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RESENHA SOBRE A EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL SACRAMENTUM CARITATIS, Resumos de Teologia

RESENHA SOBRE A EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL SACRAMENTUM CARITATIS

Tipologia: Resumos

2020

À venda por 08/10/2024

jcarla-r-carvalho
jcarla-r-carvalho 🇧🇷

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2º SEMESTRE – SACRAMENTOS 1
JEAN CARLA RODRIGUES CARVALHO
RESENHA SOBRE A EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL SACRAMENTUM CARITATIS
A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis , de Sua Santidade o
Papa Bento XVI, publicada em fevereiro de 2007, discorre sobre o sacramento da Eucaristia,
com o objetivo de explicitar algumas linhas fundamentais de empenho tendentes a despertar
na Igreja novo impulso e fervor eucarístico, com base nas reflexões e propostas surgidas na
XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, ocorrida em 2005, no Vaticano. A
Exortação é composta por três partes: I Eucaristia, Mistério Acreditado; II Eucaristia,
Mistério Celebrado e III – Eucaristia, Mistério Vivido.
A primeira parte subdivide-se nos seguintes tópicos: Santíssima Trindade e
Eucaristia; Eucaristia: Jesus verdadeiro Cordeiro imolado; O Espírito Santo e a Eucaristia;
Eucaristia e Igreja; Eucaristia e Sacramentos; Eucaristia e Escatologia; e A Eucaristia e a
Virgem Maria. A segunda parte contempla: A celebração eucarística, obra de Cristo inteiro;
Arte da celebração; A estrutura da celebração eucarística; Participação ativa; Celebração
interiormente participada; e Adoração e piedade eucarística. Por fim, a terceira parte aborda
os tópicos: Forma eucarística da vida cristã; Eucaristia, mistério anunciado; Eucaristia,
mistério oferecido ao mundo.
Sobre a “Eucaristia, Mistério Acreditado”, a exortação cita o Evangelho de João: “A
obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29) e esclarece que a
conversão substancial do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor Jesus é uma
realidade que ultrapassa toda a compreensão humana, pois a Eucaristia é por excelência
“mistério da fé”. Em seguida, afirma que a da Igreja é essencialmente eucarística e que
se alimenta, de modo particular, à mesa da Eucaristia, sendo a e os sacramentos dois
aspectos complementares da vida eclesial.
Afirma o Santo Papa que o primeiro conteúdo da eucarística é o próprio mistério
de Deus (amor trinitário), que amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigênito para
que todo o homem que acredita n’Ele tenha a vida eterna. E continua: “Na Eucaristia, Jesus
não ‘alguma coisa’, mas dá-Se a Si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue.
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2º SEMESTRE – SACRAMENTOS 1 JEAN CARLA RODRIGUES CARVALHO RESENHA SOBRE A EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL SACRAMENTUM CARITATIS A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis , de Sua Santidade o Papa Bento XVI, publicada em fevereiro de 2007, discorre sobre o sacramento da Eucaristia, com o objetivo de explicitar algumas linhas fundamentais de empenho tendentes a despertar na Igreja novo impulso e fervor eucarístico, com base nas reflexões e propostas surgidas na XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, ocorrida em 2005, no Vaticano. A Exortação é composta por três partes: I – Eucaristia, Mistério Acreditado; II – Eucaristia, Mistério Celebrado e III – Eucaristia, Mistério Vivido. A primeira parte subdivide-se nos seguintes tópicos: Santíssima Trindade e Eucaristia; Eucaristia: Jesus verdadeiro Cordeiro imolado; O Espírito Santo e a Eucaristia; Eucaristia e Igreja; Eucaristia e Sacramentos; Eucaristia e Escatologia; e A Eucaristia e a Virgem Maria. A segunda parte contempla: A celebração eucarística, obra de Cristo inteiro; Arte da celebração; A estrutura da celebração eucarística; Participação ativa; Celebração interiormente participada; e Adoração e piedade eucarística. Por fim, a terceira parte aborda os tópicos: Forma eucarística da vida cristã; Eucaristia, mistério anunciado; Eucaristia, mistério oferecido ao mundo. Sobre a “Eucaristia, Mistério Acreditado”, a exortação cita o Evangelho de João: “A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29) e esclarece que a conversão substancial do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor Jesus é uma realidade que ultrapassa toda a compreensão humana, pois a Eucaristia é por excelência “mistério da fé”. Em seguida, afirma que a fé da Igreja é essencialmente fé eucarística e que se alimenta, de modo particular, à mesa da Eucaristia, sendo a fé e os sacramentos dois aspectos complementares da vida eclesial. Afirma o Santo Papa que o primeiro conteúdo da fé eucarística é o próprio mistério de Deus (amor trinitário), que amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigênito para que todo o homem que acredita n’Ele tenha a vida eterna. E continua: “Na Eucaristia, Jesus não dá ‘alguma coisa’, mas dá-Se a Si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue.

