensores baro- métricos e pluviométricos.

Já existem 227 praças com WiFi público; digitali- zação integral dos processos da prefeitura e polí-

tica de dados abertos. Atualmente, a cidade testa o uso de 511 câmeras corporais junto à guarda civil, 180 câmeras veiculares e dock stations com reco- nhecimento facial.

Curitiba prepara ainda o lançamento do e-Cida- dão, login único de acesso aos serviços públicos, interoperável com o Gov.br federal, com cinco ní- veis de confiabilidade (inclusive com certificação digital), e que embora não tenho sido lançado, já tem em suas bases 800 mil cidadãos cadastrados conhecendo as suas funcionalidades.

No entanto, para que todas as iniciativas deem fruto e o projeto seja bem-sucedido, é necessária a adesão da população à cidade inteligente. Para isso, uma vez por ano a prefeitura organiza o “Fala Curitiba”, em que os moradores podem opinar so- bre a destinação do orçamento e projetos priori- tários, garantindo assim apoio às iniciativas.

“A muralha digital tem câmeras espalhadas pela cidade inteira, inclusive nas rodovias rodeando a cidade e fazendo leitura de placas, reconhecimen- to facial, com objetivo de detectar a existência de objetos e evitar atos terroristas. Também contro- la aspectos da roupa das pessoas (por exemplo para buscas sob mandato). Fazemos agora testes com sensores que ainda não fazem parte da mu- ralha, mas que estão sendo testados em prova de conceito. São sensores com inteligência artificial que detectam 35 mil barulhos de tiros e diferen- ciam de rojão, por exemplo”, completou.

Iniciativas em sincronia (^) A cidade prepara o lançamento do

e-cidadão, um login único de acesso

aos serviços públicos, interoperável.

Carla Flores, assessora da Secretaria de Administração de Curitiba

São José dos Campos ostenta uma certificação concedida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como cidade inteligente. A certi- ficação tem base em três normas internacionais NBR ISO (37120, 37122 e 37123), regulamentadas pelo World Council on City Data, instituição li- gada à Organização das Nações Unidas (ONU). Para chegar lá, São José dos Campos passou por um processo rigoroso, que levou em consideração 276 indicadores contidos nas três normas em se- tores como serviços urbanos, qualidade de vida e práticas sustentáveis.

A certificação tem como principal objetivo não apenas destacar os fatores de aplicação tecnológi- ca, mas também detectar as boas práticas de ges- tão que afetam diretamente a qualidade de vida da população. Cada uma das normas possui ênfa- se em tópicos essenciais para o bom funcionamen- to de um município. A norma ISO 37120 refere-se à qualidade de vida e sustentabilidade, a ISO 37122, à tecnologia e outros indicadores para cidades inteligentes. A ISO 37123 trata da capacidade de prevenção e ação diante de desastres naturais e à economia da cidade, chamado de resiliência.

Além da Cidade Inteligente, São José também foi certificada como Resiliente, conquistando o nível ouro nesses dois títulos, e Cidade Sustentá- vel, categoria pela qual recebeu o nível platinum

  • o mais alto entre os critérios de avaliação.

O secretário de Inovação e Desenvolvimen- to econômico de São José dos Campos, Alberto Marques Filho, explicou que há praticamente 20 anos a cidade vem fazendo uma série de ações de melhorias, desde contar com 100% da rede de es- goto e saneamento tratado à conectividade com

fibra óptica chegando a salas de aulas e praças com WiFi, além de sincronização semafórica em parceria com Google e zona azul com sensores. “A lista é gigante. Existem centenas de coisas que foram construídas e tomamos conhecimen- to das normas que tratam o assunto. Fizemos o diagnóstico da cidade com as três normas que a ISO propôs. Montamos uma equipe de trabalho e, depois de nove meses, a fotografia ficou legal. Vimos que a cidade estava bem do ponto de vista das três normas — de qualidade de vida, resiliên- cia e tecnologia”, disse Marques Filho.

Entre os indicadores que garantiram a São José dos Campos a certificação, estão práticas de ges- tão pública, como o Centro de Segurança e Inteli- gência (CSI), a Linha Verde, corredor sustentável com a utilização de ônibus 100% elétricos, o siste- ma de coleta de resíduos, coleta e tratamento de esgoto, cobertura de 100% da área urbana e rural com lâmpadas de LED, novo sistema de estaciona- mento rotativo, semáforos inteligentes, serviço de monitoramento por satélite, análise e detecção de mudanças no território, entre outras iniciativas.

Na saúde, ênfase à quantidade de leitos hospi- talares disponíveis, o prontuário médico unifica- do na rede e a campanha de imunização contra a Covid-19, entre outros.

Os investimentos e ferramentas tecnológicas por meio do programa Educação 5.0. foram outro destaque no processo de certificação.

Inteligente com certificação A cidade se destaca

em qualidade de vida,

resiliência e tecnologia.

Alberto Marques Filho, secretário de Inovação e Desenvolvimento de São José dos Campos

Claudio Vieira-PMSJC

Se a transformação digital funciona como a base para pavimentar o caminho para cidades inteligentes, os dados são pilares fundamentais. Willington Feitosa, coordenador de cidade inteli- gente da prefeitura do Rio de Janeiro, destacou a iniciativa de criar um “escritório de dados” no mu- nicípio, para guiar a gestão pública.

