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Esta oficina explora as problemáticas da ética, mercado de trabalho, consumismo, exploração de classes e sua influência na forma como são estabelecidas as relações sociais e de consumo em uma sociedade capitalista, utilizando o filme e a obra filosófica de karl marx como metáforas. A dinâmica simula situações relacionadas à realidade humana no século xxi, com atividades como trabalho, mercado e troca de mercadorias por tempo ou tempo por mercadorias.
Tipologia: Notas de estudo
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Eduardo Bená Chicone Eduardo Gabriel Maas Eli Schmidtke Márcia Cristina Rodrigues da Silva da Conceição Célia Machado Benvenho Michelle Silvestre Cabral PIBID/Filosofia UNIOESTE
PALAVRAS-CHAVE: Sociedade Capitalista; Desigualdade Social; Karl Marx; Ética.
INTRODUÇÃO
Nesta oficina serão exploradas problemáticas como ética, mercado de trabalho, consumismo, exploração de classes e sua influência na forma como são es tabelecidas as relações sociais e de consumo entre os indivíduos numa sociedade capitalista. Para tanto propomos estabelecer uma relação entre o filme O Preço do Amanhã (2011), do diretor Andrew Niccol, e o texto O Manifesto do Partido Comunista (1998), do filósofo Karl Marx. A importância da abordagem da ética é definida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da seguinte forma:
A ética é um dos temas mais trabalhados do pensamento filosófico contemporâneo, mas é também um tema que escapa aos debates acadêmicos, que invade o cotidiano de cada um, que faz parte do vocabulário conhecido por quase todos. A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a liberdade de escolha. A ética interroga sobre a legitimidade de práticas e valores consagrados pela tradição e pelo costume. Abrange tanto a crítica das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições e ante elas, quanto à dimensão das ações pessoais (BRASIL, 1998, p. 25).
Como afirma o documento, as questões éticas permeiam as relações humanas em variadas dimensões, desde a individual, social e comportamental. Tratar de tais problemáticas, portanto, significa ir além de um debate meramente acadêmico, mas interrogar práticas e valores, muitas vezes, já internalizados e, portanto, tornados triviais.
O Preço do Amanhã foi o filme escolhido por ser a representação de uma distopia em um sistema no qual a moeda de troca é o tempo. Desenvolve-se no contexto de um mundo que se apresenta dividido em classes sociais, com a prevalência e o domínio de uma sobre a outra, por via de um rigoroso controle social. O drama representado no filme seria explorado como uma metáfora à organização das relações humanas promovida pelo modelo capitalista de sociedade, possibilitando colocar em relevo algumas contradições resultantes deste modelo como a desigualdade social, a exploração do trabalho e a desumanização do homem. Entendemos que, assim como o pensamento de Marx, o filme pode ser visto como uma crítica a sociedade capitalista ao problematizar a desigualdade social na realidade fictícia. Em Marx encontramos uma forte oposição a forma de governo, na qual ora trabalhadores, enquanto força de produção, ora proletários, enquanto força produtiva, estão confinados aos interesses políticos, sócio-econômicos e financeiros da classe burguesa, que é representada por aqueles que detêm o capital e os meios de produção. Desse modo, a classe do proletariado, aqueles que não são burgueses, serve apenas aos interesses do grande capital. Todas as condições colocadas a disposição desse trabalhador visam exclusivamente ao lucro daqueles, de modo que o próprio trabalhador e suas conquistas são revertidos em benefício da classe dominante. Nesse contexto, tudo pertence ao grande capital, incluindo todos os recursos naturais e suas derivações, o homem e todas as suas aspirações. Segundo Marx o homem se torna objeto no momento em que deixa de pertencer a si mesmo e perde o domínio sobre seus projetos, conquistas e realizações, convertendo-se em alienado pelas forças dominantes. O objetivo principal destas forças seria tornar o homem alienado para poder vendê- lo a peças. O homem nessa situação perde o valor, não somente de produção, de mercado, mas ele perde o valor interno, o valor de si mesmo enquanto pessoa responsável, racional, razoável e livre. Um homem nessa situação é mais fácil de ser comprado e vendido, de comprar os seus serviços por valor qualquer e de vender para aquele que oferecer mais. Também é um ser consumista, em que suas frustrações e todo o desconforto interno são convertidos em aquisição de bens e serviços e também o seu prazer físico é extrapolado para o comércio. O intuito da oficina será estabelecer um paralelo entre as relações representadas no filme e problematizadas na obra filosófica, de modo a promover uma reflexão sobre a organização da sociedade atual em que vivemos e estabelecer possíveis analogias
tempo escondido por trás dos elementos do cenário (excertos) que podem ser compartilhados; efeitos sonoros e visuais; tela para exibição do filme; trabalho para trocar por tempo; cronômetro de tempo. Os estudantes, então, serão orientados sobre a atividade que será desenvolvida e sobre o filme que será exibido. Antes de entrarem no cenário/sala, os participantes receberão braceletes/pulseiras com números individuais: 3, 2, 1, 0 e brindes ( alimentos ) para trocar por tempo. Será explicado que os braceletes/pulseiras servirão para o desenvolvimento da dinâmica que ocorrerá após a exibição do filme. Aqueles que receberem pulseiras com o número 0 serão identificados (chapéu, colete, roupa) como indivíduos miseráveis para os quais o tempo de vida é mínimo. Também será solicitado que prestem atenção em alguns detalhes do filme: relações de trabalho; crises do valor temporal; divisão e dominação de classes. Após a entrada dos alunos e sua acomodação no cenário, dar-se-á início à exibição do filme O preço do amanhã.
