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os novos mundos de alguém que nasceram as propostas que motivaram o gesto do escritor em meio à pandemia. O Concurso de Escrita: Produções em Tempo de ...
Tipologia: Notas de estudo
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ISBN 978-65-89050-00-
Roseli Goffman, Thiago Melício, Isabel Scrivano e Leonardo de Miranda Ferreira
Rio de Janeiro, 2020 Conselho Regional de Psicologia 5ª Região
Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (CRP 05/26077) Presidente
Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523) Vice-presidente
Achiles Miranda Dias (CRP 05/27415) Tesoureiro
Julia Horta Nasser (CRP 05/33796) Secretária
Alexandre Trzan Ávila (CRP 05/35809)
Alexandre Vasilenskas Gil (CRP 05/30741)
Céu Silva Cavalcanti (CRP 05/57816)
Claudia Simões Carvalho (CRP 05/30182)
Ismael Eduardo Machado Damas (CRP 05/42823)
José Novaes (CRP05/980)
Mariana Chaves Ferreira Botelho (CRP 05/32802)
Marinaldo Silva Santos (CRP 05/5057)
Roseli Goffman (CRP 05/2499)
Thais Vargas Menezes (CRP 05/33228)
Thiago Melicio (CRP 05/35915)
Anelise Lusser (CRP 05/38657)
Carolina Maria dos Santos Silva (CRP 05/29816)
Cecília Coimbra (CRP 05/1780)
Conceição Gama (CRP 05/39882)
Cristina Rauter (CRP 05/1896)
Ederton Quemel Rossini (CRP 05/50996)
Gabriela de Araújo Braz dos Santos (CRP 05/56462)
Hildeberto Vieira Martins (CRP 05/24193)
Isabel Scrivano (CRP 05/26162)
Leonardo de Miranda Ferreira (CRP 05/36950)
Marcello Santos (05/17566)
Rodrigo Cunha Echebarrena (CRP 05/28408)
Vera Lúcia Giraldez Canabrava (CRP 05/1158)
Victória Antonieta Tapia Gutiérrez (CRP 05/20157)
Leonardo de Miranda Ferreira (CRP 05/36950) CONSELHEIRO COORDENADOR
Amanda Mesquita de Oliveira Moreira ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO
Júlia Viana Lugon ASSISTENTE TÉCNICA CCS
análise mais profunda, possamos descobrir que, no Brasil, a pandemia nunca foi sobre os mais ricos. Na verdade, ela não é sobre os mais pobres também, mas evidencia os requin- tes de crueldade que a nossa forma de reprodução social da vida imprime na sociedade. E não é possível desvincular atenção psicossocial de desigualdade social, problemática na qual o Brasil encontra-se na 10ª posição em compara- ção com outros países do mundo, verificando-se no ano de 2019 ampliação da desigualdade entre os extremos da dis- tribuição da renda do trabalho, de acordo com recente rela- tório do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA). O cuidado psicossocial esbarra, neste país, com a estrutura material, financeira e social, com a ausência de condições básicas para seguirem prescrições alimentares, de isolamen- to, de higiene, sem contar que as informações acerca dos cuidados, que muitas vezes chegam enviesadas e desmora- lizam a gravidade da doença, tratando-a como uma “gripezi- nha”. Não é possível pensar a atenção psicossocial neste país desvinculada de uma análise profunda da desigualdade que historicamente nos estrutura. As desigualdades sociais aqui discutidas possuem íntimas relações com processos políti- cos históricos e contemporâneos, e também com a constru- ção da subjetividade da nossa população. O músico Roger Waters, fundador da banda Pink Floyd, afirmou em entrevista concedida em maio de 2020, em Nova York, que “voltar ao normal não é uma opção. Temos que voltar para algo que será muito, muito melhor do que aquela normalidade que existia antes do vírus”. A reinvenção da vida, necessária para todas e todos nós, passa por uma dimensão de cuidado. E, em tempos de isolamento, a atenção à saúde mental e o cui- dado psicossocial tornam-se prioridade entre os que viven- ciam uma crise dentro de outras existentes.
Fazemos Psicologia no Brasil. Aqui, diferente de países como Itália, Portugal, Inglaterra e França, a concentração dos casos
de letalidade por covid-19 não é marcada pelas diferenças de faixa etária. Aqui, o que determina quem vive ou morre em decorrência das complicações do vírus são fatores socioe- conômicos, com um componente racial muito forte entre os “determinantes de risco”. No início do mês de maio, o Com- plexo de Favelas da Maré atingia uma letalidade de 30,8% dos contaminados, enquanto o bairro do Leblon acumulava uma taxa de 2,4%. Como ressalta o filósofo português José Gil no texto O Medo , a pandemia não é sobre o medo da morte, mas sobretudo o medo da morte absurda.