Deste modo dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária deste amor. [...] Jesus manifesta-Se como o pão da vida que o Pai eterno dá aos homens”. Em seguida, esclarece que, na Eucaristia, revela-se o desígnio de amor que guia toda a história da salvação e que nela o Deus Trindade envolve-Se plenamente com a nossa condição humana. Na crucificação de Jesus, a liberdade de Deus e a do homem juntaram-se definitivamente num pacto indissolúvel (válido para sempre) e o pecado do homem ficou expiado, uma vez por todas, pelo Filho de Deus. No mistério pascal, realizou-se verdadeiramente a nossa libertação do mal e da morte, e na instituição da Eucaristia, o próprio Jesus fala da nova e eterna aliança, estipulada no sangue derramado. Quanto à instituição da Eucaristia, Bento XVI reflete que, embora ela tenha tido lugar no âmbito duma ceia ritual, que constituía o memorial do acontecimento fundador do povo de Israel (a libertação da escravidão do Egito), ceia esta associada com a imolação dos cordeiros, a partir dessa última ceia os cristãos não têm a necessidade de repeti-la, pois aquilo que anunciava realidades futuras cedeu lugar à própria Verdade: o antigo rito consumou-se e ficou definitivamente superado mediante o dom do amor do Filho de Deus encarnado. Assim, complementa o Sumo Pontífice, quando Jesus ordena “Fazei isso em memória de Mim.” (Lc 22, 19; 1 Cor 11,25), pede-nos para corresponder ao seu dom e representá-lo sacramentalmente, sob a guia do Espírito Santo. Continuando o raciocínio, o Pontífice assevera que, com a Sua palavra e com o pão e o vinho, o próprio Senhor nos ofereceu os elementos essenciais do culto novo. A Igreja, sua Esposa, é chamada a celebrar o banquete eucarístico dia após dia em memória d’Ele, inserindo o sacrifício redentor do seu Esposo na história dos homens e tornando-o sacramentalmente presente em todas as culturas. Este grande mistério é celebrado nas formas litúrgicas que a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, desenvolve no tempo e no espaço; e é em virtude da ação do Espírito Santo que o próprio Cristo continua presente e ativo na sua Igreja, a partir do seu centro vital que é a Eucaristia. Ainda segundo a exortação, o Espírito Santo tem função decisiva na celebração eucarística e, de modo particular, na transubstanciação: o que o Espírito Santo toca é santificado e transformado totalmente. O sacerdote invoca o Espírito Santo quando celebra o sacrifício, para que, descendo a graça sobre a vítima, se incendeiem por meio dela as almas de todos. O Espírito, invocado pelo celebrante sobre os dons do pão e do vinho colocados sobre o altar, é o mesmo que reúne os fieis “num só corpo”, tornando-os uma oferta espiritual agradável a Deus.