Passo 2: Dinâmica Na sequência da exibição do filme será aplicada uma dinâmica, simulando situações semelhantes à dos personagens que aparecem na trama. (Pode se determinar um tempo para a duração da dinâmica) Regras da dinâmica
Esta dinâmica será executada na forma de gincana, os participantes serão previamente divididos em grupos (pode se escolher a quantidade de grupos conforme o número de alunos que estiverem participando da oficina). Os grupos serão identificados com pulseiras/braceletes e terão a missão de conseguir tempo, tempo esse que pode ser conquistado através de trocas de alimentos, trabalhos ou garimpagem. No centro haverá um monitor com apito que indicará o término da tarefa. Os policiais do tempo irão até os grupos para verificar a condição atual do tempo dos integrantes e resolver possíveis situações de conflito, relacionadas a tempo ganho e total de tempo dos integrantes, dando os encaminhamentos necessários. Os tempos conquistados devem ser partilhados com os integrantes em pior situação. Os grupos que tiverem o menor número de “mortos” e a maior soma de tempo será declarado vencedor da gincana e fará jus ao prêmio, caixa de bombom; aquele integrante que buscou mais tempo e compartilhou também receberá um presente.
Atividades e funções dos monitores
As atividades da dinâmica têm como objetivo simular a realidade do filme relacionando com a realidade humana no século XXI. Estas atividades terão o tempo de 5 minutos para serem executadas. As atividades serão:
Trabalho: Nesta atividade os alunos irão fazer exercícios físicos para trocar por tempo. Os exercícios serão: Dois polichinelos equivalerão a 40 segundos e duas flexões equivalerão a 1 minuto.
Mercado: No mercado poderá ser trocado mercadorias por tempo ou tempo por mercadorias. Cada mercadoria terá um valor de venda e um de compra. As mercadorias são: Feijão equivale a 30 segundos na venda e 40 segundos na compra; Batata equiva le 45 segundos na venda e 50 na compra; Abacaxi equivale a 50 segundos na venda e 1 minuto na compra.
Haverá quatro monitores na dinâmica: empregador, comerciante e dois policiais do tempo.
Empregador: Monitor que fará a troca da força de trabalho por tempo.
Comerciante: Monitor que fará a troca do tempo por mercadoria e mercadoria por tempo.
Policiais do tempo: Um Policial fará a função de coordenar o tempo ganho pelos alunos em suas atividades para que não haja sabotagem dos mesmos e o outro Policial ficará em um local estratégico monitorando os alunos e o tempo da dinâmica.
Procedimento da dinâmica
números estipulados pelo DIEESE, contrapondo o que seria o valor ideal e o valor real do salário pago no Brasil hoje. O objetivo do trabalho é ressaltar a importância de uma análise crítica sobre a organização social em que vivemos, de modo a desnaturalizar, através do uso de ferramentas conceituais da tradição filosófica, relações sociais e de trabalho exploratórias e desumanas, tão comuns na atualidade. Ao mesmo tempo, a oficina permite enfatizar a relevância do uso dos filósofos clássicos para compreender e pensar a realidade contemporânea, além da eficácia da utilização do cinema para o ensino da filosofia.
TEXTOS PARA LEITURA E DISCUSSÃO
Serão utilizados trechos do livro O Manifesto do Partido Comunista , do filósofo Karl Marx, 1998.
Crises: “A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto as relações sociais todas” (p.6).
