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Neste texto, a autora reflete sobre a representação da linguagem e o processo de alfabetização, destacando a importância de considerar as concepções das crianças sobre o sistema de escrita e a importância de levar em consideração que as crianças são produtoras de conhecimento. Ela questiona a prática alfabetizadora tradicional e apresenta as contribuições de autores como emília ferreiro e ana teberosky, que trazem uma nova perspectiva sobre a psicogênese da língua escrita.
Tipologia: Notas de aula
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Ionice da Silva Debus
O livro contribuição de Emília Ferreiro para os educadores da contem-
zem repensar a prática escolar da alfabetização, como resultados A repre- sentação da linguagem e o Processo de Alfabetização”, a auto- ra nos mostra que o processo de aprendizagem da alfabetização inicial é caracterizado por somente os dois pólos, quem ensina e quem aprende, sem levar em conta o terceiro, a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem. Dentro deste tópico, apresenta três subitens, “A escrita como sistema de representação” , “As concepções das crianças a respeito do sis- tema de escrita” e “As concepções sobre a língua subjacentes à prática docente No segundo tópico, “Processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar” desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da es- colarização. No terceiro tópico “O espaço da leitura e da escrita na educação pré-escolar” , ela discute os questionamentos feitos na educação pré-escolar de quando se deve começar a introduzir a leitura e a escrita, pois este acesso começa no dia e hora que os adultos decidem. O subitem 1 “A escrita como sistema de representação”
relações e os elementos já estão predeterminados e a criação de
IONIcE DA SIlvA DEBuS
uma representação, onde nem os elementos, nem as relações estão predeterminados. Esta dicotomia de conceitos se torna dramática, pois se a escrita é concebida como um código de transcrição, sua aprendizagem é concebida como aquisição de uma técnica; mas se for concebida como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte em um novo objeto de conhecimento, em uma aprendizagem conceitual. No subitem 2, “As concepções das crianças a respeito do sistema de escrita” , nos traz que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender, que portanto, possuem suas próprias concepções que devem ser levadas em consideração. O que predomina nas escolas é o modo tradicional de considerar a escrita infantil, onde se presta atenção apenas nos aspectos gráficos das produções, ignorando os construtivos. Diante disso, a autora nos mostra alguns exemplos de suas pesquisas, nas quais crianças foram reprovadas porque a professora não levou em consideração todo processo construtivo utilizado na sua escrita. Fica, assim, ressaltada a importância de levar em consideração que as crianças são produtoras de conhecimento. No subitem 3, “As concepções sobre a língua subjacentes à prática docente ”, questiona a prática alfabetizadora, centrada nos métodos, os quais não oferecem mais do que sugestões, incitações, práticas rituais ou conjuntos de proibições, não podendo criar conhecimento. As práticas baseadas nesses métodos levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem, sem nunca ser participante da construção do mesmo. Neste processo, o adulto já alfabetizado tem tendência a reduzir o conhecimento do leitor ao convencional. Neste sentido, a partir dos anos oitenta observa-se um desinvestimento no estudo dos métodos de alfabetização, visto que surgiram pesquisas e discussões sobre a Teoria Construtivista
IONIcE DA SIlvA DEBuS
Com todas estas problematizações, a autora conclui que são necessárias mudanças nas bases para a alfabetização inicial, mas não no sentido de novos métodos ou materiais didáticos, mas de uma revolução conceitual a respeito da alfabetização. No tópico “Processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar” , problematiza a questão dos educadores terem dificuldades em aceitar que as crianças comessem a aprendizagem da leitura e escrita antes da escolarização, onde deixam transparecer a ideia de que querem controlar o processo de aprendizagem e que a escola é a instituição criada para realizar este processo. Com a utilização de métodos tradicionais, a alfabetização introduz aos alunos à leitura de palavras simples e sonoras, como papa, babá, bebê, mas que, quanto à assimilação da criança, não se ligam a nada, porém, a relação que a criança estabelece com o texto inteiro é enriquecedora desde o início do processo. Porém, felizmente as crianças não esperam ter uma professora a sua frente para começar a aprender, desde que nascem são construtoras de conhecimento, no esforço de compreender o mundo que as rodeia, levantam problemas difíceis e abstratos e por si próprias descobrem respostas para eles. A aprendizagem da lecto-escrita é muito mais que aprender a conduzir-se de modo apropriado com este tipo de objeto cultural, é a construção de um novo objeto de conhecimento, que não pode ser diretamente observado de fora. Com isso, as crianças testam diversas hipóteses estranhas a nosso modo de pensar, para compreender a natureza do sistema de escrita que a sociedade lhes oferece e para isso, são obrigadas a reconstruí-lo internamente, em vez de recebê-lo como um conhecimento pré-elaborado. No tópico “O espaço da leitura e da escrita na educação pré-escolar” , nos traz a crítica a respeito do questionamento de ensinar ou não a ler e escrever na pré-escola. Esta dúvida
RESENHA DA OBRA “Reflexões sobRe AlfAbetizAção”
está mal colocada, segundo a autora, porque tanto a resposta negativa quanto a positiva apóia-se em um pressuposto que não é discutido, que o acesso à língua escrita começa no dia e hora que os adultos decidem. Esta reflexão é muito positiva, pois nos mostra que quando se decide que não devemos ensinar a ler e escrever na pré-escola, as salas sofrem um processo de limpeza, onde são retirados quaisquer traços da língua escrita. Até mesmo a professora tem um cuidado com a leitura na frente das crianças, onde conta histórias, mas nunca as lê em voz alta. Já quando se decide ensinar, a sala e a prática docente passam a se assemelhar a do primeiro ano, seguindo modelos tradicionais de exercícios de motricidade, com cópias intermináveis e nenhum uso funcional da língua escrita. Estes exemplos nos dão a dimensão do trabalho na sala de aula, em que alguns professores pensam o ensino como momentos separados, não há uma continuidade, e sim, uma ruptura no processo. Geralmente, no primeiro ano, desconsidera-se tudo que estava sendo desenvolvido e se passa a priorizar a leitura e a escrita de maneira mecânica, deixando de lado outras aprendizagens necessárias nesta fase do desenvolvimento. Ainda, quando estão escrevendo, é somente aquela palavra, descontextualizada de tudo que a criança já conhece. Algo pronto, que geralmente o professor impõe por entender que é importante e que está na hora do aluno aprender. Como também, é da mesma maneira para todos, desconsiderando que cada um tem seu tempo de assimilação e cada aluno aprende de um jeito diferente. Outra discussão trazida é em relação à diferença no processo de aprendizagem das crianças do meio rural e do meio urbano. Os professores precisam entender que o meio tem muita influência em como as crianças aprendem e também em que nível elas estão no processo, que conhecimentos prévios trazem para a escola.
RESENHA DA OBRA “Reflexões sobRe AlfAbetizAção”
mesma para os educadores, pois a autora traz importantes contribuições para as discussões da alfabetização e seus desafios, tema este, muito presente no cotidiano escolar e no meio docente. Sendo assim, se constitui em leitura obrigatória a todos aqueles que almejam exercer a docência com coerência.
Referências
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. 284 p.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 24 ed., Cortez: São Paulo, 2001.
Notas
(^1) Pedagoga. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de Santa Maria.