de caráter pastoral, e que o importante é verificar qual seja a prática que melhor pode, efetivamente, ajudar aos fiéis a colocarem no centro o sacramento da Eucaristia, como realidade para qual tende toda a iniciação. Em seguida, aconselha que a ação pastoral deve sempre associar a família cristã ao itinerário de iniciação, uma vez que esses sacramentos são momentos decisivos para quem os recebem e também para sua família, em especial a Primeira Comunhão, uma vez que este dia permanece gravado na memória como o primeiro momento em que se percebeu, embora ainda de forma inicial, a importância do encontro pessoal com Jesus. Prosseguindo, a exortação aborda a relação da Eucaristia com os sacramentos de cura e os de serviço: a Reconciliação, a Unção dos Enfermos, o sacramento da Ordem e o Matrimônio. Na Reconciliação, merece destaque o alerta ao fato de que os fiéis se encontram imersos numa cultura que tende a cancelar o sentido do pecado, favorecendo a um estado de espírito superficial que leva a esquecer a necessidade de estar na graça de Deus para se aproximar dignamente da comunhão sacramental. A relação da Eucaristia com a Reconciliação recorda-nos que o pecado nunca é uma realidade exclusivamente individual, mas inclui sempre uma ferida no seio da comunidade eclesial. Assim, é dever pastoral do bispo promover uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer entre os fiéis a confissão frequente. Quanto à Unção dos Enfermos, ele esclarece que , enquanto a Eucaristia mostra como os sofrimentos e a morte de Cristo foram transformados em amor, a Unção dos Enfermos associa o doente à oferta que Cristo fez de Si mesmo pela salvação de todos, de tal modo que possa também ele, no mistério da comunhão dos santos, participar da redenção do mundo. Em relação ao sacramento da Ordem, ele expõe que seu vínculo com a Eucaristia decorre do ordenamento do próprio Jesus no Cenáculo: “Fazei isso em memória de Mim.”. Ao instituir a Eucaristia, Ele ao mesmo tempo fundou o sacerdócio da Nova Aliança. Jesus é sacerdote, vítima e altar: mediador entre Deus Pai e o povo, vítima de expiação, que Se oferece a Si mesma no altar da cruz. Ninguém pode dizer “isto é o meu corpo” e “este é o cálice do meu sangue” senão em nome e na pessoa de Cristo, único sacerdote da nova e eterna Aliança. Assim, a doutrina da Igreja considera a ordenação sacerdotal indispensável para a celebração válida da Eucaristia. Ainda nesse aspecto, o documento traz reflexões também sobre o celibato sacerdotal (considerando-o como enorme bênção para a Igreja e para a sociedade, na medida em que o

sacerdote faz oferta exclusiva de si mesmo pelo Reino de Deus, o que o conforma a Cristo), e sobre a escassez sacerdotal (alertando os bispos a evitarem admitir à formação específica e à ordenação candidatos que não possuam as características necessárias para o serviço sacerdotal). Em relação ao Matrimônio, o Pontífice assevera que a Eucaristia, sacramento da caridade, apresenta uma relação particular com o amor do homem e da mulher unidos em matrimônio. A Eucaristia é o sacramento da nossa redenção. É o sacramento do Esposo, da Esposa. Toda a vida cristã tem a marca do amor esponsal entre Cristo e a Igreja. A família – igreja doméstica – é um âmbito primário da vida da Igreja, especialmente pelo papel decisivo que tem na educação cristã dos filhos. São ainda ressaltados dois aspectos do Matrimônio: a sua unidade e a sua indissolubilidade. O vínculo fiel, indissolúvel e exclusivo que une Cristo e a Igreja e tem expressão sacramento na Eucaristia, está em harmonia o dado antropológico primordial segundo o qual o homem deve unir-se de modo definitivo com uma só mulher, e vice-versa (Gn 2, 24; Mt 19, 5). Além disso, se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao Matrimônio, a indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar. Após essas reflexões sobre a relação entre a Eucaristia e os demais sacramentos, a exortação apostólica passa a tratar da dimensão escatológica do sacrifício eucarístico, afirmando que, sobretudo na liturgia eucarística, nos é dado saborear antecipadamente a consumação escatológica para a qual todo o homem e a criação inteira estão a caminho. O homem é criado para a felicidade verdadeira e eterna, que só o amor de Deus pode dar, mas a nossa liberdade ferida extraviar-se-ia se não lhe fosse possível experimentar, já desde agora, algo da consumação futura. Para caminhar na direção justa, o homem necessita de estar orientado para a meta final, que é o próprio Cristo Senhor, vencedor do pecado e da morte, que Se torna presente para nós de maneira especial na celebração eucarística. Assim, embora sejamos ainda estrangeiros e peregrinos neste mundo, pela fé participamos já da plenitude da vida ressuscitada. Finalizando a primeira parte da exortação, o Santo Papa traz a relação existente entre a Eucaristia e a Virgem Maria. Segundo ele, da relação entre a Eucaristia e os outros sacramentos juntamente com o significado escatológico dos santos mistérios, irrompe o perfil da vida cristã, chamada a ser em cada instante culto espiritual, oferta de si mesma agradável a Deus. E tudo aquilo que Deus nos deu, se realizou perfeitamente na Virgem Maria, Mãe de