“Basta mencionar as crises comerciais que, em sua recorrência periódica, questionam de maneira cada vez mais ameaçadora a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais extermina-se regularmente não apenas uma grande parte dos produtos fabricados, mas também das forças produtivas já criadas. Deflagra-se nas crises uma epidemia social que a todas as épocas anteriores apareceria como contra-senso - a epidemia da superprodução. A sociedade encontra-se remetida subitamente a um estado de momentânea barbárie; uma epidemia de fome, uma guerra geral de extermínio parecem ter-lhe cortado todo suprimento de alimentos; a indústria, o comércio parecem aniquilados - e por quê? Porque a sociedade possui demasiada civilização, demasiados suprimentos de alimentos, demasiada indústria, demasiado comércio” (pp.13-14).
“Através de que meios a burguesia supera as crises? Por um lado, pelo extermínio forçado de grande parte das forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e da exploração mais metódica dos antigos mercados. Como isso acontece então? Pelo fato de que a burguesia prepara crises cada vez mais amplas e poderosas, e reduz os meios de preveni- las” (p.14).
“A crescente concorrência entre os burgueses e as crises de comércio daí resultantes fazem o salário do operário oscilar cada vez mais; o aperfeiçoamento incessante da maquinaria, desenvolvendo-se com crescente rapidez, torna cada vez mais insegura toda a sua condição de vida; cada vez mais, as colisões entre o operário particular e o burguês particular assumem o caráter de colisões entre duas classes” (p.16).
“O burguês enxerga em sua mulher um mero instrumento de produção. Ele ouve dizer que os instrumentos de produção devem ser explorados comunitariamente, e é natural
que não consiga pensar outra coisa senão que o destino do sistema de comunidade irá atingir igualmente as mulheres. Ele não imagina que se trata precisamente de suprimir a posição das mulheres enquanto meros instrumentos de produção” (p.26).
“O palavrório burguês sobre família e educação, sobre a íntima relação de pais e filhos torna-se tanto mais repugnante quanto mais todos os laços familiares, em conseqüência da grande indústria, são rompidos para os proletários e as suas crianças transformadas em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho” (p.26).
“As condições de vida da velha sociedade já estão aniquiladas nas condições de vida do proletariado. O proletariado é despossuído; sua relação com mulher e filhos não tem nada mais em comum com a relação familiar burguesa; o moderno trabalho industrial, a moderna subjugação operada pelo capital, na Inglaterra a mesma que na França, na América a mesma que na Alemanha, despojou o proletário de todo caráter nacional. As leis, a moral, a religião são para ele outros tantos preconceitos burgueses, atrás dos quais se escondem outros tantos interesses burgueses” (p.19).
Força de trabalho “Na mesma medida em que a burguesia, isto é, o capital, desenvolve-se, desenvolve-se o proletariado, a classe dos modernos operários, os quais só subsistem enquanto encontram trabalho, e só encontram trabalho enquanto o seu trabalho aumenta o capital. Esses operários, que têm de vender-se um a um, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comércio e, por isso, igualmente expostos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as oscilações do mercado” (p.14).
“O trabalho dos proletários perdeu, pela expansão da maquinaria e pela divisão do trabalho, todo caráter autônomo e, com isso, todo atrativo para o operário. Ele torna-se um mero acessório da máquina, do qual é exigido apenas o mais simples movimento de mãos, o mais monótono, o mais fácil de aprender. Os custos que o operário causa restringem-se por isso quase que tão-somente aos alimentos de que ele carece para o sustento próprio e para areprodução de sua espécie (Rasse). Mas o preço de uma mercadoria, portanto também do trabalho, é igual aos seus custos de produção. Na mesma medida em que cresce o caráter repugnante do trabalho, diminui por isso mesmo o salário. Mais ainda, na mesma medida em que a maquinaria e a divisão do trabalho aumentam, aumenta a massa do trabalho, seja pela multiplicação das horas de trabalho, seja pela multiplicação do trabalho exigido em um tempo determinado, pelo funcionamento acelerado da máquina etc.” (pp.14-15).
“O palavreado burguês acerca da família e da educação, acerca da relação íntima de pais e filhos, torna-se tanto mais repugnante quanto mais, em consequência da grande indústria, todos os laços de família dos proletários são rasgados e os seus filhos transformados em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho” (p.26).
FICHA TÉCNICA E SINOPSE DO FILME
Título: O Preço do Amanhã. Título original: In Time. País: EUA.
O PREÇO do amanhã. Direção de Andrew Niccol. EUA: Regency Enterprise, 2011 [produção]. 1 filme (109 min), digital, colorido. Cópia da 20th Century Fox.