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Resenha do filme Meu Amigo Nietzsche Imagem 1, Slides de Cultura

O curta metragem Meu Amigo Nietzsche2 produzido no ano de 2002 na direção de Fáuston da Silva3, com apoio do Ministério da Cultura, conta a história do ...

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tiago22
Tiago22 🇧🇷

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Resenha do filme Meu Amigo Nietzsche
Imagem 1 Cena do filme Meu Amigo Nietzsche
1
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O curta metragem Meu Amigo Nietzsche
2
produzido no ano de 2002 na direção
de Fáuston da Silva
3
, com apoio do Ministério da Cultura, conta a história do menino
Lucas e sua dificuldade em ler e tirar boas notas na escola pública em que estudava.
O enredo ocorre na periferia do Distrito Federal, onde predominam as
desigualdades sociais e o abandono do poder público. Ali, vive e estuda uma criança
que estava prestes a repetir de ano por conta de suas notas baixas. No entanto, em um
dia ao sair da escola triste pela professora ter chamado a sua atenção, passando por um
terreno baldio, Lucas tem um encontro que iria mudar a sua relação com a escola e com
o ensino de uma maneira muito profunda.
Assim surge Nietzsche na vida do menino. Em um terreno abandonado onde se
espera sujeira e objetos descartáveis, Lucas encontra o livro: Assim falou Zaratustra do
filósofo alemão Friedrich Nietzsche. O livro causa curiosidade no menino, que o leva
para casa, interessado na história que ali era contada.
1
Disponível em: < https://www.rarefilmfinder.com/gallery.php?movie=41854>.
2 O curta acumulou vários prêmios no país. Dentre eles citamos o Festival Internacional de Cinema
Infantil, o Festival Curta Brasília e o Festival de Cinema com Farinha do Ceará. A produção dirigida por
Fáusto da Silva também faturou importantes prêmios internacionais em festivais da França, Espanha,
Alemanha, Suíça, Argentina, Chile e Colômbia.
3 Faustón da Silva é graduado em Audiovisual pela Universidade de Brasília e pós-graduado em produção
cinematográfica pela Universidade Estácio de Sá. É produtor, escritor, roteirista e diretor de cinema.
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Resenha do filme Meu Amigo Nietzsche Imagem 1 – Cena do filme Meu Amigo Nietzsche^1. O curta metragem Meu Amigo Nietzsche^2 produzido no ano de 2002 na direção de Fáuston da Silva^3 , com apoio do Ministério da Cultura, conta a história do menino Lucas e sua dificuldade em ler e tirar boas notas na escola pública em que estudava. O enredo ocorre na periferia do Distrito Federal, onde predominam as desigualdades sociais e o abandono do poder público. Ali, vive e estuda uma criança que estava prestes a repetir de ano por conta de suas notas baixas. No entanto, em um dia ao sair da escola triste pela professora ter chamado a sua atenção, passando por um terreno baldio, Lucas tem um encontro que iria mudar a sua relação com a escola e com o ensino de uma maneira muito profunda. Assim surge Nietzsche na vida do menino. Em um terreno abandonado onde se espera sujeira e objetos descartáveis, Lucas encontra o livro: Assim falou Zaratustra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. O livro causa curiosidade no menino, que o leva para casa, interessado na história que ali era contada. (^1) Disponível em: < https://www.rarefilmfinder.com/gallery.php?movie=41854>. (^2) O curta acumulou vários prêmios no país. Dentre eles citamos o Festival Internacional de Cinema Infantil, o Festival Curta Brasília e o Festival de Cinema com Farinha do Ceará. A produção dirigida por Fáusto da Silva também faturou importantes prêmios internacionais em festivais da França, Espanha, Alemanha, Suíça, Argentina, Chile e Colômbia. (^3) Faustón da Silva é graduado em Audiovisual pela Universidade de Brasília e pós-graduado em produção cinematográfica pela Universidade Estácio de Sá. É produtor, escritor, roteirista e diretor de cinema.