  1. A arte da celebração deve favorecer o sentido do sagrado e a utilização das formas exteriores que educam para tal sentido, como, por exemplo, a harmonia do rito, das vestes litúrgicas, da decoração e do lugar sagrado; a celebração eucarística é frutuosa quando os sacerdotes e os responsáveis da pastoral litúrgica se esforçam por dar a conhecer os livros litúrgicos em vigor e as respectivas normas;
  2. a profunda ligação entre a beleza e a liturgia deve levar-nos a considerar atentamente todas as expressões artísticas colocadas ao serviço da celebração: a arquitetura sacra tem a finalidade de oferecer à Igreja que celebra os mistérios de fé, especialmente a Eucaristia, o espaço mais idôneo para uma condigna realização da sua ação litúrgica; a iconografia religiosa deve ser orientada para a mistagogia sacramental; o canto litúrgico deve corresponder ao sentido do mistério celebrado, às várias partes do rito e aos diferentes tempos litúrgicos, evitando-se a improvisação genérica ou a introdução de gêneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia. Em complementação, seguem recomendações sobre a estrutura da celebração eucarística:
  3. a ação litúrgica é uma unidade intrínseca, em que a liturgia da palavra e a liturgia eucarística estão entre si tão estreitamente ligadas que constituem um único ato de culto; assim, deve-se evitar que se dê ensejo a uma visão justaposta das duas partes do rito;
  4. a liturgia da palavra deve ser sempre devidamente preparada e vivida, lida por leitores bem preparados;
  5. é necessário melhorar a qualidade da homilia, evitando-se homilias genéricas ou abstratas, devendo sempre colocar a Palavra proclamada em estreita relação com a celebração sacramental e com a vida da comunidade, de tal forma que a Palavra de Deus seja realmente apoio e vida da Igreja;
  6. a apresentação das ofertas não é um simples intervalo entre a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, mas sim um momento em que é levado ao altar também todo o sofrimento e tribulação do mundo, na certeza de que tudo é precioso aos olhos de Deus; e esse gesto não necessita ser enfatizado com descabidas complicações para ser vivido no seu autêntico significado;
  7. A oração eucarística é o ponto central e culminante de toda a celebração e as diversas Orações Eucarísticas contidas no Missal foram-nos transmitidas pela Tradição viva da Igreja e caracterizam-se por uma riqueza teológica e espiritual inesgotável; os fiéis devem poder ser capazes de apreciá-la;
  1. A Eucaristia é, por sua natureza, sacramento da paz; e na liturgia essa sua dimensão encontra manifestação específica no rito da saudação da paz. A paz é uma aspiração radical do coração de cada um e a Igreja da voz a esse pedido de paz e reconciliação que brota do espírito de cada pessoa de boa vontade, apresentando-o Àquele que é a nossa paz e pode pacificar de novo povos e pessoas. Porém, é conveniente moderar esse gesto, que pode assumir expressões excessivas; recomenda-se, por exemplo, limitar a saudação da paz a quem está mais próximo;
  2. Os que estão autorizados para o ministério da distribuição da Eucaristia devem fazer o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponde ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus no sacramento; além disso, todas as comunidades cristãs devem se ater fielmente às normas vigentes, e não deve ser transcurado o tempo de ação de graças depois da comunhão;
  3. A saudação de despedida (“Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”) identifica a relação entre a Missa celebrada e a missão cristã no mundo, exprimindo sinteticamente a natureza missionária da Igreja; nesse sentido, é bom ajudar o povo de Deus a aprofundar essa dimensão constitutiva da vida eclesial, tirando inspiração da liturgia. Sobre a participação ativa, a exortação traz os seguintes esclarecimentos, entre outros:
  4. A participação ativa desejada pelo Concílio Vaticano II deve ser entendida a partir duma maior consciência do mistério que é celebrado e da sua relação com a vida quotidiana, como bem expôs o próprio Concílio: Os fiéis sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do corpo do Senhor; deem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo Mediador, progridam na unidade com Deus e entre si.
