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Representações Sociais de Professores sobre Aprendizagem em Escola Inclusiva, Esquemas de Humanidades

Uma tese de mestrado apresentada por maria mendes na universidade lusófona de humanidades e tecnologias, instituto de educação. A pesquisa analisa as representações sociais construídas por professores sobre a aprendizagem de alunos em uma escola inclusiva, identificando um cenário de contradições.

O que você vai aprender

  • Como as representações sociais sobre a aprendizagem influenciam a educação inclusiva?
  • Quais são as características gerais do município de João Pessoa em relação à escola inclusiva?
  • Quais são as recomendações para a melhoria da educação inclusiva a partir das representações sociais dos professores?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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MARIA INÊS DE ARAÚJO CAVALCANTI MENDES
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE PROFESSO-
RES CONSTROEM SOBRE A APRENDIZAGEM DE
ALUNOS NUMA ESCOLA PÚBLICA INCLUSIVA:
UM CENÁRIO DE CONTRADIÇÕES
Orientadora: Otaviana Maroja Jales Costa
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Instituto de Educação
LISBOA
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MARIA INÊS DE ARAÚJO CAVALCANTI MENDES

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE PROFESSO-

RES CONSTROEM SOBRE A APRENDIZAGEM DE

ALUNOS NUMA ESCOLA PÚBLICA INCLUSIVA:

UM CENÁRIO DE CONTRADIÇÕES

Orientadora: Otaviana Maroja Jales Costa

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instituto de Educação

LISBOA

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MARIA INÊS DE ARAÚJO CAVALCANTI MENDES

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE PROFESSO-

RES CONSTROEM SOBRE A APRENDIZAGEM DE

ALUNOS NUMA ESCOLA PÚBLICA INCLUSIVA:

UM CENÁRIO DE CONTRADIÇÕES

Dissertação apresentada para a obtenção de grau de Mes- tre em Ciências da Educação no Curso de Mestrado em Ciências da Educação, conferido pela Universidade Lusó- fona de Humanidades e Tecnologias.

Orientadora: Profa. Doutora Otaviana Maroja Jales Costa Co-orientadora: Profª. Doutora Maria Odete Emydgio Silva

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Instituto de Educação

LISBOA

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Para meu Tio Zé, que na sua eterna infância guarda consigo todo o mistério da vida adulta. Não sabe ele que justamente por isso, foi minha primeira fonte de inspiração para a realização deste trabalho.

A ele todo o meu carinho e respeito.

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AGRADECIMENTOS

Cada etapa de nossa vida vem repleta de desafios, expectativas e... obstáculos. Mas pa- ra que servem os obstáculos se não para serem rompidos? Foi assim na realização deste traba- lho que ora apresento, apresentando com ele, um pouco do que de mais profundo eu sou. Carregada de esperança, às vezes envolta em dúvidas, mas seguindo sempre na direção daquilo que eu acredito: que o ser humano ainda é a parte mais bonita do projeto de Deus. A Ele minha eterna gratidão e meu humilde serviço.

  • Agradeço a minha família, porque me apoiou na realização deste trabalho, a ela o meu amor incondicional.
    • De forma especial a Moacir, meu marido, pelo seu amor que me preenche e conforta, o meu amor para sempre.
  • Aos meus filhos Lucas e Sara, a parte mais bonita de mim.
  • Aos meus orientadores, Otaviana e Carlos, por ultrapassarem a barreira do saber para encon- trar em cada orientando, uma competência, uma motivação, uma possibilidade de mudar a partir do conhecimento.
  • Aos meus amigos, Carlos e Otaviana, por se tornarem imprescindíveis à minha vida.
  • Às colegas da escola campo de pesquisa, pela disponibilidade que tornou possível a realiza- ção deste trabalho, em especial a coordenadora Filomena pelo carinho dispensado durante toda a pesquisa.

A vocês, o meu reconhecimento e gratidão para sempre.

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ABSTRACT

This Master's thesis aims to investigate the role of teachers on the learning of students with disabilities in daily school life of an inclusive school, perceptions, expectations, advanc- es, and impasses that permeate the work of educators who develop their work in a public school inclusive. The theoretical basis of this research was supported by authors such as Durkheim (1987), Moscovici (1978), Mantoan (2005), Maroja (1998), Emygdio (2011), Sas- saki (1997), Nóvoa (1992), among others that the over several years has been bothering to discuss the social representations and the theme of inclusion in the school context. The study sample consisted of eight teachers who work in the school field research, the city of João Pes- soa. Data collection was performed from the research instruments such as observation, field diary, the story of experience, exposure and analysis of film and a semi-structured interview. The responses showed that to achieve inclusive education it is necessary to reflect on the concept, prejudice, beliefs and conceptions of educational inclusion. We note the desire for better conditions of work, when it comes to training, teaching resources and more effec- tive participation of the family, the school process. We note further that it is impossible to work in an inclusive school cultivating prejudice, individuality, intolerance and insensitivity. It was evident the need for further discussions, studies, actions, adequate space for the special- ized care and involvement of all stakeholders in education that is accomplished satisfactorily the process of inclusive education.

