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Resenha sobre o livro As origens do pensamento grego, Resumos de Filosofia

Resenha sobre o livro As origens do pensamento grego

Tipologia: Resumos

2019

Compartilhado em 05/10/2021

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wellington-aquino-2 🇧🇷

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Em seu livro “As Origens do Pensamento Grego”, Jean-Pierre Vernant
percorre o caminho percorrido pela civilização grega até o surgimento do
pensamento filosófico. A decifração do linear B micênico permite retroceder mais
alguns anos nessa história, e observar outros ângulos deste processo.
A civilização grega teve seus primórdios em Creta, numa sociedade
semelhante à das civilizações do Oriente Próximo. A religião e mitologia da Grécia
continental tiveram muita influência desta origem, porém a organização social e
política eram extremamente distintas. Quando novamente os gregos se encontram
com os povos do Oriente, reafirmaram sua organização social, e reconheceram
nisso a sua superioridade em relação aos bárbaros.
Durante o início do segundo milênio a.C., a civilização micênica possuía
ainda muitas semelhanças com os povos do Oriente Próximo. Na Grécia continental,
porém, surgia uma nova civilização com novos traços e novas características.
Este povo constituiu as bases da sociedade grega clássica.
A fama dos cavalos e tecidos de Tróia interessou os comerciantes da
Grécia. O uso militar dos carros evidencia a melhora da técnica de guerra, e supõe
um Estado centralizado, dando pistas acerca do modo de vida dessas sociedades.
Por volta do ano 1400 a.C., os micênicos perdem suas colônias para os aqueus, que
dão à Grécia uma nova face.
Compreendemos a civilização micênica baseada na agricultura familiar e
numa economia palaciana. Havia também funcionários do palácio e os governantes
das aldeias, que eram relativamente autônomas. Assim, ao mesmo tempo em que a
sociedade era governada por um príncipe guerreiro, possuía aldeias autônomas e
documentação da vida pelos escribas. Essa estrutura social é destruída pelos
dóricos, que fazem a Grécia retornar a uma sociedade puramente agrícola e
primitiva.
Contudo, houve elementos que permaneceram. Características das
províncias sobrevivem, mas agora sem qualquer ligação com uma autoridade
central. A desordem gerada por essa mudança de sistema social faz surgir um novo
tipo de sabedoria, quase lendária, com o propósito de gerar ordem na cidade.
Faltando o poder central, as questões públicas são decididas pelos cidadãos, que
agora possuem status de igualdade, marcando o surgimento da democracia grega,
baseada nas discussões.
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Em seu livro “As Origens do Pensamento Grego”, Jean-Pierre Vernant percorre o caminho percorrido pela civilização grega até o surgimento do pensamento filosófico. A decifração do linear B micênico permite retroceder mais alguns anos nessa história, e observar outros ângulos deste processo. A civilização grega teve seus primórdios em Creta, numa sociedade semelhante à das civilizações do Oriente Próximo. A religião e mitologia da Grécia continental tiveram muita influência desta origem, porém a organização social e política eram extremamente distintas. Quando novamente os gregos se encontram com os povos do Oriente, reafirmaram sua organização social, e reconheceram nisso a sua superioridade em relação aos bárbaros. Durante o início do segundo milênio a.C., a civilização micênica possuía ainda muitas semelhanças com os povos do Oriente Próximo. Na Grécia continental, porém, já surgia uma nova civilização com novos traços e novas características. Este povo constituiu as bases da sociedade grega clássica. A fama dos cavalos e tecidos de Tróia interessou os comerciantes da Grécia. O uso militar dos carros evidencia a melhora da técnica de guerra, e supõe um Estado centralizado, dando pistas acerca do modo de vida dessas sociedades. Por volta do ano 1400 a.C., os micênicos perdem suas colônias para os aqueus, que dão à Grécia uma nova face. Compreendemos a civilização micênica baseada na agricultura familiar e numa economia palaciana. Havia também funcionários do palácio e os governantes das aldeias, que eram relativamente autônomas. Assim, ao mesmo tempo em que a sociedade era governada por um príncipe guerreiro, possuía aldeias autônomas e documentação da vida pelos escribas. Essa estrutura social é destruída pelos dóricos, que fazem a Grécia retornar a uma sociedade puramente agrícola e primitiva. Contudo, houve elementos que permaneceram. Características das províncias sobrevivem, mas agora sem qualquer ligação com uma autoridade central. A desordem gerada por essa mudança de sistema social faz surgir um novo tipo de sabedoria, quase lendária, com o propósito de gerar ordem na cidade. Faltando o poder central, as questões públicas são decididas pelos cidadãos, que agora possuem status de igualdade, marcando o surgimento da democracia grega, baseada nas discussões.

O surgimento da Pólis faz com que a palavra se torne instrumento do poder, e os ambientes de discussão tornam públicos os processos da vida. O que há de mais importante na sociedade é de domínio público. Isso também acaba por gerar a reivindicação de leis escritas, fixas, decididas pela assembleia dos cidadãos. Assim, a lei, o governo e a sabedoria deixam o âmbito divino e pessoal para ser acessível a todos. Essa passagem, no entanto, não se deu por completo. Sobretudo nos domínios da religião, alguns indivíduos ainda possuíam alguns privilégios. As seitas eram responsáveis por selecionar tais pessoas. Contrariando os demais segmentos da vida social, essas seitas levaram à uma espiritualidade particular, diferente do cultos da cidade. A filosofia surge entre essas duas realidades. Ela sempre oscila entre as realidades do público e do privado, e Vernant diz que talvez essa oscilação esteve presente em toda a filosofia grega. Ela é um reflexo da busca pelo equilíbrio, que regia a sociedade grega clássica. Toda a estrutura social foi modificada com o enriquecimento proveniente do mar, que influenciou até o mesmo o campo. Os Sete Sábios estabeleceram as leis e virtudes que regiam esta civilização, que sofreu profundas mudanças com o retorno do comércio marítimo. Havia se enraizado um sentimento de familiaridade entre os cidadãos, que baseou o direito grego e aumentou a gravidade dos crimes devido à essa relação de parentesco. O enriquecimento de parte da população levou-os a valorizar uma vida ostensiva. Por outro lado, surgiu como reação um grupo contrário que pregava a ascese. Sólon busca então o equilíbrio da classe média, assume autoridade central para concretizar seu projeto, mas recusa a tirania por crer de fato que a jsutiça está na proporção e não no poder de um só homem sobre os demais. Tirando a virtude e a justiça do âmbito dos deuses, elas passam ao domínio da Ágora. Nas seitas, a virtude será sinônimo de ascese; na política, ela está na continência dos ricos e na submissão dos demais habitantes. Se aplicado, esse conceito de virtude gerará uma cidade harmoniosa. A justiça, por sua vez, está no uso de leis escritas, válidas para todos. Cada cidadão porém, tinha seu papel na sociedade e deveria permanecer neste. Nesse contexto democrático de Sólon, surge a filosofia, um novo modo de pensar. De diferente interpretação de outros autores, Vernant enxerga uma ruptura