  5. A beleza e harmonia da ação litúrgica encontram significativa expressão na ordem com que cada um é chamado a participar ativamente nela. Convém que haja clareza quanto às funções específicas do sacerdote: é ele quem insubstituivelmente preside à celebração eucarística inteira, desde a saudação inicial até à benção final. Em virtude da Ordem sacra recebida, representa Jesus Cristo cabeça da Igreja e, na forma que lhe é própria, também a Igreja.
  6. Para favorecer a participação ativa dos fiéis no sacrifício eucarístico, podem ter lugar algumas adaptações apropriadas nos respectivos contextos e às diversas culturas; o fato de ter havido alguns abusos não turba a clareza deste princípio, que deve ser mantido segundo as necessidades reais da Igreja, a qual vive e celebra o mesmo mistério de Cristo em situações culturais diferentes. Para isso, é útil a continuação do processo de inculturação inclusivamente
  1. Aos que não podem ir ao local de culto, por doença ou idade, deve ser garantida a assistência espiritual: é preciso providenciar para que eles possam receber, com frequência, a comunhão sacramental, revigorando assim a sua relação com Cristo crucificado e ressuscitado, para que possam sentir a própria existência inserida plenamente na vida e missão da Igreja, por meio da oferta do seu sofrimento em união com o sacrifício de Nosso Senhor. Aos deficientes deve ser facilitada a sua participação no lugar de culto, removendo-se inclusive obstáculos arquitetônicos que lhe impeçam o acesso. Na medida do possível, deve ser garantida também a comunhão eucarística aos deficientes mentais, batizados e crismados: eles recebem a Eucaristia na fé também da família ou da comunidade que os acompanha.
  2. As dioceses devem providenciar para que haja, na medida do possível, um conveniente investimento de forças na atividade pastoral dedicada ao cuidado espiritual dos presos, pois aqueles que se encontram nessa situação têm particularmente necessidade de ser visitados pelo próprio Senhor no sacramento da Eucaristia.
  3. Uma atenção específica deve ser dada aos migrantes das Igrejas Católicas Orientais: sempre que possível, deve lhes ser concedido usufruir da assistência de sacerdotes do seu rito; em todos os casos, os bispos devem acolher esses irmãos na caridade de Cristo. Sobre a celebração interiormente participada, o Sumo Pontífice esclarece que a grande tradição litúrgica da Igreja ensina-nos que é necessário, para uma frutuosa participação, esforçar-se por corresponder pessoal ao mistério que é celebrado, através do oferecimento a Deus da própria vida em união com o sacrifício de Cristo pela salvação do mundo inteiro. Nesse sentido, é preciso promover uma educação da fé eucarística que predisponha os fieis a viverem pessoalmente o que se celebra. Para isso, a catequese deve ter caráter mistagógico, que leve os fiéis a penetrarem cada vez mais nos mistérios que são celebrados. O itinerário mistagógico deve ter três elementos: A) a interpretação dos ritos à luz dos acontecimentos salvíficos, em conformidade com a tradição viva da Igreja; B) a catequese mistagógica há de preocupar-se por introduzir no sentido dos sinais contidos nos ritos: mais do que informar, deverá despertar e educar a sensibilidade dos fiéis para a linguagem dos sinais e dos gestos que, unidos à palavra, constituem o rito; C) Enfim, a catequese mistagógica deve preocupar-se por mostrar o significado dos ritos para a vida em todas as suas dimensões: trabalho e compromisso, pensamentos e afetos, atividade e repouso. A finalidade de toda a educação cristã é formar o fiel enquanto “homem novo” para uma fé adulta, que o torne capaz de testemunhar no próprio ambiente a esperança cristã que o anima. Segue o Santo Papa informando que a condição necessária para se realizar essa tarefa educativa é dispor de formadores adequadamente preparados e que um sinal convincente da

