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Rescensão que fiz do livro de ORTEMANN sobre o sacramento da Unção dos Enfermos. Área: Teologia. Sub-área: Sacramentos.
Tipologia: Exercícios
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Disciplina: Penitência e Unção dos Enfermos Prof.: Francisco Taborda RESCENSÃO DA OBRA ORTEMANN, Claude. A força dos que sofrem: história e significação do sacramento dos enfermos. São Paulo: Ed. Paulinas, 1978. Col. Sacramentos. Trad.: M. Cecília de M. Duprat Aluno: Tiago Zeni Data: 09/09/2019. Embora a publicação original deste obra tenha se dado em 1971, portanto há mais de 40 anos, é uma obra que merece ser lida ainda em nossos dias. Escrita não muito tempo depois do Concílio Vaticano II, traz em seu bojo o espírito conciliar de “aggiornamento” para o sacramento da Unção dos Enfermos. Numa primeira parte após fazer uma revisão histórica muito bem fundamentada, apresentando fontes primárias que transportam o leitor para o imaginário cristão de cada época, e oferecendo subsídios para a compreensão da aplicação deste sacramento no cristianismo primitivo e no decorrer de cada etapa da história da Igreja, o autor Claude Ortemann, prepara o terreno para uma profunda e salutar reflexão teológica sobre o sacramento da Ução que ele magnificamente apresenta na segunda parte da obra. A subdivisão em capítulos é didática, de forma que embora se trate de uma obra de fôlego, é também de fácil compreensão e acessível não só para teólogos mas também para leigos interessados em aprofundar o assunto como forma de qualificar a ação pastoral na Igreja, ou ainda, católicos interessados em compreender melhor os benefícios deste sacramento para a própria vida e experiência de fé. Na primeira parte, ao passo que o autor vai apresentando os documentos históricos que mostram como era aplicado e compreendido o sacramento da unção, também vai apresentando sínteses de cada período, apontando os elementos chaves que foram sendo hauridos e que foram se postergando na história da Igreja no que se refere à compreensão e aplicação ritual deste sacramento. Partindo dos textos de São Marcos que fala das curas, acentua que Jesus liberta o homem de sua condição pecadora e de todos os males que isso comporta, como a enfermidade. Faz assim um resgate preciso e pontual do evangelho que serve para fundamentar a compreensão que o sacramento da unção carregará consigo até os dias atuais. Na carta de Tiago 5,13-15 está o texto que inspirou a prática da unção. O autor faz uma acurada investigação bíblica aprofundando cada período do texto de forma a apresentar cada elemento do texto da forma mais significativa à compreensão do sacramento da unção. Desde o princípio deixa claro que o destinatário da unção, em Tiago, não é o moribundo, mas o doente em estado grave; que intervenção do presbítero foca na oração deste sobre o doente, não indicando necessariamente que tenha que ser o presbítero a ungir com óleo. Mostra que o efeito salutar que o Senhor confere ao doente serve para que este assuma espiritualmente o sofrimento por que passa. Mostra que a unção não é reservada aos pecadores, embora comporte eventualmente a remissão dos pecados. Na apresentação dos textos litúrgicos dos primeiros séculos do cristianismo, o autor apresenta diversas fórmulas, donde conclui que para a maioria dos autores era exigida a bênção do óleo
para que este surtisse o efeito. Os padres dos primeiro séculos se deparavam com muitas práticas supersticiosas. Era preciso endossar os elementos genuínos da fé cristã a fim de não deixar que os cristãos fossem afastados da comunidade. O foco no efeito corporal, do sacramento, do óleo como um remédio para as doenças, era o mais endossado nesse período, e pouco se falava no efeito espiritual deste sacramento até o séc. IX. O autor apresenta que foi a partir do séc. XI que se começou a dar mais valor ao efeito espiritual do que ao corporal, no que se refere ao sacramento da unção. O corpo poderia ser curado ou não, em consequência da cura da alma. Se fosse para curar a alma, o corpo poderia também ser curado, mas o foco era principalmente a cura da alma, pela purificação dos pecados. O concílio de Trento marcou essa tendência de focar na cura da alma, e ainda, devido a relação com o viático, a unção com óleo ganhou o sentido de “extrema unção”, indicando que seria preferível dá-la às vésperas da morte para garantir que não desse tempo de alma cair em pecado, garantido melhor a salvação na hora da morte. Já no final desta parte, o autor começa a pinçar considerações teológicas que preparam o terreno para as novidades trazidas pelo Concílio Vaticano II. A visão antropológica do ser humano passa a ser uma visão integral. Não se salva apenas a alma, mas o homem todo. Em consequência disso, o sacramento não é para salvar a alma, mas para salvar a pessoa, em sua integridade. Endossa ainda que o efeito do sacramento é para a libertação não só da doença como também das estruturas de pecado que levam o homem à morte. É nessa perspectiva que o autor trata a segunda e mais significativa parte do livro. O homem precisa ser salvo integralmente, em contraste com a concepção do Concílio de Trento, de dar prioridade à salvação da alma. Critica o autor, contudo, a pouco insistência com que o Concílio Vaticano II insiste na cura corporal em seus documentos. Desafia assim os teólogos a avançarem mais a reflexão neste sentido. O peso maior, bem como, a novidade que apresenta, dá-se especialmente na segunda parte. A reflexão teológica usa como método retomar os elementos da história deste sacramento de forma crítica, a fim de compreender melhor o valor e a eficácia do sacramento, oferecendo para o homem moderno e contemporâneo um sentido atualizado deste sacramento que venha a satisfazer a necessidade de fortalecer a fé e de dar sentido à existência. Após bem pontuar os elementos significativos da história, o autor utiliza-se do diálogo com filósofos de ponta, como Paul Ricouer, para falar do Símbolo deste sacramento Para o autor, o sentido da unção culmina na escatologia. O sacramento é para a fé. Desfaz a visão mágica, imbuída na compreensão do sacramento por longos anos, dando espaço à simbólica de Paul Ricouer, com que entende a unção pela simbólica, como algo que colabora para dar sentido a vida humana através do fortalecimento e compreensão da fé. O autor acentua que essa compreensão é algo pessoal, ou seja, se dá do homem pelo próprio homem. É com a experiência própria de caminha de vida cristã que a unção dos enfermos deve ser compreendida, enquanto prática que auxilia o cristão no reconhecimento da ação divina e na participação da vida divina ad perpetuam. Enfim, vale a pena ler esta obra. O autor como religioso Camiliano, dedicado ao cuidado e acompanhamento pastoral de doentes, tem muito propriedade nas reflexões que escrevem, e todo cristão que em algum momento participa de momentos difíceis e derradeiros na vida de seus irmãos em Cristo, pode haurir desta obra elementos que ajudarão a dar maior compreensão da graça ação salvífica que opera também por meio do sacramento da unção.