“Usando uma analogia, é como um grande siste- ma de saneamento. Temos muitos canos e dentro desses canos tramitam dados, muitas informa- ções, dados não tratados. Então, criamos esse grande sistema de saneamento [escritório de dados] que canaliza os dados para uma base e, a partir dessa centralização, vamos organizar todos esses dados”, afirmou Feitosa.

Escritório de dados

A ideia, de acordo com Feitosa, é resguardar os dados sensíveis, que devem ser preservados de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e disponibilizar para consulta da sociedade aqueles que podem ser divulgados. Entre as ações possíveis com a ferramenta está a localização da necessidade de manutenção em asfalto e conser- vação da rede pluvial, por exemplo.

Dados não

tratados serão

centralizados e

tornados disponíveis

para a sociedade.

Willington Feitosa, coordenador de Cidade Inteligente da Prefeitura do Rio de Janeiro

Desde sua criação, há pouco mais de uma déca- da, o Centro de Operações Rio (COR) evoluiu, in- tegrando mais órgãos. Mas foi durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 que o COR não apenas ganhou ainda mais visibilidade, como também ficou evi- dente que precisaria incluir mais protocolos e am- pliar o escopo, conforme contou Alexandre Carde- man, chefe executivo do COR.

Assim, o COR passou de três para cinco estágios operacionais, que são a forma por meio da qual se comunica com a população: normalidade, mobili- zação, atenção, alerta e crise. “Isso dá para a gente

Centro de Operações Rio a capacidade de criar processos e procedimentos para cada um dos estágios. Definimos bem, assim como preparamos o plano de ação para informar para as pessoas o que elas devem fazer e como de- vem agir em cada estágio”, revelou Cardeman.

O COR nasceu no fim de 2010, depois que fortes temporais causaram mortes na cidade do Rio de Janeiro. Ficou evidente a necessidade de contar com radar próprio para ter previsibilidade maior, fazer o mapeamento das áreas de deslizamento e das comunidades com risco e executar um tra- balho de defesa civil, instalando sirenes e alertas nas comunidades. A meta, contou Cardeman, era deixar o Rio resiliente.

“Assim começamos a construir o Centro de Ope- rações, mas entendemos que poderia ser mais, e passamos a incluir as concessionárias de serviços públicos, como gás, metrô, Supervia, luz… dentro do Centro de Operações. Os vários serviços públi- cos têm uma cadeia de eventos correlacionados. A partir dessa iniciativa, começamos a trabalhar, a receber dados e a entender os dados”, detalhou Cardeman. A governança de dados foi essencial para o COR analisar as informações não apenas para gestão de risco, como também para planos de contingências e estabelecimento de políticas públicas, além de retroalimentar as secretarias do governo.

A análise dos dados tem levado o COR a enten- der melhor o comportamento urbano, não ape- nas a origem e destino das pessoas, mas eventos relacionados ao ambiente, identificar cenários, de onde as chuvas vêm, quando chove mais — e a trabalhar a inteligência para agir antes de os ris- cos acontecerem.

Alexandre Cardeman contou que, ao longo do tempo, informações das concessionárias foram incorporadas à inteligência do COR. Foi firmada uma parceria com o aplicativo de celular Waze, para mapear o deslocamento dos carros por meio de dados anonimizados compartilhados pela pla- taforma. O objetivo era entender o comportamen- to do trânsito e rapidamente identificar proble- mas. Projetos parecidos também foram feitos em conjunto com a Light para receber informações dos geradores e saber onde estava faltando luz.

“Nosso lema é: quem manda na cidade é o problema que está acontecendo no momento”, brinca o executivo. Segundo ele, a cidade inteli- gente não pode funcionar se cada secretaria da

prefeitura atuar isoladamente. Por isso, para ele, é essencial um alinhamento estratégico que extrapole o Poder Público, com a participação da iniciativa privada e os cidadãos.

“A gente trabalha com as concessionárias, com as prestadoras de serviço público, com agências do Estado, que precisam estar interconectados ao nosso centro de controle. Temos parcerias com 99, Moovit, Nasa, Google, TIM. É importante para tra- zer a expertise das empresas. A gente transforma tudo em inteligência e podemos definir melhor po- líticas públicas”, contou Cardeman.

O Rio de Janeiro, além do COR, onde se dá a ges- tão dos dados, criou uma Coordenação de Cidades Inteligentes, responsável por ajudar todas as se- cretarias. Para Cardeman, o conceito de cidades inteligentes ainda é vago.

“Desde 2010, estudo cidade inteligente e, lá atrás, quando o Centro de Operações Rio (COR) nasceu, fomos classificados como cidade inteli- gente. Na verdade, o COR é uma ferramenta para auxiliar a cidade para ser inteligente, mas precisa de mais: o governo tem de ser digital, estar co- nectado, ser resiliente, ter cultura de prevenção, lidar com muitos dados abertos, fazer análises, contar com big data e interagir muito com o cida- dão para ser inteligente”, ressaltou Cardeman.

O COR é uma

ferramenta para

auxiliar a cidade

a se tornar

inteligente.

Alexandre Cardeman, chefe executivo do Centro de Operações do Rio (COR)

Roberta Prescott com equipe do Tele.Síntese