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A obra oferece uma série de reflexões sobre a for- ma de como a sociedade vê os indivíduos surdos, perpassando a cultura, a existência de um povo surdo e o ...
Tipologia: Notas de aula
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Dilcinéa dos Santos Reis^1
STROBEL. Karin^2. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora UFSC, 2016. 146p.
A obra foi revisada por Sueli Fernandes e prefaciada por Ronice Müller de Quadro, ambas, pesquisadoras da área da surdez. A obra oferece uma série de reflexões sobre a for- ma de como a sociedade vê os indivíduos surdos, perpassando a cultura, a existência de um povo surdo e o sentimento de comunidade. Nos faz refletir, também, acerca do olhar do ouvinte, tomando como base o surdo enquanto sujeito imer- so no mundo ouvintista.
Divido em oito capítulos, que nos leva a perceber a complexidade do mundo surdo na sua relação com os aspec- tos culturais, tendo em vista que o mundo destes sujeitos é tão completo quanto o nosso mundo do ouvinte. O primeiro capítulo intitulado: “Qual o conceito que trazemos sobre cultura?”, Strobel apresenta alguns conceitos sobre Cultura, fazendo a relação dessas definições apresentadas por alguns teóricos da área como: Moles ( apud RICOU; NUNES, 2005),
(^1) Professora de Surdos e da área da Educação Especial há 21 anos do município de Alagoinhas. Professora de Libras da Rede UNIRB. Pedagoga/Matemática/Letróloga — Libras. Especialista em Educação Especial, Em Libras, Em Atendimento Educacional Especializado, Em Psicopedagogia, Em Tradução e interpretação em Libras e em Neuropsicopedagogia em Formação. Mestra em Crítica Cultural. Endereço eletrônico: neasantoss@yahoo.com.br. (^2) Karin Lilian Strobel é formada em Pedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Possui doutorado na área de Educação - Linha de Processos Inclusivos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua em Gestão Pública há mais de 10 anos, ocupando funções como Coordenadora e Professora do curso de Letras-Libras da UFSC. Trabalhou como professora de surdos na Educação Básica durante 25 anos em três escolas de surdos em Curitiba e, por 10 anos, fez parte de equipe pedagógica da Secretaria de Educação do Paraná.
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Frederick Schiller ( apud EAGLETON, 2005), Hall (1997), Ea- gleton (2005) e Cuche (2002).
O capítulo é finalizado com uma concepção de cultura plural: “A cultura permite ao homem não somente adaptar- se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades e seus projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza" (CUCHE, 2002, p. 10). Ao questionar no segundo capítulo “Os surdos têm cultura?”, a autora nos mostra, através de alguns relatos que os surdos tem cultura sim, criticando a visão que o ouvin- te possui sobre a surdez: o sujeito para viver em sociedade precisar ouvir e falar. Contrapondo a essa premissa a autora pontua: “Estas representações imaginárias estão equivoca- das. Os povos surdos não vivem isolados e incomunicáveis, simplesmente os sujeitos surdos têm seus modos de agir diferentes dos de sujeitos ouvintes” (STROBEL, 2016, p. 22).
O capítulo três “Povo surdo ou comunidade surda?”, discute que a comunidade surda são todos os envolvidos em prol de melhorias para essa minoria linguística: sejam surdos, família de surdos, intérpretes de Libras, entre outros; já o povo surdo, está mais direcionado para eles, os Surdos. Re- flete ainda que, quando pronunciamos "povo surdo", esta- mos nos referindo aos sujeitos surdos que não habitam no mesmo local, mas que estão ligados por uma origem, um código ético de formação visual, a língua de sinais, a cultura surda e quaisquer outros laços. No capítulo quatro, Strobel apresenta os artefatos culturais, que são meios e formas que os surdos encontraram para viver neste mundo do ouvinte e diz: “são peculiaridades da cultura surda” (2016, p. 28). As- sim, a autora nos apresenta oito artefatos culturais que evi- denciam e visibilizam a cultura surda: “Artefato cultural: ex- periência visual”, “Artefato cultural: desenvolvimento linguístico”, “Artefato cultural: família”, “Artefato cultural: literatura surda”, “Artefato cultural: vida social e esportiva”,
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vem acontecendo com o povo e comunidade surda, a fim de da visibilidade a este grupo. Assim, é perceptível ver que: “A cultura surda vem sendo um enigma para os sujeitos ouvintes da sociedade. É uma preocupação motivar autores para que eles tentem entender os muitos caminhos que conduziram os povos surdos às suas relações culturais presentes, marcados por visões diferentes de organizações de comunidades” (WILCOX; WILCOX, 2005, p. 82).
O capítulo sete intitulado “In(ex)clusão dos surdos: prática (inter)cultural”, nos convida a refletir sobre os proces- sos de inclusão e exclusão dos surdos em vários espaços soci- ais. Essas discussões auxiliam na compreensão de diferentes contextos da história dos surdos em que se dão as diásporas, as lutas, os conflitos culturais e diferentes identidades, anali- sando-os com base nos Estudos Surdos, em que podemos buscar a realidade cultural do nosso tempo. Pois, quando pensamos em incluir, devemos tomar como base o que o surdo considera de importante para que essa inclusão de fato se concretize.
Por fim, o capítulo oito “Como podemos compreender as peculiaridades da cultura surda e nos envolver com ela” aborda sobre o ser surdo e as singularidades para compreen- der esse mundo, pois o surdo é um sujeito que tem uma cul- tura e língua própria, e modo de vida diferente do ouvinte.
Esse livro se configura como uma obra representativa não só para comunidade surda, pelo fato de discutir perspec- tivas que ultrapassam a visão única de percepção de um su- jeito, tornando possível uma leitura caleidoscópica do fenô- meno cultural, da identidade e da língua.
[Recebido: 28 ago. 2021 — Aceito: 15 set. 2021]