KEYWORDS : Social Representations. Inclusion school. People with disabilities. Inclusive school.

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ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................

CAPÍTULO 1

ENQUADRAMENTO TEÓRICO ...................................................................................

1.1 Teoria das Representações Sociais: seus fundamentos, seus teóricos ..................... 1.2 As Representações Sociais: uma perspectiva da compreensão do humano ......... 1.3 Educação Inclusiva: do desejo à prática, o desafio entre o real e o ideal .............. 1.4 Um olhar do professor sobre a Educação Inclusiva ................................................ CAPÍTULO 2 PROBLEMÁTICA ........................................................................................................ 2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 3.1 Universo da pesquisa ou população ........................................................................ 3.2 Amostra ou sujeitos da pesquisa .............................................................................. 3.3 Características gerais do município de João Pessoa .............................................. 3.4 Contextualizando a escola campo de pesquisa ...................................................... CAPÍTULO 4 PROCEDIMENTOS ....................................................................................................... CAPÍTULO 5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA DE CAMPO ...................... 5.1 Observação .................................................................................................................. 5.2 Diário de campo ........................................................................................................... 5.3 Relato de experiências das professoras .................................................................... 5.4 Assistindo a um filme e refletindo o cotidiano de nossa escola-campo de pesqui- sa: Análise do filme SIMPLES COMO AMAR ........................................................... 5.5 Entrevista com as professoras ...................................................................................

5. 6 Análise dos desenhos selecionados - dando espaço à criatividade .......................

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 88

BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................

APÊNDICES ....................................................................................................................

ANEXOS ..........................................................................................................................

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de barreiras que dificultam a aquisição da aprendizagem e a garantia de seus direitos como cidadãos. Antes mesmo de ter iniciado minha vida profissional já me interessavam aspectos dos alunos “ensinados” por minha mãe, no salão da fazenda, onde, em dois turnos do dia, ela di- vidia as tarefas de dona de casa com seu saber profissional para uma clientela de todas as fai- xas etárias; éramos, eu e meus irmãos, juntos, aprendizes, e ao mesmo tempo auxiliares de aprendizagem, no exercício das aulas para a comunidade oriunda da fazenda e seus arredores. Aquilo era mesmo apaixonante, e hoje acredito que, mesmo sem perceber, intimamen- te sabia que não viveria impune àquele universo onde se misturavam filhos e pais analfabetos que buscavam, no mesmo espaço de escola, adquirir um saber que lhes modificasse a forma de enxergar a vida. Ainda na adolescência, tendo concluído o curso de magistério, iniciei minha carreira profissional no Colégio Arquidiocesano Pio XII, que, já naquela época, recebia crianças com deficiência para o trabalho educacional junto com crianças ditas normais, de tal modo que pude viver a experiência de conviver e trabalhar em sala de aula com essa categoria de alunos. Alguns anos depois, com a criação da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Porta- dor de Deficiência - FUNAD, já formada em Psicologia, é que me vi totalmente envolvida e decidida a investir profissionalmente na causa da pessoa com deficiência e, de forma especial, no trabalho educacional com a pessoa com a Síndrome de Down. Especializei-me em Psicologia Escolar e Clínica, escolhendo como tema: “Um olhar sobre o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down”, onde procurei me debruçar um pouco mais sobre os aspectos relevantes do modo como essas crianças se desenvolviam e co- mo suas relações com a família exerciam influência sobre sua qualidade de vida e sua conse- quente repercussão na escola. Esta pesquisa que ora empreendo foi idealizada em decorrência das experiências com estas pessoas, e o interesse por este campo de estudo originou-se a partir das relações estabe- lecidas com as pessoas com algum tipo de deficiência. Assim, o objetivo do trabalho é inves- tigar as representações sociais que os professores de alunos, como de uma escola inclusiva, constroem sobre a aprendizagem destes, a fim de compreender como ocorre esse processo junto a alunos ditos normais, numa escola pública regular. Por todas as razões aqui expostas, a Teoria das Representações Sociais, desenvolvida por Moscovici, oferece-me uma alternativa de estudo do tema ora proposto. A prática profissional como professora e psicóloga me leva a observar as interações dos procedimentos e das técnicas educativas como ferramentas de base interdisciplinar aos

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processos de facilitação da aprendizagem, reeducação e terapêutica dos indivíduos com defi- ciências, vislumbrando desta maneira, oportunidades que levem em conta o desenvolvimento global e a transposição de barreiras, respeitando a diversidade inerente a cada pessoa, mas resguardando-lhes o direito inquestionável de ser como é.