A vida de Lucas não era nada fácil, mas não somente pela pobreza. Vivendo numa família tradicional, religiosa e conservadora, o menino sofria cotidianamente a pressão para apresentar boas notas e passar de série. Porém, a família parecia distanciada do convívio com o menino. Estavam todos ali, debaixo do mesmo teto, entretanto, o diálogo e a convivência eram quase nulos. Ainda assim Lucas insistiu na leitura do seu mais novo amigo e companheiro: o livro. E não era qualquer livro! Todavia, desmotivado e desestimulado, no caminho que fazia para ir à escola, Lucas decidiu que não valia mais a pena continuar a ler o tal livro e o jogou numa carrocinha de ferro velho. O menino parecia desistir do livro, mas o livro não desistiu dele. Ao perceber que o menino havia jogado um livro fora, o dono da carrocinha pegou o livro, percebeu que conhecia a história e o chamou. Os dois conversaram por alguns minutos, e o Senhor com uma incrível sabedoria e conhecimento da história, estimulou Lucas a continuar a leitura até o final. Lucas resolveu então mergulhar no livro e a cada despertar de curiosidade, não hesitava em perguntar aos moradores daquela comunidade o que significava determinadas passagens de Nietzsche. A partir de então, tudo mudou. Sua leitura melhorou, sua fala melhorou, suas notas foram recuperadas. Então, junto com o sucesso, vieram também os questionamentos e os incômodos que Lucas causou em casa e na escola, uma vez que, o pequeno garoto vinha adquirindo um senso crítico e de liderança bastante aguçados. Lucas se sentia feliz, estimulado e empoderado. No entanto, toda capacidade intelectual de interpretação e liderança do rapaz foram polidos, tratados como “anormalidade” ou “coisa do demônio” pela escola e família. Fizeram de tudo para afastá-lo do livro, até o momento que sua mãe jogou o livro fora, novamente, no mesmo terreno que Lucas o achou. Triste, decepcionado e revoltado, Lucas vai correndo procurar o seu livro e como no início, o curta termina com o rapazinho achando outro livro, desta vez um novo amigo se apresentava para o potente Lucas. Eram Karl Marx e Friedrich Engels, através do livro Manifesto do Partido Comunista. E assim a história termina... O curta de Fáuston da Silva, aborda alguns elementos fundamentais para pensarmos a importância de uma pedagogia sensível as particularidades de cada pessoa, que vá além de um sistema tradicional e conservador, onde só importa para nossos

reivindicar o direito de serem super-heróis. Uma analogia perfeita para a necessidade de se dar voz e estimular o pensamento crítico e a organização estudantil nos espaços escolares. O pai de Lucas, parecia muito distante, não se envolvia com as questões escolares, e sobrava para a sua mãe, evangélica, a missão de doutrinar o menino para que não saísse da linha. O rapaz foi inclusive levado a igreja, para tirar o demônio do seu corpo, por conta de seu pensamento subversivo, graças ao seu mais novo amigo Zaratustra. Por fim, a grande lição que o curta nos passa é a necessidade de uma educação que liberte. A necessidade de uma escola que ouça seus alunos, ou ainda de famílias que compreendam suas crianças e de comunidades que cuidem de seus vizinhos. Tudo isso, dentro do processo pedagógico de ensino-aprendizagem, na construção do sujeito, só é possível através de uma pedagogia que entenda, ouça, se preocupe e valorize o ser humano. Que entenda a complexidade das questões sociais, que considere as vulnerabilidades de comunidades dominadas pela miséria e pelo abandono estatal e que entenda a família como local privilegiado de ensino, da prática, do afeto, da proteção, da comunhão. Não queremos mais uma pedagogia fria e metódica, que se limite a colocar seus alunos numa sala, coloque os exercícios no quadro, dê notas de comportamento, promova avaliações complexas, não considere as angustias e problemas emocionais de nossas crianças, como se todos fossem robôs programados para o trabalho, ou para servir ao capitalismo. Precisamos hoje e cada vez mais e de forma urgente da pedagogia social, como nos alerta Margareth Martins: A pedagogia social é a pedagogia da humanidade. Se a gente não percebe isso, vai limitar nossa ação a fechar o diário, dar a matéria, fazer a prova e dar nota, e não é só isso. O sistema capitalista no qual estamos envoltos tem feito com que as pessoas não queiram conviver (2019). Recomendo fortemente o premiado curta Meu Amigo Nietzsche a todos que querem mergulhar nesta jornada de transformação da educação no Brasil através de uma pedagogia do amor, da convivência e da proximidade. É necessário cada vez mais estimular este debate nos espaços escolares e não escolares de formação e ensino.

Por Gabriel Martins dos Santos^4. Referência bibliográfica: CUPOLILO, Fernanda. É preciso coração para fazer uma revolução: projeto da UFF discute urgência de se pensar sobre populações de excluídos. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 24 de abr. de 2019. Disponível em: < http://www.uff.br/?q=noticias/24- 04 - 2019/e-preciso-coracao-para-fazer-uma-revolucao- projeto-da-uff-discute-urgencia-de-se>. Acesso em: 25 mai. 2019. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. TV Brasil apresenta o premiado curta "Meu amigo Nietzsche" nesta sexta (23). Empresa Brasileira de Telecomunicação, 2016. Disponível em: < http://www.ebc.com.br/institucional/sobre-a-ebc/noticias/2016/09/tv-brasil-apresenta-o- premiado-curta-meu-amigo-nietzsche-nesta-sexta- 23 >. Acesso em: 25 mai. 2019. (^4) Graduado em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Educador Social e Pesquisador Extensionista em Pedagogia Social pela Faculdade de Educação da UFF.