“Há quem tenha medo que o medo acabe”, afirma o escritor moçambicano Mia Couto. Inspirados pelo projeto de exten- são “Compartilhando Leituras”, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, decidimos ressignificar o medo decorrente das in- certezas, próprio da pandemia. Surgiu, então, “Expressões da Psicologia – reflexões e práticas em tempos de pandemia”. E, assim como nos inspiramos, também fomos fonte de inspira- ção da Coordinadora de Psicólogos del Uruguay, instituição análoga ao nosso Conselho Federal de Psicologia. Uma rede de expressões da psicologia foi se constituindo.
A convite do Conselho Regional de Psicologia, esta publica- ção é constituída por expressões, de psicólogas, psicólogos e estudantes de Psicologia, de todo o estado do Rio de Ja- neiro. Somos os nossos discursos, que produzem verdades e instituem nossos modos de existir. Verdades atravessadas pe- las histórias que vão sendo contadas. Histórias que produzem presente. Presente produtor de modos de ser, estar, saber e viver no mundo. Expressões que enfrentam o medo.
Não basta falar, é preciso ter quem ouça. Não basta escrever, é preciso ter quem leia. A força deste trabalho está na diversi- dade das histórias aqui reunidas e que, agenciadas com seus
Escrever em tempos de isolamento social, se expressar, so- cializar sentimentos, compartilhar experiências e, mais que isso, encontrar espaços de interação num momento comple- tamente novo para toda uma geração pareceu ser mais uma possibilidade de vivermos essa experiência sem deixar se es- vair o que dela podemos registrar para nos ajudar a compre- ender o hoje e o nosso futuro. A singularidade que expressa a escrita de uma pessoa, mesmo que de um tema muito conhe- cido, possibilita a compreensão de um mundo mais ampliado que o nosso próprio.
Foi apostando no desejo de escrever para se escutar e con- tribuir com a possibilidade de sermos, por meio da escrita, os novos mundos de alguém que nasceram as propostas que motivaram o gesto do escritor em meio à pandemia.
O Concurso de Escrita: Produções em Tempo de Isolamento, que serviu de inspiração para o Projeto Expressões da Psico- logia: Reflexões e Práticas em Tempos de Pandemia, do Con- selho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, consistiu em uma ação promissora do Projeto de Extensão "Compartilhan- do Leituras”, da Decania do Centro de Filosofia e Ciência Hu- manas da UFRJ (2018-2022), que deseja ampliar os espaços de diálogo para atender os mais variados públicos.
A proposta do Projeto de Extensão "Compartilhando Leituras”, para além da leitura literária, encontra-se no movimento de leitu-
ras de mundo, com forte elo com ações que pretendem promo- ver a formação com livre adesão dentro e fora da universidade. Com a experiência advinda de nossas atuações, conseguimos também nos aproximar de redes de sociabilidades comuns, ca- minhando para relações integradas, conjuntas e comunicativas dentro do ambiente universitário e escolar. Nos fortalecemos trazendo discussões sobre a experiência de estudantes Trans na UFRJ; sobre uma memória muito viva do percurso do semanário “O Pasquim” ; por meio dos escritos de Euclides da Cunha abor- damos o desmatamento da Amazônia; promovemos discussões sobre autores consagrados no âmbito nacional e internacional; trouxemos autores cariocas para falar de suas experiências de escrita; e percorremos a história de professores que marcaram uma época na UFRJ e nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Essas foram as leituras compartilhadas em 2019.
“Compartilhando Leituras”, escrito no gerúndio, carrega em si essa ideia de continuidade, de um lugar que privilegia a rela- ção com o saber que está em movimento dialético e constan- te. Nesse espaço de extensão, isento de hierarquias de saber, pretendemos ser a resistência de um saber de mundo amplo, diverso e aberto.
Para o ano de 2020 já havíamos planejado um concurso li- terário, que a princípio seria um concurso de poesia sobre a resistência da universidade pública e de sua diversidade.
Como todos os nossos planos foram interrompidos quando a pandemia chegou, nos dias que se seguiram, ponderamos que seria importante antecipar o concurso de escrita, já ten- do tema e foco determinado pelo contexto atual. O que não imaginávamos é que a participação seria tão expressiva. Re- cebemos 678 textos de todas as regiões do Brasil e de países como Angola, Portugal, Itália e Estados Unidos.
Por fim, servir de inspiração para o Projeto de escrita do Con- selho Regional de Psicologia, além de grande satisfação, é o reconhecimento de termos atingido o que desejávamos no âmbito da Decania do CFCH/UFRJ, pois é nesta ação que se mobiliza, que encontra eco e que se propaga, que está anco- rado o nosso desejo de partilha.
Enquanto a normalidade que conhecíamos não retorna, va- mos nos adaptando às novas formas de vínculos e podemos celebrar o papel humanizador da escrita, desfrutando da lei- tura dos textos inspiradores da publicação ”Expressões da Psi- cologia: Reflexões e Práticas em Tempos de Pandemia”.
Rejane Amorim Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Coordenadora de Integração Acadêmica de Graduação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ, Coordenadora do Projeto de Extensão Compartilhando Leituras, da Decania do CFCH-UFRJ.