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de participação nas mudanças educacionais e sociais de que tanto fala a categoria educacional, mas que ainda permanece recheada de contradições. O grande desafio da educação no país, atualmente, é assegurar a todos os indivíduos o acesso à escola de qualidade e o direito aos serviços educacionais de maneira a favorecer uma instituição onde pessoas com algum tipo de deficiência, assim como aquelas ditas normais, ocupem no ambiente escolar o mesmo espaço de aprendizagem e convivência, interagindo com igualdade de participação, preservando sua identidade com o objetivo maior para o al- cance da autonomia moral, assim como o desenvolvimento de suas estruturas sociais e psico- pedagógicas. Assegurar a pessoa com deficiência o direito à escola de qualidade não se cons- titui apenas em dar-lhe amor, carinho e compreensão, mas na verdade representa um exercício do direito à cidadania, e o educador que com ela trabalha coloca-se no centro da questão em pauta, que são as representações sociais por ele construídas. A educação da pessoa com deficiência deve ser compreendida numa dimensão socio- cultural em que suas potencialidades sejam evidenciadas e as limitações sejam superadas. À escola cabe, portanto, adequar-se às necessidades desses indivíduos capacitando seu corpo docente, oferecendo-lhes formação adequada. Tal capacitação requer dos educadores uma reflexão acerca de seu papel transformador numa sociedade em que o preconceito e a desi- gualdade ainda se configuram como barreira social. Isso impede os seres humanos de viverem o seu projeto de vida. Para tanto, os educadores e pais de alunos com deficiência precisam estar dispostos às mudanças, revendo seus conceitos e valores, possibilitando uma nova visão da formação do ser humano, independentemente de suas limitações. O tema em foco traz um interesse especial provocando muito mais do que a elaboração de um trabalho acadêmico; é também a oportunidade de penetrar no universo das relações sociais, afetivas e psicológicas que envolvem a forma como professores representam e intera- gem com esses indivíduos, considerando ainda que este trabalho pode conter um olhar dife- renciado sobre as diferenças humanas e sua capacidade de transpor seus próprios limites, que venha servir de instrumento de compreensão da diversidade humana dentro do espaço da es- cola, buscando caminhos de aprendizagem que possibilitem efetivar direitos que são conferi- dos aos alunos por leis, mas nem sempre cumpridos, apesar dos avanços propagados. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96, Art. 58), assim como a Lei da acessibilidade, promulgada em 2004, pelo decreto Lei de nº 5.296, garante a essa categoria de pessoas acesso à escola regular de forma igualitária, embora tal garantia ainda não se efeti- ve de maneira completa, dando-lhes oportunidades iguais de participação como membros ati- vos da sociedade. Temos por objetivo então, analisar o tema à luz da Teoria das Representa-

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ções Sociais, que se apresenta, em nossa concepção, como instrumento de fundamental impor- tância para compreender o processo de construção dessas representações manifestadas por professores de alunos com deficiências, numa escola pública regular, junto a alunos ditos normais. As razões citadas acima justificam, no nosso entender, a escolha do objeto da pes- quisa que delinearemos.

1.1 Teoria das Representações Sociais: seus fundamentos, seus teóricos

O termo representação surge na sociologia com Emile Durkheim. Sua produção teóri- ca objetivava consolidar a sociologia como ciência e conferir-lhe status científico. Com tal intuito, Durkheim (1987) delineou o objeto e o método desta teoria num momento em que predominava o método das ciências da natureza, transportando para a sociologia a necessida- de de objetividade, verificação e experimentação. Sua inegável contribuição possibilitou o desenvolvimento de conceitos caros às ciências sociais que, juntamente com a análise precisa, orientou e continua orientando a prática sociológica. Em As regras do método sociológico (1999), Durkheim define os fatos sociais como objeto da sociologia, argumentando tratar-se de “coisas”. No intuito de elucidar tais fatos e com o objetivo de diferenciá-los do objeto da psico- logia, o autor enuncia suas principais características: anterior e exterior ao indivíduo – prece- de ao indivíduo, existindo fora de suas consciências individuais; coercitivo – se impõe inde- pendentemente da vontade individual; gerais e coletivos – comum a todos os membros do grupo. Após a caracterização, o autor afirma que “é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então, ainda que é gera- da na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”. (Durkheim, 1987, p.11). O enunciado, transcrito no parágrafo anterior, fundamental em sua produção teórica, não foi bem recebido ou com- preendido na época da publicação do livro. Por isso, no prefácio à segunda edição, retoma-se a questão e, para clarificá-la, distin- gue-se, ou melhor, opõe coisa e ideia. É coisa tudo o que não pode ser compreendido por uma simples análise mental e sim “por meio da observação e da experimentação, passando pro- gressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos”. (Durkheim, 1987, p.21).