eficácia que a catequese eucarística tem sobre os fiéis é seguramente o crescimento neles do sentido do mistério de Deus presente entre nós; o que pode ser verificado pelas específicas manifestações de reverência à Eucaristia, nas quais o percurso mistagógico deve introduzir os fiéis. Em relação à adoração e piedade eucarística, defende que há uma relação intrínseca entre celebração e adoração, pois na Eucaristia o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maio ato de adoração d’Aquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. Neste ato pessoal de encontro com o Senhor amadurece depois também a missão social, que está encerrada na Eucaristia e deseja romper as barreiras não apenas entre o Senhor e nós mesmos, mas também, e sobretudo, as barreiras que nos separam uns dos outros. Recomenda, em seguida, aos pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária, sendo de grande proveito uma catequese específica na qual se explique aos fiéis a importância deste ato de culto que permite viver mais profundamente e como maior fruto a própria celebração eucarística. Finalizando essa parte, discorre sobre as formas de devoção eucarística e sobre o lugar do sacrário na Igreja. Em sua terceira parte, que trata da Eucaristia como mistério vivido, o Papa aborda inicialmente a forma eucarística da vida cristã, trazendo ensinamentos como:

  1. A vida eterna começa em nós, já agora, por meio da mudança que o dom eucarístico gera na nossa vida. O mistério acreditado e celebrado possui em si mesmo um tal dinamismo, que faz dele princípio de vida nova em nós e forma de existência cristã. Comungando o corpo e o sangue de Cristo, vamo-nos tornando participantes da vida divina de modo sempre mais adulto e consciente. A Eucaristia transforma toda a nossa vida em culto espiritual agradável a Deus;
  2. O novo culto cristão engloba todos os aspectos da existência, transfigurando-a; em cada ato da sua vida, o cristão é chamado a manifestar o verdadeiro culto a Deus. Esse culto não pode ser relegado a um momento particular e privado, mas tende, por sua natureza, a permear cada aspecto da realidade do indivíduo, e o culto agradável a Deus torna-se uma nova maneira de viver todas as circunstâncias da existência, na qual cada particular fica exaltado porque vivido dentro do relacionamento com Cristo e como oferta a Deus.

Finaliza a terceira e última parte da exortação, o tema “Eucaristia, mistério oferecido ao mundo”, em que Sua Santidade expõe como os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente os doentes e pecadores, exprimindo, com um sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus que deseja que todo homem alcance a verdadeira vida. Complementa informando que a celebração eucarística atualiza sacramentalmente a doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro e que, ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã, donde decorre o serviço da caridade para com o próximo. Ainda nesse tema, discorre sobre as implicações sociais do mistério eucarístico, ressaltando que a Eucaristia é sacramento de comunhão entre os irmãos e irmãs que aceitam reconciliar-se em Cristo, o Qual fez de judeus e gentios um só povo, destruindo o muro de inimizade que os separava. Assenta que a restauração da justiça, a reconciliação e o perdão são condições para construir uma verdadeira paz, e que desta consciência nasce a vontade de transformar também as estruturas injustas, a fim de se restabelecer o respeito da dignidade do homem. Assim, apela aos fiéis que para que se tornem realmente obreiros da paz e justiça, ainda mais nesse mundo marcado por muitas violências e guerras, terrorismos, corrupção econômica e exploração sexual, que são problemas geradores de outros fenômenos degradantes. O Santo Papa explica ainda que o alimento da verdade leva-nos a denunciar as situações indignas do homem, nas quais se morre à míngua de alimento por causa da injustiça e da exploração, e dá-nos força e coragem para trabalhar sem descanso na edificação da civilização do amor. Pede que se dê a conhecer e incremente a doutrina social da Igreja, onde encontramos os elementos que orientam, com profunda sabedoria, o comportamento dos cristãos nas questões sociais. Amadurecida durante toda a história da Igreja, esta doutrina caracteriza-se pelo seu realismo e equilíbrio, ajudando a evitar promessas enganadoras e vãs utopias. A finalizar essa terceira parte, encontramos esclarecimentos sobre a santificação do mundo e defesa da criação e sobre a utilidade dum Compêndio Eucarístico. Aqui Bento XVI afirma que, para desenvolver uma espiritualidade eucarística profunda, capaz de incidir significativamente também no tecido social, é necessário que o povo cristão, ao dar graças por meio da Eucaristia, tenha consciência de o fazer em nome da criação inteira, aspirando assim à santificação do mundo e trabalhando intensamente para tal fim. Sobre o Compêndio, aduz

que ele pode ajudar o povo cristão a crer, celebrar e viver cada vez melhor o mistério eucarístico. Por fim, o Pontífice conclui que a Eucaristia está na origem de toda a forma de santidade, onde cada um de nós é chamado à plenitude de vida no Espírito Santo, sendo necessário que, na Igreja, este mistério santíssimo seja verdadeiramente acreditado, devotamente celebrado e intensamente vivido, pois a oferta da nossa vida, a comunhão com a comunidade inteira dos crentes e a solidariedade com todo o homem são aspectos imprescindíveis do culto espiritual, santo e agradável a Deus, no qual toda a nossa realidade humana concreta é transformada para glória de Deus. Enfim, podemos dizer que nessa exortação, em linguagem rica, objetiva e argumentativa, Sua Santidade explicita claramente as diversas dimensões que envolvem o Sacramento da Eucaristia, habilmente orientando o leitor a entender como esse Sacramento representa fonte e ápice de todo o agir cristão, e, por esse motivo, como deve ser realmente acreditado, celebrado e vivido, para que seja alimento de transformação e de impulsão à caridade e à vida fraterna.