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dica, e a natureza religiosa do homem. Todavia, ressalta que a escolha das religiões primitivas se dá por uma questão de método (histórico), pois todas as religiões possuem as mesmas cau- sas e respondem às mesmas necessidades. As religiões se apoiam no real e o exprimem. Durkheim (1983) destaca que:

(...) na base de todos os sistemas de crenças e de todos os cultos deve necessaria- mente haver um certo número de representações fundamentais e de atitudes rituais que, malgrado a diversidade das formas que umas e outras puderam revestir, em todas as partes têm a mesma significação objetiva e em todas as partes preenchem as mesmas funções. (Durkheim, 1983, p.208).

Contudo, as formas elementares da vida religiosa são mais perceptíveis nas sociedades chamadas primitivas, pois não há “roupagens”, “ornamentos” em sua religião. Nessas socie- dades há uma forte presença da consciência coletiva, definindo as formas de agir e de pensar do grupo uma vez que, segundo Durkheim, “tudo é comum a todos”. Existe uma representa- ção coletiva, estruturada na religião, que possibilita aos indivíduos conceber o mundo de for- ma homogênea. Nesse sentido, a religião é um sistema de representações do mundo, de onde deriva inclusive a cosmologia da sociedade. Noções como tempo e espaço, compreendidas enquanto categorias de entendimento nascem do pensamento religioso. São representações coletivas, fundadas na prática religiosa.

Completa afirmando Durkheim (1983) que:

A religião é uma coisa eminentemente social. As representações religiosas são re- presentações coletivas que exprimem realidades coletivas; os ritos são maneiras de agir que nascem no seio dos grupos reunidos e que são destinados a suscitar, a manter ou refazer certos estados mentais desses grupos. Mas então, se as categorias são de origem religiosa, elas devem participar da natureza comum a todos os fatos religiosos: elas também devem ser coisas sociais, produtos do pensamento coletivo. (Durkheim, 1983, p.212).

As representações compreendem, nesse caso, um sistema de ideias que, juntamente com os ritos e o culto, compõe um sistema de práticas que procura exprimir o mundo. No sé- culo XIX, a teoria social clássica estava preocupada com a formação de uma moral única para a sociedade, inspirada no positivismo de Comte, pois a ciência, por meio do espírito científi- co, seria a nova religião da humanidade. Assim, a moral da sociedade era constituída com base nos princípios da razão humana, objetivos e laicos. Nesse processo, o papel das institui-

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ções, principalmente aquelas ligadas à produção do conhecimento e da elaboração das con- cepções de mundo, possuía um papel fundamental. O próprio marxismo como vertente inter- pretativa como um todo, contrapondo a filosofia e a teoria positivista, mas com outros pressu- postos, metodologias e categorias analíticas, constituiu-se numa teoria social gerada com in- tuito de dar visão totalizadora que abarcasse e explicasse os diversos fenômenos que com- põem as formas de representar a realidade social. No século XX, a intensificação da especialização do próprio conhecimento científico e a consequente constituição de novas áreas do conhecimento, bem como os avanços das tecno- logias fizeram com que diferentes vertentes teóricas emergissem e proliferassem na socieda- de, porém sem a preocupação com a formação de uma “moral” ou pensamento “único” para explicar a complexidade da vida em sociedade. Isso nos remete à teoria das representações sociais. Nas Ciências Sociais a ideia de representação parte do conceito de representações co- letivas , de Emile Durkheim. O autor utilizava os adjetivos “social” e “coletivo” indistintamen- te, pois na sua concepção eles tinham a mesma significação. Ao se referir às representações coletivas, Durkeim as definiu como as formas de co- nhecimento, do senso comum ao pensamento científico, ou as ideias produzidas socialmente e que não podem ser explicadas como fenômenos da vida individual, tampouco podem ser ex- plicados pelos fenômenos psicológicos. As representações coletivas são as formas de pensa- mento que a sociedade elabora para expressar sua realidade. Essas formas são incorporadas e interiorizadas pelos indivíduos por meio da vida em sociedade que se norteia pelas regras que formam a estrutura social. Como essas formas de pensamento não são universais nem são dadas à consciência a priori , formam-se os sistemas de representação coletivos nos quais se torna possível criar es- quemas de percepção, juízos que fundamentam as maneiras sociais de agir, pensar e sentir dos indivíduos. Durkheim estudou as representações coletivas nas sociedades primitivas por meio das crenças em seus estudos sobre religião. Nessa abordagem, as crenças, solidificadas nas tradi- ções culturais, instituições sociais fixas e no cultivo de mitos entre os grupos tribais eram res- ponsáveis por constituição de sociedades mais sedimentadas. Conforme afirma Moscovici (2003), teórico das Representações Sociais: